quinta-feira, 28 de julho de 2016

LIÇÃO 05 – A EVANGELIZAÇÃO URBANA E SUAS ESTRATÉGIAS (At 2.1-12) - 3º TRIM/2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 05 – A EVANGELIZAÇÃO URBANA E SUAS ESTRATÉGIAS - 3º TRIM/2016 (At 2.1-12)

INTRODUÇÃO
A tarefa da evangelização dos povos deve ser executada por todo autêntico servo de Deus, com vistas a atender a necessidade espiritual dos homens também nos centros urbanos. Devemos reproduzir a forma de evangelismo da igreja primitiva, que de forma estratégica atentou para as metrópoles, pois nelas encontravam-se um número maior de pessoas com as quais eles compartilharam as Boas Novas de Salvação e que se espalhou por todos os lugares numa velocidade extraordinária. Atualmente, dispomos de diversas formas de propagar o Nome de Cristo, as quais destacaremos nesta lição. Devemos cumprir o Ide do Senhor apesar dos desafios que são peculiares a evangelização urbana.

I – A EVANGELIZAÇÃO NÃO TEM PREFERÊNCIA POR LUGARES
Em todas as referências alusivas à tarefa da evangelização, não encontramos em nenhuma delas o Senhor Jesus Cristo fazendo distinção de lugares, senão ordenando aos discípulos que levassem a mensagem de Boas Novas para todos os homens (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22; At 1.8). Jesus, mesmo não fazia diferença entre evangelizar áreas rurais ou nas cidades: “e percorria todas as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém” (Lc 13.22). Na verdade, Jesus ia aonde os pecadores estavam, e isto independente do lugar. Isto, podemos ver mais detalhadamente abaixo:

1.1 Na zona rural. Os evangelhos nos mostram que Jesus pregou em aldeias (Mc 1.38; 6.6; 14.23; Lc 8.1). A palavra “aldeia” segundo o Aurélio significa: “pequena povoação de categoria inferior a vila” (SOARES, 2004, p. 88). O Mestre também ordenou aos discípulos que evangelizassem as aldeias e não somente as cidades (Mt 10.11; Lc 9.6). Portanto, todos os que procuram propagar a Palavra de Deus devem seguir o exemplo de Cristo e dos apóstolos e cuidar de que as aldeias não sejam negligenciadas.

1.2 Na zona urbana. Além das aldeias, Jesus pregou também nas cidades, fossem elas de pequena ou de grande importância (Mt 9.35; 11.1; Lc 4.43). O que dizer, por exemplo, da cidade de Nazaré (Lc 4.16); Cafarnaum (Mc 4.13); Corazim e Betsaida (Mt 11.21); Jerusalém (Mt 21.10). É necessário entender que é nas grandes cidades onde encontramos uma população maior, portanto, devemos levar a mensagem do Evangelho aos centros urbanos a fim de fazermos notória a mensagem de Cristo ao maior número de pessoas.

II – A EVANGELIZAÇÃO URBANA NA PERSPECTIVA DIVINA
A presente lição aborda especificamente a evangelização nos centros urbanos, o que alguns chamam de “missões urbanas”. Nas cidades, encontramos um número maior de habitantes, por isso, a Igreja deve dar uma atenção maior ao evangelismo neste locais, a fim de alcançar um número maior de pessoas para Cristo. Esta sem sombra de dúvidas, é a perspectiva divina, como veremos a seguir:

2.1 Lugar estratégico. Deus planejou por Sua Soberania, derramar o Espírito Santo sobre os quase cento e vinte discípulos quando estes se encontravam na grande cidade de Jerusalém, conforme Jesus havia dito (Lc 24.49; At 1.8,12). Jerusalém era a cidade onde estava o Templo (Mt 24.1; Mc 11.11,15,27). Jerusalém, que figura no Evangelho como o lugar onde o Senhor foi rejeitado, fica sendo o lugar onde Ele ressuscita dentre os mortos, onde é derramado o Espírito, e onde a igreja começa a sua obra.

2.2 Momento estratégico. Nesta ocasião em Jerusalém estava acontecendo a Festa de Pentecostes (At 2.1). Esta era a segunda festa do primitivo calendário bíblico e possui três nomes no AT: (a) Festa da Colheita (Êx 23,16); (b) Festa das Semanas (Êx 34,22); e, (c) Dia dos Primeiros frutos (Nm 28,26). Pentecostes ocorria cinquenta dias depois da Páscoa. Trata-se de um nome grego, dado tardiamente pelos judeus de fala grega que significa: “quinquagésimo”. Segundo Boyer (2011, p. 418 – acréscimo nosso), “o Espírito Santo veio sobre a igreja num momento em que esta solene festa em Jerusalém acontecia, a que assistiam dois a três milhões, calcula-se, de judeus e prosélitos”.

2.3 Povo estratégico. Por ocasião da Festa de Pentecostes, havia judeus de várias partes do mundo, e nesta ocasião ouviram o evangelho pelos servos do Senhor em sua própria língua, por manifestação sobrenatural (At 2.5-13). O apóstolo Pedro levantou-se naquele momento e pregou o evangelho mostrando que aquela manifestação tinha respaldo na profecia de Joel (At 2.14-21; Jl 2.28-32). Aproveitou para anunciar as Boas Novas de Salvação por meio de Cristo Jesus que havia morrido crucificado, mas que ressuscitara e que a prova de que Ele estava vivo e a direita de Deus era o derramar do Espírito que aqueles homens estavam testemunhando (At 2.33-36). Tal pregação na unção de Deus resultou na conversão de quase três mil almas (At 2.1-37-41). O desejo de Deus fica claro de que queria espalhar o evangelho ao mundo, conforme Jesus mesmo havia declarado (At 1.8).

