sábado, 29 de dezembro de 2018

LIÇÃO 13 – A HUMILDADE E O AMOR DESINTERESSADO – (Lc 14.7-14) 4º TRIM. DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 13 – A HUMILDADE E O AMOR DESINTERESSADO – (Lc 14.7-14)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Na última lição deste trimestre, abordaremos pelo menos duas parábolas contadas por Jesus durante uma refeição; inicialmente destacaremos distinções destas parábolas, o que motivou o Mestre a contá-las e quais os seus objetivos; por fim, concluiremos trazendo lições práticas sobre a humildade e o amor, virtudes destacadas nestas narrativas.

I – A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS ASSENTOS: LUCAS 14.7-11
Em Lucas 14 encontramos o registro de uma sequência de quatro parábolas, destas destacaremos duas. Alguns detalhes interessantes merecem ser destacados sobre elas, a saber:

(a) estas parábolas constam apenas no evangelho conforme Lucas; e,
(b) diferente das outras, elas não foram contadas para responder algum questionamento, mas para combater alguns comportamentos, dos religiosos da sua época.

1.1 - O contexto. Lucas inicia o capítulo catorze dizendo que “num sábado”, Jesus, foi convidado a comparecer na casa de um dos “principais dos fariseus” (Lc 14.1-a), para uma refeição: “para comer pão” (Lc 14.1-b). Beacon (2006, p. 445) acrescenta que: “esta é uma das muitas ocasiões em que os fariseus agiam como hipócritas, sempre fingindo ser amigos de Jesus para alcançar os seus objetivos malignos. A aceitação de um convite como este por parte de Jesus demonstrou coragem e amor. Ele sabia por experiência o perigo que correria, mas seu amor por todos os homens - incluindo os fariseus, não deixaria que Ele abrisse mão desta oportunidade”. Nessa ocasião, Jesus curou um homem que se fez presente e que tinha uma doença chamada “hidropisia” (Lc 14.2), que é uma inchação do corpo produzida pela retenção excessiva de líquido nos tecidos (MOODY, sd, p. 66). Mas, antes ele fez um questionamento se era lícito curar alguém no sábado? Como todos eles calaram-se (Lc 14.4-a), Jesus curou o homem (Lc 14.4-b). E, fez uma outra pergunta dizendo: “Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?” (Lc 14.5-b). Novamente eles calaram-se, porque entendiam que não podiam dar mais valor a vida animal que a vida humana (Lc 14.6).

1.2 - O que motivou a parábola. Diferente da maioria das parábolas, estas não foram contadas pelo Mestre para responder algum questionamento, na verdade, o comportamento dos convidados no banquete, deu a Jesus a oportunidade para dar uma lição. Embora durante a refeição a que fora convidado, Jesus estivesse sendo observado: “eles o estavam observando” (Lc 14.1-b) claramente estavam esperando que o apanhassem fazendo alguma coisa pela qual pudessem fazer acusações formais contra Ele. O que eles não imaginavam é que Jesus também os estava observando e que tinha várias acusações a fazer contra eles: “[Jesus] reparando como escolhiam os primeiros assentos” (Lc 14.7-b). Moddy (sd, p. 66) diz que: “a posição social era coisa importante na sociedade daquele tempo, e cada convidado queria ocupar o mais alto lugar de honra que conseguisse pegar”. Capítulos antes deste acontecimento, descobrimos que os fariseus tinham sido denunciados por Jesus de amarem os primeiros assentos, literalmente, “lugares de honra” (Mt 23.6; Lc 11.43).

1.3 - A parábola. Jesus aproveitou o comportamento reprovável dos convidados, durante a refeição, para lhes trazer um ensinamento: “E disse aos convidados uma parábola […]” (Lc 14.7-a). Na parábola, Jesus falou a respeito de um casamento, onde várias pessoas são convidadas. Sabendo que todos convidados para uma celebração desta são importantes, o Mestre destacou que, existem alguns que pelo grau de parentesco, intimidade ou consideração ocupam lugares de destaque na festa. Ciente disto, Jesus falou que os convidados devem ter o cuidado de não preferirem lugar de honra ou primeiro lugar (Lc 14.8-a), pois na festa, o lugar nas cadeiras não ficava sob a preferência dos convidados senão dos celebrantes (Lc 14.9). Logo, se alguém sentasse nalgum lugar indevido, poderia sofrer a vergonha de ser substituído por outra pessoa que fosse mais digna de honra: “não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu” (Lc 14.8). Era preferível procurar o derradeiro lugar e ter a honra de ser chamado porque aquele que convidou para um lugar superior (Lc 14.10).

1.4 - O objetivo da parábola. O principal ensinamento transmitido por Jesus aqui é uma lição sobre a humildade, e não simplesmente regras para serem observadas em encontros sociais. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 1555), “humildade” significa: “virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações; simplicidade; ausência completa de orgulho; rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”. A Bíblia destaca a humildade como virtude necessária em todos os aspectos da vida humana (Pv 15.33; 18.12; 22.4; Ef 4.1,2; Fp 2.3; Cl 3.12; 1 Pd 5.5). Beacon (2006, p. 447), pontua duas coisas que devem nos motivar a sermos humildades, a saber:

(a) a atitude humilde não apenas evita o risco da humilhação, mas é sempre o caminho da exaltação (Sl 147.6; Lc 1.52); e,
(b) a atitude humilde deveria ser tomada, não porque funciona, traz honra, mas porque é a certa (Pv 14.21; Mq 6.8).

Jesus encerrou a parábola com uma séria advertência dizendo: “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Lc 14.11). Acerca da humildade Morris (2007, p. 219) diz: “a maneira de chegar ao alto é começar em baixo. Se alguém escolher o lugar mais baixo, a única direção em que pode ir é para cima”.

II – A PARÁBOLA DO JANTAR: LUCAS 14.12-14
Nesta mesma ocasião em que contou uma parábola destacando a importância da humildade para os convidados, Jesus viu que alguma coisa precisava ser dita também ao anfitrião: “E dizia também ao que o tinha convidado” (Lc 14.12- a). Vejamos:

2.1 - O que motivou a parábola. O fariseu havia convidado Jesus para uma refeição, prática comum dessas classes de religiosos para com o Mestre (Lc 7.36; 11.37); e também convidou outras pessoas dentre elas: “vizinhos ricos” (Lc 14.1,7). Pelo menos, para este fariseu oferecer uma refeição a alguém de importância, pessoas ricas, era garantir também o recebimento de um futuro convite. Sabedor disto, Jesus contou uma parábola (Lc 14.12).

