segunda-feira, 30 de setembro de 2019

LIÇÃO 01 – CONHECENDO OS DOIS LIVROS DE SAMUEL - (1 Sm 1.1-8) 4º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 01 – CONHECENDO OS DOIS LIVROS DE SAMUEL -  (1 Sm 1.1-8)
4º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Neste quarto trimestre de 2019, estudaremos o tema: “O Governo Divino em Mãos Humanas – Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel”. Na primeira lição deste trimestre traremos importantes informações sobre os dois livros de Samuel; veremos o período histórico da nação de Israel que ele aborda; falaremos um pouco dos principais personagens que se destacam nestes livros; e, por fim, pontuaremos o que podemos aprender com estes dois registros bíblicos.

I – INFORMAÇÃO SOBRE OS DOIS LIVROS DE SAMUEL
1.1 - Autoria. Os livros de Samuel iniciam-se com um resumo da vida e obra do profeta Samuel, conhecido como o último dos juízes e o primeiro da ordem profética. Ele foi considerado o maior personagem na história de Israel entre Moisés e Davi (Jr 15.1). Estes livros, como a maioria dos livros históricos, são anônimos. No entanto, o profeta Samuel é geralmente considerado o autor de 1 Samuel 1-24, e Natã e Gade os autores da parte restante. As descrições detalhadas e as minúcias sugerem que os autores foram testemunhas oculares dos acontecimentos. Estes livros tomaram esse nome devido à primeira figura humana de destaque neles, Samuel. Biblicamente temos informações de um livro escrito por Samuel e colocado por ele “perante o Senhor” (1Sm 10.25); em 1Crônicas 29.29 há uma referência ao relato dos atos de Davi num livro chamado “crônicas de Samuel, o vidente”.

1.2 - Data e lugar. Os acontecimentos relatados nos dois livros cobrem o período do nascimento de Samuel até o fim do reinado de Davi. Supondo que Samuel tivesse 30 anos aproximadamente quando começou a sua liderança em 1070 (cinco anos após a morte de Eli), ele deve ter nascido em 1100 a.C., aproximadamente. Visto que o reinado de Davi estendeu-se de 1010 a 970, o período de tempo para os livros de Samuel é de cerca de 130 anos aproximadamente.

1.3 - Contexto histórico. Os livros de Samuel cobrem o período de transição da liderança das mãos dos juízes divinamente escolhidos (Jz 2.16) até a monarquia (1Sm 8.7), Samuel teve a tarefa tremenda de orientar a reconstrução da unidade social e religiosa (1Sm 7.1-7). Ele foi o instrumento divino para o estabelecimento do reino de Israel nesta grande crise nacional. Samuel, foi o último dos juízes (1Sm 7.6,15; 12.11), e o primeiro profeta (At 3.24).

1.4 - Propósito. O objetivo dos livros de Samuel é apresentar a história do desenvolvimento de Israel desde um estado de anarquia (Jz 21.25) até um estado de monarquia teocrática (1 Sm 8.7). Dá uma descrição religiosa do crescimento da nação, mostrando a futilidade da tentativa de unificação e crescimento nacional por esforço e liderança humanos, bem como o grande poder e prestígio de uma nação fundada em princípios teocráticos sob um rei indicado por Deus (1Sm 9.16; 16.12). Primeiro Samuel fala da ascensão de Davi ao trono, e Segundo Samuel trata do reinado de Davi.

1.5 - Curiosidades. Os dois livros de Samuel são os primeiros dos seis “livros duplos” que originalmente não estavam divididos. Eles foram divididos em dois pelos tradutores da Septuaginta (tradução do AT para o grego) que os chamaram de “1 e 2 Reis”. Os livros que chamamos de 1 e 2 Reis tinham o nome de 3 e 4 Reis (ELISSEN, p. 90).

II – OS LIVROS DE SAMUEL: UM PANORAMA HISTÓRICO
O livro de Samuel abrange o fim e o começo de dois importantes períodos históricos do povo de Israel. Vejamos:

2.1 - Período dos juízes. Este período vai da morte de Josué até o fim do governo de Samuel. A forma de governo era teocrática, isto é, Deus era o governante direto da nação. Nesse período houve um ciclo vicioso com a nação de Israel: Israel fazia o que era mau aos olhos do Senhor (Jz 2.11; 3.7); o Senhor lhes entregava nas mãos dos inimigos; o povo, então, se arrependia dos seus pecados e clamava a Deus; e Deus levantava um juiz que julgava o povo, e subjugava seus inimigos (Jz 2.16). Enquanto aquele juiz julgava, o povo temia ao Senhor. Porém, após a morte do juiz, o povo tornava a fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, tornando assim um período de altos e baixos para a nação. Samuel foi o maior líder espiritual desse período e, além de juiz, foi também sacerdote e profeta (1Sm 3.20; 7.15; 12.1-5; At 3.24).

2.2 - Período da monarquia. Aproveitando a velhice de Samuel e forma desonesta que os seus filhos procediam diante do povo, os filhos de Israel rejeitaram o governo teocrático, e pediram para si um rei como as outras nações tinham (1Sm 8.1- 5; 12.12,13). O problema, no entanto, não foi pedir um rei, pois Deus já havia dito que de Abrão descenderia reis (Gn 17.6); por meio de Jacó, anunciou que o cetro ficaria com Judá (Gn 49.10); e, por meio de Moisés exortou como deveria ser a postura de um rei (Dt 17.14-20), mas ainda não era o tempo, e, o povo precipitou-se (1Sm 10.19; 12.19).

III – OS PERSONAGENS PRINCIPAIS DOS LIVROS DE SAMUEL
Os dois livros de Samuel contém uma narrativa com vários personagens. Todavia, três personagens são os principais. Notemos:

3.1 - Samuel. Filho de Elcana e Ana. Seu pai era descendente de Levi, embora não da linhagem sacerdotal de Arão (1Cr 6.33,34). Sua mãe apesar de estéril, orou ao Senhor e recebeu a promessa, por meio do sacerdote Eli, de que teria um filho (1Sm 1.17). Alegre com a notícia, voltou para casa e recebeu o milagre (1Sm 1.19). Ana prometeu dedicar este filho ao Senhor por todos os dias da sua vida (1Sm 1.11). Ela pôs o nome da criança de Samuel que significa: “o nome de Deus” (Sm 1.20). Abaixo destacaremos mais alguns detalhes a respeito deste personagem:

CARACTERÍSTICAS
Nascido por um milagre 1Sm 1.20
Nazireu desde o ventre 1Sm 1.11
Chamado para ser profeta 1Sm 3.20
O último dos juízes 1Sm 7.15
Aquele que ungiu os primeiros reis de Israel 1Sm 9.16; 16.12

3.2 - Saul. Era filho de Quis, da tribo de Benjamim (1Sm 9.1). Foi ungido pelo profeta Samuel (1Sm 10.1) e escolhido pelo povo de Israel para reinar sobre eles (1Sm 10.17-24). Apesar de iniciar bem a sua missão como rei de israel, vencendo os amonitas, e trazendo alegria para todos os homens de Israel (1Sm 11. 1-15), logo no segundo ano do seu reino demonstrou fragilidade, recebendo a sentença que o seu reino não subsistiria (1Sm 13.8-14). O sonho de ter um rei, como as demais nações, logo se tornou em pesadelo, pois Saul não correspondeu ao padrão espiritual exigido pelo Senhor.

