segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

LIÇÃO 05 – CRISTO É SUPERIOR A ARÃO E À ORDEM LEVÍTICA - (Hb 4.14-16; 5.1-14) 1º TRIMESTRE DE 2018

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 05 – CRISTO É SUPERIOR A ARÃO E À ORDEM LEVÍTICA - (Hb 4.14-16; 5.1-14)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição falaremos um pouco sobre Arão, o irmão de Moisés, que foi chamado por Deus para ser o primeiro sacerdote do povo de Israel; destacaremos sua relação com Jesus, quanto a função, consagração, intercessão e oferta; pontuaremos a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao araônico; e, por fim, quais os benefícios que recebemos por meio do sacrifício de Jesus na cruz.

I – QUEM FOI ARÃO
Arão era filho de Anrão e Joquebede ambos oriundos da tribo de Levi (Êx 2.1). Ele era o irmão do meio, numa família de três filhos (Êx 6.20; Nm 26.59). Arão nasceu durante a opressão de Israel no Egito, mas evidentemente antes do decreto genocida de Êxodo 1.22. Tinha três anos de idade quando Moisés nasceu (Êx 7.7). Quando cresceu casou com Eliseba e teve quatro filhos: Nadabe, Abiú, Elezar e Itamar (Êx 6.23; Lv 10.1,6; 1 Cr 24.1). Durante toda a narrativa do Êxodo Arão é um auxiliar de Moisés (Êx 4.14). A Bíblia como um todo fala gentilmente de Arão. Nos Salmos ele é chamado de pastor (Sl 77.20); sacerdote (Sl 99.6); escolhido (Sl 105.26); santo (Sl 106.16) e ungido (Sl 133.2).

II – A RELAÇÃO DE ARÃO COM JESUS
O escritor aos Hebreus diz que o sacerdócio de Arão prefigurava o de Cristo (Hb 2.17,18; 4.14-16; 5.1-4; 7.11). A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). A forma antiga é apenas uma figura (uma sombra) da real que está por vir (Hb 10.1). Vejamos a relação que existe entre ambos personagens:

2.1 - Na função. O sacerdote, termo que no hebraico é “kohen”, era o ministro divinamente designado, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). Os sacerdotes deviam queimar incenso, cuidar do castiçal e da mesa dos pães da proposição, oferecer sacrifícios no altar e abençoar o povo (Nm 5.5-31). Eles ensinavam a Lei (Ne 8.7,8); ministravam como mediadores entre o povo e Deus (Êx 12.12,29,30); comunicavam ao povo a vontade e o concerto de Deus (Jr 33.20-22; Ml 2.4); intercediam, perante Deus, devido à pecaminosidade do povo. Exercendo o seu ministério, eles faziam expiação pelos seus próprios pecados e pelo pecado do povo (Êx 29.33; Hb 9.7,8), e testificavam da santidade de Deus (Êx 28.38; Nm 18.1). O primeiro sacerdote escolhido por Deus em favor de Israel foi Arão (Êx 28.1; Hb 4.4); e, dentre os sacerdotes, ele foi eleito “sumo sacerdote” o qual era o principal entre os sacerdotes (Hb 5.1-4). Em hebraico o “sumo sacerdote” é chamado de “kohen gadol” que quer dizer “grande sacerdote”. Somente ele entrava uma vez por ano no Lugar Santíssimo para expiar os pecados da nação israelita, no Dia da Expiação (Êx 30.10; Lv 16.34). Jesus também feito sacerdote por Deus Pai: “Chamado por Deus sumo sacerdote [...]” (Hb 5.10). Veja ainda: (Hb 5.5,6; 7.21).

2.2 - Na consagração. Quando foi escolhido para ser sacerdote, Arão foi ungido por Moisés (Êx 28.41). Davi faz alusão a esta consagração no Salmo 133.2. Tal ato tipifica a unção do Espírito Santo que era concedido para capacitá-lo para exercer tal função. No NT Jesus recebe o título de Cristo (Mt 16.16,18; Lc 2.26; Hb 1.6; Jo 4.25,26; At 3.6,18,20; 4.10; Rm 1.4; 1 Co 1.23). O adjetivo Cristo do hebraico “messiah”, do grego “christhos” significa: “ungido” (ANDRADE, 2006, p. 122). As profecias do AT revelaram, com muitos séculos de antecedência, que Deus enviaria um Redentor, o Ungido de Deus (Sl 2.2; 45.7; 89.20; Is 61.1; Dn 9.25,26). A promessa de Deus anunciava a vinda de alguém que ocuparia as três funções, dentre elas a de sacerdote (Sl 110.4; Hb 2.17; 7.26-28).

2.3 - Na intercessão. Dentre as atribuições do sacerdote destaca-se a de ser mediador entre o povo e Deus, fazendo intercessão por eles (Êx 12.12,29,30). O profeta Isaías anunciou que o Messias intercederia pelos pecadores (Is 53.12). Jesus interceu pelos seus discípulos (Jo 17.9); intercedeu por aqueles que haveriam de crer, por meio da pregação deles (Jo 17.20). Jesus, como sacerdote, encontra-se a direita de Deus, intercedendo por aqueles que a Ele se chegam (Hb 7.25).

2.4 - Na oferta. Aos sacerdotes foi dada a responsabilidade de comparecer diante de Deus com ofertas e sacrifícios (Hb 5.11). Estas leis são classificadas didaticamente de “Lei Cerimonial”, pois elas regulavam os serviços praticados pelos sacerdotes no Templo e tinham tudo a ver com os sacrifícios e ofertas, os dias anuais de festas e a questão dos deveres do sacerdócio (Nm 8.1; Js 8.31; 2 Cr 23.18; 30.15-16; Ed 3.2). Embora estes sacrifícios tenham sido instituídos por Deus, eles eram plenos, pois:

(a) eram repetitivos (Hb 10.11);
(b) não limpavam à consciência (Hb 9.9); e,
(c) não purificavam os pecados (Hb 10.4).

Isaías profetizou que um homem faria expiação pelos pecados da humanidade (Is 53.1-12). O salmista já havia profetizado que o sacrificio definitivo seria de um corpo sem pecado (Sl 40.6-8). O escritor aos hebreus cita este texto para mostrar que profeticamente se cumpriu em Jesus, quando este encarnou e vivendo de forma perfeita fez oblação pelo nosso pecado (Hb 10.5-9). Na cruz, Jesus, ofereceu-se a si mesmo como oferta pelo pecado (Hb 10.10).