III – PAULO E A EVANGELIZAÇÃO URBANA
O apóstolo Paulo foi um exímio evangelizador de áreas urbanas. Sob a direção do Espírito Santo este nobre servo de Deus se dispôs a levar a mensagem do Evangelho as grandes cidades, dentre as quais podemos citar:

3.1 A cidade de Corinto. Nenhuma cidade da Grécia era mais favoravelmente localizada para o comércio por terra e mar do que a cidade de Corinto. O imperador Augusto fez de Corinto a capital da Acaia. Ela era também uma cidade hospitaleira aos marinheiros e viajantes que vinham a negócios ou a procura de prazer. A igreja em Corinto foi fundada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária (At 18.1-17). Nessa cidade, Paulo permaneceu por 18 meses, sendo auxiliado por Priscila e Áquila e outros obreiros. Apesar das oposições que sofreu, o apóstolo Paulo pregou o evangelho e muitas conversões aconteceram (At 18.8). Deus o consolou dizendo que tinha muito povo naquela cidade (At 18.10).

3.2 A cidade de Filipos. Lucas nos mostra à cidade de Filipos como a “...primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia...” (At 16.12), o que nos deixa claro que era cidade de grande importância política. Filipos ficava localizada na parte oriental da Macedônia. Constituía-se o portão de entrada da Europa. A primeira exposição da cidade de Filipos ao evangelho é registrada em (At 16.6-40), quando Paulo, em sua segunda viagem missionária, com Silas e Timóteo chegaram lá (At 15.40). A princípio a intenção do apóstolo era ir para Ásia, e depois para Bitínia, mas foram impedidos pelo Espírito Santo (At 16.6,7). Estando em Trôade, Lucas conta que Paulo teve uma visão, que lhe deu nova rota para sua tarefa missionária (At 16.9). Após esta visão, o apóstolo concluiu que Deus o chamava para ali pregar o evangelho (At 16.10-12). Apesar das grandes dificuldades que enfrentou, Paulo conseguiu implantar o evangelho nesta cidade. Libertação, conversões e milagres aconteceram em Filipos conforme o registro bíblico (At 16.14; 16-18; 26-28).

3.3 A cidade de Éfeso. A cidade encontra-se no pequeno continente da Ásia Menor. Esta era a capital da província romana da Ásia. O templo da Diana dos efésios (At 19.28) foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana (At 19.27). Historiadores calculam a população da cidade de Éfeso no primeiro século entre 250 e 500 mil habitantes. A igreja de Éfeso foi fundada por Paulo e, provavelmente, por Áquila e Priscila, por volta do ano 52 d.C. (At 18:18-28). Paulo levou o Evangelho a esta cidade durante a sua segunda viagem missionária (At 18.19).

IV – ESTRATÉGIAS DE EVANGELISMO URBANO
O Senhor Jesus pregou em vários lugares: no monte, nas cidades, no templo e nas sinagogas (Mt 5.1-2; 9.35; 13.1-3,54; 21.23). Lucas nos diz que toda a cidade de Jerusalém foi evangelizada (At 5.28). O evangelismo era praticado todos os dias, quer no templo, quer nas casas, e de forma perseverante (At 5.42). Quando foram dispersos por causa da perseguição, os discípulos saíram pregando por todos os lugares (At 8.1). O livro de Atos nos serve de parâmetro para a prática do evangelismo. Não podemos esperar que os pecadores venham para o Templo ao nosso encontro a fim de serem evangelizados. Pelo contrário, precisamos ir ao encontro deles. Em Lucas 14.21, 23 Jesus ao narrar uma parábola disse: “Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres e aleijados e mancos e cegos...Sai pelos caminhos e valados e força-os a entrar para que a minha casa se encha”. É necessário que saiamos ao encontro das almas perdidas. Para isto dispomos de diversas formas pelas quais podemos levar o evangelho, tais como:

(a) nas ruas (At 17.17);
(b) nos transportes (At 8.26-35);
(c) nos hospitais (Jo 5);
(d) nas faculdades (At 17.19-23); e
(e) na mídia: rádio, TV e internet como a nossa Igreja tem feito.

V – OS DESAFIOS DO EVANGELISMO URBANO
5.1 As leis que restringem a liberdade religiosa. No primeiro século, os discípulos, viram-se diante do desafio de pregar a Palavra de Deus, ante as leis que lhes foram impostas para inibi-los (At 4.17,18; 5.28). No nosso país, ainda desfrutamos de liberdade religiosa, mas há igrejas em determinados lugares que não possuem mais esse privilégio. Portanto, aproveitemos o máximo do tempo que dispomos (II Tm 4.2).

5.2 O endurecimento por parte das pessoas. Em todo tempo houveram pessoas que se endureceram ao convite do evangelho. Nas áreas urbanas é comum as pessoas resistiram por causa da sua posição social, nível acadêmico, preconceito, ignorância dentre outros. Com a multiplicação da iniquidade (Mt 24.12), os homens tornar-se-ão ainda mais insensíveis e resistentes a recepção das Boas Novas. Paulo previu esse árduo tempo (II Tm 3.1-7).