3.3 - Davi. Seu nome significa “amado”. A Bíblia fala mais a respeito de Davi do que sobre qualquer outro personagem bíblico. Cerca de catorze capítulos foram dedicados à vida de Abraão e também de José; Jacó, onze e Elias, dez. No entanto, sessenta e seis, aproximadamente, foram dedicados a Davi e isto não inclui cerca de 59 referências à sua vida no Novo Testamento. Este jovem foi escolhido por Deus para uma grande obra (1Sm 16.10-13). Deus prometeu que o seu reinado seria para sempre por meio dos seus descendentes por meio do qual também viria o Messias. Elencaremos abaixo algumas informações sobre Davi:

CARACTERÍSTICAS
O oitavo filho de Jessé 1Sm 17.12-14
Pastor de ovelhas, músico e poeta 1Sm 16.11,17,18
Escolhido para ser rei 1Sm 16.1,12
Um grande guerreiro 1Sm 17.37; 17.46-50; 18.30
Um homem segundo o coração de Deus 1Sm 13.14; At 13.22

IV – O QUE APRENDEMOS COM OS LIVROS DE SAMUEL
Os reis que passaram por Israel são imperfeitos, e o reino deles tiveram falhas, porém apontavam para o reino perfeito e permanente do Messias. O título “Messias” foi usado para o Salvador do mundo no AT (Sl 2.2; 8.6; Is 9.7 Dn 9.25,26), e teve seu cumprimento na pessoa de Jesus no NT, pois Ele é o Ungido de Deus (Lc 2.11,26; 24.26; Jo 4.25,26; At 2.36; 8.5; Rm 1.1; 1Co 1.1). Quando Jesus nasceu, foi adorado como Rei (Mt 2.2,11); a profecia dizia que Ele herdaria o trono de Davi e que reinaria para sempre sobre a casa de Jacó (Lc 1.31-33); durante o seu ministério, declarou-se a si mesmo como Rei (Jo 18.37); e, quando Ele entrou triunfante em Jerusalém, foi aclamado Rei (Lc 19.38). No entanto, a plenitude do ofício real de Cristo, dar-se-á quando Ele voltar ao mundo como Rei, onde se assentará no trono real e estabelecerá o milênio (Mt 19.28; 25.31). Jesus reinará sobre todas as nações. Seu reino será literal e universal. Ele vem para reger as nações como Rei dos reis e Senhor dos senhores. O milênio será uma teocracia, isto é, Cristo reinará diretamente, através de seus representantes. Todos os reinos do mundo estarão sob o senhorio de Cristo e Jerusalém será a sede do governo mundial (Is 2.3; 60.3; 66.2; Jr 3.17).

CONCLUSÃO
Deus se serve do ser humano para estabelecer o Seu propósito aqui na terra. Ele escolheu, Saul, no entanto, este contrariou a vontade divina. O Senhor substituiu-o por Davi, o homem segundo o Seu coração, por meio do qual Ele prometeu suscitar o Messias que, no devido tempo, reinaria para sempre.

REFERÊNCIAS
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
MOODY, D. L. Comentário Bíblico de Levítico. PDF.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

domingo, 22 de setembro de 2019

LIÇÃO 13 – SEJA UM MORDOMO FIEL – (Lc 12.36-38; 42-46) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 13 – SEJA UM MORDOMO FIEL – (Lc 12.36-38; 42-46)
3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição definiremos o termo mordomo e o termo fidelidade; destacaremos a parábola de Lucas 12.42-46 onde Jesus exorta quanto a importância da fidelidade na mordomia do que recebemos de Deus; falaremos da importância de sermos fieis em todos os sentidos; e por fim, trataremos a respeito do Tribunal de Cristo onde o Mestre Jesus recompensará a cada mordomo fiel segundo a sua obra.

I – DEFINIÇÕES
1.1 - Definição secular e exegética de mordomo. O dicionário diz que mordomo: “é um indivíduo encarregado de administrar, em residência alheia, as tarefas domésticas cotidianas, distribuindo-as entre os demais empregados” (HOUAISS, 2001, p. 1960). A palavra grega mais comum, frequentemente no NT, é “oikonomos” (TENNEY, 2008, p.377). O “oikonomos” denotava primariamente “o administrador de uma casa ou propriedade”, formado de “oikos”, denotando “casa”, e “nemo” que significa: “arranjar, organizar” (VINE, 2002, p. 800). Essa palavra é mais traduzida como “despenseiro”. A ideia de despenseiro aparece somente no Novo Testamento, quando o original grego usa a palavra “oikonomos”, que significa: “gerente da casa” (Lc 12.42; 16.1,3,8; Rm 16.23; 1Co 4.1,2; Gl 4.2; Tt 1.7; 1Pd 4.10); ou quando usa a palavra “epitropos”, que quer dizer: “encarregado”, que aparece por três vezes (Mt 20.8; Lc 8.3; Gl 4.2).

1.2 - Fidelidade. O dicionarista Houaiss diz que: “fidelidade” significa: “respeito quase venerável por alguém ou algo; lealdade; constância nos compromissos assumidos com outrem; compromisso que pressupõe dedicação amorosa à pessoa com quem se estabelece um vínculo afetivo de alguma natureza” (2001, p. 1337). O dicionário de Strong diz que a palavra “fidelidade” no grego “pistis” significa: “verdadeiro; pessoas que mostram-se fiéis na transação de negócios, na execução de comandos, ou no desempenho de obrigações oficiais; alguém que manteve a fé com a qual se comprometeu, digno de confiança”.

II – A IMPORTÂNCIA DA FIDELIDADE NA MORDOMIA
Em Lucas 12.42-46, Jesus contou a parábola acerca da fidelidade. Esta é uma parábola de cunho escatológico e é extremamente exortativa quanto a necessidade de sermos fieis mordomos até o retorno de Cristo. Abaixo destacaremos algumas informações sobre esta parábola. Vejamos:

2.1 - O senhor da parábola (Lc 12.42). Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário que tinha servos a sua disposição (Lc 12.42.46). Este senhor precisou ausentar-se um pouco de sua casa, para uma viagem. A Bíblia nos mostra que quanto ao dia e a hora do seu retorno são incertos (Lc 12.46).

2.2 - Os servos da parábola (Lc 12.42,45). Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1Rs 18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos (Lc 12.42). O texto deixa entender este servo poderia ser “fiel e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma referência hipotética ao mesmo servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja falando apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos intérpretes preferem a ideia de se tratarem de dois servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:

2.2.1 - O servo fiel da parábola (Lc 12.42,43). É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa, receberá privilégios e responsabilidades aumentados: “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens” (Lc 12.44).

