terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 09 – FIDELIDADE, FIRMES NA FÉ (Hb 10.35-39) - 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 09 – FIDELIDADE, FIRMES NA FÉ (Hb 10.35-39) - 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nessa lição veremos o significado bíblico de fé como fruto do Espírito, notaremos sua importância em contraste com a natureza pecaminosa, ainda destacaremos que a fidelidade deve ser demonstrada, como também lembrar do principio da retribuição divina para os que são fiéis.

I – A FIDELIDADE E O SEU SIGNIFICADO
1.1 - Definição do termo. O Aurélio diz que fidelidade significa: “lealdade, perseverança. Observância rigorosa da verdade; exatidão” (FERREIRA, 2004, p. 894). Do hebraico “emunah”, que quer dizer: “firmeza, fidelidade, verdade, honestidade, obrigação oficial”, desses significados o sentido mais freqüente é “lealdade, fidelidade” (1Sm 26.23). No grego a palavra é “pistis”, que indica “persuasão firme”, sendo também usada com referência à confiança (Rm 3.25; 1Co 2.5; 15.14,17; 2Co 1.24; Gl 3.23; Fp 1.25; 2.17; 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); à fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl. 5.22; Tt 2.10) (VINE, 2002, p.648). Em seu uso mais amplo, a palavra fé aponta ainda para alguns significados:

(a) A fé salvadora (Rm 5.1,2; 10.17; Ef 2.8);
(b) A fé como conjunto de crença, ou seja, aquilo em que se acredita (At 6.7; 14.22; Rm 1.5; 1Co 16.13; Cl 1.23);
(c) A fé como fidelidade (Lc 12.42; 1Co 4.2), o que subentende que o crente é fiel para com Deus e também para com o próximo. Essa é uma característica insuflada por Deus, pois aparece como uma das nove virtudes que, juntas, compõem o fruto do Espirito (Gl 5.22,23) (CHAMPLIN, 2007, p.696 – acréscimo nosso).

1.2 - Como atributo Divino. Fidelidade é um dos atributos da Trindade, Deus Pai é fiel (Dt 7.9); o Senhor Jesus é chamado de fiel e verdadeiro (Ap 19.11); e também o Espírito Santo é fiel (Gl 5.22) (GILBERTO, 2004, p.110). A fidelidade de Deus refere-se à Sua lealdade a si mesmo e a toda a Sua criação (Is 25.1; 1Co 1.9). Ele jamais mudará o Seu caráter (Sl 119.90; Is 11.5; Ml 3.6; 2Tm 2.13; Tg 1.17); nem deixará de cumprir o que prometeu (1Ts 5.24; Hb 10.23). A fidelidade de Deus é claramente demonstrada na Bíblia:

(a) Na natureza (Gn 8.22; SI 119.90; Cl 1.17);
(b) No cumprimento das suas promessas a Adão (compare Gn 3.15 com G1 4.4); a Abraão (compare Gn 15.4; 18.14 com 21.1,2); a Moisés (compare Êx 3.21,22 com Êx 12.35,36); a Davi (compare 2Sm 7.12,13 com Lc 1.31-33); etc.
(c) Em momentos de tentação (1Co 10.13);
(d) Na maneira como disciplina Seus filhos (Sl 119.75; Hb 12.6);
(e) No perdão dos nossos pecados (1Jo 1.9) (WILLMINGTON, 2015, p.37).

1.3 - Como fruto do Espírito. A palavra fé refere-se normalmente à confiança em alguém ou algo. No entanto, a palavra pode também referir-se ao que produz a confiança e a fé, a saber, a fidelidade e a confiabilidade. Ambos os significados estão no uso da palavra aqui como outra evidência da vida controlada pelo Espírito (TYNDALE, 2010, p.703). De acordo com Gilberto (2004, p.106), “Há quem prefira traduzir fé em vez de fidelidade como fruto do Espírito em Gálatas 5.22, mas, como veremos, a palavra fidelidade é mais precisa. Em seu sentido mais amplo, fé é nossa crença inabalável em Deus e no evangelho, e, portanto, é o tronco, não o fruto. O fruto do Espírito é dado como qualidade ou atributo; fidelidade é o atributo de quem tem fé”. Por essa razão a versão da Bíblia ARA (Almeida Revista e Atualizada), traduz “fé” por “fidelidade”. A fidelidade é a primeira das três características do fruto do Espírito que estão relacionadas ao seu portador, ou seja, consigo mesmo. “Quando a fé como virtude do fruto do Espírito habita no crente o que realmente marca sua vida é a fidelidade, ou seja, ele é uma pessoa confiável, leal” (GOMES, 2016, p.110). A fé, como fruto do Espírito, opera permanentemente na vida do salvo e é caracterizada pela firmeza de propósito, e por uma atitude e devoção de alguém que está disposto a ser “fiel até a morte” (Ap 2.10)

