domingo, 29 de novembro de 2020

LIÇÃO 10 – A ÚLTIMA DEFESA DE JÓ (Jó 29.1-5; 30.1-5; 31.1-5) - 4º TRIMESTRE DE 2020

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 10 – A ÚLTIMA DEFESA DE JÓ - (Jó 29.1-5; 30.1-5; 31.1-5)

4º TRIMESTRE DE 2020


INTRODUÇÃO

Neta lição veremos que Jó vai relembrar o seu passado de felicidades e gozo; pontuaremos o lamento e o sofrimento no presente da vida do patriarca; analisaremos a sua última defesa; e por fim, notaremos como Jó relembra sua vida de justiça e retidão diante de Deus e dos homens.

I – JÓ RELEMBRA OS TEMPOS FELIZES DA SUA VIDA

Nos três capítulos 29, 30 e 31 Jó recapitula as bênçãos de Deus no passado (Jó 29), lamenta o sofrimento no presente (Jó 30) e pede a Deus para justificá-lo no futuro (Jó 31). Sem dúvida, Deus nos permite passar por dificuldades e tristezas, mas Deus também nos dá vitórias e alegrias. “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (Jó 2.10). Quando passamos por provações, é natural ter saudades dos “bons tempos” de outrora, mas nosso anseio não muda a situação em que nos encontramos: “Ah! Quem me dera ser como fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava!” (Jó 29.2). Em tempos de decepção, é bom “recordar” os feitos do Senhor (Sl 77.10,11; 42.6).

1.1 - Jó relembra que sua maior alegria era a presença de Deus em seu lar (Jó 29.2-6). Ele olha para traz e diz: “Ah! quem me dera ser como fui nos meses passados” (Jó 29.2). Deus cuidava dele e compartilhava com ele sua amizade (Jó 29.4). A luz de Deus estava sobre Jó, e sua presença estava com ele e seus filhos: “Quando fazia resplandecer a sua lâmpada” (Jó 29.3). O Senhor era seu amigo: “Quando a amizade de Deus estava sobre a minha tenda” (Jó 29.4). Deus era a fonte de toda a riqueza e sucesso de Jó, quando ele “lavava os pés em leite, e da rocha [lhe] corriam ribeiros de azeite” (Jó 29.6).

1.2 - Jó relembra da alegria de ter o respeito de outros (Jó 29.7-11). Quando caminhava pela cidade, os jovens abriam caminho para que ele passasse. Quando eu saía para a porta da cidade. Jó era um honrado cidadão da sociedade. Ele se sentava junto ao portão da cidade com sábios e juízes. Homem respeitado, fazia parte do conselho da cidade. Ele julgava os outros, por ser um sábio reconhecido. Era também um homem dotado de poder. Ele tinha muitos amigos, alguns dos quais ocupavam os postos de autoridade mais altos na comunidade. Aonde quer que fosse, era tratado com respeito: “Ouvindo-me algum ouvido, esse me chamava feliz; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim” (Jó 29.11). Sua outra fonte de alegria era o ajudar outros. Jó compartilhava com outros aquilo que Deus lhe dava (Jó 29.12-17).

1.3 - Jó relembra que foi um homem que ofereceu socorro e alegria a muitos (Jó 29.12-17). Jó fortaleceu a retidão e a justiça na cidade e ao ajudar os deficientes, suprir as necessidades dos desvalidos e até mesmo defender os desconhecidos. Mas Jó não se limitou a ajudar os necessitados; também confrontou e subjugou os perversos (Jó 29.17). Jó comparou os perversos a animais ferozes que estavam prontos a devorar os fracos, mas ele salvou as vítimas quando estavam prestes a ser devoradas. Ele se via como uma árvore com raízes profundas que continuaria dando frutos (Jó 29.19).