2.3 - O servo infiel da parábola (Lc 12.45). Com a partida de seu senhor, este servo, em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se mostrou tanto doutrinária “O meu senhor tarda em vir” (Lc 12.45-a); quanto moral, pois começou a “a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se” (Lc 12.45-b). Quando da volta do seu senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os hipócritas” (Lc 12.46).

III - FIDELIDADE EM TRÊS DIREÇÕES
A fidelidade é de uma importância vital para a vida cristã em três aspectos, vejamos:

3.1 - Fidelidade a Deus. Deus sempre exigiu fidelidade no relacionamento das suas criaturas. Exigiu de Abraão (Gn 17.1); de Isaque (Gn 26.1-5); de Jacó (Gn 35.1-4); do povo de Israel (Dt 28.1-14). Jesus, exigiu fidelidade daqueles que desejavam segui-lo (Jo 8.31). A fidelidade é uma prova de amor (Jo 14.15,21).

3.2 - Fidelidade ao próximo. O crente deve agir com fidelidade aos que estão à sua volta, tendo algumas atitudes, tais como: (a) mantendo sempre sua palavra (Mt 5.37;1Tm 3.8); (b) assumindo as responsabilidades no lar (Ef 5.22-28; 6.1-4; 1Tm 5.8); (c) cooperando na obra de Deus (1Co 4.1,17; 6.21); (d) sendo fiel com o que é alheio (Mt 24.45,46; Lc 16.1-12); como empregado (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25); ou como empregador (Ef 6.9; Cl 4.1).

3.3 - Fidelidade a si mesmo. Nesse aspecto a fidelidade é vista quando somos aquilo que dizemos ser. Davi em um de seus Salmos afirma: “Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei” (Sl 119.113). Quem vive uma vida dúbia, é inconstante, não há firmeza nem resistência (Tg 1.8). Deus quer que sejamos o que dizemos que somos, não mostrando duplicidade ou falsidade quanto a nossa devoção a Ele (1Sm 12.24).

IV – O TRIBUNAL DE CRISTO: O DIA DO JULGAMENTO DA NOSSA MORDOMIA
Tribunal de Cristo é o primeiro dos eventos depois do Arrebatamento da Igreja. Paulo refere-se ao Tribunal como o “bema” (2Co 5.10). O bema era um estrado ou plataforma, utilizado por oradores (púlpito) e atletas (pódio). Os bemas históricos eram plataformas elevadas em que governantes ou juízes se sentavam para fazer discursos (At 12.21) ou julgar casos (At 18.12-17). O Tribunal de Cristo é visto por alguns apenas como um lugar de recompensas (LAHAYE, 2009, p.462). Paulo, entretanto, chama-o de um lugar de compensação. O Senhor atenta para o que fazemos, seja bom ou mau e seremos compensados de acordo com nossas obras (1Co 3.10-15) (Ídem, 2009, pp. 204, 205).

V - O QUE SERÁ JULGADO DA NOSSA MORDOMIA
No Arrebatamento, Jesus, que conhece as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15), trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho. Existem cinco critérios deste julgamento que envolvem: (a) a “lei da liberdade cristã” (Tg 2.12); (b) a qualidade do trabalho que fazemos para Deus (Mt 20.1-16); (c) o “material” empregado no trabalho feito para Deus (1Co 3.8,12-15); (d) a conduta do crente por meio do seu corpo (2Co 5.10); e, (e) os motivos secretos do nosso coração (1Co 4.5; Rm 2.16) (GILBERTO, 2009, p. 376). O propósito do julgamento dos crentes diante do Tribunal de Cristo é determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. A avaliação incluirá as obras em si, o zelo com que foram realizadas e o que as motivou. Vejamos:

5.1 - As obras. Aquilo que uma pessoa faz por Deus é registrado em um memorial diante do Senhor dos Exércitos (Ml 3.16-18). As Escrituras prometem recompensas específicas para obras específicas (Mt 5.11-12; Lc 6.21-22; 14.12-14). Deus recompensará os crentes por todas as ações que tiverem mérito ou valor eterno.

5.1.1 - As boas obras. Boas obras do grego “agathos” podem ser definidas como aquelas que têm sido manifestas, porque feitas em Deus” (Jo 3.21; Ef 6.7-8; 1Ts 1.3). As boas obras são representadas por ouro, prata e pedras preciosas. As boas obras também são chamadas de “fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.11; 2.13).

5.1.2 - As más obras. Paulo falou sobre a possibilidade de ser “reprovado” ao não conseguir viver fielmente (1Co 9.24-27). Más ações do grego “phaulos” são desprezíveis aos olhos de Deus. Podem ser chamadas de “obras mortas” ou “obras da carne”. O perigo de produzir obras da carne reside no fato de que o trabalho do crente acaba sendo em vão, inútil ou vazio (1Co 15.58; 1Tm 6.20; 2Tm 2.16; G1 4.9; Tt 3.9; Tg 1.26). Obras más não possuem qualidade, por isso são caracterizadas como madeira, feno e palha que são materiais de pouco valor ou durabilidade. Estas são as ações produzidas a partir de motivações erradas (1Jo 2.28).

5.2 - A Motivação. Deus sonda a nossa mente e o nosso coração a fim de nos determinar a recompensa. A motivação de nossas obras também será revelada no Tribunal de Cristo (Lc 12.2-3). O propósito ou motivação de um coração legitima ou invalida os atos de uma vida (Mt 5.16; 6.1-21). Quando as obras são feitas para que outros as vejam, perdem-se as recompensas, pois, os desígnios do coração do homem serão manifestos. (1Co 4-5; Ap 2.23). Embora um serviço exercido por motivos errados possa resultar na perda de recompensas, ele ainda pode ter efeitos eternos (Fp 1.14-19).

CONCLUSÃO
Deus exige fidelidade de todos aqueles que professam ser seus servos; para os que assim procedem, Ele tem reservado um dia, em que por meio de Seu Filho, Jesus Cristo, recompensará a cada mordomo.

REFERÊNCIAS
GILBERTO, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. VIDA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

LIÇÃO 12 – A MORDOMIA DO CUIDADO COM A TERRA - (Gn 1.26-30) 3º TRIMESTRE DE 2019


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LIÇÃO 12 – A MORDOMIA DO CUIDADO COM A TERRA - (Gn 1.26-30)
3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre o significado do termo “terra” à luz das Escrituras; veremos também, que o universo foi criado por Deus e quais os seus propósitos em relação aos homens; destacaremos os princípios do cuidado com a criação, partindo do exemplo de Adão e Eva; e por fim, veremos os deveres cristãos no exercício da mordomia do cuidado com a terra.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA TERRA
No Antigo Testamento duas palavras são frequentemente usadas para terra; o termo: “érets” que denota: o planeta inteiro, como também algumas partes que compõem a terra; país (Gn 1.1,2,10-12; 2.1; 4.12; Êx 8.17; 10.5; Lv 11.2,21; Jó 1.7; 2.2); como também a palavra: “adamah” que aponta mais diretamente para o solo cultivável (Gn 1.25; 2.6; Êx 10.6; Dt 4.10; 1Sm 4.12). Já no Novo Testamento, temos a expressão grega: “gê”, podendo indicar: “o próprio globo terrestre, como o solo, uma região, um país, os habitantes da terra” (Mt 5.5,13,18; 10.34; João 17.4; At 1.8; Rm 10.18; 1Co 8.5; Ef 1.10; Ap 1.5,7,10; 5.3; 10.2; 21.1,24) (CHAMPLIN, 2004, p. 388 – acréscimo nosso).

