Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
07 – BENIGNIDADE: UM ESCUDO PROTETOR CONTRA AS PORFIAS (Cl 3.12-17) 1º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição traremos uma definição da palavra benignidade; veremos que Deus é benigno
e elencaremos as demonstrações de sua benignidade em favor do homem;
destacaremos também a ligação que há entre a benignidade e outras virtudes do
Espírito; pontuaremos a exortação bíblica de que devemos manifestar este fruto
nos nossos relacionamentos interpessoais. Por fim, falaremos da porfia,
trazendo uma definição desta obra da carne, destacando seu efeito maléfico e
destruidor contrapondo com os efeitos benéficos da benignidade.
I
– A VIRTUDE DA BENIGNIDADE
A
quinta virtude elencada por Paulo em Gálatas 5.22 é a benignidade. Segundo o
Aurélio (2004, p. 286) o adjetivo benigno significa: “benévolo, suave,
brando, agradável”. No AT a palavra hebraica usada é “hesed” que
segundo Vine (2002, p. 183) significa: “benignidade, amor firme, graça,
misericórdia, fidelidade, bondade, devoção”. No NT a palavra grega para
benignidade é “chrestotes” que segundo Gilberto (2004, p. 90) quer
dizer: “bondade como qualidade de pureza e também como disposição afável em
termos de caráter e atitudes. Abrange ternura, compaixão e brandura”. Barclay
(sd, p. 80) diz que “os antigos escritores definiam a ‘crestotes’ como a
virtude do homem para quem o bem de seu próximo é tão caro como o próprio”.
1.1
- Deus é benigno. A natureza de Deus é benigna (II Sm 22.6; Sl 18.25; 145.8; Lc
6.35; Ef 4.32; I Pe 2.3). O próprio Deus é chamado de benignidade (Sl 144.2). O
profeta Miqueias disse que Ele: “tem prazer na sua benignidade” (Mq
7.18). A benignidade divina é tão exaltada no AT que faz parte da letra dos
hinos de louvor (I Cr 16.34, 41; II Cr 7.6; 20.21; Ed 3.11; Sl 107.1; 118.1-29;
136.1.1-26). No livro dos salmos encontramos vários detalhes sobre a
benignidade de Deus, tais como:
(a)
ela é grande (Sl 5.7; 108.4; 117.2; Jn 4.2; Jl 2.13);
(b)
é atemporal (Sl 25.6; 89.2; 118.1);
(c)
são preciosas (Sl 36.7);
(d)
são abundantes (Sl 86.5; Is 63.7);
(e)
nos sustentam (Sl 94.18);
(f)
enche a terra (Sl 119.64);
(g)
nos consola (Sl 119.76;); e,
(h)
vivifica (Sl 119.88,159).
Segundo
Jesus, a benignidade divina é demonstrada para todos os homens indistintamente “porque
ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6.35).
1.2
- Demonstrações da benignidade divina. A Bíblia revela-nos diversas
demonstrações da benignidade de Deus, por exemplo: com José em toda a sua
trajetória, principalmente quando injustamente foi para o cárcere (Gn 39.21);
Ana recorreu a Deus para que atentasse com benignidade para ela e ele atendeu
(ISm 1.11,19); com Davi (Sl 118.1-29); inúmeras vezes para com a nação de
Israel (Sl 136.10-26); com a grande cidade de Nínive, mostrando que sua
benignidade não está restrita aos judeus (Jn 4.2); por fim, a maior
demonstração da benignidade divina se deu quando judeus e gentios foram
encerrados debaixo do pecado, Deus achou por bem de misericórdia para com todos
(Rm 11.32), quando enviou Jesus Cristo, o seu Filho Unigênito, para com a sua
morte nos proporcionar salvação, revelando as riquezas da sua benignidade (Rm
2.4; Ef 2.7; Tt 3.4,5).
II
– A LIGAÇÃO DA BENIGNIDADE COM OUTRAS VIRTUDES
2.1
- A benignidade e o amor. Paulo diz que “o amor é benigno” (I Co 13.4).
Falando sobre a salvação, o apóstolo diz que em Cristo “[...] apareceu a
benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens” (Tt 3.4).
Estas duas virtudes estão tão intimamente ligadas que Moody (sd, pp. 34,35) diz
que “benignidade é melhor traduzida para amabilidade”. Portanto, o cristão se
caracteriza por uma bondade que é amável.
2.2
- A benignidade e a bondade. A benignidade e a bondade estão de tal forma
relacionadas que não é fácil distingui uma da outra. Gilberto (2004, p. 89),
denominou estas duas virtudes de “fruto gêmeo”. No entanto, é necessário
entender que nem todo ato de bondade provém de uma pessoa benigna, mas toda
pessoa benigna produz atos de bondade. Portanto, benignidade fala da natureza
da pessoa, enquanto a bondade fala das atitudes desta pessoa. Radmacher
(2010, p. 511), confirma isso dizendo: “a nova vida nos leva a ser benignos,
manifesta-se em atos de bondade e capacita-nos a perdoar as ofensas cometidas
pelos outros”.