5.3 As perseguições contra os cristãos. Desde a sua inauguração a igreja sofreu represálias para cumprir a sua excelente missão (At 8.1). Jesus havia predito que seus seguidores sofreriam perseguição por sua causa (Mc 13.13; Jo 15.20,21). Atualmente, todo servo do Senhor também sofre perseguições por propagar a sua fé, seja no trabalho, na escola, na sociedade. No entanto, não devemos nos intimidar com tal sofrimento sabendo que nos espera um galardão (Mt 5.10-12).

CONCLUSÃO
Embora a evangelização urbana esteja cerca de desafios para a igreja atual, devemos estar dispostos a no poder do Espírito Santo superá-los e levar adiante a mensagem de salvação a todos os homens a fim de que estes possam receber a Cristo como Único e Suficiente Salvador de suas vidas.

REFERÊNCIAS
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
HORTON, Stanley. I & II Coríntios. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. CPAD
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

LIÇÃO 04 – O TRABALHO E OS ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS (At 8.26-40) - 3° TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 04 – O TRABALHO E O ATRIBUTO DO GANHADOR DE ALMAS 3º TRIMESTRE DE 2016 (At 8.26-40)

INTRODUÇÃO
Todo cristão pode e deve ser um ganhador de almas, pois, a chamada para pregar o Evangelho é coletiva. No entanto, alguns receberam um chamado para exercer o ministério de evangelista, que trata-se de uma chamada específica. Nesta lição, veremos a diferença entre o evangelista (dom ministerial) e o evangelizador (pregador do Evangelho); explicaremos sobre a necessidade do preparo espiritual para pregar o evangelho; e, finalmente, citaremos qual deve ser o sentimento do evangelizador.

I – O EVANGELISTA E O EVANGELIZADOR
Vejamos a definição, exemplos e atribuições de cada um deles:

1.1 - O Evangelista. O evangelista é um “obreiro especialmente vocacionado, a fim de proclamar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. É um dom ministerial conferido pelo Espírito Santo, através do qual o obreiro cristão é impulsionado a proclamar de maneira sobrenatural a mensagem do evangelho. Em Efésios 4.11, o dom de evangelista é apresentado como o segundo dom ministerial” (ANDRADE, 2014, p. 177). A palavra evangelista vem do grego “euangelistes”, que literalmente significa: “mensageiro do bem” ou “mensageiro de boas novas”, (formado de “eu” que é “bem”, e “angelos” que é mensageiro”). Denota “Pregador do Evangelho; Mensageiro de Boas Novas” (At 8.5,26,40; 21.8), por isto, podemos dizer que os missionários são verdadeiros ganhadores de almas por serem essencialmente pregadores do Evangelho. O tema principal dos evangelistas é a salvação dos perdidos e a volta dos desviados. Paulo também era um evangelista (1Co 1.17), bem como também Timóteo: “... faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm 4.5). Uma das características de quem recebe este dom ministerial é a total renúncia e inteira dedicação ao evangelismo. Vejamos algumas características dos evangelistas:

- Os evangelistas eram os missionários da igreja primitiva (At 8.5,26,40; 21.8; Ef 4.11; 2Tm 4.5);
- Os evangelistas eram ministros especiais do evangelho, com poderes quase apostólicos como os casos de Felipe
(At 21.8) e Timóteo (2Tm 4.5);
- O vocábulo missionário, conforme é usado em nossa época, está mais próximo da ideia dos evangelistas dos dias do NT, do que a palavra “evangelistas” quando aplicada a pregadores itinerantes, que fazem das igrejas locais o centro de suas atividades (CHAMPLIN, 2004, p. 606).

1.2 - O Evangelizador. É todo e qualquer cristão que está cumprindo o Ide de Jesus de pregar o Evangelho a toda criatura. Todos os crentes, sem exceção, receberam esta incumbência (Mt 10.8; 28.19,20; Mc 16.15; At 1.8). Esta obra, só os salvos podem fazer. Jesus disse aos doze: “… de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8). Nem mesmo os anjos podem evangelizar. Um anjo disse ao centurião Cornélio: "… manda chamar a Simão. Ele te dirá o que deves fazer” (At 10.5,6). Outro anjo, disse a Filipe que ele descesse ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, para pregar para o eunuco (At 8.26). Vejamos alguns exemplos bíblicos de evangelizadores:

- Os discípulos de Jesus. André, que era discípulo de João Batista, depois de ter um encontro com Jesus, pregou as Boas Novas para seu irmão Simão Pedro e o levou a Jesus (Jo 1.39-42). Filipe, depois de haver sido convidado pelo Mestre para segui-lo (Jo 1.43), logo anunciou a mensagem para Natanael, dizendo: “... Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo 1.45), e o levou a Cristo (Jo 1.46,47). Depois, Filipe foi escolhido como um dos diáconos (At 6.5), e tornou-se um evangelista (At 21.8).

- O gadareno. Depois de ser totalmente liberto por Jesus, ele desejou ser um dos seus seguidores (Mc 5.18; Lc 8.38). Mas, Jesus lhe deu a incumbência de ir pregar para sua família: “Vai para tua casa, para os teus e anun- cia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti” (Mc 5.18). E ele foi, começou a pregar em Decápolis (uma região onde havia dez cidades próximas) e todos se maravilhavam (Mc 5.20; Lc 8.39).

- A mulher samaritana. Depois de salva por Jesus, junto ao poço de Jacó, foi impelida a ir à cidade de Samaria e pregar a Palavra dizendo: “Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?” (Jo 4.29). Os homens atenderam ao seu convite e foram ter com Jesus (Jo 4.30). “E muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (Jo 4.41,42).