II – DEUS CRIOU A TERRA
A Bíblia não da suporte para a teoria da evolução, pois inicia afirmando o criacionismo: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1 ver Sl 104.5). O que evoluiria seria a ciência, as pesquisas, o saber (Dn 12.4). Notemos então, os propósitos de Deus na criação em relação a terra:

2.1 - Para que o homem pudesse viver de forma saudável. Assim nos informa o escritor sagrado: “E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado” (Gn 2.8). A palavra Éden significa: “deleite” ou “lugar de muita água”, indica que esse jardim era um paraíso vindo das mãos de Deus, criado para proporcionar o melhor ambiente possível para o primeiro casal. Neste sossegado lugar de indescrit ível beleza, o homem devia desfrutar da comunhão e do companheirismo do Criador, e trabalhar de acordo com o esquema divino para a realização de Sua vontade perfeita. Um adequado suprimento de água era fornecido por um vasto sistema de irrigação, um emaranhado de rios que brotavam dentro e à volta do jardim, dando-lhe vida (Gn 2.9,10-14).

2.2 - Para que o homem pudesse desfrutar dela. As árvores que Deus plantou no jardim não eram apenas para mostrar a beleza de Sua criação (Gn 1.31; Ec 3.11), mas para a provisão diária de suas criaturas: “E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida […]” (Gn 2.9), Deus portanto, criou a terra para que o homem pudesse desfrutar dela de forma equilibrada (Gn 2.16), para seu mantimento e deleite pessoal (Gn 1.29,30; Sl 104.14,15).

2.3 - Para que o homem pudesse cuidar dela. Os homens foram criados para ter domínio sobre a Terra (Gn 1.26,28). Adão e Eva foram os primeiros regentes da criação de Deus (Sl 8.6-8). Assim declara o salmista: “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl 115.16), de modo que dentro desta administração inclui o cuidado necessário com a terra: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). Entre as responsabilidades de Adão quanto a sua mordomia do cuidado com a terra, destacamos:

(a) deveria estabelecer-se no Éden e cuidar especialmente desse lindo jardim paradisíaco (Gn 2.15);
(b) deveria dar nomes a todas as criaturas (Gn 2.19,20);
(c) deveria reproduzir-se e popular a terra com sua espécie (Gn 1.28); e,
(d) deveria deleitar-se dos frutos de diversas árvores (exceto uma, a árvore do conhecimento do bem e do mal) (Gn 2.16).

III – ADÃO E O CUIDADO COM A TERRA
3.1 - A elevada posição do ser humano na criação. Ao criar o homem, o Senhor lhe deu uma elevada posição diante de toda a criação (Gn 1.28; Sl 8.6). Segundo Berkof (2000, p. 174): “O homem é descrito como alguém que está no ápice de todas as ordens criadas. Foi coroado como rei da criação inferior e recebeu domínio sobre todas as criaturas inferiores. Como tal, foi seu dever e privilégio tornar toda natureza e todos os seres criados, que foram colocados sob seu governo, subservientes à sua vontade a o seu propósito, para que ele e todos os seus gloriosos domínios magnificassem o onipotente Criador e Senhor do universo”. Sua posição destacada fica evidente quando lemos que: “[…] Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28).

3.2 - Os deveres de Adão e Eva na mordomia da terra. Deus ao criar o ser humano segundo a sua imagem (Gn 1.27), tinha como propósito, entre outras razões, permitir que Adão governasse a terra: “[…] e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra (Gn 1.26). O homem deveria exercer autoridade sobre toda a natureza (Sl 8.6-8). O Novo Testamento deixa claro que o homem foi feito para exercer domínio, sobre toda a criação (Hb 2.5-8). O escritor bíblico informa: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). A palavra guardar denota a ideia de manter, Deus estava ensinando a Adão sobre a necessidade de trabalhar para preservar o jardim, a fim de que não se tornasse um ambiente desordenado. Desde o princípio do mundo, Deus teve a preocupação de conservar a ecologia da terra.

3.3 - O pecado de Adão e as suas consequências sobre a terra. Por ocasião da entrada do pecado no mundo através de Adão (Gn 3; Rm 5.12; 1Co 15.22), sobrevieram consequências físicas e espirituais (Gn 3.14-16; Rm 3.23). A Queda não atingiu apenas o homem, mas também toda natureza, é o que fica claro quando lemos: “E a Adão disse: […] maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá [...]” (Gn 3.17,18), de modo que além da terra passar a produzir espinhos e cardos, a realidade do pecado na esfera humana, também mudou a relação entre homens e animais: “E será o vosso temor e o vosso pavor sobre todo animal da terra e sobre toda ave dos céus […]” (Gn 9.2), os animais passaram a possuir ferocidade (Is 65.25), e estes passaram a pertencer a dieta alimentícia do homem (Gn 1.29,30; 9.3; Dt 12.15; Rm 14.2,3,6). O apóstolo Paulo retrata a condição da terra após o pecado como: (a) sujeita a vaidade (Rm 8.20); (b) gemendo como dores de parto (Rm 8.22); e, (c) em expectativa de restauração (Rm 8.19,21).

IV – A MORDOMIA CRISTÃ NO CUIDADO COM A TERRA
Desde a Queda, o homem deixou de tratar da terra como deveria, e até incorrendo no outro extremo de divinizar a natureza, como alguns chamam de “mãe terra ou mãe natureza” (Rm 1.25). No entanto, Deus deu ordens para que ela fosse devidamente administrada. Vejamos:

4.1 - No trato com o solo. Deus deixou estabelecido em Sua Palavra, o princípio de preservação do solo (Gn 2.15; 8.22), de modo que a terra não deveria ser usada demasiadamente, sem o devido descanso: “Também seis anos semearás tua terra e recolherás os seus frutos; mas, ao sétimo, a soltarás e deixarás descansar […] (Êx 23.10,11 ver Lv 25.1-5; 26.34,35). Apesar deste princípio ser claro, há alguns hoje que pensam só nos seus lucros, não na saúde da terra; priorizam o sucesso imediato e presente, e desconsideram as consequências futuras dessa má administração (Is 24.1-12; Jr 12.4; Jl 1.10,20). A quebra desse princípio foi uma das razões que levou Judá ao cativeiro babilônico (Lv 26.43; 2Cr 36.21). A ideia de sujeitar a terra (Gn 1.28), não significa que devemos escravizá-la para satisfação de nossos desejos de lucros, dando vazão a uma exploração ilimitada dos seus recursos. Como cristãos, devemos ter zelo pela criação divina, tendo preocupação ecológica, uma vez que, a ira de Deus será derramada sobre os que destroem a terra (Ap 11.18).