II – INFIDELIDADE OBRA DA VELHA NATUREZA
Podemos afirmar que a infidelidade é uma das obras da carne. Paulo na lista aos Gálatas, lembra: “[...] e coisas semelhantes a estas [...]” (Gl 5.21); mostrando que as obras da carne não se limitam às que são mencionadas diretamente. Segundo Aurélio (2004, p.1102) Infidelidade é: “Qualidade ou caráter de infiel. Procedimento de infiel; deslealdade, traição, perfídia. O infiel é aquele que não cumpre aquilo a que se obrigou ou se obriga, inexato, inverídico”. Conforme anunciou o apóstolo Paulo, homens infiéis são uma das marcas dos últimos tempos (1Tm 3.1-4). Encontramos por diversas vezes Deus revelando seu pesar pela infidelidade dos homens em várias áreas:

2.1 - Social. No período Isaías, a injustiça social imperava, ocorria infidelidade no trato com a causa alheia, não havia sinceridade, nem interesse pela verdade, a vida humana era desconsiderada, e isso com vistas ao lucro pessoal (Is 1.21-23). Paulo informa que esse e outros tipos de comportamentos semelhantes, tem como origem a “concupiscência do coração, paixões infames, sentimento perverso” (Rm 1.24,26,28); sendo estes “néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia” (Rm 1.31).

2.2 Religiosa. A idolatria, heresias, modismos doutrinários etc, são expressões da infidelidade na área religiosa (Js 22.16; 1Cr 10.13; Rm 1.18-23). A palavra idolatria fala de prestar culto a um ídolo e abrange tudo aquilo que usurpa o lugar de Deus. O Senhor abomina qualquer tipo de idolatria sendo destacado que é abominável para Deus (Dt 7.25); tola e sem sentido (Sl 115.4,8). Por esse motivo é que logo no segundo mandamento, por meio de Moisés, O Senhor proíbe qualquer tipo de idolatria (Êx 20.3-5).

2.3 Moral. No aspecto moral a infidelidade é vista por meio da quebra dos preceitos divinos, nos quais se é visto o propósito de Deus na preservação da família, por meio da fidelidade conjugal (1Co 7.10,11,27) conservando o padrão monogâmico de casamento (1Co 7.1-3, 39; 1Tm 3.2, 11,12). A infidelidade é abominável aos olhos de Deus (Ml 2.14-16).

III – FIDELIDADE DEMONSTRADA
A fé como fruto do Espírito não é subjetiva, antes, é verificável. Há pessoas que dizem possuí-la, mas negam com suas obras (Tt 1.16). Tiago ensina que: “a fé, se não tiver as obras é morta em si mesma” (Tg 2.17). A fidelidade é de uma importância vital para a vida cristã em três aspectos, vejamos:

3.1 - Fidelidade a Deus. Para ilustrar a importância da fé e a sua praticidade, o escritor da epístola aos Hebreus reúne na conhecida “galeria dos heróis da fé”, exemplos de personagens que marcaram sua geração; podemos perceber essa enfase pela expressão repetidamente usada “pela fé”. destacar que essa fé não é estática, ou seja, não ficou no campo da crença, da reflexão, de forma teórica, pois a expressão “pela fé” sempre é seguida de verbos (Hb 11.3-5, 7-9, 11,18, 20-24, 27,28,30,31,33-37,39); indicando ações que os homens e mulheres de Deus tomaram, para demostrarem sua fidelidade a Deus.

3.2 - Fidelidade ao próximo. Como possuidores dessa virtude do fruto do Espírito, nos tornamos pessoas dignas de confiança, daí a sua importância para o relacionamento interpessoal. O crente deve inspirar confiança aos que estão à sua volta, tendo algumas atitudes, tais como: (a) mantendo sempre sua palavra (Mt 5.37;1Tm 3.8); (b) assumindo as responsabilidades no lar (Ef 5.22-28; 6.1-4; 1Tm 5.8); (c) cooperando na obra de Deus (1Co 4.1,17; 6.21); (d) sendo fiel com o que é alheio (Mt 24.45,46; Lc 16.1-12); como empregado (Ef 6.5-8; Cl 3.22-25); ou como empregador (Ef 6.9; Cl 4.1).

3.3 - Fidelidade a si mesmo. Nesse aspecto a fidelidade é vista quando somos aquilo que dizemos ser. Davi em um de seus Salmos afirma: “Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei” (Sl 119.113). Quem vive uma vida dúbia, é inconstante, não há firmeza nem resistência (Tg 1.8). Deus quer que sejamos o que dizemos que somos, não mostrando duplicidade ou falsidade quanto a nossa devoção a ele (1Sm 12.24).

IV – FIDELIDADE RECOMPENSADA
Para os que são fiéis Cristo fez uma promessa (Ap 22.12); vejamos alguns exemplos de fidelidade e sua respectiva recompensa:

4.1 - Moisés. Era um homem fiel, e, por isso, foi escolhido para libertar o povo de Deus do Egito (Êx 3.1-10; Hb 3.5). Em Hb 11.24-27 encontramos três atitudes que demonstram claramente sua fidelidade a Deus:

(a) Ele recusou ser chamado filho da filha de Faraó, uma posição elevadíssima, para um escravo hebreu;
(b) ele escolheu ser maltratado junto com o povo de Deus, mesmo podendo desfrutar de todo conforto do palácio;
(c) ele deixou o Egito, não temendo a ira do rei. Somente a fé (fidelidade) poderia fazê-lo tomar tais atitudes e como recompensa foi usado nas mãos de Deus, desfrutando de intima comunhão com Ele (Nm 12.7,8).