2.2 - A parábola. Já vimos que o fariseu não convidou Jesus para uma refeição apenas por hospitalidade, mas porque queria observar o Mestre e quem sabe encontrar nele algum comportamento reprovável (Lc 14.1). Boyer (2011, p. 126) afirmou que: “a hospitalidade manifesta neste lar deu ocasião a hostilidade escondida”. Apesar disso, foi Jesus quem viu nesse homem um comportamento que precisava ser corrigido, e o Mestre o fez, contando uma parábola, dizendo: “Quando deres um jantar, ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado” (Lc 14.12).

2.3 - O objetivo da parábola. Esta parábola tem como principal objetivo destacar a virtude do “amor desinteressado”. Jesus ensinou ao fariseu que em vez de convidar para o jantar pessoas que podiam retribuir seu feito, ele deveria fazer o contrário: “Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos” (Lc 14.13.14).

III – ALGUMAS LIÇÕES SOBRE A VIRTUDE DO AMOR
O dicionário teológico define a palavra “amor” como: “sentimento que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente o bem de outrem” (ANDRADE, 2006, p. 42). Sobre o amor a Bíblia diz que:

3.1 - O amor deve ser dirigido a todos indistintamente. Assim como Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; 2 Cr 19.7; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1 Pd 1.17), mas ama a todos indistintamente: “Deus amou o mundo […]” (Jo 3.16). Logo, Ele espera que assim façamos (Dt 16.19; Jó 13.10; Ml 2.9; Tg 2.1,9). Na parábola do bom samaritano, vemos Jesus relatando o samaritano ajudando o judeu, exercendo misericórdia apesar das diferenças que havia entre eles (Lc 10.33-35). A Bíblia nos diz que devemos amar:

(a) a Deus (Dt 6.5; 11.1; Mc 12.30);
(b) a família (Ef 5.25; 1 Tm 5.8; Tt 2.4);
(c) ao próximo (Lv 19.18; Lc 10.27; Gl 5.14);
(d) aos inimigos (Mt 5.44); e,
(e) aos santos (Rm 12.10; 1 Pd 1.22).

3.2 - O amor não busca os seus próprios interesses. Se existe uma virtude que é altruísta é o amor (1 Co 13.5). Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra altruísta, quer dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja, uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do próximo do que com o seu. Acerca desta declaração Lopes (2008, pp. 247,248 – acréscimo nosso) afirmou que: “o amor é a própria antítese do egoísmo. Ele não é egocentralizado, mas outrocentralizado. Ele não vive para si mesmo, mas para servir ao outro”. Não podemos como cristãos vivermos como o mundo numa guerra desenfreada pela satisfação pessoal. Paulo ensinou aos coríntios que ninguém deveria buscar o proveito próprio “antes cada um o que é de outrem” (1 Co 10.24).

3.3 - O amor não faz por obrigação. Até mesmo as coisas mais nobres se feitas sem amor perdem o seu sentido: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Co 13.3). Barclay (sd, p. 167), “a única forma de dar verdadeiramente, é quando nossa dádiva provém do influxo incontrolável do amor”. Paulo ensinou que: “Todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (1 Co 16.14).

3.4 - O amor não faz por ostentação. O verbo “ostentar” significa: “mostra-se; exibir-se com aparato; alardear” (HOUAISS, 2001, p. 2089). Os fariseus eram peritos em fazer coisas para serem apresentados, e Jesus reprovou esta atitude (Mt 6.2,5,18). Lucas nos mostra que, Barnabé vendeu sua propriedade para depositar aos pés dos apóstolos, para assistir aos necessitados da igreja (At 4.36,37); Ananias e Safira, também venderam sua herdade e depositaram aos pés dos apóstolos (At 5.1-11). A obra era praticamente a mesma. No entanto, a diferença entre eles era a motivação. Enquanto Barnabé foi inspirado pelo amor; Ananias e Safira, pela ostentação e por isso foram severamente punidos (At 5.9,10).

CONCLUSÃO
A humildade e o amor são virtudes que devem fazer parte do caráter daquele que segue a Cristo, pois Ele as tem e espera que os seus seguidores imitem o Seu exemplo (Mt 11.28; Jo 15.12).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
BARCLAY, William. Comentário de Lucas. PDF.
BOYER, Orlando. Espada Cortante 2. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios: como resolver conflitos na igreja. HAGNOS.  MOODY, D.L. Comentário Bíblico de Lucas. IBR.
MORRIS, Leon L. Lucas introdução e comentário. VIDA
NOVA.  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

LIÇÃO 12 – ESPERANDO, MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS - (Mt 25.14-30) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 12 – ESPERANDO, MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS - (Mt 25.14-30)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a parábola dos talentos onde veremos a motivação, a natureza e o propósito que levou Jesus a contá-la; pontuaremos os principais elementos desta parábola e seus significados; bem como, estudaremos algumas lições para a vida da igreja.

I – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA DOS TALENTOS
Num sentido mais profundo e espiritual, para a Igreja, os talentos representam os Dons de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, que são capacitações ou manifestações especiais do Espírito Santo agindo no crente para o progresso da obra de Deus na Terra (1Co 12.6; 28; Rm 12.6-8; Ef 4.11). Vejamos a motivação, a natureza e o propósito desta parábola:

1.1 - Motivação da parábola. A Parábola dos Talentos está localizada na narrativa bíblica logo após a Parábola das Dez Virgens. Ela pertence a uma série de exortações de Jesus em relação a Sua segunda vinda. Esse discurso de Jesus ficou conhecido como sermão escatológico.

1.2 - A natureza da parábola. Esta foi a última parábola proferida por Jesus e juntamente com a parábola das dez virgens fazem parte do sermão escatológico de Jesus, iniciado em Mateus 24 e proferido no monte das Oliveiras (Mt 24.3). Ela é semelhante à parábola das minas, que foi apresentada alguns dias antes em Jericó (Lc 19.11-27). A parábola anterior das virgens destacou a necessidade de se estar alerta e preparado (Mt 25.1-13), já a dos talentos enfatizam a necessidade do serviço fiel durante a sua ausência.