II – O PREPARO ESPIRITUAL DO EVANGELIZADOR
seguir: Pregar o evangelho não é uma tarefa fácil. Exige jejum, oração e leitura da Palavra de Deus, como veremos a seguir:

2.1 - Oração. Ninguém poderá se tornar um autêntico ganhador de almas se não dedicar tempo a oração. O próprio Jesus, antes de iniciar o seu ministério, passou quarenta dias jejuando e orando (Mt 4.1,2; Lc 4.1,2) e dedicou grande parte do seu ministério a oração (Mc 1.35; Lc 5.16; 22.41). A oração abre portas e remove barreiras. A Igreja nasceu em oração, e é nesse ambiente que ela cresce e se desenvolve (At 1.14; 2.42,46; 3.1; 4.24-31; 10.9; 12.5; 16.25; 22.17; Fp 1.4; 1Ts 1.2; 2Tm 1.3). Quando o ganhador de almas vive uma vida de oração, o seu trabalho tem êxito. Quando oramos, Deus nos dá uma visão das almas que precisam ser evangelizadas (At 10.9-20; 16.9). Por isso, devemos orar:

- Por quem está fazendo este trabalho (Ef 6.19; Cl 4.3; 2 Ts 3.1);
- Para que Deus desperte outros para fazer esta obra (Mt 9.38);
- Para Deus abrir o coração dos pecadores (At 16.14; Rm 10.1);
- Para Deus firmar os novos convertidos (1Co 3.6; 1Ts 2.7-11);
- Para vencer os desafios contra a obra (At 4.24-31).

2.2 - Jejum. O jejum é a abstinência parcial ou total de alimentos com finalidades específicas. Essa prática vem desde o AT onde o povo de Israel jejuava por diversas razões (Jz 20.26; 1Sm 7.6; 2Sm 1.12; 12.16; Ed 8.21; Ne 1.4; Et 4.3,16; Sl 69.10). A prática do jejum também é mencionada nas páginas do NT. O próprio Jesus jejuou quarenta dias (Mt 4.1,2; Lc 4.1,2). A igreja de Antioquia é uma clara demonstração de que os crentes primitivos jejuavam, assim como o apóstolo Paulo também (At 10.30; 13.2,3; 14.23; 2Co 6.5; 11.27). Certa ocasião, um homem trouxe o seu filho que estava possesso por demônios, para que os discípulos de Jesus o libertasse. Porém eles não puderam libertá-lo. Depois que Jesus libertou o jovem, eles perguntaram ao Mestre porque eles não puderam expulsar o demônio. E Jesus lhes respondeu: “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum” (Mc 9.29).

2.3 - Estudo da Palavra de Deus. O conhecimento da Palavra de Deus é um requisito importantíssimo para o ganhador de almas. O conhecimento nos capacita a utilizar no tempo certo a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef 6.17). Devemos conhecer toda a Bíblia, pois “Toda Escritura inspirada e é proveitosa para ensinar, corrigir, redarguir...” (2Tm 3.16). Quando o crente tiver esse conhecimento, poderá se tornar poderoso nas Escrituras, como Apolo (At 18.24). E, como consequência, os resultados serão os mais extraordinários, pois a Palavra de Deus é viva e eficaz e não volta vazia (Is 55.11; Hb 4.12). Assim, os pecadores não poderão resistir ao poder da Palavra (At 6.10). Somente quando o ganhador de almas possuir o conhecimento da Palavra é que poderá conduzir as almas a Cristo (At 18.28). Vejamos alguns textos apropriados para evangelizar:

- Todos os homens estão debaixo do pecado (Is 53.6; 64.6; Rm 3.23; 5.12,19; 6.23);
- A provisão divina para nossa salvação (Jo 3.16,17; Rm 5.8; 2Co 5.18-21; Ef 2. 1-10);
- A necessidade da fé para ser salvo (At 10.43; 16.31; Rm 3.25,28; 5.1);
- A necessidade do arrependimento, da conversão e do novo nascimento (Mc 1.15; At 2.38; 3.19; 17.30);
- As consequências da incredulidade e da rejeição a Cristo (Jo 3.18,36; Hb 2.3; 10.28,29);
- Como receber a Jesus (Jo 1.12; Rm 10.9,10; Ap 3.20).

III – O SENTIMENTO DO GANHADOR DE ALMAS
O sentimento do evangelizador deve ser o mesmo de Cristo: amor e compaixão pelas almas (Mt 9.36; 14.14; Mc 6.34; 8.2; Lc 7.13; Jo 10.11). Por isso, todo o seu ministério foi dedicado à conquista dos pecadores (Jo 4.34), pois Ele as via como ovelhas que não tem pastor (Mt 9.36) e como doentes que necessitavam de médicos (Mt 9.12). O amor pelas almas é o resultado de uma comunhão íntima com Deus (1Jo 4.19,20), bem como do conhecimento da perdição do pecador (Rm 6.23). O amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5.9), nos impulsiona poderosamente a levar as Boas Novas aos perdidos (2Co 5.14). Assim, o ganhador de almas, como o apóstolo Paulo, não deve temer prisões, tribulações e nem mesmo a morte (At 21.13), mas, seu desejo é cumprir com alegria a sua carreira de testificar do evangelho da graça de Deus (At 20.23,24).