4.2 - Daniel e seus companheiros. Demonstraram sua fidelidade a Deus na corte em Babilônia em diversas ocasiões:

(a) quando lhe foi determinado que ele comesse do manjar do rei, que o levaria a desobedecer a palavra de Deus, Daniel intentou no seu coração não se contaminar (Dn 1.8);
(b) ao serem obrigados a se prostrar diante da estátua do rei Nabucodonosor, não se curvaram para a adorar a imagem (Dn 3.1-30);
(c) diante do decreto real e sua sentença, Daniel perseverou em oração (Dn 6.10).

Ele preferiu ser jogado na cova dos leões, e como recompensa foram honrados nas mais diversas áreas (Dn 1.17-21; 3.28-30; 6.21-28).

CONCLUSÃO
Por ocasião da Queda, o pecado afetou o relacionamento do homem com Deus, consigo mesmo e com o próximo. Mas, a partir da conversão, o Espírito Santo passa a habitar no crente e a produzir o fruto do Espírito, com suas virtudes morais e espirituais, dando-lhe condições de viver em novidade de vida e de obter o caráter e a natureza de Cristo, que é fiel e verdadeiro.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito.CPAD.
GOMES, Oziel. As Obras da Carne e o Fruto do Espírito Santo. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TYNDALE, Dicionário Bíblico. GEOGRÁFICA.
VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD.
WILLMINGTON, Harold L.Guia de Willmington para a Bíblia-Vol.2. ACADÊMICO.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 08 – A BONDADE QUE CONFERE VIDA (Mt 5.20-26) - 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 08 – A BONDADE QUE CONFERE VIDA (Mt 5.20-26) - 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a bondade – um dos aspectos do fruto do Espírito; introduziremos o assunto trazendo uma definição desta virtude; veremos que a bondade é um atributo que caracteriza o caráter divino e que ele compartilhou com o homem quando o criou; pontuaremos a ligação que existe entre a bondade e a generosidade; falaremos sobre a maldade como o contraponto da bondade; e, por fim, quais as exortações bíblicas quanto a prática deste fruto do Espírito.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA BONDADE
A sexta virtude elencada por Paulo em Gálatas 5.22 é a bondade. O Aurélio (2004, p. 315) nos diz que a palavra bondade significa: “qualidade ou caráter de bom; benevolência; clemência”. Segundo Gilberto (2004, pp. 92,93) “bondade como fruto do Espírito é a tradução de uma palavra grega que encontrada apenas quatro vezes na Bíblia: agathosune (Rm 15.14; Gl 5.22; Ef 5.9; 2 Ts 1.11). A bondade é a prática ou a expressão da benignidade, ou seja, fazer aquilo que é bom. Bondade, então, fala de serviço ou ministério uns aos outros, um espírito de generosidade posto em ação; diz respeito a servir e a dar”.

1.1 - Deus é bondoso. Segundo Jesus a bondade era um atributo e um título próprio da divindade “E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus” (Mc 10.18). Campos (2002, p. 256) diz que a bondade de Deus é:

(a) original: a bondade que os homens possuem lhes é comunicada, mas em Deus a bondade é essencialmente infinita;
(b) imutável: os homens podem ser bons, mas eles o serão por alguns momentos; mas a bondade do Senhor “dura para sempre” (Sl 52.1); e,
(c) necessária: Ele é bondoso e tudo quanto faz é cheio de bondade (Gn 1.31).

II – ATRIBUTO COMUNICÁVEL
Bondade é um dos atributos comunicáveis de Deus. Campos (2002, p. 256) nos diz que “o termo comunicáveis indica que podemos encontrar em nossa personalidade traços dos atributos divinos. Deus nos criou e comunicou esses atributos ao nosso ser, mesmo que em medida infinitamente menor”.

2.1 - A bondade natural. O homem foi criado com bondade natural, quando foi feito a imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). No entanto, o pecado distorceu essa imagem, e, se não houver arrependimento e consequente transformação, dia a dia o pecado vai tomando o coração dos homens fazendo com que percam a afeição natural (2 Tm 3.1-3).

2.2 - A bondade como fruto do Espírito. É natural que o homem não regenerado seja bondoso com as pessoas que lhe são bondosas (Mt 5.46); mas, somente os que foram regenerados podem ser bondosos como Jesus foi e também agir com bondade até com os seus inimigos (Lc 6.27,35; Rm 12.14; 20,21). Portanto, somente após o novo nascimento o Espírito Santo passa a restaurar a imagem moral de Deus no homem, produzindo nele as virtudes de Cristo (Gl 5.22).

III – CARACTERÍSTICAS DA BONDADE COMO ASPECTO DO FRUTO DO ESPÍRITO
3.1 - Bondade desinteressada. A bondade como fruto do Espírito não é feita em troca de reconhecimento ou de favores. Assim como o amor, a bondade “não busca os seus interesses” (I Co 13.5-b). Ela é altruísta e desprentenciosa, ou seja, não faz o bem como moeda de troca. Segundo Jesus não receberá recompensa diante de Deus aquele que age bondosamente com o seu próximo para barganhar algo (Mt 6.1-4). O verdadeiro ato de bondade consiste em fazermos o bem a quem não tem condições de nos recompensar (Lc 14.12-14).