III – A SUPERIORIDADE DO SACERDÓCIO DE CRISTO EM RELAÇÃO AO DE ARÃO
O sacerdócio de Arão prefigura o sacerdócio de Cristo. No entanto, o sacerdócio de Cristo é superior. As Escrituras deixam bem claro que a Antiga Aliança era apenas sombra dos bens futuros (Hb 10.1), demonstrando assim a superioridade da Nova Aliança. O escritor aos Hebreus diz: “De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador” (Hb 7.22). Destacaremos na tabela abaixo, informações que comprovam que o sacerdócio de Cristo é superior ao de Arão:

SACERDÓCIO DE ARÃO
Feito sem juramento (Hb 7.20)
Instituído durante a Lei (Êx 28.1; Hb 7.28)
Necessitava sacrificar por si mesmo, pois era imperfeito (Lv 9.7,8; Hb 5.3; 7.27,28)
Sacrificava continuamente (Hb 10.11)
Teve o seu ministério impedido pela morte (Hb 7.23)
Entrou no tabernáculo terrestre (Hb 9.1)
Oferecia sacrifício de animais (Hb 9.13)
Entregou dízimos a Melquisedeque na pessoa de Abraão (Hb 7.9,10)

SACERDÓCIO DE CRISTO
Feito com juramento (Hb 7.21)
Instituído antes da Lei (Gn 14.18; Hb 6.20)
Não necessitou sacrificar por si mesmo, pois é perfeito (Hb 7.28; 1 Pe 2.22)
Fez um único sacrifício (Hb 7.26,27; 9.25-28,10.10,12,14)
É sacerdote para sempre (Hb 6.20; 7.3,24)
Entrou no tabernáculo celeste (Hb 8.1,2; 9.11,24)
Ofereceu a si mesmo como sacrifício (Hb 9.11-14)
Recebeu dízimos até de Levi na pessoa de Melquisedeque (Hb 7.9,10)

IV – QUE TIPO DE SACERDOTE É CRISTO
Embora Arão e Cristo preenchessem as qualificações para sacerdote, pois foram instituídos por Deus para este fim (Hb 5.4-6), ambos eram diferentes na forma como podiam funcionar. Vejamos:

4.1 - Um sacerdote que tem acesso direto a Deus. O Sumo sacerdote só podia entrar no Lugar Santíssimo, onde estava a arca da aliança, que simbolizava a presença de Deus, apenas um vez no ano (Êx 30.10; Lv 16.34; Hb 9.7). No entanto, Cristo, nosso “[...] grande sumo sacerdote […] penetrou nos céus” (Hb 4.14). Ele entrou no santuário celeste, para interceder por nós: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (Hb 9.24).

4.2 - Um sacerdote que se identifica com a natureza humana. Quando encarnou, Cristo, compartilhou da natureza humana de forma plena: corpo, alma e espírito (Mt 26.12; Jo 12.27; Mt 27.50). Especificamente no corpo, Ele também padeceu de todas as fragilidades humanas. A Bíblia mostra que ele sentiu fome (Lc 4.2); sede (Jo 4.7; 19.28); teve cansaço físico (Jo 4.6); chorou (Jo 11.35); sorriu (Lc 10.21) e, foi tentado em tudo, mas não pecou (Mt 4.1; Lc 22.28; 1 Pe 2.22). Por isso, como sacerdote, Ele pode se compadecer das nossas fraquezas (Hb 4.15); e, pode socorrer os que são tentados “porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.18). Jesus, conhece o ser humano de forma plena (Jo 2.25; Ap 1.14; 2.23).

4.3 - Um sacerdote que nos dá acesso a presença de Deus. Quando Jesus, morreu na cruz como oferta pelos nossos pecados, o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). Agora, ficou aberto o acesso a Deus (Hb 9.1-14; 10.19-22). Contrastando o acesso limitado a Deus que os israelitas tinham na Antiga Aliança, Cristo, ao dar sua vida por nós como como sacrifício perfeito, abriu o caminho para a própria presença de Deus e para o trono da graça (Hb 4.16). Por isso, na Nova Aliança, os crentes podem com muita liberdade achegar-se a Deus (Ef 2.18, 3.12), chamandoo de Pai como Jesus nos ensinou e o Espírito Santo nos leva a fazer (Mt 6.9; Rm 8.15). Agora, também todo crente é constituído sacerdote para o serviço de Deus (Ap 1.6; 5.10; 20.6).

CONCLUSÃO
Tanto o sacerdócio da Antiga Aliança como as ofertas que eram oferecidas a Deus eram imperfeitos e transitórios. Quando a este sistema da Antiga Aliança as Escrituras afirmam que “... se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda” (Hb 8.7). Na Nova Aliança, Jesus, como Sumo Sacerdote constituído por Deus, no céu, exerce seu trabalho no verdadeiro tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não pelo homem (Hb 8.1-4).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HENRICHSEN, Walter A. Depois do sacrifício: Estudo Prático da Carta aos Hebreus. VIDA.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

LIÇÃO 04 – JESUS É SUPERIOR A JOSUÉ – O MEIO DE ENTRAR NO REPOUSO DE DEUS - (Hb 4.1-13)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 04 – JESUS É SUPERIOR A JOSUÉ – O MEIO DE ENTRAR NO REPOUSO DE DEUS - (Hb 4.1-13)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos Jesus sendo apresentado pelo escritor aos Hebreus como superior a Josué um dos grandes personagens do Antigo Testamento; notaremos também paralelismos que há entre Josué e Jesus nas Escrituras; destacaremos mais uma vez a verdade de que o Senhor Jesus é superior; bem como pontuaremos que Cristo conduz o homem ao repouso pleno; e por fim, a condição exigida por Deus para entrar nesse descanso.

I - QUEM FOI JOSUÉ
Seu nome completo“Jehoshua” (Nm 16.16) significa: “Jeová é salvação” (WYCLIFFE, 2012, p. 1095). Popularmente chamado de Josué (Ne 8.17), mas seu nome original era Oseias (Nm 13.8). Josué era filho de Num, que era filho de Elisama, príncipe da tribo de Efraim (Êx 33.11; Nm 1.10).

1.1 - Líder militar. Como tinha mais de 40 anos de idade quando deixou o Egito, parecia bem qualificado a assumir o comando das forças israelitas que lutaram contra os amalequitas em Refidim (Êx 17.8-13). Moisés ordenou que Josué saísse à peleja contra os amalequitas; e ele selecionou o exército, batalhou e venceu o inimigo. Como também foi um dos escolhidos para espiar a terra de Canaã (Nm 13.1-16).

1.2 - Sucessor de Moisés. Josué foi comissionado para ocupar a liderança depois do falecimento de Moisés escolhido por Deus (Nm 27.15-23; Js 1.1-9). Muitas das atividades que Josué desempenhou podem ser vistas como imagens num espelho das ações anteriores do grande legislador, Moisés.

1.3 - Representante dos israelitas. Como representante do povo diante de Deus, somente Josué recebeu as instruções finais para a organização do povo (Js 1.1-9); para a travessia do rio Jordão (Js 3.7,8; 4.1-24); para a conquista de Jericó (Js 6.2- 5); para a identificação do pecado de Acã (Js 7.10-15); para a conquista de Ai (Js 8.1,2,18); para a distribuição da terra (Js 13.1-7); e para a designação das cidades de refúgio (Js 20.1-6).

1.4 - Um homem íntegro. Josué destacou-se na história de Israel, não apenas como um líder e substituto de Moisés, mas também, como um homem de muitas qualidades espirituais e de caráter íntegro:

(a) um homem de fé e de coragem. Josué foi um dos doze espias enviados para conhecer a terra de Canaã (Nm 13.16), dos tais, somente Josué e Calebe animaram o povo e disseram que a terra era boa e possível de ser conquistada (Nm 14.6-9);

(b) um servo obediente. A palavra servo significa: “aquele que está sujeito a um Senhor”, “submisso”. Estas qualificações podem ser vistas em Josué, pois ele foi um servo fiel e obediente (Êx 17.9,10; 24.13; Js 1.1).

Durante toda a sua vida ele foi fiel a Deus e também a Moisés, a perseverança é um dos aspectos mais notórios do caráter de Josué. No fim de sua vida, vendo a tendência do povo para a idolatria, reuniu as tribos em Siquém para dar-lhes esta grande advertência, avisando-os do perigo de servir a outros deuses, ele porém, estava decidido em servir ao Senhor com sua família (Js 24.15).