CONCLUSÃO
Como pudemos ver, nem todos os crentes são evangelistas, no sentido de dom ministerial, mas todos podem ser evangelizadores. Mas, para ser um verdadeiro pregador do evangelho é necessário ter um preparo espiritual através da oração, do jejum e do estudo da Palavra de Deus. Além disso, o ganhador de almas deve ter um profundo amor pelos pecadores, como Jesus, que deu a sua vida por nós.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ANDRADE, Claudionor Correa de. O Desafio da Evangelização. CPAD.
BÍCEGO, Valdir. Manual de Evangelismo. CPAD.
GILBERTO, Antonio. A Prática do Evangelismo Pessoal. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

LIÇÃO 03 – IGREJA, AGÊNCIA EVANGELIZADORA (At 1.1-14) – 3º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 03 – IGREJA, AGÊNCIA EVANGELIZADORA (At 1.1-14) – 3º TRIMESTRE DE 2016

INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos algumas verdades sobre a Igreja: sua origem, edificação e inauguração. Veremos que ela é composta de todos aqueles que aceitam a Cristo como Único e Suficiente Salvador, independente de cor, raça, sexo e etnia. Destacaremos, à luz da Bíblia, que antes de ser assunto ao céu, Jesus, prometeu capacitar os seus seguidores com o revestimento de poder afim de que levassem adiante a excelente missão de evangelizar os quatro cantos da terra; e, por fim, pontuaremos que a Igreja existe, é ordenada, se realiza, e só pode permanecer existindo se evangelizar.

I – A IGREJA: SUA ORIGEM, EDIFICAÇÃO E INAUGURAÇÃO
            Segundo Andrade (2006, p. 221 – acréscimo, itálico e negrito nosso), “a palavra “Igreja” do hebraico ‘qahal’, significa: ‘assembleia do povo de Deus‘; do grego ‘ekklesia’, quer dizer: ‘assembleia pública’. É o organismo místico composto por todos os que aceitam o sacrifício vicário de Cristo, e tem a Palavra de Deus como a sua única regra de fé e prática. No NT, o mesmo termo aplica-se também ao ajuntamento dos fiéis, num determinado lugar, para adoração a Deus, fortalecer a comunhão fraternal e desenvolver o serviço cristão”. Abaixo destacaremos algumas verdades sobre a Igreja à luz das Escrituras:

1.1 – Deus Pai, o projetista da Igreja (Ef 3.1-12). Quanto a Igreja o apóstolo Paulo diz que era um mistério que estava oculto em Deus na eternidade, mas que foi revelado pelo Espírito Santo na dispensação da graça (Ef 3.3,4). “A Igreja foi, desde a eternidade, concebida na mente de Deus. Isso, por si só, explica a sua peculiar natureza como povo adquirido, que não se verga diante das pressões do mundo. Deus a projetou em toda a sua dimensão divina e histórica, prevendo cada detalhe desde a sua concepção até ser inaugurada no dia de Pentecostes, para daí seguir a sua trajetória através dos tempos.” (GILBERTO, 2008, p.382).

1.2 – Deus Filho, o edificador e o fundamento da Igreja (Mt 16.18). Quando Jesus disse: “[...] edificarei a minha Igreja [...]” estava afirmando que Ele era o edificador da Igreja. A palavra “edificar” segundo o Aurélio significa: “construir, levantar, instituir, criar” (FERREIRA, 2004. p. 714). Cristo iniciou essa obra amando a Igreja e se entregando por ela (Ef 5.25). Ela tornou-se propriedade exclusiva do Senhor, pois, Ele cumpriu todas as exigências quanto à forma de resgatá-la (1 Cor 6.20). A Igreja, portanto, é um povo adquirido (1 Pe 2.9), cujo preço pago não pode ser avaliado em ouro ou prata (1 Pe 1.18). mas, além de edificá-la, a Igreja encontra-se alicerçada em Cristo (1 Cor 3.11; Ef 2.20).

1.3 – Deus Espírito Santo, o inaugurador e mantenedor da Igreja (At 2.1-4). Com a ascensão de Cristo, inicia-se o processo de inauguração da Igreja, que culminou no dia de Pentecostes. Existem diversas opiniões sobre a inauguração da Igreja, todavia, segundo Horton (2006, PP. 538, 539), “a maioria dos estudiosos, acreditam que as evidências bíblicas são favoráveis ao dia de Pentecostes, e Atos 2, para a inauguração da Igreja. É fato que Lucas não emprega o termo ekklésia no seu evangelho, mas a palavra aparece 24 vezes em Atos dos Apóstolos. Este fato sugere que Lucas não tinha nenhum conceito da presença da Igreja antes do período abrangido em Atos. No entanto, imediatamente após àquele grande dia em que O Espírito Santo foi derramado sobre os crentes reunidos, a Igreja começou a propagar poderosamente o Evangelho, conforme fora predito pelo Senhor ressurreto”. O Espírito Santo desceu para inaugurar a Igreja e permanecer com ela até a volta de Cristo (Jo 14.17; Ap 22.17).

II – A IGREJA E A SUA COMPOSIÇÃO
            Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a benção da salvação a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Gl 3.8). Mas, o sentimento ultranacionalista dos judeus fechou seus olhos a esta realidade de que, Deus os levantou afim de serem uma nação evangelizadora para todos os povos (Is 42.6; 49.6; Rm 2.17-20). A vinda do Messias, no entanto, mostrou claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9). É necessário entender que:

a) Deus amou o mundo e não apenas uma classe de pessoas (Jo 3.16);
b) O Sacrifício de Jesus não apenas um povo (Jo 1.29; 1 Jo 2.2)
c) Sua Graça alcança tanto os judeus como os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6);
d) A ordem de levar as boas novas de salvação é extensiva até aos confins da terra (At 1.8).

