Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
08 – A MORDOMIA DO TEMPO - (Ec 3.1-8)
3º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, veremos uma definição exegética e etimológica da palavra “tempo”;
mostraremos que Deus criou o tempo, mas também está antes, depois, e acima
dele; e por fim, pontuaremos que como crentes, precisamos administrá-lo como
bons mordomos evitando as futilidades da vida e sabendo esperar e entender o
tempo de Deus em nossa existência.
I – DEFINIÇÃO DO TERMO
TEMPO
1.1 - Definição exegética. O termo traduzido
por “tempo” na Bíblia deriva-se de três expressões hebraicas: “zeman”, “eth” e
“yom” significando: “prazo, hora, época, momento, dia, era, instante, estação,
período, ocasião” (Ec 3.1; Et 9.27,31; Ne 2.6; Dn 2.16,21; 7.12,25). No grego a
palavra tempo vem das expressões: “chronos” que é o tempo medido pelo relógio e
mensurado pelo calendário e determinado dentro de um limite (segundo, minuto,
hora, dia, semana, mês, ano, década, século, milênio etc.); é a medida linear
de um período o qual o homem pode contar. Na teologia é considerado o “tempo do
homem”, isto é, o tempo cronológico (Gn 5.5; Jó 8.9; Sl 90.9-14; Mc 9.21; Lc
4.5; At 7.23; 14.3,28; 15.33; Gl 4.4; Hb 11.32; Ap 2.21); e o tempo “kairós”
que é o tempo eterno que não se pode determinar ou medir, onde só Deus conhece
e controla, na teologia é considerado o “tempo de Deus” isto é, o tempo
acrônico ou incronológico (2Pd 3.8; At 1.7) (ZODHISTES, 2011, pp. 1617, 2466 –
grifo nosso).
1.2 - Definição
etimológica. A palavra tempo pode ter vários significados dependendo do
contexto em que é empregada. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 2690 –
grifo nosso) o termo “tempo” vem do latim “tempus ou temporis” relacionado a
grandeza física que permite medir a duração ou a separação das coisas mutáveis
sujeitas a alterações. Segundo este dicionarista tempo é: “a duração relativa
das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; é a
duração dos fatos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as
horas, os dias, as semanas, os séculos etc”.
II – DEUS E A MORDOMIA
DO TEMPO
“Deus
não está sujeito a qualquer sucessão de dias ou séculos. Presente, passado e
futuro são-lhe a mesma coisa.
Logo,
somente o Eterno poderia criar o tempo. O Criador não se acha limitado quer
pelo tempo, quer pelo espaço; a criação, sim” (ANDRADE, 2015, p. 23). Notemos
algumas considerações sobre a mordomia do tempo em relação a Deus:
2.1 - Deus criou o tempo
(criatividade divina).O tempo não existe para Deus pois Ele existe independente do
tempo, e por isso, é o Seu autor e não está condicionado a ele (Sl 90.2; 93.2;
Is 43.13). Ele é descrito como estando “no princípio” (Gn 1.1) e, portanto,
“além do tempo” (PFEIFFER, 2014, p. 1901). Podemos afirmar que a primeira coisa
que Deus criou foi justamente o “tempo” (Gn 1.1). Parafraseando podemos dizer
que: “Deus criou o princípio [...]”. No hebraico a expressão “no princípio” é
“bereshit”, significando “princípio de tudo”. O próprio tempo é considerado
como um fenômeno totalmente criado. “Uma vez que o tempo é uma parte essencial
da criação, então ele não pode ser um atributo do incriado. Uma vez que o
espaço e o tempo necessariamente coexistem, o tempo não poderia ter existido
antes do próprio espaço. Assim, o tempo começou com o universo” (GEISLER, 1999,
pp. 110, 111 – grifo do autor).
2.2 - Deus está antes do
tempo (atemporalidade divina). Deus existe fora do tempo, e os conceitos de antes e depois,
passado, presente, e futuro, simplesmente não se aplicam a Ele. A Bíblia O
chama de “Deus eterno” (Gn 21.33; Dt 33.27; Is 40.28; Rm 16.26) e “Rei dos
século” (1Tm 1.17). Ele é descrito como existindo “antes do mundo existir” (Jo
17.5) e “antes da fundação do mundo” (Sl 90.2). Ele é “o Alto e o Excelso, que
habita a eternidade” (Is.57.15). A graça de Deus “nos foi dada em Cristo Jesus
antes do começo dos tempos” (2Tm 1.9; 1Co 2.7). Deus nos prometeu a vida eterna
“antes do início dos tempos” (Tt 1.2). A glória de Deus é “antes de todos os
tempos, agora e para sempre” (Jd 25). Ele é aquele que está “entronizado desde
a antiguidade” (Sl 55.19). O salmista diz: “O teu trono está estabelecido desde
a antiguidade; Tu és desde a eternidade” (Sl 93.2). O profeta fala que: “Não és
Tu desde a eternidade, ó Senhor?” (Hc 1.12).