II – PARALELISMOS ENTRE JOSUÉ E JESUS
Apesar de não haverem profecias messiânicas em seu livro, Josué é claramente uma figura de Cristo. Vejamos algumas semelhanças:

2.1 - Em relação ao seu nome. Josué tem a mesma forma grega do nome de Jesus “Iesous” (At 7.45; Hb 4.8), sendo assim, Josué é o equivalente veterotestamentário de Jesus. Conforme observado na semelhança entre seus nomes, cujos significados apontam para a “salvação de seu povo” (Mt 1.21; Lc 1.31), Josué portanto, é considerado uma figura de Cristo no Antigo Testamento.

2.2 - Em relação a sua missão. A tarefa de Josué consistia em liderar Israel na conquista da terra de Canaã, por essa razão torna-se uma figura de Cristo, também como nosso comandante conquistador rumo a pátria celestial (Fp 3.20; Hb 11.14,16). Josué foi um agente tanto da graça no caso de Raabe (cf. Js 2.8-21; 6.22-25), quanto da condenação na guerra contra as nações ímpias na Terra Prometida, assim como Jesus é tanto o Salvador quanto o Juiz de todos os homens (Jo 3.15,16; At 17.30,31). A triunfante obra de levar seu povo a possuir a terra, Josué prenuncia aquele que levaria muitos filhos à glória (Hb 2.10; 2 Co 2.14; Rm 8.37). A terra prometida e sua conquista pelo povo de Deus, tipifica a herança espiritual dos crentes e sua salvação em Cristo. Assim como foi a conquista de Canaã, tomar posse da salvação e da vida eterna envolve a guerra e vitórias espirituais (Ef 6.10-20). Josué sucede Moisés e alcança a vitória que Moisés não alcançou, Cristo sucede a Lei mosaica e alcança a vitória não alcançada pela Lei (Jo 1.17; Rm 8.2-4; Gl 3.23-25; Hb 7.18,19).

2.3 - Em relação a sua capacitação. Para a realização de sua missão ordenada por Deus, Josué necessitava de uma capacitação especial (Nm 27.18,20,23); semelhantemente Jesus para dar início ao seu ministério, se fazia necessário uma capacitação por meio da ação do Espírito Santo, como afirma o apóstolo Pedro: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38; ver Lc 3.22; 4.1, 14,17-22).

III – A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A JOSUÉ
Embora haja um paralelismo entre Josué e Jesus, o escritor aos Hebreus destaca que também existe ao mesmo tempo um contraste entre eles; isso recai no fato de que Josué não obteve para seu povo o descanso verdadeiro, não lhes deu de fato o repouso pleno (Hb 4.8). Notemos então a superioridade de Jesus destacada por algumas verdades nessa passagem:

3.1 - Uma promessa superior. A palavra promessa é usada por cinquenta e três vezes no NT. Na epístola aos Hebreus aparece por quatorze vezes, mais do que em qualquer outro livro neotestamentário (Hb 4.1; 6.12,15,17; 7.6; 8.6; 9.15; 10.36; 11.9, 13,17,33,39) (CHAMPLIN, 2010, p. 514). O escritor motiva a seus leitores a permanecerem em obediência a Cristo, lembrando que a promessa do repouso em favor de seu povo permanece firme: “Temamos, portanto, que sendonos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado” (Hb 4.1 - ARA). A promessa não mudou pela falta de fé de alguns, antes ela continua de pé; o perigo está em que a percamos e não consigamos alcançá-la por desobediência. Portanto, a advertência recai no fato de que há promessas de Deus que são condicionais (Hb 4.2).O livro de Josué mostra as grandes conquistas efetuadas por ele, mas destaca que “ainda muitíssima terra ficou para possuir” (Js 13.1). Josué, sem dúvida, proveu uma forma de “descanso” físico, político e social, mas o verdadeiro descanso era uma promessa para o povo da nova aliança (GONÇALVES, 2017, p. 51).

3.2 - Um repouso superior. Muito embora Josué tenha conduzido os israelitas a conquistar a terra de Canaã, levando a nação ao repouso depois de 40 anos peregrinando no deserto, Josué deu aos israelitas descanso (Js 22.4), como cumprimento de uma promessa (Dt 31.7); mas este repouso político, civil e material em Canaã não é o descanso pleno, como afirma o escritor aos Hebreus: “Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois disso de outro dia. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.8,9). O argumento exposto na carta é que, se Josué tivesse proporcionado ao povo o definitivo descanso que Deus tinha em mente, Davi não teria feito alusão a outro repouso de natureza superior (Sl 95.7-11). Por essa razão ao tornarem ao judaísmo, os cristãos judeus estavam trocando o espiritual e eterno, pelo físico e transitório. Em Cristo o homem recebe o repouso completo no aspecto presente (Rm 5.1,2; 8.1); e sobretudo no futuro onde a salvação terá seu aspecto final, a glorificação. Ele declarava a todas as pessoas: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei […] e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11.28,29; ver Is 53.5; Ap 6.9-11; 7.17; 14.13; 21.4).

3.3 - Uma exortação superior. É importante lembrar que há um propósito exortativo na argumentação usada pelo escritor. Segundo Wiersbe (2006, p. 1317): na primeira exortação (Hb 2.1-4), o autor ressaltou o perigo de se desviar da Palavra por negligência. Nesta exortação (Hb 3 e 4), ele explica o perigo de duvidar da Palavra por causa da dureza do coração. Ao abandonar o caminho que conduz à salvação, não atentando para a promessa de um dia entrar no repouso eterno (Hb 4.1), o cristão incorre precisamente no mesmo exemplo de desobediência tanto em sua conduta como em seu destino, da nação de Israel, em sua caminhada pelo deserto. A advertência do escritor sagrado, aqui, é quanto à desobediência da geração do deserto, por este motivo ele exorta: “Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (Hb 4.11) (SILVA, 2013, p. 74 – acréscimo nosso).

3.4 - Uma mensagem superior. Diante do exemplo histórico citado como exortação pelo escritor, ele incentiva aos destinatários da carta, agirem:

(a) com temor (Hb 4.1);
(b) com fé (Hb 4.2); e,
(c) com dedicação (Hb 4.11).

Deus exige de nós, ainda hoje, uma firme decisão que deve ser conservada até o fim. O perigo da apostasia é real, no entanto, com vistas ao que é mais excelente, devemos permanecer em obediência a Deus sabendo que ele é fiel (Hb 10.23); e que temos uma responsabilidade diante o projeto de Deus para nós, onde não se deve reagir com negligência (Hb 6.11).

CONCLUSÃO
Diante das dificuldades que como crentes enfrentamos nesta vida, por meio de Cristo Jesus aquele que é superior, temos uma promessa de desfrutarmos de um repouso em nossa jornada cristã e sobretudo, entrarmos no descanso eterno, prometido aos que o servem em obediência até o fim.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus. CPAD.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. PDF. SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos Hebreus: as coisas novas e grandes que Deus preparou para você. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

TENNEY, Merryl. O Novo Testamento: sua origem e análise. VIDA NOVA.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

LIÇÃO 03 – A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A MOISÉS - (Hb 3.1-19) 1º TRIMESTRE DE 2018

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 03 – A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A MOISÉS - (Hb 3.1-19)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
No capítulo três da Epístola aos Hebreus, o autor procura mostrar aos cristãos judeus que, embora Moisés tenha sido um ícone no AT, Cristo Jesus é superior a ele, quanto a natureza, função, aliança, missão e glória.