1.3 - Propósito da parábola. Esta parábola é semelhante à parábola das minas (Lc 19.11-28). Em ambas, algum dinheiro é confiado aos servos. Foi narrado o que aconteceu a três deles: os dois primeiros são elogiados e o terceiro é condenado. Mas as diferenças superam as semelhanças, de modo que as duas devem ser consideradas como parábolas diferentes, proferidas em diferentes ocasiões. No texto de Mateus, o Senhor dá a um servo cinco talentos, a outro dois e ao terceiro um (Mt 25.15), ao passo que no texto de Lucas ele dá uma mina a cada um dos dez servos (Lc 19.13). As quantias são diferentes, e assim também as recompensas. Ainda assim as duas parábolas transmitem o mesmo ensino, que é o da importância de ser fiel no serviço (BEACON, 2010, p. 171).

II – PRINCIPAIS ELEMENTOS DA PARÁBOLA E SEUS SIGNIFICADOS
2.1 - O homem que partiu para fora da terra. Na parábola dos talentos, o homem rico representa Jesus que é o dono e proprietário absoluto de todas as pessoas e coisas, e de uma maneira especial, da Sua igreja; nas Suas mãos, Ele tem todas as coisas. Jesus aqui se retrata como sendo “um homem que, partindo para fora da terra” (Mt 25.14) prevendo a sua ascensão aos céus. Quando o senhor voltou, ele ajustou contas com eles (Mt 25.19). O texto grego diz, literalmente, “ele se reuniu com eles para fazer as contas”, isto é, ele “ajustou as contas” com eles. A mesma expressão é usada em Mateus 18.23, onde é traduzida como “fazer contas”. Provavelmente o passado contábil de Mateus, como coletor de impostos, se reflete em seu uso desta expressão de negócios “synairo logon” (BEACON, 2010, p. 171).

2.2 - Os servos fiéis. Os dois primeiros homens contaram que tinham dobrado os talentos que lhes haviam sido dados (Mt 25.20,22). Em resposta, o senhor disse exatamente as mesmas palavras de elogio aos dois servos. A recompensa que ele tinha prometido se baseava em fidelidade, não em habilidade. É extremamente significativo que os dois servos tenham sido elogiados por serem bons e fiéis (Mt 25.21,23), e não por serem capazes e inteligentes. Aqui estão duas virtudes honestas e sólidas que todos nós podemos ter. Estas são as duas únicas coisas que Deus requer de qualquer pessoa, que ela seja boa de caráter e fiel no serviço (BEACON, 2010, p. 171).

2.3 - O servo infiel. Os três servos são divididos em duas categorias: os fiéis e o infiel. Os servos fiéis colocaram os talentos a serviço de seu senhor. O servo infiel escondeu seu talento na terra. Em vez de usar a oportunidade, ele a enterrou (Mt 25.18). O senhor condenou o servo egoísta, que não tinha feito nada, dizendo que ele “era mau e negligente” (Mt 25.26). A última palavra significa: “ineficiente, preguiçoso, indolente”. O homem que utiliza os seus muitos talentos sempre ganha mais. Aquele que não os utiliza, os perde (Mt 25.29).

2.4 - O talento. Nesta parábola, os talentos têm um sentido figurado que representam valores pessoais, aptidões naturais, oportunidades que Deus nos dá para fazermos a sua obra, como autênticos mordomos. O talento era uma medida de valor comparativamente bastante alto e tem seu nome proveniente do fato de que é um peso de forma circular. Era a maior das unidades e era conhecido pelos babilônicos como “biltu” e pesava cerca de 30 kg. A palavra “talento” vem do grego “talanton” que significa: um peso, alguma coisa pesada (Ap 16.21) (MERRIL, p. 962). Na Palestina também o talento não era uma moeda, mas sim, uma medida de peso; de maneira que o valor do talento dependia se ele era de ouro (Êx 25.39), prata (Êx 38.27) ou cobre (Êx 38.29) cada um com seu próprio valor equivalente (BARCLAY, 2010, p. 743). Um talento era o valor relativo a seis mil denários, o que equivalia a seis mil dias úteis de trabalho ou vinte a trinta anos de serviço dependendo do material do talento. (ROBERTSON, 2011, p. 209). Um único talento era quase a renda de uma vida inteira e nos dias de hoje, um talento de prata valeria algo em torno de seiscentos mil reais (CARSON, 2010, p. 597).

III - LIÇÕES DA PARÁBOLA DOS TALENTOS
Podemos aplicar em nossas vidas várias lições presentes na Parábola dos Talentos. Notemos:

3.1 - Deus não é injusto. Nosso Deus nos concede talentos de maneira igual: “[…] chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus talentos” (Mt 24.14). Ele seria injusto se confiasse a nós algo que não pudéssemos administrar (Rm 12.6-8). É possível que o homem que recebeu menos achasse que esse único talento não era muito importante. O talento fala de fidelidade e diligência no uso das aptidões e capacitações ou manifestações espirituais especiais doadas a nós por Deus para a execução de Sua obra na Terra (1Pe 4.10-11). A verdadeira fé expressa-se pelas boas obras (Tg 2.22,23).

3.2 - Deus nos dá talentos conforme a nossa capacidade. Na parábola, os três homens ganham quantidades diferentes de talentos segundo as suas capacidades: “A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade […]” (Mt 25.15). Apesar de talentos diferentes, todos receberam talentos. Mesmo o que recebeu apenas um talento, recebeu algo precioso e de muito valor e podia fazer esse talento frutificar. A fidelidade no uso dos talentos é indispensável (1Co 4.2; 2Tm 2.2; 1Tm 3.2; Tt 1.9).

3.3 - Deus deseja que multipliquemos os talentos que nos dá. No acerto de contas vemos que aquele senhor se alegra com os servos que multiplicaram o talento que receberam, sem distinção. O que recebeu menos foi honrado do mesmo jeito que o que recebeu mais. O que o senhor viu foi a fidelidade no uso daqueles talentos: “Então, aproximando-se [..] Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.20-21). Ao recebermos os talentos, em gratidão a Deus por ter depositado em nós tamanha confiança, devemos aperfeiçoá-los a fim de que sejam uteis para a expansão do reino (2Co 9.10; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6; Cl 2.19; Fp 1.9; 2Pe 1.5). O resultado dos talentos que recebemos deve glorificar unicamente ao nosso Senhor. Os dois homens que investiram o dinheiro receberam o mesmo elogio (Mt 25.21,23). O que fez a diferença não foi a porção, mas sim a proporção. Por isso o senhor lhes confiou muito mais e a sua fidelidade deu-lhes uma capacidade ainda maior de servir e de receber responsabilidades: “[…] Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei […]” (Mt 25.21).