3.2 - Bondade imparcial. A bondade como fruto não faz distinção de pessoas, assim como Deus não faz beneficiando até os ingratos e maus (Mt 5.45; Lc 6.35). Jesus disse que se fizermos o bem apenas aqueles que nos amam e nos fazem bem nos assemelhamos aos incrédulos (Lc 6.32-35). A bondade como fruto não faz distinção de cor, raça, sexo, religião, status social. Tiago repreendeu severamente aqueles que davam preferência aos ricos e subjugavam os pobres (Tg 2.1-4).

3.3 - Bondade decorrente do amor. Uma pessoa pode até agir com bondade sem ter amor; mas, ninguém pode ter amor e não agir com bondade, pois o amor é a virtude de onde flui todas as outras. Gilberto (2004, p. 46) diz: “o amor vem primeiro, depois o serviço”. Paulo diz que até mesmo grandes feitos sem amor não tem nenhum proveito “[...] ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (I Co 13.3). O apóstolo exorta aos crentes de Corinto dizendo “todas as vossas coisas sejam feitas com amor” (I Co 16.14).

IV – A BONDADE E A GENEROSIDADE
A bondade é um aspecto do fruto do Espírito que envolve ação. Gilberto (2004, p. 97) diz que “uma característica distintiva da bondade cristã no grego "agathosune" é a generosidade ou liberalidade”. O cristão deve ser uma pessoa generosa, exercendo bondade da seguinte forma:

4.1 - Contribuindo para a obra de Deus. O apóstolo Paulo encorajou a igreja de Corinto a prática de generosidade entre os necessitados. A Judéia enfrentava tempos difíceis como resultado de uma escassez que deixou muitos santos aflitos (At 11.28-29). Paulo sentiu que as igrejas dos gentios tinham uma divida de gratidão para com Israel e Jerusalém, a Igreja mãe (Rm 11.13-25; 15.27), por seu papel de trazê-los para a fé em Cristo. Precisamos entender que os nossos dízimos e ofertas quando trazidos para a Casa do Senhor também são usados para atender a obra social (Projeto Samuel) e os nossos irmãos que estão passando por dificuldades. Além disto, podemos também ajudar aqueles que estão ao nosso alcance.

4.2 - Auxíliando o próximo. A bondade está entre as três virtudes que estão conectadas diretamente a nossa relação com o próximo: “[...] longanimidade, benignidade, bondade [...]” (Gl 5.22). Auxiliar o próximo é assistí-lo em suas necessidades físicas (Tg 2.15-17; I Jo 3.17,18); mas também visitá-lo nas enfermidades (Rm 12.13); compartilhar sua dor e alegria (Rm 12.15). Paulo também aconselha “[...] admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos” (I Ts 5.14).

V – A MALDADE O OPOSTO DA BONDADE
O Aurélio (2004, p. 1254) diz que “maldade” significa: “qualidade ou caráter de mal; perversidade, crueldade, iniquidade”. A maldade está listada entre as obras da carne de forma implicita e explícita (Gl 5.19-21; Rm 1.29). Ela tem origem no mau uso do livre arbítrio (Gn 3.22). Desde a Queda do primeiro casal, que todos os homens foram afetados pela inclinação natural para a prática do mal (Gn 8.21; Sl 51.5; 14.3; 143.2; Rm 5.18,19). No AT observamos que foi pela multiplicação da maldade que Deus trouxe o dilúvio como juízo sobre os homens (Gn 6.5.7). Paulo profetizou que nos últimos dias a maldade estaria mais presente na sociedade (2 Tm 3.1-9). Vejamos quais áreas a maldade está atuando:


VI – EXORTAÇÕES BÍBLICAS QUANTO A PRÁTICA DA BONDADE
6.1 - Devemos desejar fazer o bem. No exercício do seu livre arbítrio o homem pode ou não fazer o bem. O Espírito impulsiona, no entanto, precisamos ceder a esta inclinação e não endurecermos a sua voz (Hb 3.8). Jesus ensinou que podemos auxiliar as pessoas se quisermos (Mc 14.7). Portanto, a questão está mais no querer do que em poder.

6.2 - Não podemos nos cansar de fazer o bem. Há pessoas que porque não são reconhecidos pelos atos de bondade que realizam, desanimam. Todavia, o apóstolo Paulo nos diz “e não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gl 6.9). Confira também (2 Ts 3.13). Deus tem a recompensa para aqueles que fazem o bem, tanto nesta vida quanto no porvir (Ap 22.12). 6.3 A omissão em fazer o bem é pecado. Aquele que conhece a vontade de Deus e não obedece torna-se ainda mais transgressor do que aquele que não conhece (Mt 24.45-51; Lc 12.35-48; II Pe 2.21; Tg 4.17).

CONCLUSÃO
Devemos no uso do nosso livre arbítrio permitir que o Espírito Santo produza em nós a virtude da bondade a fim de que possamos como filhos de Deus refletirmos o seu caráter em palavras e obras beneficiando os nossos semelhantes de forma imparcial e despretensiosa unicamente motivados por amor.