2.3 - Deus está depois do
tempo (eternidade divina) . Deus existe além do tempo, e a existência de Deus também se
projeta para a eternidade futura. Ele é aquele que “vive para sempre” (Is
57.15; Dn 12.7), “permanece para sempre” (Sl 9.7; 102.12), e é “o Altíssimo
para sempre” (Sl 92.8). O juramento do próprio Deus é: “como Eu vivo para
sempre” (Dt 32.40). Ele não é Deus apenas “para sempre”; ele é o “nosso Deus
para todo o sempre” (Sl 48.14; 10.16), “O teu trono, ó Deus, é para todo o
sempre” (Sl 45.6). Ele é adorado como “aquele que vive para todo o sempre” (Ap
4.9-10; 10.6, 15.7). Ele é o “Rei eterno” (Jr 10.10).
2.4 - Deus está
acima do tempo (infinidade divina) . “Sem a dimensão do tempo, o homem não
compreenderia sua origem, seu começo e nem mesmo entenderia o conceito de
eternidade” (RENOVATO, 2019, p. 97). Deus é extrapolante, infinito, sempiterno,
imensurável; logo, só pode estar na eternidade. Deus não é afetado pelo tempo,
mas Ele afeta o tempo (DANIEL, 2001, p.142 – grifo do autor). Deus existe acima
do tempo, e o salmista falando sobre isso diz: “Porque mil anos aos teus olhos
são como o dia de ontem, que passou” (Sl 90.4) e o apóstolo Pedro comenta:
“Pois para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pd 3.8).
Ele é “de eternidade a eternidade” (Sl 41.13; 106.48). “Antes que os montes
nascessem ou que Tu formaste a terra e o mundo, mesmo de eternidade a
eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). “[...] Tu és o mesmo, e Teus anos não
chegarão ao fim [...]” (Sl 102.25-27; Hb 1.10-12). Deus é aquele “que é, que
era e que há de vir” (Ap 1.4,8; 4.8). Ele declara: “Eu sou o primeiro e o
último” (Is 44.6; 48.12); “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” (Ap
1.8; 21.6). Ele é o “Deus Eterno” (Gn 21.33; Is 40.28).
III - O CRENTE E A
MORDOMIA DO TEMPO
Após
a criação (Gn 1.1), Deus estabeleceu um tempo para todas as coisas debaixo do
sol (Ec 3.1). Ele tem um propósito para todas as suas obras, pois não faz nada
ao acaso. “A mordomia do tempo leva-nos a considerar sobre como devemos
administrar o tempo que nos concede o Senhor desde o nascimento até a morte e
envolve o seu proveito diligente e a prestação de contas a Deus pelo uso”
(RENOVATO, 2019, p. 101). Notemos como devemos fazer uso da mordomia do nosso
tempo:
3.1 - Não desperdiçando o
tempo. O
tempo é um dom de Deus a cada ser humano (Ec 3.1). Ora, se o tempo é um dom que
Deus nos concedeu, concluímos que, como dom, devemos saber como administrá-lo.
Deus nos cobra por tudo que fazemos de errado, inclusive a má administração do
nosso tempo. Alguém já disse que: “o tempo é o único bem que não podemos
recuperar”. Por isso, a Palavra de Deus exorta-nos: “Portanto, vede
prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo
[...]” (Ef 5.15,16 ver também Cl 4.5). O salmista escreveu: “Ensina-nos a
contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12).
“Deus fez o tempo para os homens, o tempo é nosso, é uma dádiva, é próprio da
humanidade. Ela deve saber como aproveitá-lo, como usufruir dele o máximo que
puder, sem erros; se não desvalorizará as suas próprias almas” (DANIEL, 2001,
p.124 – grifo nosso).