2.3
- A benignidade e a misericórdia. Frequentemente a virtude da benignidade manifesta-se
junto da misericórdia, mostrando que amba estão entrelaçadas (Cl 3.12). Tanto a
expressão “hesed” no hebraico quanto “chrestotes” no grego são
utilizadas para descrever uma ou outra virtude. No AT hesed aparece na ocasião
em que Davi decide beneficiar alguém que restou da família de Saul, por amor de
Jônatas seu amigo (2 Sm 9.1,7). A atitude de Davi contraria o costume da época,
pois era normal que um rei ao assumir o trono de alguém que não fosse seu
parente, executasse seus descendentes (2 Rs 10.1-7). Apesar de Davi ter sofrido
muitas perseguições de Saul (1 Sm 18.10,11; 21-22,29; 19.1; 9-10) e de ter oportunidade
de matá-lo, duas vezes (I Sm 24.3-12; 26.8-11), mostrou-se benigno não lhe
fazendo mal nem a sua descendência (2 Sm 9.7-13). Inclusive chorou pela morte
de Saul, mostrando que não tinha ressentimento (2 Sm 1.1-27).
III
– DEFININDO A PALAVRA PORFIA
Segundo
o Aurélio (2004, p. 1603) significa: “discussão ou contenda de palavras”.
Figuradamente quer dizer: “competição, rivalidade; disputa”. A palavra
grega para porfia é “erithia” ou “eritheia” que segundo Vine
(2002, p. 884): denota “ambição, egoísmo, rivalidade” e ainda “fazedor de
partidos de divisões”. Para o AT a porfia é uma iniquidade tão grave como a
idolatria “o porfiar é como iniquidade e idolatria” (I Sm 15.23). Paulo
a reprova severamente classificandoa como obra da carne (Gl 5.20; I Tm 6.4), e
diz que é um dos males que caracteriza o mundo pagão (Rm 1.29).
3.1
- O mau exemplo de alguns membros da igreja em Corinto. Em Corinto, os cristãos
estavam deixando a unidade cristã e se reunindo em grupos, causando assim,
facções e divisões na igreja (I Co 1.12,13; 3.4,5). Paulo os repreendeu severamente
dizendo que pretendia visitá-los mas não queria encontrá-los dessa forma (2 Co
12.20). Não podemos permitir que as obras da carne venham minar a unidade da
igreja, pois a comunhão cristã desconhece distinções sociais, culturais e nacionais
e é vital à comunhão e à paz da igreja (Jo 17.23; Ef 4.3; Cl 3.11).
IV
– O CONTRASTE ENTRE A BENIGNIDADE E A PORFIA
V
– DEVEMOS SER BENIGNOS
Essas
três virtudes estão conectadas com a nossa relação com o próximo. Moody (sd, p.
35), diz que benignidade “é a benevolência nas atitudes, uma virtude
visivelmente social”. Stott (2000, p. 135) também afirma que “é uma virtude voltada
para os outros e não para Deus”. Abaixo destacaremos porque o crente deve ser
benigno:
5.1
- Ser benigno é um mandamento. Desde o AT que Deus requereu do seu povo que
agisse benignamente (Mq 6.8-a) expressão
usada por Paulo em Efésios 4.32 quanto a prática da benignidade é um mandamento
“antes sede uns para com os outros benignos” (Ef 4.32-a). Segundo
Champlin, (2004, p. 52) a palavra mandamento em português, deriva do latim, “mandare”,
ordenar, mandar. O sentido da palavra é ordenar, do ponto de vista de
alguma autoridade assumida. O mandamento requer obediência, e, com frequência,
repousa sobre algum dever. O apóstolo diz em Colossenses 3.12 que devemos nos
revestir da benignidade (Cl 3.12).
5.2.1
- O bom exemplo de Isaque. Em Gerar, Deus começou a prosperar tudo o que Isaque
punha as suas mãos (Gn 26.12-14). Por estar sendo bem-sucedido, Isaque
despertou a inveja de seus vizinhos que procuraram prejudicá-lo. A Bíblia diz que
“[...] os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo:
esta água é nossa”. No entanto, o patriarca agiu com benignidade cedendo e
mudando-se para outro lugar. Deus viu a sua atitude e providenciou-lhe o
necessário (Gn 26.22-25). Com Isaque aprendemos que:
(a)
devemos ser benignos até com aqueles que são malignos (Gn 26.14-17);
(b)
às vezes é necessário perder para ganhar (Gn 26.17,22-25); e,
(c)
é possível com a benignidade evitarmos contendas e levarmos os contenciosos a
mudarem de postura, estabelecendo a paz (Gn 26.28-31).
5.2
- Ser benigno é imitar a Deus. Segundo Jesus a benignidade divina conosco deve
nos levar a sermos benignos com os nossos semelhantes (Lc 6.35). Paulo
transmitiu semelhante ensino “antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef
4.32). Segundo Barclay (sd, p. 111), “a benignidade aprendeu o segredo de olhar
sempre para fora, não para dentro. Faz com que perdoemos a outros como Deus nos
perdoou. Desta maneira e numa só sentença Paulo estabelece a lei de relação
pessoal. E esta lei é que devemos tratar a outros como Cristo nos tratou”.
CONCLUSÃO
A
descrição das obras da carne e do fruto do Espírito nos diz o que devemos
evitar e resistir, e o que devemos desejar e cultivar. Portanto, evitemos a
porfia e cultivemos a benignidade. Somente desta forma imitaremos a Deus e glorificando
o Seu Nome com o nosso comportamento.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico.CPAD.
BARCLAY,
William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GILBERTO,
Antonio. O fruto do Espírito: a plenitude de Cristo na vida do crente. CPAD.
MOODY,
D.L. Comentário Bíblico de Gálatas. PDF.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.CPAD.
STOTT,
John. A mensagem de Gálatas. ABU.
VINE,
W.E et al. Dicionário Vine. CPAD.
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