II – O LAMENTO E O SOFRIMENTO NA VIDA DE JÓ

Em seu lamento, Jó contrastou sua situação presente com a vida que costumava levar no passado e mostrou como tudo pode ser mudado segundo a vontade de Deus. Jó apresenta cinco “queixas” neste capítulo 30: “Não sou mais respeitado” (vv. 1-15); “Não sou mais abençoado” (w. 16-23); “Não tenho quem me socorra” (vv. 24, 25); “Não tenho futuro” (vv. 26-28); “Não tenho um ministério” (vv. 29-31); e, “Não sou mais respeitado” (vv. 1-15). Notemos as queixas do patriarca:

2.1 - Jó foi zombado pelos jovens (Jó 30.1,9,10). Em outros tempos, estes mesmos jovens abriam passagem para Jó (Jó 29.8), pois Jó havia sido o mais eminente dos homens do Oriente, mas agora é motivo para canções de zombaria do populacho (Jó 30.9). Uma vez que esses homens do populacho “sacudiram de si o freio” (Jó 30.11), tornaram a vida de Jó insuportável. Jó os descreve como um exército impiedoso, sitiando uma cidade, construindo rampas, lançando armadilhas a seus pés, rompendo defesas e desferindo ataques contra ele (Jó 30.12-14).

2.2 - Jó perdeu a esperança de dias melhores em sua vida. Seus dias eram como uma tempestade que o assustava varrendo sua alegria e destruindo sua segurança como o vento que sopra uma nuvem passageira (Jó 30.15). Ele demonstrou a sua angústia quando disse: “Agora [...] os dias da aflição se apoderaram de mim” (Jó 30.16). Jó suplicava por sua vida, mas a morte parecia inevitável (Jó 30.23), e não tinha que o ajudasse: “Não tenho quem me socorra” (Jó 30.24,25).

2.3 - Jó havia ajudado os necessitados, mas não havia quem o socorresse (Jó 30.26-28). Ninguém chorava com ele, nem sequer o tocava. Era tratado como um leproso que poderia contaminar quem se aproximasse ou como um condenado que poderia ser destruído por Deus a qualquer momento. Onde estavam as pessoas que Jó havia socorrido? (Jó 29.12-17). Ao invés de conforto e paz, havia apenas uma inquietação interior: “O meu íntimo se agita sem cessar; e dias de aflição me sobrevêm” (Jó 30.27). Ele chegou a desabafar dizendo: “Onde está, pois, a minha esperança?”, havia perguntado anteriormente na discussão. “Sim, a minha esperança, quem a poderá ver?” (Jó 17.15).

III - A ÚLTIMA DEFESA DE JÓ

O capítulo 31 de Jó registra a última defesa dele. Jó citou três pecados específicos que poderiam fazer qualquer homem tropeçar: lascívia (Jó 31.1-4), falsidade (Jó 31.5-8) e o adultério (Jó 31.9-12). Notemos:

3.1 - O primeiro pecado que Jó negou foi a lascívia (Jó 31.1-4). Jó inicia dizendo: “Fiz aliança com meus olhos” (Jó 31.1). A lascívia é o primeiro passo para o pecado, e o pecado é o primeiro passo para a morte (Tg 1.13-16). Jesus afirmou: “Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt 5.28). Deus vê tanto nossas ações quanto “os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12,13). Jó sabia disso muito bem e por isso disse: “Acaso, não é a perdição para o iníquo, e o infortúnio, para os que praticam a maldade?” (Jó 31.3).

3.2 - O segundo pecado que Jó negou foi a falsidade (Jó 31.5-8). Jó jamais usou de qualquer dolo em seus negócios a fim de ganhar mais dinheiro: “Se andei com falsidade [...] Se o meu pé se apressou para o engano” (Jó 31.5). Na verdade, nem sequer andava com pessoas que agiam desse modo e não tinha medo de ser examinado por Deus: “Pese-me Deus em balanças fiéis...” (Jó 31.6). Seu coração não havia sido ganancioso, nem suas mãos haviam se contaminado, pois ele não havia tomado o que não lhe pertencia. Jó era inocente de qualquer forma de imundícia: “Se os meus passos se desviaram do caminho” (Jó 31.7).

3.3 - O terceiro pecado que Jó negou foi o adultério (Jó 31.9-12). Em momento algum Jó havia espreitado a esposa de seu próximo para ver se ela estava sozinha: “Se o meu coração se deixou seduzir por causa de mulher” (Jó 31.9). Caso fosse culpado, estava disposto a ver sua própria esposa tornar-se escrava e amante de outro homem pois sabia que isso era um grande crime: “Então moa minha mulher para outro [...] Pois seria isso um crime hediondo [...] Pois seria fogo que consome” (Jó 31.10-12). O adultério traz consequências dolorosas nesta vida e julgamento na próxima (Pv 6.27-29; Ef 5.3-7; Hb 13.4).