I – QUEM FOI MOISÉS
Moisés era filho de Anrão e Joquebede ambos oriundos da tribo de Levi (Êx 2.1). Era irmão de Arão e Miriã (1 Cr 6.3). Ele nasceu durante os amargos anos de escravidão do povo de Israel no Egito (Êx 1.1-14), que culminou no decreto de Faraó que ordenou a morte de todos os bebês do sexo masculino ao nascer (Êx 1.15-22). Seus pais o esconderam em casa e depois o colocaram no meio da vegetação, na margem do Nilo, dentro de um cesto de junco (Êx 2.2,3). A filha de Faraó saiu para banhar-se neste rio e quando viu o menino decidiu adotá-lo, contratando inclusive uma ama de leite, que por providência divina foi a mãe de Moisés (Êx 2.5-9). Quando o menino cresceu, Joquebede o trouxe a princesa, que colocou o nome dele de Moisés (Êx 2.10) que significa: “tirado das águas”. Por meio de sua esposa Zípora (Êx 2.21), Moisés teve dois filhos, Gérson e Eliezer. A este homem, Deus chamou para uma grande obra. Vejamos:

1.1 - Um profeta. Após se revelar para Moisés na sarça, Deus o comissionou para falar ao povo de Israel como seu porta-voz. A expressão “Tu falarás tudo o que eu te mandar[...]” (Êx 7.2-a), evidencia isso. O próprio Moisés se declarou um profeta de Deus: “O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu [...]” (Dt 18.15). O povo de Israel o via como profeta: “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o SENHOR conhecera face a face” (Dt 34.10).

1.2 - Um libertador. Quando se levantou um Faraó que não fez caso do bem que José fizera ao Egito, o povo hebreu começou a padecer, debaixo de escravidão (Êx 1.8-11). Oprimido, o povo clamou a Deus e Ele os ouviu. No tempo certo, Deus se revelou a Moisés e o chamou para por meio dele libertar o povo de Israel da opressão egípcia: “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito” (Êx 3.10). Embora Faraó recusasse diversas vezes soltar o povo de Israel, por meio de grandes castigos, Deus puniu o Egito até chegar no ponto que este líder liberou o povo de uma vez por todas (Êx 9.14; 12.31,32).

1.3 - Um legislador. A palavra “legislador” significa: “aquele que promulga a lei”. No AT o termo é usado para descrever alguém que torna públicos os decretos do Senhor. A Bíblia descreve Moisés como o doador da lei, o instrumento e agente de Deus que concedeu ao povo hebreu a Sua Lei (Êx 24.12; 31.18; 32.15,16; Lv 26.46). Os cinco primeiros livros da Bíblia são chamados de “Lei de Moisés” (Js 23.6; 1 Re 2.3; Ed 3.2; Ne 8.1; Dn 9.11; Ml 4.4). O NT também também se refere assim: “Porque a lei foi dada por Moisés [...]” (Jo 1.17). Veja ainda (Jo 7.19; 13.39; Hb 10.28).

1.4 - Um mediador. A expressão “mediador” significa: “que serve de intermediário, elo” (HOUAISS, 2001, p. 1876). O AT associa Moisés com a aliança e a revelação no monte Sinai (Êx 19.3-8; 20.18,19). Literalmente, ele é chamado de medianeiro (Gl 3.19). Moisés mediou até mesmo quando o povo pecou, intercedendo por eles (Êx 32.11-14).

II – A RELAÇÃO DE MOISÉS COM JESUS
2.1 - Moisés prefigurou Cristo (Hb 11.25,26). A expressão “prefigurar” significa: “representar o que está por vir” (HOUAISS, 2001, p. 2284). Algumas pessoas do AT prefiguraram Cristo e uma delas foi Moisés. Sua história assemelhase a de Cristo em muitos detalhes. Vejamos:

MOISÉS
Correu risco de morte quando criança (Êx 1.15-22)
Refugiou-se no Egito (Êx 2.5-9)
Renunciou uma grande posição para sofrer pelo seu povo (Hb 11.24-26)
Foi enviado para libertar o seu povo (Êx 3.10)
Operou grandes sinais (Êx 4.17,30; At 7.22)
Mediador da Antiga Aliança (Êx 24.8)

CRISTO
Correu risco de morte quando criança (Mt 2.13)
Refugiou-se no Egito (Mt 2.14)
Renunciou uma grande posição para sofrer pelo seu povo (Fp 2.5-8)
Foi enviado para libertar o seu povo (Jo 8.36; Gl 5.1)
Operou grandes sinais (Lc 24.19; Jo 3.2; 20.30,31)
Mediador da Nova Aliança (Hb 8.6)

2.2 - Moisés profetizou sobre Cristo. Há diversas palavras proféticas que foram anunciadas por Moisés e uma delas falou sobre o advento de um profeta semelhante a ele, quando disse: “O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” (Dt 18.15). Esta promessa diz respeito a mais que que mera sucessão de profetas que viriam depois de Moisés. Este fato é esclarecido em (Dt 34.10), que, logicamente, rememora esta passagem. Outros profetas surgiram desde a morte de Moisés, mas nenhum conheceu o Senhor de forma tão direta quanto ele. Desse tempo em diante, Israel sempre estava a procurar “o profeta que haveria de vir” que passou a ser uma figura associada à era messiânica, identificada às vezes com o próprio Messias (Jo 1.21,45; 6.14; 7.40). Diversas vezes, Jesus disse que Moisés falara dEle em seus escritos: “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele” (Jo 5.46). Os discípulos entenderam que a profecia de Deuteronômio 18.15 se cumpriu em Jesus (At 3.20-22; 7.37).

2.3 - Moisés falou com Cristo. Mateus 17.1-9 relatou que Jesus foi “transfigurado” diante de três dos seus discípulos (Mt 17.1,2). O evangelista detalha que durante a transfiguração “uma nuvem luminosa os envolveu” (Mt 17.5). O fato de que Mateus escreveu o seu evangelho para judeus, põe em evidência o fato de que Jesus é o Messias anunciado e isso pode ser visto na manifestação da nuvem luminosa. No AT essa nuvem recebe o nome de “shekinah”, e está relacionada com a manifestação da presença de Deus (Êx 14.19-20; 24.15-17; 1 Rs 8.10, 11; Ez 1.4; 10.4). No evento da transfiguração observamos que “apareceram Moisés e Elias, falando com ele” (Mt 17.3). Mateus procura mostrar isso quando põe em evidência o próprio Deus falando aqui: “A Ele ouvi” (Mt 17.5). Moisés pronunciou exatamente as palavras quando se referia ao Profeta que viria depois dele “[...] a ele ouvireis” (Dt 18.15). A transfiguração revela que Moisés representa toda a Lei que apontava para o Messias e nele se cumpria (Mt 5.17).