REFERÊNCIAS
CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO
GILBERTO, Antonio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
STOTT, John. A Mensagem de Gálatas. ABU.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 07 – BENIGNIDADE: UM ESCUDO PROTETOR CONTRA AS PORFIAS (Cl 3.12-17) 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524

LIÇÃO 07 – BENIGNIDADE: UM ESCUDO PROTETOR CONTRA AS PORFIAS (Cl 3.12-17) 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição da palavra benignidade; veremos que Deus é benigno e elencaremos as demonstrações de sua benignidade em favor do homem; destacaremos também a ligação que há entre a benignidade e outras virtudes do Espírito; pontuaremos a exortação bíblica de que devemos manifestar este fruto nos nossos relacionamentos interpessoais. Por fim, falaremos da porfia, trazendo uma definição desta obra da carne, destacando seu efeito maléfico e destruidor contrapondo com os efeitos benéficos da benignidade.

I – A VIRTUDE DA BENIGNIDADE
A quinta virtude elencada por Paulo em Gálatas 5.22 é a benignidade. Segundo o Aurélio (2004, p. 286) o adjetivo benigno significa: “benévolo, suave, brando, agradável”. No AT a palavra hebraica usada é “hesed” que segundo Vine (2002, p. 183) significa: “benignidade, amor firme, graça, misericórdia, fidelidade, bondade, devoção”. No NT a palavra grega para benignidade é “chrestotes” que segundo Gilberto (2004, p. 90) quer dizer: “bondade como qualidade de pureza e também como disposição afável em termos de caráter e atitudes. Abrange ternura, compaixão e brandura”. Barclay (sd, p. 80) diz que “os antigos escritores definiam a ‘crestotes’ como a virtude do homem para quem o bem de seu próximo é tão caro como o próprio”.

1.1 - Deus é benigno. A natureza de Deus é benigna (II Sm 22.6; Sl 18.25; 145.8; Lc 6.35; Ef 4.32; I Pe 2.3). O próprio Deus é chamado de benignidade (Sl 144.2). O profeta Miqueias disse que Ele: “tem prazer na sua benignidade” (Mq 7.18). A benignidade divina é tão exaltada no AT que faz parte da letra dos hinos de louvor (I Cr 16.34, 41; II Cr 7.6; 20.21; Ed 3.11; Sl 107.1; 118.1-29; 136.1.1-26). No livro dos salmos encontramos vários detalhes sobre a benignidade de Deus, tais como:

(a) ela é grande (Sl 5.7; 108.4; 117.2; Jn 4.2; Jl 2.13);
(b) é atemporal (Sl 25.6; 89.2; 118.1);
(c) são preciosas (Sl 36.7);
(d) são abundantes (Sl 86.5; Is 63.7);
(e) nos sustentam (Sl 94.18);
(f) enche a terra (Sl 119.64);
(g) nos consola (Sl 119.76;); e,
(h) vivifica (Sl 119.88,159).

Segundo Jesus, a benignidade divina é demonstrada para todos os homens indistintamente “porque ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6.35).

1.2 - Demonstrações da benignidade divina. A Bíblia revela-nos diversas demonstrações da benignidade de Deus, por exemplo: com José em toda a sua trajetória, principalmente quando injustamente foi para o cárcere (Gn 39.21); Ana recorreu a Deus para que atentasse com benignidade para ela e ele atendeu (ISm 1.11,19); com Davi (Sl 118.1-29); inúmeras vezes para com a nação de Israel (Sl 136.10-26); com a grande cidade de Nínive, mostrando que sua benignidade não está restrita aos judeus (Jn 4.2); por fim, a maior demonstração da benignidade divina se deu quando judeus e gentios foram encerrados debaixo do pecado, Deus achou por bem de misericórdia para com todos (Rm 11.32), quando enviou Jesus Cristo, o seu Filho Unigênito, para com a sua morte nos proporcionar salvação, revelando as riquezas da sua benignidade (Rm 2.4; Ef 2.7; Tt 3.4,5).

II – A LIGAÇÃO DA BENIGNIDADE COM OUTRAS VIRTUDES
2.1 - A benignidade e o amor. Paulo diz que “o amor é benigno” (I Co 13.4). Falando sobre a salvação, o apóstolo diz que em Cristo “[...] apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens” (Tt 3.4). Estas duas virtudes estão tão intimamente ligadas que Moody (sd, pp. 34,35) diz que “benignidade é melhor traduzida para amabilidade”. Portanto, o cristão se caracteriza por uma bondade que é amável.

2.2 - A benignidade e a bondade. A benignidade e a bondade estão de tal forma relacionadas que não é fácil distingui uma da outra. Gilberto (2004, p. 89), denominou estas duas virtudes de “fruto gêmeo”. No entanto, é necessário entender que nem todo ato de bondade provém de uma pessoa benigna, mas toda pessoa benigna produz atos de bondade. Portanto, benignidade fala da natureza da pessoa, enquanto a bondade fala das atitudes desta pessoa. Radmacher (2010, p. 511), confirma isso dizendo: “a nova vida nos leva a ser benignos, manifesta-se em atos de bondade e capacita-nos a perdoar as ofensas cometidas pelos outros”.