3.4 - Deus nos cobrará pelo que fizermos com os talentos. Todos os três homens que receberam talentos foram cobrados pelo que fizeram com eles: “E muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” (Mt 25.19). Receber talentos é também receber responsabilidades (Rm 14.10; 1Co 3.10-15). O último, apesar de ter apenas conservado o seu talento, recebeu dura cobrança por não tê-lo multiplicado: “Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? […] Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez” (Mt 25.26,28). Todos compareceremos ante o tribunal de Cristo para dar contas dos nossos feitos, e para receber a recompensa de acordo com o uso que fizermos dos nossos talentos (Rm 14.10; 2Co 5.10; Ap 22.12).

3.5 - Nada do que temos é de fato nosso. Somos apenas depositários, não somos donos dos talentos que recebemos (Jo 5.5; 2Co 3.5; Fp 2.13). Nossa função é administrar e zelar por aquilo que Deus nos dá: “[…] e entregou-lhes os seus talentos” (Mt 25.14). Ele é o dono dos talentos e continuará sendo, pois é Ele quem nos dá tudo que temos (At 17.24, 25, 28; 1Co 15.10; 2Co 3.5). O que Jesus quis ensinar nesta parábola é que Deus jamais exige do homem habilidades que este não possui, mas exige que empregue a fundo as habilidades que tem (1Co 12.5-11). Os homens não são iguais quanto a seus talentos, mas podem ser iguais em seu esforço e trabalho: “e a um deu cinco talentos, e a outro, dois e a outro, um […]” (Mt 25.15). A parábola nos ensina que qualquer que seja o talento que possuamos devemos entregá-lo para servir a Deus (1Tm 4.14).

3.6 - Receber talentos não significa ser aprovado por Deus. Algumas pessoas confundem os talentos com a graça salvadora de Deus, ou pior, identificam a administração dos talentos como sendo uma obra que pode conduzir alguém à salvação. Definitivamente esse não é o princípio ensinado nesta Parábola. Os talentos jamais servirão para absolver alguém no juízo vindouro: “devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros” (Mt 7.27). Ninguém poderá apresentar a multiplicação dos talentos que recebeu como um resultado meritório para a salvação eterna (Ef 2.8,9).

3.7 - Fomos comissionados pelo Senhor Jesus. Diz-nos que a recompensa do trabalho bem-feito é mais trabalho. Aos dois servos que tinham atuado bem não se lhes diz que se sentem a descansar sobre os louros. São dadas tarefas maiores e responsabilidades mais sérias na obra do senhor (Jo 17.18,19). A recompensa do trabalho não é o descanso e sim mais trabalho. A recompensa do Senhor (Sl 58.11; Lm 3.64; Os 4.9; 1Co 15.58)

CONCLUSÃO
A ênfase da parábola está centrada na ideia de que os servos do Senhor precisam trabalhar de forma diligente com os dons a eles confiados, pois serão considerados responsáveis pelo Senhor quando Ele retornar: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co 4.2).

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
CARSON, D. A. O comentário de Mateus. SHEDD.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
MOODY, D. L. Comentário Bíblico de Levítico. PDF.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol. 4. VIDA NOVA.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

LIÇÃO 11 – DESPERTEMOS PARA A VINDA DO GRANDE REI – (Mt 25.1-13) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 11 – DESPERTEMOS PARA A VINDA DO GRANDE REI – (Mt 25.1-13)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre “a parábola das dez virgens” uma das mais conhecidas contadas por Jesus; faremos algumas considerações importantes para melhor compreensão de sua mensagem; também destacaremos os principais elementos dessa narrativa e seus significados; e por fim, veremos sobre a necessidade de estarmos preparados para a vinda do grande Rei Jesus.

I – CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS
A parábola das dez virgens é mais uma das narrativas exclusivas do Evangelho escrito por Mateus, sendo também uma das denominadas parábolas do Reino. Vejamos ainda algumas informações adicionais sobre essa tão conhecida parábola:

1.1 - Motivação da parábola. Como se tem visto Jesus sempre contou parábolas, motivado por circunstâncias específicas (Lc 10. 29,30; 15.1-3), nesta das dez virgens como podemos ver também não foi diferente. O Mestre tinha feito referência a destruição futura do templo de Jerusalém: “[…] Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mt 24.2), e após tal pronunciamento estando Ele no monte das Oliveiras (Mt 24.3-a), seus discípulos o procuraram em particular fazendo uma tríplice pergunta: “[…] Dizenos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mt 24.3-b), diante disso segue-se uma série de ensinos com vistas a responder tal indagação (Mt 24.4-51), entre eles a parábola das dez virgens.

1.2 - A natureza da parábola. Esta conhecidíssima parábola também possui uma característica escatológica, visto que está inserida na continuação do sermão profético proferido por Jesus (Mt 24.3), ficando ainda mais claro quando observamos a forma como ela é iniciada: “Então o reino dos céus será semelhante […]” (Mt 25.1).

1.3 - Propósito da parábola. Mais uma vez o Mestre utiliza uma experiência típica dos costumes tradicionais da época para ensinar uma grande lição aos seus discípulos, a necessidade de se está em vigilância para a volta de Cristo: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (Mt 25.13). A parábola implica lições de prevenção para que ninguém seja tomado de surpresa quando o esposo chegar. O caráter dessa parábola tem um sentido profético, pois Jesus deixa bem claro sobre a Sua volta e a necessidade de estarmos preparados para aquele momento: “E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas […]” (Mt 25.10-a). A preparação é essencial, pois vem o tempo quando já não será possível preparar-se; a porta estará fechada (Mt 25.10-b).