4.2 - No trato com as árvores. O princípio do cuidado com a flora, fica evidente também na narrativa de Gênesis: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). Esse cuidado era necessário para a manutenção do jardim do Éden, uma vez que a deterioração é própria das coisas finitas que vieram a existência, não há nada na terra que não exija manutenção. Sobre o trato com as árvores Deus diz: “Quando sitiares uma cidade por muitos dias, pelejando contra ela para a tomar, não destruirás o seu arvoredo, metendo nele o machado, porque dele comerás; pelo que o não cortarás (pois o arvoredo do campo é o mantimento do homem ), para que sirva de tranqueira diante de ti” (Dt 20.19). Num contexto de guerra, onde a ética dos homens muda, e o que tem valor pode vir a perdê-lo; Deus ressalta a importância de se tratar corretamente do arvoredo ou das florestas, visto que é fundamental para a existência humana. Se antes da Queda a flora precisava de cultivo e proteção, quanto mais agora, quando a maldição está sobre o habitat humano (Gn 3.17; Rm 8.19-22).

4.3 - No trato com os animais. O domínio do homem sobre os animais, também fica evidente no relato da criação: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra” (Gn 1.26). O cuidado com a fauna, também é visto nas Escrituras de forma abrangente:

(a) a lei de descanso para os animais (Êx 20.10; 23.12);
(b) o cuidado com a sua alimentação (Êx 23.11; Dt 25.4; Jó 38.39-41; Sl 147.9);
(c) na preservação das espécies (Gn 6.19; Dt 22.6,7; Sl 36.6; Jn 4.11); e,
(d) contra os maus tratos (Êx 23.4,5,12; Nm 22.27-31; Dt 22.10; Pv 12.10; Sl 11.5; Lc 14.5).

Pelo texto bíblico, aprendemos que, Deus nunca autorizou tratar os animais com crueldade. Ele se preocupa e cuida até do mais simples animal (Sl 104.24-30; 145.16; Is 56.8,9; 2Rs 3.17). Salientamos porém, que apesar de toda a preocupação de Deus em relação aos animais, eles não foram criados com a capacidade de raciocinar ou ter espiritualidade (2Pd 2.12; Jd 19), sendo assim, não devem ser tratados como pessoas, ou seja, humanizados (Lc 13.15; 14.1-5; Mt 6.26; 10.31; Lc 12.7). Afinal, a Bíblia descreve o tempo em que, sob o Reino de Cristo no Milênio, entre outros efeitos, virá a administração correta do planeta, prevalecendo a harmonia entre o homem e os animais como era no princípio (Is 11.6-8).

CONCLUSÃO
Deus quer que nós preservemos a criação, que é a sua propriedade (Sl 24.1). Como mordomos do Senhor, cuidemos bem daquilo que Deus nos deu para o nosso deleite.

REFERÊNCIAS
CAMPOS, Heber Carlos. O Habitat Humano: O paraíso criado. SP: HAGNOS, 2011.
CAMPOS, Heber Carlos. O Habitat Humano: O paraíso perdido. SP: HAGNOS, 2012.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vl 06. SP: HAGNOS, 2004.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

LIÇÃO 11 – A MORDOMIA DAS OBRAS DE MISERICÓRDIA - (At 4.32-35; Lc 10.30,36,37) 3º TRIMESTRE DE 2019

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 11 – A MORDOMIA DAS OBRAS DE MISERICÓRDIA - (At 4.32-35; Lc 10.30,36,37)
3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que não somos salvos pelas boas obras, mas as praticamos porque somos salvos (Mt 5.16); traremos uma definição dos termos “obras” e “misericórdia”; estudaremos as obras de misericórdia ilustradas no bom samaritano; pontuaremos a Igreja apostólica e a prática das obras de misericórdia; notaremos as obras de misericórdia como uma evidência da salvação; e por fim, analisaremos a responsabilidade do crente no cuidado com os pobres e necessitados a luz da Bíblia.

I – DEFININDO OS TERMOS OBRAS E MISERICÓRDIA
1.1 - Obras. Nas Escrituras várias são as palavras usadas traduzidas como “obra”, entre estas uma das principais é o substantivo hebraico: “maaseh” que significa: “trabalho, obra, ação, labor, labuta, comportamento”. A palavra obra no grego é: “ergon” denota: “trabalho, ação, ato”. Ocorre frequentemente indicando as ações humanas, boas ou ruins (Mt 23.3; 26.10; Jo 3.20,21; Rm 2.7,15; 1Ts 1.3; 2Ts 1.11). “Atrelada a vida cristã, obras são as evidências de uma fé viva e eficaz, de modo que o apóstolo Tiago afirma que pelas obras, atesta-se a qualidade da fé” (Tg 2.17,26) (ANDRADE, 2006, p. 282 – acréscimo nosso).

1.2 - Misericórdia. Esta palavra na língua portuguesa advém do latim: “merces, mercedis”. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 1933) misericórdia é: “o sentimento de dor e solidariedade com relação a alguém que sofre, acompanhado do desejo ou da disposição de ajudar essa pessoa; dó, compaixão, piedade; ato concreto de manifestação desse sentimento, como o perdão; graça, clemência; benefício que se presta a um sofredor”. No AT a palavra para misericórdia é: “hesed”, ocorrendo cerca de 240 vezes, significando: “benignidade, amor firme, graça, misericórdia, fidelidade, bondade, devoção” (Sl 23.6; Pv 19.17; 22.9; Js 2.12-14; Jr 3.13). No NT o termo correspondente é: “eleos” que quer dizer: “manifestação exterior de piedade; presume necessidade por parte daquele que recebe, e recursos adequados para satisfazer a necessidade por parte daquele que a mostra” (Mt 9.13; 12.7; 23.23; Lc 10.37; Tg 2.13) (VINE, 2010, p. 793).

II - AS OBRAS DE MISERICÓRDIA ILUSTRADAS NO BOM SAMARITANO
2.1 - As obras de misericórdia como uma ação altruísta. Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra altruísmo, quer dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do próximo do que com o seu. O samaritano colocou sua agenda pessoal em segundo plano para servir. Ele “[…] ia de viagem […]” (Lc 10.33), tudo ficou para trás: viagem, negócios, perigo de assaltantes, para salvar aquele homem agonizante. A Bíblia nos ensina sobre a lei da semeadura (Lc 6.38). O samaritano prestou um imediato socorro emergencial aquele homem; levou-o para uma hospedaria; pagou a conta antecipadamente; e, ofereceu mais assistência caso fosse necessária. O altruísmo não busca os seus interesses (At 20.35; 1Co 13.4,5; Fp 2.4). A Bíblia diz que quem despreza o seu próximo peca (Pv 14.21), e que os misericordiosos são bem-aventurados (Mt 5.7 ver Sl 41.1; Is 58.10).