2.3 - A benignidade e a misericórdia. Frequentemente a virtude da benignidade manifesta-se junto da misericórdia, mostrando que amba estão entrelaçadas (Cl 3.12). Tanto a expressão “hesed” no hebraico quanto “chrestotes” no grego são utilizadas para descrever uma ou outra virtude. No AT hesed aparece na ocasião em que Davi decide beneficiar alguém que restou da família de Saul, por amor de Jônatas seu amigo (2 Sm 9.1,7). A atitude de Davi contraria o costume da época, pois era normal que um rei ao assumir o trono de alguém que não fosse seu parente, executasse seus descendentes (2 Rs 10.1-7). Apesar de Davi ter sofrido muitas perseguições de Saul (1 Sm 18.10,11; 21-22,29; 19.1; 9-10) e de ter oportunidade de matá-lo, duas vezes (I Sm 24.3-12; 26.8-11), mostrou-se benigno não lhe fazendo mal nem a sua descendência (2 Sm 9.7-13). Inclusive chorou pela morte de Saul, mostrando que não tinha ressentimento (2 Sm 1.1-27).

III – DEFININDO A PALAVRA PORFIA
Segundo o Aurélio (2004, p. 1603) significa: “discussão ou contenda de palavras”. Figuradamente quer dizer: “competição, rivalidade; disputa”. A palavra grega para porfia é “erithia” ou “eritheia” que segundo Vine (2002, p. 884): denota “ambição, egoísmo, rivalidade” e ainda “fazedor de partidos de divisões”. Para o AT a porfia é uma iniquidade tão grave como a idolatria “o porfiar é como iniquidade e idolatria” (I Sm 15.23). Paulo a reprova severamente classificandoa como obra da carne (Gl 5.20; I Tm 6.4), e diz que é um dos males que caracteriza o mundo pagão (Rm 1.29).

3.1 - O mau exemplo de alguns membros da igreja em Corinto. Em Corinto, os cristãos estavam deixando a unidade cristã e se reunindo em grupos, causando assim, facções e divisões na igreja (I Co 1.12,13; 3.4,5). Paulo os repreendeu severamente dizendo que pretendia visitá-los mas não queria encontrá-los dessa forma (2 Co 12.20). Não podemos permitir que as obras da carne venham minar a unidade da igreja, pois a comunhão cristã desconhece distinções sociais, culturais e nacionais e é vital à comunhão e à paz da igreja (Jo 17.23; Ef 4.3; Cl 3.11).

IV – O CONTRASTE ENTRE A BENIGNIDADE E A PORFIA


V – DEVEMOS SER BENIGNOS
Essas três virtudes estão conectadas com a nossa relação com o próximo. Moody (sd, p. 35), diz que benignidade “é a benevolência nas atitudes, uma virtude visivelmente social”. Stott (2000, p. 135) também afirma que “é uma virtude voltada para os outros e não para Deus”. Abaixo destacaremos porque o crente deve ser benigno:

5.1 - Ser benigno é um mandamento. Desde o AT que Deus requereu do seu povo que agisse benignamente (Mq 6.8-a) expressão usada por Paulo em Efésios 4.32 quanto a prática da benignidade é um mandamento “antes sede uns para com os outros benignos” (Ef 4.32-a). Segundo Champlin, (2004, p. 52) a palavra mandamento em português, deriva do latim, “mandare”, ordenar, mandar. O sentido da palavra é ordenar, do ponto de vista de alguma autoridade assumida. O mandamento requer obediência, e, com frequência, repousa sobre algum dever. O apóstolo diz em Colossenses 3.12 que devemos nos revestir da benignidade (Cl 3.12).

5.2.1 - O bom exemplo de Isaque. Em Gerar, Deus começou a prosperar tudo o que Isaque punha as suas mãos (Gn 26.12-14). Por estar sendo bem-sucedido, Isaque despertou a inveja de seus vizinhos que procuraram prejudicá-lo. A Bíblia diz que “[...] os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: esta água é nossa”. No entanto, o patriarca agiu com benignidade cedendo e mudando-se para outro lugar. Deus viu a sua atitude e providenciou-lhe o necessário (Gn 26.22-25). Com Isaque aprendemos que:

(a) devemos ser benignos até com aqueles que são malignos (Gn 26.14-17);
(b) às vezes é necessário perder para ganhar (Gn 26.17,22-25); e,
(c) é possível com a benignidade evitarmos contendas e levarmos os contenciosos a mudarem de postura, estabelecendo a paz (Gn 26.28-31).

5.2 - Ser benigno é imitar a Deus. Segundo Jesus a benignidade divina conosco deve nos levar a sermos benignos com os nossos semelhantes (Lc 6.35). Paulo transmitiu semelhante ensino “antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). Segundo Barclay (sd, p. 111), “a benignidade aprendeu o segredo de olhar sempre para fora, não para dentro. Faz com que perdoemos a outros como Deus nos perdoou. Desta maneira e numa só sentença Paulo estabelece a lei de relação pessoal. E esta lei é que devemos tratar a outros como Cristo nos tratou”.