II – PRINCIPAIS ELEMENTOS DA PARÁBOLA E SEUS SIGNIFICADOS
Na maioria das vezes o Senhor Jesus se utilizou de experiências da vida rural (Mc 4.1-9), da vida pesqueira (Mt 13.47-50), da vida política e religiosa (Lc 18.9-14), como também da vida social (Mt 18.21-35), para servirem de base para as suas parábolas; nesta feita Ele fez alusão a celebração relacionada a um casamento. Notemos alguns dos elementos dessa narrativa:

2.1 - As dez virgens. Jesus faz referência as damas de honra do cortejo nupcial. A noiva espera na casa de seus pais pelo noivo, que a buscará para o seu lar, junto dela suas damas de companhia esperam pela chegada do noivo (Sl 45.14,15). Por que havia exatamente dez moças não sabemos, poderia ser esse o costume, ou dez pode simplesmente ser um número redondo e alude a ideia de inteireza. Elas possuíam algumas coisas em comum:

(a) eram virgens (Mt 25.1-a);
(b) tinham lâmpadas (Mt 25.1-b);
(c) tinham o mesmo propósito: “saíram ao encontro do esposo” (Mt 25.1-c);
(d) Todas cochilaram (Mt 25.5);
(e) todas ouviram que o noivo se aproximava (Mt 25.6.7).

Alguns explicam que as virgens representam membros professos da Igreja à espera da volta de Cristo. Outros interpretam que elas representam aos judeus convertidos remanescentes na Tribulação. No entanto, o que se deve destacar é que a exortação central da parábola é a necessidade pessoal de estar preparado e em vigilância espiritual (Mt 24.42; 25.13; Mt 26.41;Ef 6.18), o que aplica-se a qualquer um dos grupos: “E as coisas que vos digo, digo-as a todos: vigiai” (Mc 13.37).

2.2 - O esposo. O noivo é a figura mais importante nessa parábola, visto que não se é feito em nenhum momento alguma menção da noiva, quer na indicação da intenção das dez virgens (Mt 25.1), quer no chamamento à ação (Mt 25.6) ou ainda, na chegada da comitiva do casamento (Mt 25.10), ficando assim a presença da noiva implícita no texto. A quem se refere o noivo, por certo a pessoa de Cristo que por vezes é assim identificado nas Escrituras (Mt 9.15; Jo 3.29; 2Co 11.2; Ap 19.7).

2.3 - As lâmpadas. No Oriente por causa do calor, festeja-se o casamento apenas à noite. Como o cortejo realizava-se nesse horário, as moças precisavam ter lamparinas consigo. São lâmpadas diferentes das usadas em casa (Mt 5.15), pois eram próprias para o ar livre, nesse caso eram simples vasilhas fixadas na ponta de um cabo que continham apenas uma pequena quantidade de azeite, com um pavio ou um retalho de pano de algum tipo, existem indícios de que ardiam apenas quinze minutos (KEENER, 2004, p. 119), por isso as moças também precisavam levar vasilhas (jarras em formato de garrafa com alças) com óleo, para poderem colocar em ordem (Mt 25.7) ou seja, precisavam limpar o pavio das partes carbonizadas e adicionar azeite. Para aquelas virgens, as suas lâmpadas acesas significavam orientação, pois mostravam o caminho para a casa do noivo no meio das densas trevas da noite. Semelhantemente, temos a lâmpada divina, a palavra de Deus, para nos guiar com exatidão no meio das trevas morais e espirituais do mundo (Sl 119.105; 2Pe 1.19).

2.4 - O azeite. Na lamparina daquele tempo cabia pouco óleo, por isso a jarra de azeite ficava sempre ao lado, ela praticamente fazia parte da lâmpada. Era óbvio que precisava ser levada para uma caminhada ou um tempo de espera mais longos. Quem não o fazia era considerado desleixado, leviano, desorganizado, tolo. Foi precisamente dessa tolice que as cinco moças se tornaram culpadas (Mt 25.3). O azeite para as virgens foi:

(a) imprescindível (Mt 25.8,10);
(b) insubstituível (Mt 25.9); e,
(c) intransferível (Mt 25.7), o que aponta respectivamente para a preparação pessoal necessária para participar das bodas.

III – PREPARADOS PARA A VINDA DO GRANDE REI
Como as dez virgens da parábola tinham a obrigação de estarem devidamente preparadas aguardando o noivo, assim também todos os que professam Jesus como seu Senhor e Salvador devem estar prontos a recebê-lo quando de seu regresso. Vejamos como deve ser essa espera:

3.1 - Com prudência. Diversas mensagens foram proferidas pelo Senhor Jesus e seus discípulos, com o intuito de destacar a importância da prudência (Mt 24.32,33; Mt 25.1-13; Mt 24.45-47; Mt 24.37-39; Mt 24.43,44; Lc 12.39,40; 1Ts 5.2,3; 2Pd 3.10; Ap 3.3). O ladrão não avisa a hora da noite em que vai arrombar a porta e roubar uma casa, do mesmo modo o Senhor Jesus não vai avisar a hora em que virá buscar Seu povo. Então, Ele pede que vigiemos para não sermos pegos de surpresa: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Isto significa que ninguém terá tempo extra para se preparar (Mt 25.10,11); por isso, devemos vigiar.

3.2 - Em santidade. Jesus anunciou antecipadamente que os dias que antecedem a Sua vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano e a geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos também fizeram a mesma afirmação (2Tm 3.1-5; 2 Pd 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não nos contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14), por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é que devemos estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4). Somente aqueles que estiverem vigilantes e em santidade poderão desfrutar das bênçãos advindas da volta do Senhor: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14; ver 1Ts 5.23; 1Jo 3.3).

3.3 - Com perseverança. Paulo ao referir-se a bendita esperança da Igreja, aponta que devemos esperá-la com perseverança: “aguardando a bem-aventurada esperança […]” (Tt 2.13), o termo aguardando é a tradução da palavra “prosdechomai”, que significa: “dar boas-vindas, esperar”. E nessa forma verbal fica apontada uma contínua atitude de expectação, que a cada dia nos motiva a vivermos melhor. Ao termos essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para continuarmos sendo pacientes, ou seja, perseverantes, como adverte o apóstolo: “Sede pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor […] sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.7,8).

3.4 - Com anelo. Assim como em nossos dias toda noiva possui uma grande expectativa em relação ao dia de seu casamento, semelhantemente, a Igreja como noiva preparada (2Co 11.2; Ap 19.7), demonstra seu desejo de encontrar-se com o noivo que é Cristo: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem […]” (Ap 22.17), aos que amam a vinda do Senhor, o apóstolo Paulo afirma que está garantida a coroa da justiça: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2Tm 4.8).