IV - EM SUA DEFESA, JÓ RELEMBRA SUA VIDA DE JUSTIÇA

4.1 - Jó relembra que foi um patrão justo (Jó 31.13-15). Essa introspecção de Jó foi tão cuidadosa que incluiu até mesmo sua forma de tratar os servos: “Se retive o que os pobres desejavam” (Jó 31.16). A maioria dos senhores de seu tempo teria ignorado esse aspecto da vida. Jó tratava seus servos com generosidade e resolvia suas queixas com justiça, pois sabia que, um dia, teria de prestar contas a Deus (Jó 31.14 ver Ef 6.9). Também sabia que ele e seus servos haviam sido criados pelo mesmo Deus e vindo ao mundo do mesmo modo.

4.2 - Jó relembra que foi um cidadão justo (Jó 31.16-23, 29-32). Em resposta às falsas acusações de Elifaz (Jó 22.6-9), Jó havia relatado anteriormente como havia cuidado dos pobres e necessitados (Jó 29.12-17); mas repetiu esses fatos como parte de seu juramento. Não estava se vangloriando, mas sim se defendendo diante dos homens e buscando a justificação de Deus. Jó compartilhava de seu suprimento básico de alimentos, de vestuário, das necessidades básicas da vida, e os órfãos foram os primeiros recebedores dessa generosidade: “Ou se sozinho comi o meu bocado” (Jó 31.17,18). Ainda: “Se a alguém vi perecer por falta de roupa” (Jó 31.19,20).

4.3 - Jó relembra que foi um juiz justo (Jó 31.23). Se havia levantado sua mão contra qualquer homem num tribunal: “Se eu levantei a mão contra o órfão, por me ver apoiado pelos juízes” (Jó 31.21), Jó esperava que Deus arrancasse fora aquele braço: “Porque eu livrara os pobres que clamavam” (Jó 29.12,13). Jó se preocupara com as necessidades das viúvas, dos órfãos e dos pobres. Suprira o alimento e as roupas de que precisaram e os defendera na justiça: “Eu me cobria de justiça” (Jó 29.14). E continua: “Eu me fazia de olhos para o cego” (Jó 29.15), “Dos necessitados era pai [...] Até as causas dos desconhecidos eu examinava” (Jó 29.16).

4.4 - Jó relembra que foi justo com os inimigos e forasteiros (Jó 31.29-32). Uma vez que ele era um xeique rico e poderoso, por certo havia muita gente que o odiava e invejava, e, no entanto, Jó usava de bondade para com essas pessoas. Não se alegrava com o infortúnio delas (Êx 23.4, 5; Pv 24.17,18; Mt 5.43-47), nem pedia a Deus que as amaldiçoasse (Rm 12:1 7-21). Jó também era generoso para com os forasteiros, dando-lhes comida e um lugar para passar a noite. Ninguém poderia acusar Jó de ser um homem egoísta (Jó 31.31).

4.5 - Jó relembra que foi um administrador justo (Jó 31.38-40). Nos versículos 35 a 37, Jó lembrou de mais uma área da qual devia tratar: sua administração (Jó 31.38). Ao fazer uma revisão do juramento de Jó, descobrimos que ele pediu que Deus mandasse julgamentos terríveis sobre ele, caso fosse culpado de qualquer um dos pecados citados: “outros comeriam sua colheita e arrancariam do solo as plantações” (Jó 31.8); “sua esposa se tornaria serva e amante de outro homem” (Jó 31.10); “seu braço seria arrancado do ombro” (Jó 31.22); e, “teria uma colheita de ervas daninhas e de espinhos” (Jó 31.40). Jó deixou claro que, com esses julgamentos, estava disposto a enfrentar o julgamento justo de Deus (Jó 31.14, 23,28).