CONCLUSÃO
A descrição das obras da carne e do fruto do Espírito nos diz o que devemos evitar e resistir, e o que devemos desejar e cultivar. Portanto, evitemos a porfia e cultivemos a benignidade. Somente desta forma imitaremos a Deus e glorificando o Seu Nome com o nosso comportamento.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico.CPAD.
BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GILBERTO, Antonio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
MOODY, D.L. Comentário Bíblico de Gálatas. PDF.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.CPAD.
STOTT, John. A mensagem de Gálatas. ABU.
VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

LIÇÃO 06 – PACIÊNCIA: EVITANDO AS DISSENSÕES (Tg 5.7-11) - 1º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 06 – PACIÊNCIA: EVITANDO AS DISSENSÕES (Tg 5.7-11) - 1º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição refletiremos sobre a paciência como virtude do fruto do Espírito, notaremos sua importância  à vida do autêntico servo de Deus nas mas diversas áreas, e por fim, veremos algumas exortações bíblicas sobre a motivação que temos, em cultivar a longanimidade.

I – A PACIÊNCIA E O SEU SIGNIFICADO
1.1 - Definição do termo. Do grego “makrothumia” também traduzido por “longanimidade”. É a junção de “makros” que significa “grande ou longo” e “thumos” que quer dizer “ânimo ou disposição” (BARCLAY, 1988 p. 88). Essa palavra grega aponta para a grande paciência, para a grande tolerância, para a persistência em não se deixar arrebatar pelas emoções fortes. De acordo com Champlin (2004, p. 904), há catorze ocorrências dessa palavra grega no Novo Testamento (Rm. 2.4; 9.22; 2 Co 6.6; Gl. 5.22; Ef 4.2; Cl 1.11; 3.12; 1Tm 1.16; 2 Tm. 3.10; 4.2; Hb. 6.12; Tg. 5.10; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15).

1.2 - Como atributo Divino. A longanimidade ou paciência como atributo de Deus, refere-se ao Seu autocontrole com relação a Sua justa ira diante da rebelião e do pecado (Êx 34.6; Nm 14.18; SI 85.3; 86.15; 103.8; 145.8; Jn 4.2; Rm 2.4; 1 Tm 1.16; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9). “Um Deus que é santo deve punir o pecado, no entanto, sua natureza amorosa retarda essa punição para dar tempo ao pecador de se arrepender e abandonar o pecado” (1Tm 1.16; 1Pe 3.20). Devemos observar, porém, que, embora a paciência de Deus não conheça limites com relação à Sua profundidade (Rm 5.20), Seu comprimento e largura são limitados (Gn 6.3; Rm 11.22-a) (TYNDALE, 2015, p.1101).

1.3 - Como fruto do Espírito. A paciência como fruto do Espírito, trata-se da virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de suportar, de forma graciosa, uma situação insuportável e resistir, com paciência, o irresistível (2 Co 6.6). Segundo Gilberto (2004, p. 46) “A paciência como fruto do Espírito, capacita o crente a exercer o autodomínio (conter-se ou refrear-se) diante da prova. Não é precipitado em acertar as contas ou punir […] Todos estes aspectos da longanimidade são parte do processo que nos conforma à imagem de Cristo” (2 Co 3.18; Cl 3.10; 2 Pe 1.5-8). Por meio dessa virtude, o cristão tem condições de manter o equilíbrio em meios as provações e diante das afrontas, sem alimentar o sentimento de vingança, antes entregando tudo nas mãos do Senhor (Rm 12.19). “[...] Longanimidade é o amor sofrendo ou suportando” (OLIVEIRA, 1987, p. 140).

II – A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA NA VIDA CRISTÃ
O que tem longanimidade é longânimo, do hebraico “erek appayim”, que quer dizer “lento em irar-se”, e  literalmente, essa expressão significa “comprido de nariz ou comprido de rosto”, e veio a ser associada à idéia de irar-se com dificuldade (talvez devido ao fato de que é no rosto que a pessoa mostra suas emoções fortes, pelo que, a fisionomia seria indicadora dessas emoções) ou então, como outros têm sugerido, o nariz é um indicador da ira, visto que a pessoa respira forte ou mesmo resfolega, quando excitada pela ira (CHAMPLIN, 2004, p. 904). Vejamos a importância de possuir a paciência:

2.1 - No relacionamento interpessoal. As primeiras qualidades do fruto do Espírito – amor, alegria e paz – são ingredientes essenciais de nossa vida espiritual interior, de nossa relação pessoal com Deus; os três seguintes começando com a paciência ou longanimidade, são manifestações exteriores do amor, da alegria e da paz em nossas relações com as pessoas  à nossa volta (GILBERTO, 2004, p. 76). Sobre a importância da longanimidade destacamos: (a) O apóstolo Paulo expressa aos Colossenses o desejo de que eles tenham essa qualidade (Cl 1.9-11); (b) uma das características do autêntico cristão (Cl 3.12); (c) deve ser exercitada com todos (1 Ts 5.14); (d) virtude imprescindível para o ministério do ensino (2 Tm 4.2); (e) pacifica as intrigas (Pv 15.18).