Portanto, o que foi negligenciado por Israel, está sendo feito pela Igreja – a evangelização dos povos, tribos, línguas e nações. Por meio da fé em Cristo, independente de nacionalidade o convertido passa a ser integrante do corpo de Cristo, pois é enxertado pelo Espírito Santo n’Ele (Rm 1.16; 11.24). No livro de Apocalipse, após o Filho de Deus abrir o livro e desatar os selos, o céu irrompe em louvor pelas vidas que foram alcançadas pelo sacrifício de Cristo (Ap 5.9).

III – A IGREJA E A SUA CAPACITAÇÃO
            A Bíblia registra uma promessa feita pelo Pai celestial que haveria de inaugurar uma nova etapa no seu relacionamento com a humanidade. O Espírito Santo seria derramado mais plenamente nos seus servos, passando a habitá-los e capacitá-los (Is 44.3; Jr 31.33; Jl 2.28-32). Lembramos que no AT, O Espírito Santo tão somente vinha sobre os filhos de Israel afim de capacitá-los para um fim específico (Nm 11.16,17; Jz 6.3; I Sm 16.13). No NT isso mudou, pois, O Espírito Santo não estaria apenas conosco, mas em nós, sendo a capacitação ampliada (Jo 14.16,17). Em Lucas 24.49 e Atos 1.8 encontramos o Senhor Jesus Cristo confirmando a promessa do Pai aos seus discípulos que os capacitaria para a obra que eles deveriam realizar. Para isto era necessário que Jesus fosse ao Pai e rogasse pela vinda do outro Consolador para que estivesse com os seus servos (Jo 14.15). Com a vinda do Espírito Santo para estar com a Igreja, o Senhor Jesus iria conceder ao seu povo aquilo que seria necessário para realizar a sua obra aqui na terra até a sua vinda. A recomendação foi que eles ficassem em Jerusalém, esperando a promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4,8). Os discípulos aguardaram e experimentaram o batismo com O Espírito Santo (At 2.1-10).

IV – A IGREJA E A EVANGELIZAÇÃO
segundo Horton (2006, pp. 299, 300), "a Igreja é uma comunidade formada por Cristo em benefício do mundo. Cristo entregou-se em favor da Igreja, e então a revestiu com poder de dom do Espírito Santo afim de que ela pudesse cumprir o plano e propósito de Deus". Muitos itens podem ser incluídos tais como: a evangelização, a adoração, a edificação e a responsabilidade social. Mas, em se tratando especificamente da evangelização, há cinco textos onde o Senhor comissiona seus discípulos para esta sublime tarefa, são eles: (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46.49; Jo 20.21,22 e At 1.8). Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho, em seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude. Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Como representante do reino nesse mundo, a Igreja deve utilizar todos os meios legítimos para a expansão do reino de Deus.

4.1 - A Igreja existe para evangelizar. Acerca de um dos propósitos pelo qual a Igreja existe, afirmou o Apóstolo Pedro: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2. 9). A Igreja tem diversas atribuições, no entanto, a mais excelente delas é a que justifica a sua presença aqui na terra: a sublime tarefa da evangelização. Segundo  Horton (2006, p. 300), "na adoração, a Igreja volta-se para Deus, na edificação, atenta (corretamente) para si mesma; e, na evangelização, a Igreja focaliza o mundo".

4.2 - A Igreja é ordenada a evangelizar. A palavra "ordenar" segundo o Aurélio significa: "mandar, decretar". A tarefa de evangelizar é uma ordenação divina a todo discípulo de Cristo e não somente aos apóstolos (Mt 28.19; Mc 16.15). "A ordenança bíblica da proclamação do evangelho em todo o mundo  (Mt 28.19,20; Mc 16.15), sinaliza o seu caráter universal, ou seja, o direito que todos os povos têm de ouvi-lo de forma clara e consciente para crerem no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se de seus pecados e ter a certeza da vida eterna" (GILBERTO, 2008, P. 418).

4.3 - A Igreja se realiza evangelizando. Pedro não podia deixar de falar daquilo que tinha visto e ouvido, mesmo sofrendo afronta e açoites do Sinédrio (At 4.20; 5.40-42). Paulo tinha a evangelização como uma obra que lhe foi imposta (1 Cor 9.16). Ele se realizava em pregar o evangelho ainda que lhe custasse a vida (At 20.24). "O verdadeiro movimento pentecostal, missionário, ora por missões; contribui para missões; promove missões! É um movimento que vai ao campo missionário. A Igreja que não evangeliza, muito em breve deixará de ser evangélica" (ibidem, 2008, p. 184).

4.4 - A Igreja só pode continuar a existir se evangelizar. Como a Igreja poderá crescer em número senão evangelizar? Sua existência depende da prática da evangelização, do contrário não irá perdurar. No livro dos Atos dos Apóstolos, percebemos claramente os apóstolos inflamados pelo poder pentecostal, pregando o evangelho e o pequeno grupo de quase cento e vinte discípulos aumentando de forma extraordinária. Na primeira pregação do apóstolo Pedro, por ocasião do Pentecostes, quase  três mil almas se decidiram por Cristo (At 2.41). Já na segunda mensagem mais cinco mil pessoas de convertem (At 4.4). O relato de Lucas disse que a Igreja tinha um crescimento extraordinário, porque o evangelismo se tornara uma prática constante (At 5.14,42).