III – A SUPERIORIDADE DE CRISTO EM RELAÇÃO A MOISÉS
Por causa de todas as coisas que Deus realizou por meio de Moisés, os hebreus sempre tiveram grande estima por ele (Dt 34.10-12), e, consideravam-se “discípulos de Moisés” (Jo 9.28). Embora Moisés tenha sido uma figura proeminente no AT, Jesus é superior a ele. Vejamos em que:

3.1 - Quanto a natureza. A Escritura chama Moisés de “homem de Deus” (Dt 33.1). Embora fosse o homem mais manso de toda terra (Nm 12.3), era falho (Dt 1.37; 32.51,52). Quanto a Jesus, embora tenha se tornado homem, Ele era Deus (Jo 1.1; 1.14). Embora em todas as coisas tenha sido tentado, nunca pecou (Hb 4.15; 7.26; 1 Pe 1.19; 2.22). O escritor da epístola aos Hebreus lembra aos judeus convertidos que embora Moisés tenha sido um ícone do AT, ele não passava apenas de “uma casa edificada” (Hb 3.4). Quanto a Jesus, o escritor faz distinção dizendo que Ele “edificou a casa” , ou seja, Ele é Deus e o Criador (Hb 2.3,4). Confira também: (Hb 1.2,10-12).

3.2 - Quanto a função. Vimos acima que Moisés foi: profeta (Dt 34.10); libertador (Êx 3.10); legislador (Êx 24.12; Jo 1.17- a); e, mediador da Antiga Aliança (Êx 24.6-8; Gl 3.19). Todavia, Jesus é maior que ele, pois foi “O Profeta” (Dt 18.15); o “Libertador do pecado” (Jo 8.36); “aquele por quem a graça de Deus se manifestou de forma plena” (Jo 1.17-b; 2 Co 8.9; 13.13; Gl 1.6; 6.18; Ef 2.7; Fp 4.23; 1 Pe 1.13); e, o “mediador da Nova Aliança” (Mt 26.28; 1 Co 11.25; Hb 12.24).

3.3 - Quanto a aliança. A Bíblia diz que Moisés foi o mediador da Antiga Aliança, que foi feita com sangue de animais (Êx 24.6-8); era transitória; e, foi quebrada pela desobediência de Israel (Jr 31.32; 44.7). Quanto a Jesus, o Escritor aos hebreus diz que Ele é o “[...] mediador de uma melhor aliança” (Hb 8.6); a quem a Bíblia chamada de Nova Aliança (1 Co 11.25; Hb 12.24), que foi feita com Seu próprio sangue (Mt 26.28; Hb 9.20); e, que é permanente e definitiva (Hb 8.6-13; 13.20).

3.4 - Quanto a missão. A missão que Deus confiou a Moisés foi de libertar o povo de Israel da opressão egípicia e conduzilos a Terra Prometida, o descanso terreno (Êx 3.10,17). Moisés foi um fiel servo de Deus que cumpriu a vontade do Senhor, deixando o povo ao pé do monte que dava acesso a Canaã. Jesus, no entanto, é maior que Moisés em sua missão, pois veio tirar o povo da escravidão de Satanás (Cl 1.13; Hb 2.14); e conduzi-los ao descanso eterno (Hb 4.10).

3.5 - Quanto a glória. Deus revelou a Sua glória a Moisés e ao povo de Israel no Monte Sinai (Êx 24.16); por ocasião, do recebimento das novas tábuas da Lei (Êx 34.27,28), quando passou um período de quarenta dias na presença do Senhor, o seu rosto resplandecia, com a glória que lhe foi revelada (Êx 34.29,30), a qual era “transitória” (2 Co 3.7); podia ser “coberta” (Êx 34.33); e, não foi revelada em Sua plenitude, pois Moisés não suportaria (Êx 33.18-23). Quanto a Jesus, o escritor aos hebreus diz que “[...] ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés” (Hb 2.3). João diz que: “[…] o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai […]” (Jo 1.14). Ele é chamado “Senhor da glória” (1 Co 2.8). No monte Tabor não apenas o rosto, mas todo o Seu ser resplandecia (Mt 17.2; Mc 9.2,3; Lc 9.29); esta glória foi manifesta de forma permanente, em Suas obras (Jo 2.11; 11.40); na Nova Aliança que Ele instituiu (2 Co 3.9,11); na posição que se encontra no céu: “coroado de glória” (Hb 2.9); e, quando retornar: “[...] e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt 24.30).

CONCLUSÃO
Deus se revelou através de Moisés para trazer a libertação física ao povo hebreu. Isto prefigurou a revelação superior da vinda de Cristo Jesus ao mundo para proporcionar a todos os homens a libertação espiritual.

REFERÊNCIAS
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HENRICHSEN, Walter A. Depois do sacrifício: Estudo Prático da Carta aos Hebreus. VIDA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

LIÇÃO 02 – UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA - (Hb 2.1-18) 1º TRIMESTRE DE 2018

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 02 – UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA - (Hb 2.1-18)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição, traremos uma definição teológica da palavra salvação; pontuaremos alguns resultados deste tão grande livramento; veremos os aspectos desta ação divina na vida do homem; e por fim, analisaremos algumas características desta obra de amor de Deus.

I – DEFINIÇÃO A PALAVRA SALVAÇÃO
A palavra “salvação” ocorre na Bíblia 167 vezes. No AT: 120; e no NT: 47 (JOSHUA, sd, p. 697). No hebraico o verbo “salvar” é “yasha” que significa: “ajudar, libertar, salvar”. No grego o verbo é “sozo” é usado como se dá acerca de: (a) livramento material do perigo (Mt 8.25; Mc 13.20; Lc 23.35; Jo 12.27; 1 Tm 2.15; 2 Tm 4.18); e, (b) a salvação espiritual e eterna concedida por Deus aos que creem no Senhor Jesus Cristo (At 2.47; 16.31; Rm 8.24; Ef 2.5.8; I Tm 2.4; 2 Tm 1.9; Tt 3.5)” (VINE, 2002, p. 968). Teologicamente esta palavra significa: “livramento do que aceita a Cristo do poder e da maldição do pecado. Restituição do homem à plena comunhão com Deus” (ANDRADE, 2006, p. 325). A Bíblia destaca que a prerrogativa de salvação é exclusivamente divina (Is 43.11; 45.21; Os 13.4; Tt 1.3). Geisler (2010, p. 157), afirma: “Deus é o autor da salvação, pois apesar de o pecado humano ter a sua origem nos homens, a salvação vem do céu, e tem a sua origem em Deus”. Acerca da salvação devemos destacar que:

1.1 - A salvação é uma promessa. Após a tentação e queda do homem no Éden, Deus pronunciou os castigos consequentes da desobediência, mas também fez uma promessa para o casal dizendo: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Tanto Adão quanto seus descendentes firmaram-se nessa palavra profética anunciada pelo próprio Deus.

1.2 - A salvação é um ato de amor. A Bíblia não somente afirma que a salvação do homem tem origem em Deus, como também nos mostra que Ele não foi coagido por nada nem por ninguém a tomar essa decisão. Ele resolveu salvar a humanidade motivado unicamente pelo Seu grande amor. É revelado na Escritura que “Deus amou o mundo que deu Seu Filho Unigênito […]” (Jo 3.16); Jesus disse que “ninguém tem maior amor do que este” (Jo 15.13); Paulo afirmou que: “Deus provou o Seu amor por
nós quando enviou Cristo para morrer em nosso lugar” (Rm 5.8); acrescenta ainda que: “o grande amor de Deus excede todo o entendimento” (Ef 2.4; 3.19); João diz que “Deus é amor” (1Jo 4.8); e que: “Ele nos amou primeiro” (1Jo 4.10).