2.2 - As obras de misericórdia como uma ação empática. Devemos exercer misericórdia com alegria, pois a ação deve ser acompanhada da intenção, ou caso contrário, será apenas um ritual vazio (Rm 12.8), e sem a intenção de sermos vistos (Mt 6.1-4). Um sentimento que fica evidenciado no samaritano é a empatia, ou seja, “a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias” (Lc 6.31). Sobre ele nos é dito: “[…] vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). O samaritano não procurou saber quem era o necessitado a sua frente, sua religião ou mesmo a sua nação; agiu como que o que se passava fosse com ele mesmo ou um dos seus. Quando temos este amor de Deus servimos bem a todos, servimos bem à obra do Senhor, sem interesse em qualquer recompensa (Mt 7.12 ver ainda Lv 19.18; Mt 22.40; Rm 13.8,10). A ajuda deve ser prática, e não deve consistir simplesmente em sentir pena da pessoa (Tg 2.14-17). É provável que o sacerdote e o levita sentiram algum tipo de dó pelo ferido, mas não fizeram nada. A compaixão, para ser verdadeira, deve gerar atos (1Sm 30.11-13; Tg 2.26; 1Jo 3.17,18).

2.3 - As obras de misericórdia como uma ação imparcial. Devemos ajudar qualquer que precise, inclusive o inimigo (Rm 12.13,14,20). Quando o doutor da Lei perguntou a Jesus: “quem é o meu próximo” (Lc 10.29), Jesus contou-lhe então a parábola do bom samaritano, demonstrando que o verdadeiro amor não faz acepção de pessoas (Tg 2.1,8,9); pois, o homem que havia sido assaltado e espancado não foi ajudado pelo sacerdote e nem pelo levita, mas, foi socorrido por um samaritano, que não olhou para sua nacionalidade (Lc 10.25-37). Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos são os dois maiores mandamentos na Lei (Mt 22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-27). A acepção de pessoas é uma atitude contrária à misericórdia (At 10.4; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.9), por isso, devemos amar a todos (Gl 6.10; 1Ts 3.12), inclusive nossos inimigos (Mt 5.44; Lc 6.27,35). “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). O necessitado é nosso próximo, e nossa ajuda deve ser como o amor de Deus (Jo 3.16).

III - A IGREJA APOSTÓLICA E A PRÁTICA DAS OBRAS DE MISERICÓRDIA
3.1 - A Igreja primitiva como modelo das boas obras. Na Igreja Primitiva, era comum, não só a pregação do Evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37). Foram escolhidos sete homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria para executar esta importante tarefa (At 6.1-6). Diversas vezes houve coletas entre os irmãos com o objetivo de socorrer aos santos que estavam enfrentando dificuldades (Rm 15.25-27; 1Co 16.1-4; 2Co 8; 9; Fp 4.18,19). Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da Judeia (At 11.28-30). Paulo afirma que recebeu recomendações de Tiago, Cefas e João, “as colunas”, para que se lembrassem dos pobres, e ele mesmo diz que procurou fazer com diligência (Gl 2.10). Diversas vezes, ele dedicou-se a recolher ajuda para os pobres da igreja de Jerusalém (Rm 15.25,26; 1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4). Um dos objetivos da terceira viagem missionária de Paulo foi coletar dinheiro para os pobres (Rm 15.26). Em suas epístolas, Paulo ensinava a igreja sobre o dever de contribuir (1Co 16.1-4), bem como elogiava as igrejas que contribuíam (2Co 8.1-4; 9.2). Paulo descreve diversos dons, inclusive o de repartir (Rm 12.6-8).

IV - AS OBRAS DE MISERICÓRDIA COMO EVIDÊNCIA DA SALVAÇÃO
O livro de Tiago nos fala da fé e das obras (Tg 2.14-26). Ele diz que Abraão foi justificado pelas obras (Tg 2.21), ao passo que Paulo ensina que ele foi justificado pela fé (Rm 4.9-b). Alguns estudiosos creem que Tiago estivesse refutando Paulo o que não é verdade; apenas ambos os apóstolos estão tratando da mesma doutrina sob aspectos diferentes. A abordagem de Paulo se dá no sentido vertical (diante de Deus) onde o homem é inocentado por fé e não por obras (Rm 5.1). Já o ponto de vista de Tiago se dá no sentido horizontal (diante dos homens), visto que as obras que o salvo pratica são um claro testemunho diante dos homens de sua real transformação (Mt 5.16). Notemos que ambos pontos de vista se harmonizam:

4.1 - As obras de misericórdia na perspectiva de Paulo. Paulo ensinou que o homem é “justificado pela fé independente das obras” (Rm 3.28; 5.1; Gl 2.16). Embora o apóstolo enfatizasse a fé como base para justificação, ele não está menosprezando as obras que evidenciam a salvação (Fp 2.12,13). Logo, fica claro que, embora tais obras em nada contribuíssem para a justificação de uma pessoa diante de Deus (Rm 3.28; Ef 2.8,9), a verdadeira fé opera pelo amor resultando em boas obras (Gl 5.6; Ef 2.10). Certos grupos libertinos que vieram depois de Paulo, levaram seus ensinamentos ao extremo. Estes afirmavam que, desde que uma pessoa tivesse fé em Cristo não importaria se os atos dela fossem bons ou maus (Rm 6.1,2).

4.2 - As obras de misericórdia na perspectiva de Tiago. Tiago ensinou que o homem é justificado “pelas obras e não somente pela fé” (Tg 2.24). O apóstolo está ensinando que embora a pessoa seja salva pela fé somente, a fé que salva redunda na prática das boas obras (Tg 2.22-26). Tiago declara que a “fé sem obras é morta” (Tg 2.14-16). A fé, para a salvação, é uma fé tão vital que deve ser evidenciada diante dos homens, em amor e obediência para com o Salvador e no serviço ao próximo (Tg 1.27; 2.1-9; 14-20). Tiago continua comentando sobre este assunto ao dizer: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações...” (Tg 1.27-a). O cuidado pelos órfãos e as viúvas é uma ordem do AT como uma forma de imitar o cuidado do próprio Deus com estas pessoas, “pois ele é o pai dos órfãos e defensor das viúvas” (Sl 68.5; Is 1.10-17). Jesus condenou os escribas e fariseus que exploravam financeiramente as viúvas (Mt 23.14; Lc 20.47). Devemos honrar e cuidar das verdadeiras viúvas (1Tm 5.3; At 6.1; Tg 1.27).