CONCLUSÃO
            Como Igreja, devemos estar cônscios da nossa responsabilidade aqui na terra de proclamar as boas novas de salvação a todos os homens. Devemos utilizar dos diversos canais legítimos que dispomos, para que a mensagem de Cristo possa alcançar o maior número de pessoas. Esta, sem sobra de dúvida alguma, é a maior contribuição que podemos dar a nossa sociedade.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD
GILBERTO, Antônio et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

LIÇÃO 02 – DEUS, O PRIMEIRO EVANGELISTA (Gn 12.1-8) – 3º Trimestre de 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 02 – DEUS, O PRIMEIRO EVANGELISTA (Gn 12.1-8) – 3º Trimestre de 2016

INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos que o Deus verdadeiro se auto revela de forma dúplice: natural e sobrenatural. A revelação natural se dá através da criação, da consciência e da história. Já a revelação sobrenatural se deu através da Bíblia – a Palavra escrita e de Jesus – a Palavra viva. O registro sagrado nos mostra que antes mesmo da Queda do homem, Deus, na sua presciência já havia criado um meio pelo qual o redimiria. Em seguida, no Éden, Ele fez a primeira proclamação profética evangelística anunciando a Vinda do Redentor. Na ocasião em que se auto revelou a Abraão, proclamou-lhe o evangelho, preanunciando que através da sua semente abençoaria todas as famílias da terra. Esta profecia cumpriu-se quando da descendência abraâmica suscitou Jesus, o Messias, o Salvador dos Judeus e dos gentios.

I – A AUTO REVELAÇÃO DIVINA
            Deus transmite o conhecimento de Si próprio ao homem, ou seja, Ele se auto revela (Rm 1.20; 1 Cor 2.10). O homem só pode conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se faz conhecido. Deus é, antes de tudo, o sujeito que transmite conhecimento ao homem, e só pode tornar-se objeto de estudo do homem na medida em que este assimila e reflete o conhecimento a ele transmitido na revelação. Sem a revelação, o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. A revelação divina se dá pelo menos de duas formas:

1.1 – De forma natural. O método de revelação é natural quando esta é comunicada por meio da natureza, isto é, por meio da criação visível com suas leis e poderes ordinários. A revelação geral está arraigada na criação, é dirigida ao homem na qualidade de homem, e mais particularmente à razão humana, e acha seu propósito na concretização do fim da sua criação, conhecer a Deus e assim desfrutar comunhão com Ele (Sl 19; At 14.17; Rm 1.19,20; 2.14,15; I Cor 2.10; Gn 6.1-17; 11.1-8; Dn 2,20,21).

1.1.1 – Na criação. A existência do universo e do homem não pode ser obra do acaso e provam claramente a evidência de um criador, dotado de inteligência e sabedoria. A própria natureza revela Deus (Sl 19; At 14.17; Rm 1.19,20).

1.1.2 – Na consciência. O homem dispõe de natureza moral, isto é, sua vida é regulada por preceitos do bem e do mal. Ele é capaz de discernir entre o certo e o errado e Deus se revela na consciência aprovando ou reprovando seus atos. Quem criou, então, esses conceitos do bem e do mal? Deus, o Justo Legislador (Rm 2.14,15). Podemos, portanto, concluir que o próprio criador, que também é Legislador, idealizou uma norma de conduta para o homem e deu-lhe condições de compreender esse padrão.

1.1.3 – Na história. A história da humanidade, o surgimento e o declínio de povos e nações, o estabelecimento e a remoção dos reis e dos imperadores, demonstram claramente a revelação de um Rei Soberano, que governa o homem e o universo (Gn 6.1-17; 11.1-8; Dn 2.20,21).

1.2 - De forma sobrenatural. O método de revelação é sobrenatural quando é comunicada ao homem de maneira mais elevada, sobrenatural, como quando Deus fala, quer diretamente, quer por intermédio de mensageiros sobrenaturalmente dotados (Jr 1.4-8; Jz 6.12). A revelação especial está arraigada no plano de redenção de Deus, é dirigida ao homem na qualidade de pecador, pode ser adequadamente compreendida e assimilada pela fé, e serve ao propósito de assegurar o fim para o qual o homem foi criado a despeito de toda perturbação produzida pelo pecado. Em vista do plano eterno de revelação, deve-se dizer que esta revelação especial não apareceu como um pensamento posterior, mas estava na mente de Deus desde o princípio (Ap 13.8).

1.2.1 – Pela Palavra escrita: a Bíblia. A Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois, através dela Deus se faz conhecido (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; II Tm 3.16; Hb 4.12). Por ela, conhecemos seus atributos comunicáveis e incomunicáveis, dentre outras coisas (Sl 139.1-10; I Jo 4.8). Segundo o autor Antônio Gilberto (2004, p. 06), “pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de pensar.”

1.2.2 – Pela Palavra viva: Jesus. A mais completa forma de revelação especial de Deus encontra-se na encarnação de Jesus Cristo. A encarnação significa que Deus veio plena e pessoalmente a esfera humana, tornando-se acessível dos homens (Is 7.14; Jo 1.14). Jesus não era um mero mensageiro trazendo uma mensagem sobre Deus. Ele era o próprio Deus em forma humana. Na encarnação, Ele acrescentou a humanidade à sua divindade, sem deixar de ser Deus (Fp 2.5-9). A Bíblia mostra que Jesus Cristo é:
a) a maior revelação de Deus (Hb 1.1);
b) a expressa imagem de Deus (Hb 1.3; Cl 1.15; e
c) nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 1.19).