1.3 - A salvação é um ato atemporal. Vemos que a salvação de Deus é processada em três tempos, no passado, presente e futuro. Por um lado, Paulo declara que “somos salvos” (1Co 1.18), como fato consumado. No entanto, em outro lugar, ele nos diz que devemos “desenvolver a salvação” (Fp 2.12) e, em outro ainda, que “seremos salvos” (Rm 5.9; 1Pd 1.5). Logo, a salvação já aconteceu, no passado, está acontecendo, no presente, e acontecerá, no futuro.

II – RESULTADOS DESTA TÃO GRANDE SALVAÇÃO
Em termos práticos, todo ser humano já nasce sob o domínio do pecado, destituído da glória de Deus, e, por esse motivo, necessita de salvação (Sl 51.5; Rm 5.12). A salvação é o retorno a Deus e a seus princípios; é o rompimento com uma vida errante e digna de condenação. Notemos:

3.1 - A salvação é o resultado de uma ação prévia de Deus. O plano da salvação, por ser divino, é perfeito. Ele foi elaborado desde antes da fundação dos tempos, isso significa que, mesmo Adão tendo desobedecido a Deus e colocado toda a humanidade em desgraça (Rm 5.12), Deus nunca perdeu o controle, pois a salvação foi elaborada antes mesmo que Adão pensasse em  existir (2Tm 1.9). O Senhor Deus, por sua presciência (1Pe 1.2), já sabia que o homem pecaria. Assim, ainda antes do pecado acontecer, o plano divino de salvação foi elaborado (1Pe 1.20; Ap 13.8).

3.2 - A salvação é o resultado de uma ação do resgate do perdido. Por que necessitamos tão urgente de uma tão grande salvação? Porque a Bíblia nos ensina que o homem sem Deus está perdido, e, por esse motivo, precisa ser resgatado (Mc 10.45; Lc 19.10). “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). Os recursos humanos, tais quais boas obras, dinheiro, boas intenções, são insuficientes para a salvação (Sl 49.7-8). Mas Cristo Jesus “se deu a si mesmo por nós, para nos remir” (Tt 2.14). A palavra remir indica resgatar, livrar (usada no sentido de comprar).

3.3 - A salvação é o resultado de uma ação reconciliadora entre Deus e o homem. A Bíblia nos ensina que o pecado nos separa de Deus, e, sendo nascidos de semente corruptível, a única coisa que merecemos receber é a morte (Is 59.2; Rm 3.23; 5.10). A vida eterna é uma dádiva que o Senhor gratuitamente nos tem oferecido: “E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo […]” (2Co 5.18-19 ver Rm 5.10; 1Co 7.11; 2Co 5.18-20).

IV - ASPECTOS DESTA “TÃO GRANDE SALVAÇÃO”
4.1 - A tão grande salvação é segura. É fundamental que estejamos seguros quanto à perfeita obra redentora de Jesus Cristo. Dignas são de destaque as características de sua obra: a) PERFEITA: “…pode também salvar perfeitamente…” (Hb 7.25-a); b) ETERNA: “… seu próprio sangue… havendo efetuado eterna redenção” (Hb 9.12-a); e, c) ÚNICA: “… oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados…” (Hb 9.28-a). Fomos salvos por sua morte e salvos por sua vida!

4.2 - A tão grande salvação é substitutiva. Quando o homem caiu e se afastou de Deus, ficou em débito eterno para com Deus. O homem, por si só não poderia resolver seu problema ou pagar sua dívida diante de Deus, a não ser que haja um “substituto”. A Bíblia ensina que os sofrimentos e a morte de Cristo foi vicário por todos os homens (Is 53.6,12; Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 1.29; 11.50; Rm 5.6-8; 8.32; 2Co 5.14, 15, 21; Gl 2.20; 3.13; 1Tm 2.6; Hb 9.28; 1Pd 2.24).

4.3 - A tão grande salvação é redentora. A redenção tem sentido de pagar essa culpa assumida. Ou seja, a redenção é aplicada no que diz respeito ao pecado e o débito que ele causa, que pode apenas ser pago com sangue (Hb 9.22 cf. Lv 17.11). Logo, para que o preço de pecado pudesse ser pago, era necessário derramamento de sangue de um cordeiro sem máculas (Jo 1.29; cf. Is 53.9; 1Pd 2.21-22). Podemos concluir que essa compra implicou no pagamento de um preço alto (2Pd 2.1; Ap 5.9,10).

4.4 - A tão grande salvação é propiciatória. Deus demonstra sua justa ira para com o pecado (Jo 3.36; Rm 1.18-32; Ef 2.3; 1Ts 2.16; Ap 6.16; 14.10,19; 15.1,7; 16.1; 19.15). Contudo, em Cristo é providenciada uma oferta “propiciatória” e assim a ira de Deus contra o pecado é apaziguada (Rm 3.25; 1Jo 2.1-2; 4.10 cf. Êx 25.17-22; Lv 16.14.15).

4.5 - A tão grande salvação é reconciliadora. A reconciliação é necessária pelo fato de que o homem sem salvação vive em uma relação de inimizade e hostilidade com Deus (Rm 5.9,10; 2Co 5.18-21), e, como inimigo de Deus está plenamente passível de sofrer a manifestação de sua Ira. Vemos que Deus propõe uma resolução para esse problema por meio da morte do Senhor Jesus. (Rm 11.15; 2Co 5.18-21; Ef 2.16; Cl 1.20-21).

V - ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DESTA TÃO GRANDE SALVAÇÃO
5.1 - Esta salvação é grande pela sua procedência. Diz o texto de João 3.16: “Porque Deus amou…”. Isto significa que a nossa salvação do pecado e das suas consequências teve início no coração de Deus, pois Ele tomou a iniciativa (Jn 2.9). Diz o salmista que “a salvação vem do Senhor” (Sl 3.8), por isso não é uma salvação qualquer, pois ela procede de Deus, vem Dele, e, por isso, não é uma simples ação. Foi o Senhor quem tomou a iniciativa de nos amar, por isso que não é um qualquer livramento. É uma salvação enorme, é maravilhosa, tremenda, porque procede de Deus. Ele tomou a iniciativa; Ele nos amou primeiro.

5.2 - Esta salvação é grande pela sua amplitude. Deus não amou apenas um grupo de pessoas; o amor de Deus se estende tanto em largura como em altura, que alcança todo aquele que crê sinceramente: “Deus amou o mundo…”. A salvação que vem de Deus é grande pela sua amplitude. Não é uma salvação restrita somente para alguns, o convite é aberto a todos: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso…” (Mt 11.28-30).

5.3 - Esta salvação é grande pela sua intensidade. Essa salvação não é uma ação qualquer porque Deus nos amou intensamente, profundamente, de todo o coração. Ele nos amou por inteiro, intensamente:“Porque Deus amou o mundo de tal maneira…”. Ele nos amou de todo o coração, até o fim, até os limites mais extremos. Por isso, não é uma mera salvação ou um livramento qualquer; ela é grande pela sua intensidade. Foi de “tal maneira” que Deus nos amou.

5.4 - Esta salvação é grande pelo seu preço. Custou muito para Deus entregar o seu Filho unigênito para morrer naquela cruz: “… que deu o seu filho unigênito”. Deus entregou o seu Filho unigênito por amor a todos os homens. Por isso não é uma mera salvação, é tremenda, é grande. Esta salvação não é uma qualquer porque custou muito, custou o sangue de Jesus derramado na cruz do Calvário: “… não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver… mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1Pd 1.18). Por isso não é uma mera salvação, é uma tremenda em maravilhosa salvação: “Aquele que nem mesmo a seu Filho poupou, antes o entregou por todos nós...” (Rm 8.32).

