Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
10 – PRECISAMOS DE VIGILÂNCIA ESPIRITUAL – (Mt 24.45-51)
4º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
A
presente lição tratará da parábola dos “dois servos” registrada em dois
evangelhos sinóticos: o de Mateus e o de Lucas; destacaremos desta narrativa o
seu contexto e objetivo; veremos quais os personagens que a compõe e o que eles
significam; pontuaremos a palavra-chave desta parábola que é a vigilância; e,
concluiremos pontuando pelo menos três motivos pelos quais devemos vigiar para
aguardar a vinda do Senhor.
I
– A PARÁBOLA DE MATEUS 24.45-51
Sobre
esta parábola é interessante destacar que ela:
(a)
consta no evangelho conforme Mateus 24.45-51 e Lucas 12.42-46;
(b)
foi intitulada de parábola dos “dois servos” o “fiel e o infiel”;
(c)
é uma parábola de cunho escatológico;
(d)
é extremamente exortativa quanto a necessidade da vigilância para o retorno de
Cristo.
Vejamos
mais algumas informações a respeito desta parábola:
1.1
- Contexto. O contexto que levou a Jesus a contar esta parábola, foi quando
saindo do templo profetizou a queda deste (Mt 24.1,2); e, quando interrogado
pelos discípulos acerca dos acontecimentos futuros, o Mestre lhes falou da Sua
segunda vinda a terra (Mt 24.3-44).
1.2
- Objetivo. Quando contou esta parábola aos seus discípulos, Jesus tinha como
propósito exortá-los a aguardar o Seu retorno a terra em vigilância, visto que
será em um dia e em uma hora em que eles não imaginam (Mt 24.36,42). Daí porque
contou uma parábola enfatizando a importância da fidelidade e da vigilância.
II
– OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
Abaixo
destacaremos algumas informações sobre os personagens desta parábola. Vejamos:
2.1
- O senhor (Mt 24.45). Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um
fazendeiro ou de um grande empresário que tinha servos a sua disposição (Mt
24.45-47). Para termos uma noção, ele pode ser comparado a Potifar, o
superintendente de Faraó, que tinha servos sob o seu domínio (Gn 39.4,5). Este
senhor precisou ausentar-se um pouco de sua casa, para uma viagem. Quanto ao
dia e a hora do seu retorno são incertos (Mt 24.50; Lc 12.46).
2.2
- O servo (Mt 24.42,45). Mateus usa da palavra “servo” no grego “doulos” que
quer dizer: “escravo” para falar do funcionário do senhor desta parábola. Já
Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa que
administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Existe
a possibilidade nesta parábola de Jesus estar falando de apenas um servo e não
de dois, pois a administração geral das posses estava nas mãos de um
funcionário especial” (VAUX, 2003, p. 155). Via de regra, havia apenas um
mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs 18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto
diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos, que
foram chamados de “conservos” (Mt 24.49). O registro de Lucas também dá margem
a essa interpretação quando diz que este servo poderia ser “fiel e prudente”
(Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma referência hipotética ao mesmo
servo do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto,
a possibilidade de que a narrativa esteja falando apenas de um servo, que
poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos
intérpretes prefere a ideia de se tratarem de dois servos. Sob esta
perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:
2.2.1
- O servo fiel (Mt 24.45). É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e
prudente no exercício da função que lhe foi confiada até ao retorno do seu
patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22;
14.33; 14.35; 28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim
será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa, receberá privilégios e
responsabilidades aumentados: “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os
seus bens” (Mt 24.47).
2.3
- O servo infiel (Mt 24.48). Com a partida de seu senhor, este servo, em seu
coração, imaginou que, porque o seu patrão estava ausente e ia demorar a
voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se
mostrou tanto doutrinária “o meu senhor tarde virá” (Mt 24.48-b); quanto moral,
pois começou a “espancar os seus conservos, e a comer e a beber com ébrios” (Mt
24.49). Tal atitude revela-o como um “mau servo” (Mt 24.48). Quando da volta do
seu senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e
destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes”
(Mt 24.51).