3.2 - Aproveitando a
brevidade do tempo. O gerenciamento do tempo é importante por causa da
brevidade de nossas vidas (Sl 90.10). Nossa jornada terrena é
significativamente menor do que estamos inclinados a pensar: “Faze-me conhecer,
Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto
sou frágil. Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é
como nada diante de ti [...]” (Sl 39.4,5). De fato, nosso tempo na terra é
passageiro, na verdade, é infinitamente pequeno comparado à eternidade. Para
viver como Deus quer que vivamos, é essencial que façamos o melhor uso possível
de nosso tempo. A mordomia do tempo envolve o seu proveito diligente pois o
nosso tempo na terra é curto: “[…] Nossos dias na terra não passam de uma
sombra” (Jó 8.9). Tiago diz que: “[…] Porque que é a vossa vida? É um vapor que
aparece por um pouco e depois se desvanece” (Tg 4.14). O salmista tratando
sobre a brevidade da vida comenta: “O homem é semelhante a um sopro; os seus
dias são como a sombra que passa” (Sl 144.4).
3.3 - Não usando o tempo
com futilidades. No livro de Eclesiastes, vemos 28 situações que podem ser
experimentadas no tempo concedido por Deus (Ec 3.1-8). Para o crente, o que
convém lembrar a cada momento é que sua vida é sumamente preciosa, e que ele
deve ser um mordomo cuidadoso no dispêndio do seu tempo. Quem desperdiça o
tempo fazendo coisa fúteis ou desnecessárias, prejudica-se a si mesmo, pois o
tempo não volta e cada minuto perdido é tempo desperdiçado e irrecuperável. Por
isso, precisamos administrar o tempo que Deus nos dá (Sl 31.15; At 17.26). A
Bíblia fala de futilidades que roubam nosso tempo, e por isso, devemos evitar
atividades improdutivas que nos roubam tempo e eliminá-las (Pv 12.11; 2Tm 2.16;
1Pd 1.18).
3.4 - Entendendo o tempo
de Deus em nossa vida. Eclesiastes 3.1-8 o principal foco de Salomão nesta
passagem é mostrar que Deus tem um plano para todas as pessoas. Ele estabeleceu
ciclos para a vida. Deus é o Senhor do tempo (Dn 2.21) e através de sua
Soberania Ele faz como quer. O salmista afirma, dizendo: “Os meus tempos estão
em tuas mãos…” (Sl 31.15-a), ensinandonos que o nosso tempo pertence a Deus e
que apenas somos mordomos dessa dádiva divina.
3.5 - Esperando o tempo de
Deus em nossa vida. Tem pessoas que até entendem o tempo de Deus, mas não têm
paciência de esperar este tempo chegar: “Esperei com paciência no Senhor, e ele
se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (Sl 40.1). Devemos entender que
existe o tempo da provação: “tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear
e tempo de saltar” (Ec 3.4). As Sagradas Escrituras ainda nos dizem: “[…]
Bem-aventurados são os que agora chorais, porque haveis de rir” (Lc 6.21-b). O
salmista falando sobre este tempo diz: “[…] o choro pode durar uma noite, mas a
alegria vem pela manhã” (Sl 30.5-b). O apóstolo Paulo conhecia muito bem este
tempo quando falou: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste
tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser
revelado” (Rm 8.18). Pedro também nos lembra este dia: “humilhai-vos, pois, debaixo
da potente mão de Deus, para que, a seu tempo vos exalte” (1Pd 5.6). Davi
esperou pelo tempo determinado por Deus (1Sm 16.12,13; 2Sm 2.4; 5.3).
CONCLUSÃO
Após
a Queda, o homem passou a experimentar as agruras e os pesares da ação do
tempo. Veio a envelhecer, enfermarse e, finalmente, morrer. Mas, agora, em
Cristo, somos exortados a remir o tempo, aproveitando-o de modo a glorificar a
Deus e a honrá-lo enquanto estivermos na Terra, com os nossos olhos voltados
para “Sião”. Ali, junto ao Pai Celeste e ao Cordeiro, desfrutaremos plenamente
da vida eterna. A morte não terá poder sobre nós.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor. O Começo de Todas as Coisas. RJ: CPAD, 2015.
CHAMPLIN,
R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
DANIEL,
Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chrónos e kairós. RJ:
CPAD, 2001.
NORMAN
Geisler. Eleitos, Mas Livres: uma visão equilibrada da eleição divina. SP:
Vida, 1999.
PFEIFFER,
Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wicliffe. RJ: CPAD, 2014.
STAMPS,
Donal C. Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. RJ: CPAD,
1997.
RENOVATO,
E. Tempo, bens e talentos: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus
nos tem dado. RJ: CPAD, 2019.
ZODHISTES,
Spiros. Bíblia de Estudo Palavras Chave: Hebraico e Grego. RJ: CPAD, 2011.
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