V - A RESPONSABILIDADE DO CRENTE NO CUIDADO COM OS POBRES E NECESSITADOS
Do ponto de vista de Tiago o cristianismo autêntico é aquele que se mostra, na prática, pela perseverança nas tribulações (Tg 1.3-20), pela obediência a Palavra em vez de meramente ouvir (Tg 1.21-25), pelo controle da língua (Tg 1.26), pelo amor a Deus e ao próximo (Tg 1.27), pelo exercício da misericórdia para com todos, especialmente para com os necessitados (Tg 2.1-13). O fato do apóstolo mencionar como ilustração desse assunto o despedir somente com palavras as pessoas carentes de vestes e comida, indica claramente que, ele ainda não terminou de lidar com a questão do desprezo pelos pobres (Tg 2.15,16). Quanto a prática da benevolência com os carentes, Tiago deu as seguintes exortações:

5.1 - Exortação a assistência aos órfãos e viúvas (Tg 1.27). Nos dias do NT, os órfãos e as viúvas tinham poucos meios de autossustento; em muitos casos, não tinham ninguém para cuidar deles. Esperava-se da parte dos crentes que lhes demonstrassem o devido cuidado. Devemos procurar aliviar suas aflições e sofrimentos (Lc 7.13; Gl 6.10). “O termo visitar usado pelo apóstolo em Tiago 1.27 no grego ‘episkeptomai’ indica mais que uma mera visita. Também indica a manifestação de simpatia e as dádivas para aliviar as necessidades” (CHAMPLIN, 2005, p. 33).

5.2 - Exortação a caridade para com os pobres (Tg 2.15-17). Nos referidos versículos Tiago cita agora um outro exemplo: o “mal vestido e o faminto” que provavelmente alude a um irmão ou irmã, isto é, um membro da comunidade cristã que também pode passar por privações, mas que aquele que diz que “crê em Deus” deve socorrer estes irmãos necessitados não apenas orando por eles, mas agindo suprindo-lhes as devidas necessidades (Tg 2.15,16). Do contrário a fé que professa é inoperante e morta (Tg 2.19,20).

5.3 - Exortação a prática da hospitalidade (Tg 2.25,26). Quando Tiago cita o exemplo de Raabe, a mulher prostituta de Jericó que acolheu em paz os espias, porque creu no Deus de Israel (Js 2.11). O apóstolo Tiago e o escritor aos hebreus citam-na como um exemplo de hospitalidade (Tg 2.25; Hb 11.31). Houaiss diz que a palavra hospitaleiro “é a pessoa que dá hospedagem por bondade ou caridade”. O escritor estimula os cristãos a serem hospitaleiros sob a advertência de que “por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos” (Hb 13.2 ver também Rm 12.13; 1Tm 5.10; Tt 1.7,8).

CONCLUSÃO
Deus usou de misericórdia conosco, por isso, devemos usar de misericórdia com o próximo. Uma das características marcantes da Igreja Primitiva era o seu altruísmo. Fazer obras de misericórdias era um mandamento levado a sério pela igreja As obras de misericórdia, ou obras de caridade, nos mostra a disponibilidade de desprendermo-nos do egoísmo e servir o próximo deliberadamente.

REFERÊNCIAS
COELHO, A; DANIEL, S. Fé e Obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. CPAD.
BARCLAY, W. Comentário Biblico de Tiago. PDF
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Vol. 10. CPAD.


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

LIÇÃO 10 – A MORDOMIA DAS FINANÇAS - (Ec 5.10,11; 1Tm 6.6-10) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 10 – A MORDOMIA DAS FINANÇAS - (Ec 5.10,11; 1Tm 6.6-10)
3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Ao contrário do que muita gente pensa, a Bíblia não trata apenas de questões espirituais, ela também tem muito a nos dizer sobre como devemos ser bons mordomos das nossas finanças. Nesta lição, introduziremos o assunto destacando à luz das Escrituras como devemos usar o nosso dinheiro; destacaremos algumas práticas nocivas quanto as finanças; trataremos do cuidado que devemos ter com gastos e empréstimos; e, concluiremos falando sobre a importância da economia para que tenhamos uma vida financeiramente equilibrada.

I – DEFINIÇÃO DE FINANÇAS
O Houaiss define a palavra “finanças” como: “ciência e atividade do manejo do dinheiro ou de títulos que o representem; recursos financeiros; erário” (2001, p. 1346). Ao contrário do que muita gente pensa, a Bíblia não trata apenas das questões espirituais, mas de todas as áreas da vida humana, inclusive a financeira, exortando-nos a procurar uma vida equilibrada e com isto estarmos contentes (Pv 30.7-9; 1Tm 6.7-8; Fp 4.11-13).

II – O QUE DEVEMOS FAZER COM O DINHEIRO
A Bíblia não nos fala sobre o surgimento do dinheiro, isto porque o Espírito Santo teve como objetivo primeiro nos ensinar sobre para que o dinheiro deve nos servir. Notemos:

2.1 - Sustento pessoal. A Bíblia ensina que o homem deve trabalhar para ter o seu salário e sustento: “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem” (Sl 128.2 ver também 2Ts 3.10). Não devemos ser pesados aos outros (1Tm 5.16). Ao povo de Israel Deus só alimentou com maná enquanto eles estavam no deserto, porque não podiam plantar nem colher. Mas quando, adentraram a terra prometida o maná cessou e Deus lhes orientou a trabalhar para sustento próprio (Dt 8.7-18; Js 5.12).

2.2 - Contribuir na obra de Deus. Além do salário ser para sustento próprio, ele serve também para contribuir na obra de Deus. Os dízimos e as ofertas foram exigidos para que haja mantimento na Casa do Senhor (Ml 3.10). Antes mesmo de usufruirmos do nosso dinheiro, devemos separar as primícias, ou seja, a décima parte para entregar ao Senhor (Pv 3.9,10). Negligenciar o dízimo é desobedecer a Palavra de Deus e ser ingrato por tudo o que Ele tem concedido (Ml 3.8,9).

2.3 - Aliviar o sofrimento alheio. Atender ao pobre e ao necessitado é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3). No AT, Deus ensinou o povo de Israel a se preocupar com o bem estar alheio. Nas colheitas, por exemplo, eles foram exortados a não recolherem tudo, mas deixarem os rabiscos para os necessitados (Lv 19.9,10). No NT, vemos que o Senhor Jesus disse: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35). Nos dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também, atendia aqueles que necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). Paulo ensinou claramente que além do sustento pessoal devemos nos preocupar em aliviar o sofrimento do próximo “[...] trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). Ser generoso e solidário também é um dever do cristão (Hb 13.2; Tg 2.14-17; 1Jo 3.17,18).

2.4 - Cumprir com as obrigações. A Bíblia nos orienta a usarmos as nossas finanças para cumprirmos os nossos compromissos, por exemplo: pagando o que devemos (Rm 13.8); pagando os impostos (Mt 22.21; Rm 13.7). Portanto, não devemos ser infiéis nos contratos que fazemos; nem tampouco devemos sonegar impostos. Tais comportamentos são típicos dos ímpios (Hc 2.6,7; Rm 1.31; 13.6,7; Mt 17.25-27). Fomos chamados para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nossas atitudes honestas levam os homens a glorificar a Deus (Mt 5.16).