CONCLUSÃO
A vinda de Cristo é uma gloriosa promessa para os que o servem verdadeiramente. Diante dessa bendita promessa, devemos estar vigilantes, vivendo em santidade, esperando anelantemente este Dia em que estaremos definitivamente livres de todo sofrimento e estaremos para sempre com o Senhor Jesus Cristo, Aleluia!

REFERÊNCIA
LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA
KEENER, Craig. S. Comentário Bíblico Atos: Novo Testamento. ATOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

LIÇÃO 10 – PRECISAMOS DE VIGILÂNCIA ESPIRITUAL – (Mt 24.45-51) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 10 – PRECISAMOS DE VIGILÂNCIA ESPIRITUAL – (Mt 24.45-51)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
A presente lição tratará da parábola dos “dois servos” registrada em dois evangelhos sinóticos: o de Mateus e o de Lucas; destacaremos desta narrativa o seu contexto e objetivo; veremos quais os personagens que a compõe e o que eles significam; pontuaremos a palavra-chave desta parábola que é a vigilância; e, concluiremos pontuando pelo menos três motivos pelos quais devemos vigiar para aguardar a vinda do Senhor.

I – A PARÁBOLA DE MATEUS 24.45-51
Sobre esta parábola é interessante destacar que ela:

(a) consta no evangelho conforme Mateus 24.45-51 e Lucas 12.42-46;
(b) foi intitulada de parábola dos “dois servos” o “fiel e o infiel”;
(c) é uma parábola de cunho escatológico;
(d) é extremamente exortativa quanto a necessidade da vigilância para o retorno de Cristo.

Vejamos mais algumas informações a respeito desta parábola:
1.1 - Contexto. O contexto que levou a Jesus a contar esta parábola, foi quando saindo do templo profetizou a queda deste (Mt 24.1,2); e, quando interrogado pelos discípulos acerca dos acontecimentos futuros, o Mestre lhes falou da Sua segunda vinda a terra (Mt 24.3-44).

1.2 - Objetivo. Quando contou esta parábola aos seus discípulos, Jesus tinha como propósito exortá-los a aguardar o Seu retorno a terra em vigilância, visto que será em um dia e em uma hora em que eles não imaginam (Mt 24.36,42). Daí porque contou uma parábola enfatizando a importância da fidelidade e da vigilância.

II – OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
Abaixo destacaremos algumas informações sobre os personagens desta parábola. Vejamos:
2.1 - O senhor (Mt 24.45). Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário que tinha servos a sua disposição (Mt 24.45-47). Para termos uma noção, ele pode ser comparado a Potifar, o superintendente de Faraó, que tinha servos sob o seu domínio (Gn 39.4,5). Este senhor precisou ausentar-se um pouco de sua casa, para uma viagem. Quanto ao dia e a hora do seu retorno são incertos (Mt 24.50; Lc 12.46).

2.2 - O servo (Mt 24.42,45). Mateus usa da palavra “servo” no grego “doulos” que quer dizer: “escravo” para falar do funcionário do senhor desta parábola. Já Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Existe a possibilidade nesta parábola de Jesus estar falando de apenas um servo e não de dois, pois a administração geral das posses estava nas mãos de um funcionário especial” (VAUX, 2003, p. 155). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs 18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos, que foram chamados de “conservos” (Mt 24.49). O registro de Lucas também dá margem a essa interpretação quando diz que este servo poderia ser “fiel e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma referência hipotética ao mesmo servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja falando apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos intérpretes prefere a ideia de se tratarem de dois servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:

2.2.1 - O servo fiel (Mt 24.45). É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa, receberá privilégios e responsabilidades aumentados: “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens” (Mt 24.47).

2.3 - O servo infiel (Mt 24.48). Com a partida de seu senhor, este servo, em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se mostrou tanto doutrinária “o meu senhor tarde virá” (Mt 24.48-b); quanto moral, pois começou a “espancar os seus conservos, e a comer e a beber com ébrios” (Mt 24.49). Tal atitude revela-o como um “mau servo” (Mt 24.48). Quando da volta do seu senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 24.51).

III – EXPLICANDO A PARÁBOLA
3.1 - O senhor da parábola. O senhor desta parábola é uma figura utilizada por Jesus para referir a si mesmo. A ausência deste senhor e seu retorno repentino para seus servos (Mt 24.50), ilustra perfeitamente o retorno imprevisível de Cristo para buscar o seu povo: “porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.44). Na linguagem bíblica, a surpresa da volta de Cristo é ilustrada como o ataque de um ladrão (Mt 24.43,44; 1 Ts 5.2,4; 2 Pd 3.10; Ap 3.3; 16.15). O Senhor espera encontrar os seus servos aptos para recebê-lo, como consideração por Sua pessoa (Lc 21.36).

3.2 - Os servos da parábola. Todos aqueles que aceitaram a Cristo como Salvador são chamados de servos (Rm 1.1; 6.22; 1 Co 7.22; 1 Pd 2.16). A estes o Senhor chamou, justificou, regenerou e santificou (1 Co 6.11). Portanto, se exige dos tais que aguardem o Seu retorno em fidelidade e vigilância (Mt 25.21; 1 Tm 4.10). Aos que procederem impiamente ainda que professem-no como Senhor (Mt 7.21,22), ouvirão dEle, naquele dia, a seguinte frase: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23); e serão condenados por sua rebeldia, ao castigo eterno (Mt 8.12; 13.42,50; 22.13; 25.30; Lc 13.28). No entanto, será bem-aventurado aquele que for achado fiel e vigilante: “Bemaventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24.46). Segue o alerta para todos nós que “se cremos em Sua vinda, devemos nos portar de acordo com o que acreditamos. Essa esperança deve governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então viveremos” (LOCKYER, 2006, p. 300).

IV – VIGILÂNCIA: A PALAVRA CHAVE DA PARÁBOLA
A palavra-chave desta parábola é “vigiar”. Maclaren (apud Beacon, 2008, p. 169) observa que:

(a) A ordem de vigiar, é reforçada pela nossa ignorância da ocasião da Sua vinda (Mt 24.42-44);
(b) a imagem e a recompensa de vigiar (Mt 24.45-47); e,
(c) a imagem e a condenação do servo que não vigiou (Mt 24.48-51).

O verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar” (HOUAISS, 2001, p. 2860). No hebraico o verbo é “shamar” que significa: “vigiar, guardar”. No grego o termo é “gregoreo” que significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 1 Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais ocorre no Novo Testamento (por exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de:
(a) “manterse acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41):
(b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 – acréscimo nosso).
A palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando chamar a atenção dos ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias (Mt 24.42; 25.13; Mc 13.33-35; Lc 21.36; 1 Pe 4.7).

V – QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS
A Bíblia nos exorta a prática da vigilância por, pelo menos, três motivos. Vejamos:

5.1 - A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34). “Quem quiser ter um discipulado produtivo, precisa disciplinar o corpo para não ceder às paixões” (ADEYEMO, 2010, p. 1192).

5.2 - A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).

5.3 - A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da vigilância para o retorno de Cristo se dá também pelo fato de ser um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Estejamos vigilantes para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

CONCLUSÃO
A vinda do Senhor é certa. Devemos, portanto, aguardá-la vigiando em todo tempo, demonstrando a nossa fé em obediência e prudência, afastando-nos do pecado que antes praticávamos, a fim de não mancharmos as nossas vestes espirituais. Vigiemos pois aquele dia e hora ninguém sabe.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

LIÇÃO 09 – O PERIGO DA INDIFERENÇA ESPIRITUAL - (Mt 21.28-32) 4º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 09 – O PERIGO DA INDIFERENÇA ESPIRITUAL - (Mt 21.28-32)
4º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos o contexto e o objetivo que o Mestre amado contou esta parábola; pontuaremos seus personagens e quem eles representam; analisaremos qual o contraste entre os dois filhos; e por fim, estudaremos o que Jesus quis ensinar com esta parábola.

I - UMA PARÁBOLA DISTINTA
Em Mateus 21.28-32 encontramos a “parábola dos dois filhos”. Esta parábola possui as seguintes características:

(a) Ela consta somente no evangelho conforme Mateus;
(b) têm apenas três versículos;
(c) foi pronunciada na última visita de Cristo a Jerusalém, antes de Sua morte; e,
(d) tem o intuito de enfatizar que Deus chama a todos os homens para a salvação, no entanto, cabe aos homens aceitarem tal chamado (Mt 21.32).

Vejamos algumas outras informações sobre esta parábola:
1.1 - Contexto. Em Mateus 21 encontramos o registro da entrada triunfal de Jesus sobre um jumentinho, na famosa cidade de Jerusalém, para cumprir o que dele estava escrito (Zc 9.9; Mt 21.4,5). A multidão louvou ao Mestre trazendo consigo ramos de árvores que espalhavam pelo chão junto com as suas próprias vestes e diziam: “[…] Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mt 21.9-b). Esta parábola está estreitamente conectada com o relato imediatamente precedente em relação a atitude das autoridades para com João Batista (Mt 21.23-27). Jesus questionou porque eles não reagiram a mensagem de arrependimento pregada pelo profeta (Mt 21.32).

1.2 - Objetivo. O principal objetivo da parábola é mostrar como os publicanos e as meretrizes, que não professavam crê no Messias e do Seu reino, ainda assim aceitavam a doutrina e se sujeitavam à disciplina de João Batista, o precursor de Jesus (Mt 3.5,6), ao passo que os sacerdotes e os anciãos, que estavam cheios de expectativas do Messias, e pareciam muito dispostos a estar de acordo com o que Ele determinava, desprezaram João Batista, e foram contrários aos desígnios da missão de Jesus (Mt 3.7-10; 21.32; Mc 1.5). A parábola tem um outro alcance; os gentios, que eram desobedientes, tendo sido, por muito tempo, filhos da ira (Ef 2.3); porém, quando o Evangelho lhes foi pregado, eles se tornaram obedientes à fé, enquanto os judeus, que diziam: “eu vou, Senhor”, faziam boas promessas (Êx 24.7; Js 24.24), mas não iam; eles somente “lisonjeavam a Deus com os seus lábios” (Sl 78.36,37).

II - OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
2.1 - O Pai (Mt 21.28). O pai desta parábola é uma representação perfeita da pessoa de Deus como nosso amado Pai (Sl 103.13; Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2 Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). O status de filhos traz-nos privilégios como:

(a) tratar a Deus como Pai nas nossas orações: “Pai nosso, que estás nos céus […]” (Mt 6.9);
(b) ter o testemunho do Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai” (Rm 8.15,16); e,
(c) sermos amados por ele: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus […]” (1Jo 3.1); “Amados, agora somos filhos de Deus…” (1Jo 3.2).

2.2 - O primeiro filho (Mt 21.28,29). Os publicanos e as meretrizes de quem se esperava pouca religiosidade são representados pelo primeiro filho na parábola (Mt 21.31,32). Eles não prometiam nenhum bem, e aqueles que os conheciam não esperavam deles nada de bom; ainda assim, muitos deles foram transformados: “Mas, depois, arrependendo-se, foi” (Mt 21.29-b ver ainda Lc 7.29,30). Estes impuros representavam também o mundo gentílico; pois, os judeus, em geral, classificavam os publicanos junto com os pagãos; e os pagãos eram representados, pelos judeus, como meretrizes, e homens nascidos de prostituição (Jo 8.41).

2.3 - O segundo filho (Mt 21.30). O segundo filho é representado por muitos da nação judaica quando ao ser proclamada a Lei no monte Sinai, pela voz de Deus, se comprometeu a obedecer e disseram: “Tudo o que o Senhor tem falado faremos […]”, porém não fizeram (Êx 19.8; 24.3,7; Dt 5.27). Eles faziam uma profissão especial da religião; ainda assim, quando o reino do Messias lhes foi trazido, pelo batismo de João, eles o desprezaram (Mt 3.7-10), deram-lhe as costas e lhe rejeitaram (Jo 1.11; Lc 19.14; At 13.46). Por causa do seu orgulho, eles não procuravam seguir a Deus e a Cristo. Por isso, o filho que disse: “Eu vou, senhor”, e não foi, revelou perfeitamente o caráter dos judeus fariseus (Lv 26.41; Dt 10.16; Jr 4.4; 6.10; Ez 44.9; At 7.51; Hb 4.7).