5.5 - Esta salvação é grande pela sua oportunidade. A oportunidade é oferecida para aos que creem: “para todo aquele que nele crer…” (Jo 3.16). A Bíblia fala assim: “não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).

5.6 - Esta salvação é grande pelo seu livramento. Não é uma mera salvação, é uma grande, maravilhosa e extraordinária porque ela nos livra de uma condenação eterna, de um juízo eterno grande pelo seu livramento: “não pereça”. Esta salvação nos livra de uma eternidade longe de Deus, num lugar que não foi preparado para os homens; foi preparado para o diabo e os seus anjos. Por que sobre nós, a Bíblia revela, que Jesus veio para nos dar vida e vida eterna, vida abundante, vida em termos quantitativos e qualitativos: “… porque eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que ele é poderoso para guardar o que lhe confiei até aquele Dia” (2Tm 1.12).

5.7 - Esta salvação é grande pela sua bênção. Finalmente, diz o verso de João 3.16: “… mas tenha a vida eterna”. A salvação que vem de Deus é grande pela sua bênção, porque a salvação que vem do Senhor, não apenas nos livra de uma condenação eterna, mas nos oferece a possibilidade do céu, uma vida que dura para sempre na presença de Deus.

CONCLUSÃO
A morte de Jesus na cruz, para realizar a salvação, foi um ato da graça de Deus. Sua morte foi em favor de cada pecador; um claro ensino de Hebreus é que sua morte foi uma expiação substitutiva pelo nosso pecado. Sua morte não foi uma expiação limitada, isto é, para algumas pessoas seletas, como alguns reivindicam, mas Ele provou temporariamente a morte por todos os homens. Sua morte é de proveito para todo aquele que por fé se submete a Ele como Senhor e Cristo.

REFERÊNCIAS
GEISLER, N. Teologia Sistemática. Vol. 02. CPAD.
STAMPS, D. C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
ARRINGTON; STRONSTAD (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal NT. CPAD.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

LIÇÃO 01 – A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO (Hb 1.1-14) - 1º TRIMESTRE DE 2018

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 01 – A CARTA AOS HEBREUS E A EXCELÊNCIA DE CRISTO - (Hb 1.1-14)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Neste primeiro trimestre de 2018, estudaremos sobre o tema: “A supremacia de Cristo: fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus”. Introduziremos o assunto trazendo informações importantes sobre esta epístola e destacaremos seu principal assunto: mostrar a superioridade de Cristo Jesus.

I – INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA AOS HEBREUS
A Epístola aos Hebreus ocupa lugar de destaque no Novo Testamento, em razão de sua contribuição à doutrina e excelência como peça literária, sendo neste sentido um livro sem par. Henrichsen (1996, p. 07) considera esta epístola como “o melhor comentário que temos do Antigo Testamento”. Vejamos algumas informações sobre esta epístola:

1.1 - Autoria. A epístola aos Hebreus é anônima. O escritor não revela o seu nome nem se refere a quaisquer circunstâncias ou ligações que o identifiquem com absoluta certeza. Merryl (1995, p. 378) diz que: “a Igreja Oriental desde os primeiros tempos que considera esta epístola como produto de Paulo, se bem que talvez indireto. Eusébio declarou que Clemente de Alexandria afirmava que Paulo a escrevera em hebraico e que Lucas a traduzira para o grego. Orígenes freqüentemente a citava como havendo sido escrita por Paulo. Muitos outros autores têm sido sugeridos, sendo os principais Barnabé, a quem Tertuliano a atribui, e Apolo, uma sugestão de Martinho Lutero”.

1.2 - Destinatários. O título da epístola, “Aos Hebreus”, corresponde plenamente ao conteúdo do livro. O autor tem em mente que os leitores sejam pessoas de confissão totalmente judaica. Os argumentos apresentados, as demais reflexões e muitos detalhes, todos dirigem-se a homens hebreus, em cujos corações estavam os pensamentos, esperanças e consolações do Antigo Concerto. Pelo conteúdo e tom, a epístola revela que os leitores eram cristãos judaicos, isto é, judeus que haviam abraçado o Evangelho de Cristo (BOYD, 1996, p. 111).

1.3 - Data e Lugar. Foi escrita em Roma, pois a passagem de Hebreus 13.24 parece dizer que o autor escreveu esta epístola de algum lugar na Itália, por volta do ano 64 a 67 d.C. Levando em consideração Hebreus 10.1 em diante, parece que esta epístola foi escrita antes do ano 70 d.C. Neste capítulo, o escritor sagrado faz alusão à adoração no Templo, em Jerusalém, e aos sacrifícios diários que eram oferecidos pelos sacerdotes ordinários e também do sacrifício anual que era oferecido pelo sumo sacerdote pelo pecado, em favor de toda a nação. Isso nos leva a entender que o santuário ainda se encontrava de pé (SILVA, 2013, p. 18).

1.4 - Assunto. Cristo é superior aos anjos, a Moisés ou Josué. O cristianismo é uma aliança superior. A palavra-chave de Hebreus é “melhor” ou “superior” ou “mais excelente”. O cristianismo tem um descanso melhor, um sacerdócio melhor e altar e sacrifício melhores. Barclay (sd, p. 02) diz: “creio que nenhum livro do Novo Testamento nos dá um quadro tão glorioso de Jesus Cristo em todo o esplendor de sua humanidade e em toda a majestade de sua divindade”.

1.5 - Propósitos. Hebreus foi escrito para advertir os cristãos judeus contra a apostasia de voltar ao judaísmo. A intenção da epístola parece claramente ser de mostrar a superioridade do cristianismo em relação ao judaísmo. Os primeiros capítulos, mostram o caráter definitivo de Jesus Cristo como a revelação final e perfeita de Deus à humanidade (Hb 1-4).

II – A REVELAÇÃO PROGRESSIVA DE DEUS
2.1 - Deus se revelou pelos profetas (Hb 1.1-a). O profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmiti-las ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; Hb 1.1,2). Eles denunciavam as práticas pagãs e pecaminosas (Am 8.4-6) e conduziam o povo ao restabelecimento espiritual (Is 35.3). Os profetas previram, por exemplo, a vinda do Messias. Vejamos algumas destas profecias:

(a) Moisés o chamou de “o profeta” (Dt 18.15);
(b) Isaías de “Emanuel” (Is 7.14); “Rebento de Jessé” (Is 11.1); “Ungido do Senhor” (Is 61.1); “Servo” (Is 42.1-3; 52.13-15); “o Justo” (Is 53.11); “Maravihoso”, “Conselheiro”, “Deus Forte”, “Pai da eternidade” e, “Princípe da Paz” (Is 9.6);
(c) Jeremias de “o Senhor Justiça Nossa” (Jr 23.5,6);
(d) Daniel de “Ancião de Dias” (Dn 7.9); e, “Messias” (Dn 9.25-26);
(e) Miquéias de “Governador”, “Pastor” e a “nossa paz” (Mq 5.2-5);
(f) Zacarias de “rei humilde” (Zc 9.9); e,
(g) Malaquias de “o mensageiro da aliança” (Ml 3.1).