III – O QUE NÃO DEVEMOS FAZER COM O DINHEIRO
3.1 - Compulsividade. A Bíblia adverte: “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade” (Ec 5.10). Alcançar todos os bens que se deseja não confere a ninguém a satisfação plena. O apóstolo Paulo encontrou na pessoa de Cristo, o equilíbrio no que tange às coisas materiais: “...aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11).

3.2 - Avareza. É o amor ao dinheiro, que causa uma verdadeira escravidão e dependência. “Por que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns de desviaram da fé e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm 6.9,10). Deus não condena o dinheiro em si, mas, a ambição, cobiça, exploração, e usura. Abraão era homem muito rico; Jó era riquíssimo, antes e depois de sua provação (Jó 1.3,10); Davi, Salomão e outros reis acumularam bens e nenhum deles foi condenado por isto. O que a Bíblia condena é a ambição desenfreada pelos bens (Pv 28.20; Dt 8.11; Pv 11.28; Mc 4.19; Pv 23.4,5; Pv 28.11; Pv 5.10).

3.3 - Dívidas desnecessárias. Muitas pessoas estão em situação difícil, por causa do uso irracional de benefícios oferecidos como: facilidades pelo comércio, cartão de crédito, cheque, crediário, empréstimos, etc. As dívidas podem causar muitos males, tais como: desequilíbrio financeiro, inadimplência, intranquilidade; provocando até certos aparecimentos de doenças, desavenças no lar; perda de autoridade e o mau testemunho perante os ímpios (Pv 6.1-5; 11.15). “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7).

IV – O CUIDADO COM AS FIANÇAS E EMPRÉSTIMOS
Para que possamos atentar ainda mais para a seriedade de se tornar um fiador de outrem, vejamos como o texto de Provérbios 6.1,2 está traduzido na Bíblia Viva: “Meu filho, se você se ofereceu como fiador do seu próximo, por meio de um aperto de mão, dando a sua palavra, você agora está preso nessa armadilha”. Percebemos que o ser fiador de alguém representa uma verdadeira armadilha. É interessante, porém, notar que o próprio fiador é quem se predispõe a sê-lo “[...] se você se ofereceu [...]”. Logo, não devemos dar o nosso nome em garantia para pagar a dívida de alguém, salvo raras exceções. Há ainda outros textos que trabalham essa questão. Vejamos o que a Bíblia nos recomenda sobre este assunto:

4.1 - Evitando ser fiador. Em Provérbios 11.15 está escrito: “Decerto sofrerá severamente aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro”. O fiador é aquele que dá garantias de que o devedor irá cumprir sua palavra e pagar suas dívidas. Caso contrário, ele mesmo arcará com esse ônus. O fiador empenha sua palavra, sua honra e seus bens, garantindo ao credor que o devedor saldará seus compromissos a tempo e a hora. O problema é que são muitos os exemplos daqueles que sofreram grandes prejuízos por serem fiadores. Há pessoas que perdem tudo o que adquiriram ao longo da vida para pagar dívidas alheias. Não podemos comprometer o sustento e a estabilidade de nossa família para assegurar os negócios arriscados de outra pessoa. Ser fiador é andar num caminho escorregadio cujo final é o desgosto: “O ímpio toma emprestado, e não paga [...]” (Sl 37.21-a). A Bíblia nos adverte a fugirmos dele (Pv 22.26,27).

4.2 - Evitando empréstimos. Quando alguém está endividado, parte da sua liberdade é perdida. Não é pecado emprestar ou tomar emprestado, mas é preciso avaliar bem a situação para que não haja prejuízos de ambas as partes: : “[...] o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7). Quem empresta, não pode fazê-lo com usura, ou seja, cobrando juros exorbitantes (Dt 23.19,20; Sl 15.5), pois, Deus reprova severamente essa prática. Podemos verificar isso em diversas passagens bíblicas (Êx 22.25; Lv 25.37; Ez 18.13). Numa linguagem mais popular, a usura é conhecida como agiotagem, que é uma prática criminosa prevista na Constituição Federal e no Código Penal Brasileiro. Na realidade, o ideal para o cristão não é emprestar, e, sim, quando puder, dar (Sl 37.21b; Lc 6.34); e quem toma emprestado, não pode desonrar o seu compromisso, pois se assim o faz, será tido como desonesto e ainda colocará o seu próximo em apuros. Quem toma emprestado e não paga é considerado ímpio, alguém que tem um desvio de caráter que precisa ser corrigido (Sl 37.1-a).

V – A BÍBLIA E IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA
A palavra “economia” segundo o Houaiss significa: “gerenciamento de uma casa, especificamente das despesas domésticas” (HOUAISS, 2001, p. 1097). Um dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gl 5.22) que também pode ser traduzido por equilíbrio. Este equilíbrio deve estar presente em todas as áreas da nossa vida, inclusive na financeira. Batista (2018, p. 148) nos diz que: “a saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de como gastamos o que ganhamos”. Notemos o que a Bíblia nos orienta quanto a economia:

5.1 - Respeitemos as prioridades. Depois de entregar o dízimo, o crente deverá discernir o que é prioritário, o que é secundário e o que é supérfluo. Por exemplo: saúde, alimentação, moradia, estudos e vestimentas básicas são prioridades. Gastos com lazer é algo secundário, e a compra de roupas de marca ou aparelhos eletrônicos de última geração é supérfluo: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura” (Is 55.2).

5.2 - Evitemos o desperdício. Nunca devemos comprar o que não necessitamos, e nem gastar além do que ganhamos. Deus não se alegra com o desperdício. Quando Deus mandou que sacrificassem o cordeiro da Páscoa, se a família fosse pequena deveria agregar-se a outra, para que comessem juntas, a fim de não estragar comida (Êx 12.1-4). Na ocasião que enviou o maná para o povo de Israel, os orientou, através de Moisés, que apenas recolhessem a porção diária, o tanto quanto podia comer (Êx 16.14-18). Jesus quando multiplicou pães e peixes, ordenou depois que a multidão comeu, que as sobras fossem recolhidas: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca” (Jo 6.12).

5.3 - Planejemos os nossos gastos. Jesus deixou claro que o crente só deve iniciar um empreendimento depois de planejar e ter a certeza de que vai conseguir concluí-lo (Lc 14.28-32). Ainda que neste texto ele estivesse falando sobre a responsabilidade em segui-lo, tal princípio é perfeitamente útil para as demais áreas da vida, inclusive a financeira.

CONCLUSÃO
Além de nos orientar quanto a vida espiritual, a Bíblia nos exorta também a termos cuidado com a nossa vida financeira. Uma má administração das finanças poderá acarretar em prejuízo moral e espiritual. Para evitar tal dano, devemos exercer a mordomia com sabedoria e equilíbrio.

REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS.
· DANIEL, Silas; COELHO, Alexandre. Vencendo as Aflições da Vida. RJ: CPAD.
· GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia. RJ: CPAD.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD.

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