2.2 - Prevenindo contra a dissenção. Sobre a dissenção, já temos visto ser uma das obras da carne listadas pelo apóstolo Paulo aos gálatas. Do grego “dichostasia”, significa “sedição, rebelião”, e também “posicionar-se uns contra os outros”; trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não também no que é dos outros (LOPES, 2011, p. 245). Na igreja que estava em Corinto, Paulo faz uma incisiva advertência sobre esse sentimento presente entre os irmãos; apesar de ser uma igreja fervorosa onde havia manifestações diversas dos dons espirituais (1Co 1.7) contudo, o apóstolo os chama de crentes carnais e não de espirituais (1Co 3.1). “A rivalidade, motivada por egoísmo, só pode resultar em divisões que destroem a unidade da igreja. Aqui, Paulo não está falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele está preocupado com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência é determinada pela natureza  pecaminosa”. (BEACON, 2006, p.72). Uma vez que havia dissensões no seio da igreja trazendo partidarismo (1Co 1.10-12; 3.1-4) como também prejuízo à liturgia do culto (1Co 11.17-21); para corrigir esses e outros erros, o apóstolo reafirma a necessidade de possuir o “fruto do Espírito” caracterizado pela sua principal virtude o amor (1Co 13.1-7).

2.3 - Um remédio contra ansiedade. De acordo com Andrade (2006, p.49) a ansiedade é: “Aflição, inquietação, preocupação. Estado de angústia que induz o ser humano a projetar, no futuro, perigos irreais, nascidos, via de regra, das interrogações do dia-a-dia”. A ansiedade tem sido responsável por grande parte dos problemas espirituais e emocionais de muitos crentes. Segundo Lopes (2007, p. 229): “A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade”. Em função disso, o Senhor Jesus adverte: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O ansioso geralmente antecipa os problemas. A ansiedade produz o sofrimento antecipadamente; a ansiedade esgota as forças antes do problema chegar; por essa e outras razões precisamos da paciência como remédio para a alma (Fp 4.6; 1Pe 5.7).

III – EXORTAÇÕES À PACIÊNCIA
No último capítulo da sua epístola, o apóstolo Tiago pontua ricas recomendações e exortações a respeito de diversos assuntos, entre eles está a paciência necessária ao cristão. Destaquemos algumas delas:

3.1 - A segunda vinda de Cristo, uma motivação à paciência (Tg 5.7-9). É importante destacar que a segunda vinda de Cristo é mencionada três vezes nessa passagem, por certo, com o objetivo de animar os irmãos a cultivarem a longanimidade ao terem em vista a bendita esperança da volta de Jesus (Tt 2.13). Ao ter essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para continuarmos sendo pacientes (Tg 5.8); não menos importante, Tiago lembra que a atitude inversa à vontade de Deus, ou seja, o crente não ser longânimo, será julgada (Tg 5.9).

3.2 - Exemplos de paciência, uma referência a ser seguida (Tg 5.10,11). Para encorajar os seus leitores ao exercício da paciência, o apóstolo faz alusão a figuras e personagens que servem de modelo a serem seguidos. Vejamos:

3.2.1 - O lavrador. Uma das atividades que mais exige paciência, com certeza, é de agricultor, isso se dá por razões conhecidas, pois, nenhuma planta cresce da noite pra o dia, pelo fato de o lavrador não controla as condições climáticas, etc. Na Palestina, o grão é plantado no outono e recebe a chuva temporã no final de outubro. Ele recebe a chuva [...] serôdia em março e abril, pouco antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o agricultor espera pacientemente pela colheita (BEACON, 2006, p.191). Por essa razão Tiago retrata o cristão como um “agricultor espiritual” à espera da colheita espiritual. A razão da sua paciência é sua esperança confiante na colheita, a ceifa faz a espera valer a pena (Tg 5.7). “Porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.9). “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração” (Tg 5.8). Nesse exemplo a paciência é sinônimo de perseverança em aguardar pelos resultados (Hb 10.36-38).

3.2.2 - Os profetas. Chamados para serem porta-voz de Deus, geralmente em períodos marcados por crises diversas, foram perseguidos e alguns mortos por sua fidelidade; perseguição essa, denunciada por Estevão diante do Sinédrio: “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo [...]” (At 7.52). Os profetas são exemplos de pessoas que suportaram as mais diferentes dificuldades de forma resoluta, para proclamar a verdade de Deus, servindo de referência conforme ensinou o Senhor Jesus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11,12).

3.2.3 - O patriarca Jó. Lembrado como exemplo de piedade (Ez 14.14,20), cuja integridade foi atestada pelo próprio Deus (Jó 1.1; 2.3). O patriarca por meio das aflições que enfrentou e venceu, tornou-se também um exemplo daqueles que por meio da perseverança e paciência, alcançam as bençãos do Senhor (Jó 42.10-17). Por meio desses exemplos Tiago deseja estimular os leitores a serem pacientes em momentos de aflições. Como um lavrador, esperamos a colheita espiritual, pois os frutos glorificarão a Deus; à semelhança dos profetas, testemunhamos apesar das perseguições; e como Jó, esperemos o Senhor cumprir seu propósito amoroso, sabendo que jamais causará qualquer sofrimento desnecessário na vida de seus filhos (Rm 8.28).

CONCLUSÃO
Concluímos que ter paciência é uma necessidade de todo cristão, diante das diversas situações a que estão  submetidos, como também nos tornar capazes de suportar e saber agir pacientemente, para conservação da unidade cristã evitando as divisões.

REFERÊNCIAS
BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA. 
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
LOPES, Hernades dias. Comentário Expositivo Gálatas. HAGNOS
OLIVEIRA, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia.CPAD
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
TYNDALE,  Dicionário Bíblico. GEOGRÁFICA

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