2.2 - Deus se revelou pelo Filho (Hb 1.1-b). A mais completa forma da revelação especial de Deus encontra-se na encarnação de Jesus Cristo. A encarnação significa que Deus veio plena e pessoalmente a esfera humana, tomando-se acessível a percepção dos homens (Is 7.14; Jo 1.14). Jesus não era um mero mensageiro trazendo uma mensagem sobre Deus. Ele era o próprio Deus em forma humana. Na encarnação, Ele acrescentou a humanidade a sua divindade, sem deixar de ser Deus (Fp 2.5-9). A Bíblia mostra que Jesus Cristo é:

(a) a maior revelação de Deus (Hb 1.1);
(b) a expressa imagem de Deus (Hb 1.3; Cl 1.15); e,
(c) nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 1.19).

III – CRISTO NA EPÍSTOLA AOS HEBREUS
O escritor da epístola aos Hebreus introduz o assunto da epístola falando da forma como Deus se revelou através dos profetas e de forma especial em seu Filho visível e histórico e a função deste Filho na criação, revelação, redenção, posição. Vejamos: 3.1 - Em relação a criação. Qual a relação de Jesus com a criação do cosmo? O Escritor aos Hebreus nos revela que Cristo é o:

(a) Herdeiro de tudo (Hb 1.2-a);
(b) Criador do mundo (Hb 1.2-b); e,
(c) Sustentador do universo (Hb 1.3-b). Esta afirmação está em perfeita harmonia com o AT, pois a Bíblia diz que: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1).

A expressão para “Deus” no hebraico aqui é “Elohim” revela a unidade de Deus na Trindade. “A Trindade é vista no nome Elohim à luz do contexto bíblico. A declaração, “façamos o homem” revela a existência de mais de uma Pessoa na divindade, e não mais de um Deus. Somente o Deus Filho e o Deus Espírito Santo tiveram participação na criação juntamente com o Deus Pai” (SOARES, 2008, p. 79). No NT João afirmou que: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3); e, Paulo diz também que além de Criador é Herdeiro: “Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16-b); e, Sustentador: “todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17). O arianismo alega que Cristo era a criatura suprema de Deus dentre as demais criaturas. A expressão “primogênito da criação” (Cl 1.15) ou “princípio da criação de Deus” não quer dizer que ele é o primeiro ser criado, mas que é herdeiro de tudo, pois o primogênito era o herdeiro (Gn 27.19); e, “princípio” significa: origem, causa primeira e Senhor de toda a criação de Deus. A Bíblia mostra Jesus, o Messias, como um ser incriado (Mq 5.2; Is 9.6; Jo 8.58; Cl 1.16,17; Hb 1.10-12; Ap 1.8,11).

3.2 - Em relação a revelação. Em relação a revelação o escritor aos Hebreus nos diz que Jesus é:

(a) O Resplendor da Glória de Deus (Hb 1.3-a);
(b) a expressa imagem da sua Pessoa (Hb 1.3-b); e,
(c) Está sentado a direita do Pai (Hb 1.3-e).

A expressão “resplendor da sua glória” diz respeito “a revelação de Deus de si mesmo acompanhado por tal esplendor e brilho” (GRUDEN, p. 330). Quando encarnou, Jesus manifestou a glória de Deus (Jo 1.14). Paulo falou da revelação “da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” (2 Co 4.6). Quanto a “expressa imagem da sua Pessoa” (Hb 1.3-b) é bom dizer que Deus é Espírito (Jo 4.24), portanto, não tem corpo (Lc 24.39); é invisível (1 Tm 1.17); nem pode ser visto por ninguém (Jo 1.18-a); mas, João diz que embora Deus não tenha sido visto por ninguém: “O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (Jo 1.18); pois, Ele é a “imagem do Deus invisível” (Cl 1.15). Jesus ocupa uma posição de destaque ao lado do Pai, a qual ninguém mais ocupa (Mt 26.64; At 2.33; 7.55; Hb 1.3-e,13; 12.2; 1 Pe 3.22).

3.3 - Em relação a redenção. Em relação a redenção da humanidade, o escritor aos Hebreus assevera que Jesus “fez por si mesmo a purificação dos nossos pecados” (Hb 1.3-d). Ele nasceu com o propósito de salvar (Mt 1.21; Mt 20.28); e, estava disposto a cumprir por amor e de forma voluntária (Jo 10.17,18; 15.13). A sublime missão do Messias está presente em todas as Escrituras. Ela foi explicitada:

(a) pelos profetas (Is 53.4,5,11-b; Jr 23.6; Ml 4.2);
(b) pelos anjos de Deus (Mt 1.21; Lc 2.11);
(c) o próprio Jesus (Mt 18.11; Mt 20.28; Lc 19.10; 26.26-28; Jo 3.16,17; 15.13); e,
(d) os apóstolos (At 5.31; Ef 5.23; Fp 3.20; 1 Tm 1.11; 2 Tm 1.10; Tt 1.4; 2.13; 3.4,6; Hb 2.10; 2 Pe 1.1,11, 2.20; 3.18; 1 Jo 4.14).

3.4 - Em relação aos anjos (Hb 1.4-14). Desde o primeiro século da igreja cristã surgiram várias concepções errôneas sobre a Pessoa de Jesus, dentre elas acreditavam alguns ser ele um anjo de poder elevado. Embora no AT Jesus apareça como “Anjo do Senhor” isto não significa dizer que Jesus é um anjo de alta hierarquia, até porquê a expressão “anjo” no hebraico “mal’ãkh” quer dizer “mensageiro” (Ml 3.1). Esse “Anjo do Senhor” aparece no AT como sendo o próprio Deus (Êx 3.2-22; 33.21; 33.14; Jz 6.11; 13.22). O escritor aos Hebreus diz que por causa da encarnação, Jesus, se fez por um pouco de tempo “menor do que os anjos” (Hb 2.9), mas, ainda assim, em figura humana, foi servido e adorado por eles (Mt 4.11; Lc 2.10-14; Hb 1.6). Portanto, Jesus é superior aos anjos e não pode ser confundido com eles. Vejamos:

ANJOS
Criaturas (Hb 1.7)
Nome excelente (Hb 1.4-a)
Relacionam-se como servos de Deus (Sl 103.21; Hb 1.7,14)
São adoradores (Hb 1.6)

JESUS CRISTO
Criador (Cl 1.16; Hb 1.4-b)
Nome mais excelente (Ef 1.20,21; Fp 2.9,10; Hb 1.4-b)
Relaciona-se como Filho de Deus (Mc 1.11; Hb 1.5)
É adorado (Hb 1.6; Ap 5.8-14)

CONCLUSÃO
Embora a Epístola aos Hebreus trate de diversos assuntos referentes a vida cristã, este tratado é essencialmente Cristocêntrico, pois o autor esmerou-se em mostrar que Cristo é a revelação completa e definitiva de Deus aos homens.

REFERÊNCIAS
BOYD, Frank M. Comentário Bíblico: Gálatas, Efésios, Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Hebreus. CPAD
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HENRICHSEN, Walter A. Depois do sacrifício: Estudo Prático da Carta aos Hebreus. VIDA.
RENOVATO, Elinaldo. Colossenses: A perseverança da igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos Hebreus: as coisas novas e grandes que Deus preparou para você. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TENNEY, Merryl. O Novo Testamento: sua origem e análise. VIDA NOVA.

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