III
– EXPLICANDO A PARÁBOLA
3.1
- O senhor da parábola. O senhor desta parábola é uma figura utilizada por
Jesus para referir a si mesmo. A ausência deste senhor e seu retorno repentino
para seus servos (Mt 24.50), ilustra perfeitamente o retorno imprevisível de
Cristo para buscar o seu povo: “porque o Filho do homem há de vir à hora em que
não penseis” (Mt 24.44). Na linguagem bíblica, a surpresa da volta de Cristo é
ilustrada como o ataque de um ladrão (Mt 24.43,44; 1 Ts 5.2,4; 2 Pd 3.10; Ap
3.3; 16.15). O Senhor espera encontrar os seus servos aptos para recebê-lo,
como consideração por Sua pessoa (Lc 21.36).
3.2
- Os servos da parábola. Todos aqueles que aceitaram a Cristo como Salvador são
chamados de servos (Rm 1.1; 6.22; 1 Co 7.22; 1 Pd 2.16). A estes o Senhor
chamou, justificou, regenerou e santificou (1 Co 6.11). Portanto, se exige dos
tais que aguardem o Seu retorno em fidelidade e vigilância (Mt 25.21; 1 Tm
4.10). Aos que procederem impiamente ainda que professem-no como Senhor (Mt
7.21,22), ouvirão dEle, naquele dia, a seguinte frase: “Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23); e serão
condenados por sua rebeldia, ao castigo eterno (Mt 8.12; 13.42,50; 22.13;
25.30; Lc 13.28). No entanto, será bem-aventurado aquele que for achado fiel e
vigilante: “Bemaventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar
servindo assim” (Mt 24.46). Segue o alerta para todos nós que “se cremos em Sua
vinda, devemos nos portar de acordo com o que acreditamos. Essa esperança deve
governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e
sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que
essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então
viveremos” (LOCKYER, 2006, p. 300).
IV
– VIGILÂNCIA: A PALAVRA CHAVE DA PARÁBOLA
A
palavra-chave desta parábola é “vigiar”. Maclaren (apud Beacon, 2008, p. 169)
observa que:
(a)
A ordem de vigiar, é reforçada pela nossa ignorância da ocasião da Sua vinda
(Mt 24.42-44);
(b)
a imagem e a recompensa de vigiar (Mt 24.45-47); e,
(c)
a imagem e a condenação do servo que não vigiou (Mt 24.48-51).
O
verbo “vigiar” quer dizer: “observar com atenção; estar atento a; velar”
(HOUAISS, 2001, p. 2860). No hebraico o verbo é “shamar” que significa:
“vigiar, guardar”. No grego o termo é “gregoreo” que significa literalmente
“vigiar” e é encontrado em 1 Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais
ocorre no Novo Testamento (por exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de:
(a)
“manterse acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41):
(b) “vigilância espiritual” (At
20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002,
p. 323 – acréscimo nosso).
A palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando
chamar a atenção dos ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias (Mt
24.42; 25.13; Mc 13.33-35; Lc 21.36; 1 Pe 4.7).
V
– QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS
A
Bíblia nos exorta a prática da vigilância por, pelo menos, três motivos.
Vejamos:
5.1
- A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os
apóstolos a estarem vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc
14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22),
todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza
humana. Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do
arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos
viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co
15.34). “Quem quiser ter um discipulado produtivo, precisa disciplinar o corpo
para não ceder às paixões” (ADEYEMO, 2010, p. 1192).
5.2
- A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar
também porque “[...] o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como
leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da
própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente
da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar
vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas
espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna
a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da
mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem
demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
5.3
- A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da vigilância para o retorno
de Cristo se dá também pelo fato de ser um evento repentino. Diversas vezes,
Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33;
Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor
como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos
assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Estejamos vigilantes para
não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36;
Lc 21.34).
CONCLUSÃO
A
vinda do Senhor é certa. Devemos, portanto, aguardá-la vigiando em todo tempo,
demonstrando a nossa fé em obediência e prudência, afastando-nos do pecado que
antes praticávamos, a fim de não mancharmos as nossas vestes espirituais.
Vigiemos pois aquele dia e hora ninguém sabe.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
LOCKYER,
John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.
TOKUMBOH,
Adeyemo. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et
al. Dicionário Vine.
CPAD.
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