II – REVELAÇÃO DIVINA A ABRAÃO
            Abraão é um dos personagens mais marcantes da história Bíblica. Era nativo da Caldeia. Por meio de Éber, estava na nona geração depois de Sem, filho de Noé. Seu pai foi Terá que teve dois outros filhos, Naor e Harã (Gn 11.11-32). Ele foi chamado por Deus para ser o pai dos Judeus (Gn 12.1,2), povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt 1.1). A revelação divina ao patriarca se deu de forma dúplice, em palavra e ato, como veremos abaixo:

2.1 – Deus falou com Abraão (Gn 12.1). A primeira forma da revelação divina a Abraão se deu de forma audível, como nos mostra a Escritura: “Ora, o SENHOR disse a Abraão [...]”. Deus é um ser que se comunica com o homem (Gn 1.29; 3.3; 6.13; 12.1-3; Êx 3.14). A expressão comunicar segundo o Aurélio significa: “transmitir informação, dar conhecimento de, fazer saber” (FERREIRA, 2008, P. 513). Deus comunicou o que faria a Abraão e através dele. O Senhor prometeu-lhe uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes, e uma benção tal que alcançaria todas as nações da terra (Gn 12.2,3).

2.2 – Deus apareceu a Abraão (Gn 12.7). A segunda forma da revelação divina a Abraão se deu de forma visível: “E apareceu o Senhor a Abrão [...]”. Confira também (Gn 17.1; 18.1). Houve uma aparição, o que os teólogos chamam de Teofania, que é a “manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos sentidos humanos” (CABRAL, 2006, p. 339). Segundo Merril (2009, p. 89), no chamado de Abraão pode-se ver algum indício da revelação por meio de visões e sonhos. O Senhor, após ordenar que Abraão deixasse Ur e, depois Harã por uma terra que mostraria a ele, apareceu para Abraão pela primeira vez em Siquém (Gn 12.7). A raiz “niphal” do verbo usado aqui “rã’ãh” sugere ao pé da letra que Deus e fez visível. Não é declarado como ele é visto e, talvez, por visto queira apenas se dizer que ele falou como em tempos anteriores. No entanto, contra essa possibilidade está a ocorrência da mesma forma verbal em Gênesis 18.1, passagem na qual o Senhor aparece de forma tangível na pessoa do anjo do Senhor que, na verdade, é igualado ao Senhor mesmo (Gn 18.10,13,17,20).

III – COMO DEUS SE REVELA ATRAVÉS DE ABRAÃO
            A importância do personagem histórico Abraão, se dá pelo fato de que é com ele que se inicia o grande projeto divino. O estudo da vida de Abraão reflete a história da existência da igreja, porque todos os fatos relacionados com o patriarca e seu povo revelam as nossas origens (Gl 3.6,7). O chamado de Abraão é o acontecimento mais importante do AT. Aqui tem início a obra da redenção, pensada e profetizada pelo próprio Deus (Ap 13.8; Gn 3.15).

3.1 – Deus revela-se como único e verdadeiro Deus (Gn 12.1). Deus chamou Abraão do politeísmo (adoração a vários deuses) para o monoteísmo (adoração a um único Deus). Ur do Caldeus, terra onde Abraão nasceu, foi uma das cidades-estados mais ricas já desenterradas das culturas mais antigas do vale da Mesopotâmia. O deus-lua Nanar era adorado ali, e um dos mais famosos reis de Ur foi Ur-Namu. Josué 24.2 declara que a família de Terá adorava ídolos” (BEACON, 2006, p. 57 – acréscimo nosso). Portanto, Abraão não conhecia o verdadeiro Deus e não havia feito nada para merecer conhecê-lo, mas, em sua graça, Deus o chamou.

3.2 – Deus revela-se como aquele com o qual nos relacionamos pela fé (Hb 11.8-12). O relacionamento do patriarca Abraão com Deus se deu pela fé. O apóstolo Paulo diz que ele é: “[...] pai de todos os que creem [...]” (Rm 4.11). Portanto, aqueles que mantêm sua fé em Cristo, o descendente de Abraão (Gl 3.16), tornam-se filhos de Abraão (Gl 3.6-9), assim como a multidão dos salvos pela fé tem Abraão como seu pai (Rm 4.17-18).

3.3 – Deus revela-se como o Deus que não faz acepção de pessoas (Gn 12.2). A promessa feita a Abraão estende-se a judeus e gentios. Esta promessa não se estende apenas aos descendentes naturais de Abraão, representados pelo “pó da terra” (Gn 22.17b), mas também aos descendentes espirituais representados pelas “estrelas do céu” (Gn 15.5).

3.4 – Deus revela-se como aquele que justifica o homem pela fé (Gn 15.6). A justificação aparece pela primeira vez na Bíblia num episódio com Abraão, quando ele acreditou nas promessas que Deus lhe fez e sua fé foi-lhe imputada como justiça. Se apenas o cumprimento pessoal da lei fosse necessário para a justificação do ser humano perante Deus, ninguém seria salvo. No entanto, aqueles que creem no Senhor são justificados pela fé em Cristo, que foi o sacrifício perfeito oferecido a Deus pelo perdão dos pecados e resgate da humanidade. Esse sacrifício trouxe justificação e satisfez as justas exigências de Deus. Assim, para aquele que confia em Cristo, a fé lhe é imputada como justiça (Rm 3.23; 4.12; Gl 3.6).

CONCLUSÃO
            Deus é o Deus que se auto revela. Sua revelação foi progressiva e teve o seu ponto culminante em Cristo Jesus. Ele veio da semente da mulher, e da descendência de Abraão, foi manifestado para redimir a todos os homens independente de sua nacionalidade.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD
CABRAL, Elianai. Abraão: as experiências de nosso pai na fé. CPAD
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 01. CPAD
MERRIL, Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. SHEED

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

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