III - CONTRASTES ENTRE OS DOIS FILHOS
É digno de nota, nesse contexto, que esses publicanos e prostitutas arrependidos haviam dito: “não queremos”, mas depois se arrependeram, e então creram. Ao contrário, os líderes religiosos dos judeus, homens considerados como bem familiarizados com a Lei de Deus e que exteriormente se conduziam de uma forma tal como se estivessem dizendo constantemente: “sim, Senhor, fazemos tudo quanto requeres de nós, e faremos tudo quanto queres que façamos”, porém não faziam. Era acerca deles que Jesus declararia: “Dizem sim, e não fazem” (Mt 23.3 ver Êx 19.8; 32.1; Is 29.13). Notemos então alguns aspectos representados por estes dois filhos. Vejamos:

O PRIMEIRO FILHO
Foi convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.28)
Disse ao pai que não ia, mas foi (Mt 21.29)
Mostrou-se rude, mas foi sincero (Mt 21.29-b)
Mostrou arrependimento (Mt 21.29-c)

O SEGUNDO FILHO
Foi convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.30-a)
Disse ao pai que ia, mas não foi (Mt 21.30-b)
Mostrou-se flexível, mas foi falso (Mt 21.30-b)
Não mostrou arrependimento (Mt 21.32)

IV - O QUE JESUS QUIS ENSINAR COM ESTA PARÁBOLA
4.1 Dizer “não” e viver o “sim” é uma prova de arrependimento (Mt 21.29). Quanto ao primeiro filho as suas ações foram melhores que as suas palavras, e o seu final, melhor que o seu começo. Vemos aqui a feliz mudança de ideia, e da conduta do primeiro filho, depois de pensar um pouco: “Mas, depois, arrependendo-se, foi”. Observemos que há muitas pessoas que no início dizem “não”, são teimosas, e pouco promissoras, mas que posteriormente se arrependem e se corrigem, “e caem em si” (Lc 15.15.17), como diz o provérbio popular: “Antes tarde do que nunca”. Observemos que quando ele se arrependeu, ele foi; este é um “fruto digno de arrependimento” (Mt 3.8). A única evidência do arrependimento da nossa resistência anterior é concordar imediatamente e partir para o contrário; e então, o que passou será perdoado, e tudo ficará bem. Aquele que disse ao seu pai, face a face, que “não faria o que ele lhe pedia”, merecia ser atirado para fora de casa e deserdado; mas o nosso Pai “espera para ter misericórdia”, e, apesar das nossas antigas tolices, se nos arrependermos e nos corrigirmos, Ele irá nos aceitar de uma forma bastante favorável (Pv 28.13). É muito melhor lidar com alguém que, na prática, será melhor que a sua palavra, do que com alguém que não será capaz de cumprir o que prometeu.

4.2 - Dizer “sim” e viver o “não” é uma prova de hipocrisia (Mt 21.30). É impressionante a quantidade de pessoas que dizem “sim” e vive o “não” (Tt 1.16). Existe uma abissal distância entre o discurso e a prática: “Não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23.3). O segundo filho mencionado disse melhor do que fez, prometeu ser melhor do que provou ser; a sua resposta foi boa, mas as suas ações, más. Ele professou uma obediência imediata: “eu vou”; ele não disse: “eu irei daqui a pouco”, mas infelizmente ele ficou apenas na teoria e não partiu para prática. Existem muitos que proferem boas palavras, e fazem boas promessas, que se originam de boas motivações; porém, ficam apenas nisso, não vão mais além. Dizer e fazer são duas coisas diametralmente diferentes e distintas, e há muitos que dizem e nunca fazem o que prometem (Is 29.13; Ez 33.31). Muitos, com a sua boca, até confessam, mas os seus corações vão em outra direção (Mt 15.8; Mc 7.6). A prova de sinceridade não está nas palavras, mas nos atos (Mt 7.21). As palavras não são de valor algum se não forem acompanhadas de atos equivalentes: “Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” (Jo 13.17). Existe uma diferença categórica entre arrependimento (2Co 7.9), e remorso como no caso de Judas (Mt 27.3).

4.3 - O “sim” e o “não” é uma prova do nosso caráter. O tempo vai dizer quem é quem e revelará se o que dissemos condiz com o que somos. Às vezes o “não” honesto hoje pode colocar o homem em uma posição de reflexão, de arrependimento e mais tarde gerar mudanças movendo-o a prática de atitudes coerente com o “sim”. O verdadeiro “sim” é aquele marcado pela consciência profunda do pecado, arrependimento e conversão (Mt 21.31-32). Os publicanos e as meretrizes eram os que inicialmente haviam virado as costas para Deus, mas se arrependeram e creram; ao passo que os judeus fariseus que haviam pretensamente crido, no fundo endureceram o coração e rejeitaram a oferta do Evangelho. Intenções precisam ser acompanhadas por ações, pois a fé sem obras é morta (Tg 2.26), e o arrependimento sem frutos não agrada a Deus (Mt 3.8).

4.4 - O “sim” e o “não” é uma questão de livre-arbítrio. Na história, os dois filhos mudaram de ideia, um para pior e outro para melhor. O pecador pode se arrepender e ser perdoado, e o justo pode se desviar e ser condenado (Ez 18.21-24). Por isso, é imprescindível permanecer firmes até ao fim (Hb 3.12-13; 4.11). O chamado do Evangelho é, na realidade, o mesmo para todos, e nos é transmitido com o mesmo teor. Na parábola, o pai falou a mesma coisa para os dois filhos e sua vontade para os dois foi a mesma. Deus deseja a salvação de todos (1Tm 2.3-4). Como cada filho na parábola tomou sua própria decisão, nós decidimos obedecer a Deus ou não. Os dois filhos receberam a mesma oportunidade: “[…] Filho, vai trabalhar […] E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo” (Mt 21.28,29). Jesus não lhes disse: “vós não podeis entrar no reino do céu”; porém, mostrou que eles mesmos criavam o obstáculo que lhes embargava a entrada (Mt 23.37-38). A porta ainda estava aberta para esses guias judeus; o convite ainda era mantido.

CONCLUSÃO
Reino de Deus é formado por pessoas que vão além das palavras, que entenderam seu pecado, sua inadequação, arrependeram-se e se colocaram na direção do caminho correto. De pessoas que aprenderam que o “não” não é o melhor caminho e se prontificaram a viver o “sim”. Gente que aprendeu que o que agrada a Deus de verdade é vida e não discurso; é ação e não promessas; é verdade prática e não mentira poética: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4.34), assim devemos servir ao Senhor.

REFERÊNCIAS
GILBERTO, Antônio. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. CPAD
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
LOCKYER, Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. GEOGRÁFICA.

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