CONCLUSÃO

Nesta lição, vimos que Jó se lembrou de seu passado abençoado e de como agiu com integridade e justiça com o próximo. Vimos que Jó nunca havia agido de forma injusta com ninguém nem tampouco cometido pecados que o desonrassem moralmente e mesmo depois de tudo que ele passou, a sua integridade estava intacta como antes.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.

GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

CHAPMAN, M. L. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. CPAD.

LIÇÃO 09 – JÓ E A INESCRUTÁVEL SABEDORIA DE DEUS (JÓ 28. 1-28) - 4º TRIMESTRE DE 2020

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 09 – JÓ E A INESCRUTÁVEL SABEDORIA DE DEUS - (JÓ 28. 1-28)

4º TRIMESTRE DE 2020


INTRODUÇÃO

Estudaremos na lição de hoje a inescrutável sabedoria de Deus presente no Livro de Jó, para isso veremos a definição da palavra sabedoria, tanto no antigo quanto no Novo Testamento, analisaremos os tipos de sabedoria e por fim, pontuaremos que o temor ao Senhor conduz à verdadeira sabedoria.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA SABEDORIA

1.1 - Definição exegética. Do hebraico “chochmá” ser sábio, tomar-se sábio, agir sabiamente; instruir, tomar sábio, instruído, conhecedor, mostrar-se sábio, demonstrar sabedoria, fingir-se sábio, ser sábio, tomar-se sábio [...]. O significado básico do vocábulo é sugerido tornar-se sábio; obter sabedoria. Vários provérbios encorajam o leitor a buscar e a adquirir sabedoria por meio do estudo, da experiência, e da associação com os sábios: “Sê sábio, filho meu...” (Pv 27.11). Por meio da instrução adequada: “o simples obtém sabedoria (Pv 21.11; 8.32-33), e até o sábio: “se fará mais sábio ainda” (Pv 9.9). A possibilidade de adquirir sabedoria é o interesse de inúmeras passagens que empregam o vocábulo (Dt. 32.29; l Rs 4.31 5.11; Jó 32.9; Pv 6.6; 9.12; 13.20; 19.20; 20.1; 23.15, 19; Ec 2.15, 19; 7.23; Zc 9.2) (VANGEMEREN, 2011, pp.127-128).

1.2 - Sabedoria no Antigo Testamento. No AT, a sabedoria é profundamente prática, é a arte de ser bem-sucedido e de traçar o plano correto para obter os resultados desejados. Os líderes especialmente necessitavam dela, e alguns a receberam (Dt 34.9; 2Sm 14.20; lRs 3-9). Era um atributo do Messias prometido (Is 11.2). Uma classe especial de sábios parece terse desenvolvido na época dos reis de Israel (Jr 18.18). Entretanto, a sabedoria em seu sentido mais pleno pertence a Deus (Dn 2.20) e compreende conhecimento (Pv 15-3) e controle completos dos processos naturais (Is 28.23) e históricos (Is 31.2). Pela sabedoria, Deus criou as pessoas (Sl 104.24) e as julga com justiça (SI 73). A verdadeira sabedoria humana brota do Senhor (Pv 1.7) e se aplica à vida diária; os profetas associaram essa combinação de percepção e obediência ao conhecimento de Deus (Os 4.1,6) (WILLIAMS, 2000, p. 324).

1.3 - Sabedoria no Novo Testamento. A sabedoria tem a mesma natureza prática que no AT e em geral é dada por Deus [...]. Divorciada de Deus, é empobrecida (1Co 2.4) ou toma-se perversa (Tg 3.l4). Jesus prometeu sua sabedoria para quando seus seguidores estivessem em julgamento (Lc 21.15). Era necessária não só para os líderes (At 6.3), mas também para se demonstrar especialmente na vida e morte de Cristo (Rm 11.33) e se manifestar na igreja (Ef 3.10). Jesus afirmou ter sabedoria (Mt 12.42) e surpreendeu multidões com ela (Mt 13-54). Paulo chama Jesus “sabedoria de Deus” (1Co 1.24, 30), talvez vendo em sua nova revelação um reflexo da relação entre a lei antiga e a sabedoria (Dt 4.6). Jesus é cultuado no céu por sua sabedoria completa (Ap 5.12; cf. Cl 2.3) (WILLIAMS, 2000, p. 324).

II – OS TIPOS DE SABEDORIA

2.1 - A sabedoria que não vem do alto (Tg 3.15). Esta sabedoria não procede de Deus e possui três características principais: é terrena, animal e diabólica. É a sabedoria que produz maus frutos e não promovem a paz e a comunhão. Vejamos:

(a) É terrena. O termo deriva-se do grego “epigeios” e significa “da terra”, “terrestre”. É a sabedoria deste mundo, em contraste com a que procede do céu (Jo 3.12; 1Co 1.20,21; Tg 1.5). É uma sabedoria limitada, egocêntrica, como a dos inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.19).

(b) É animal. Ou seja, não é espiritual. A palavra grega para animal é “psykikos” e é traduzida por natural em contraste com a sobrenatural ou espiritual (1Co 2.14; 15.44,46). É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus.

(c) É diabólica. O termo grego é “daemon” e significa “demoníaca” ou “diabólica”. Essa foi a sabedoria usada pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo (Gn 3.1-5). O diabo tenta os homens de várias formas: pela cobiça (Lc 22.3); pelo ódio (Jo 8.44) e pelo engano e pela malícia (2Co 11.3).

2.2 - A sabedoria que vem do alto (Tg 3.17). “A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto, visto que ela é fruto de oração (Tg 1.5), ela é dom de Deus (Tg 1.17). Essa sabedoria está em Cristo: Ele é a nossa sabedoria (1Co 1.30). Em Jesus temos todos os tesouros da sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto que ela nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como resposta de oração” (Ef 1.17; Tg 1.5) (LOPES, 2006, p. 77). Notemos:

(a) É pura. A sabedoria de Deus é incontaminada, sem qualquer defeito moral e livre de impureza. O termo deriva-se do grego “hagnos” e pode ser traduzido por “limpo”, “puro”, “inocente”. A sabedoria que vem do alto não pode conduzir o homem ao pecado e impureza (Pv 2.7; 4.11).

(b) É pacífica. A palavra deriva-se de dois termos gregos “eirene”, que significa “paz” e “poeiõ”, que quer dizer “fazer” e pode ser traduzida por “pacificador” ou “fazer a paz”. A sabedoria divina não é contenciosa, nem facciosa (Pv 3.17; Mt 5.9). Logo, aquele que é sábio não vive em contendas e dissenções (Tg 3.14).

(c) É moderada. O termo grego traduzido por moderada é “piekes”, e significa: “cheio de consideração”, “gentil”, qualidades essas que os homens facciosos e ambiciosos não possuem (Tg 3.14,16). Essa característica da sabedoria do alto trata da atitude de não criar conflitos nem comprometer a verdade para manter a paz.

(d) É tratável. A palavra grega é eupeithes e significa “facilmente persuadido” ou “contrário de obstinado”. Essa sabedoria é aberta à razão. É ser uma pessoa comunicável, de fácil acesso, que é capaz de mudar de opinião quando necessário (Fp 3.7).

(e) É cheia de misericórdia. A palavra misericórdia significa lançar o coração na miséria do outro. É inclinar-se para socorrer o aflito e sentir ternura pelo necessitado e estender-lhe a mão, ainda que ele nada mereça. A verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior (Rm 12.30; Cl 2.12).

(f) É cheia de bons frutos. A sabedoria de Deus é prática. Ela muda a vida e produz bons frutos para a glória de Deus. Nesse texto, os bons frutos têm o sentido de boas obras (Gl 5.22; Ef 5.8; Fp 1.11).

Uma das principais características da epístola de Tiago é o ensino sobre a teoria e a prática. Ele já havia ensinado sobre a necessidade de ouvir e praticar a Palavra (Tg 1.19-27); e entre a fé e as obras (Tg 2.14-16). Agora ele fala da necessidade de demonstrar a sabedoria pelas obras (Tg 3.13-18).

III – O TEMOR AO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA

Os amigos de Jó em vários de seus discursos não somente falaram sobre a Sabedoria, mas alegaram que eram sábios. Jó por sua vez, chegou à conclusão de que a sabedoria não estava com os seus amigos, e sim com Deus. Em Jó 28.28 encontramos este texto: “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência”. Isto remete ao clímax da argumentação de Jó sobre a sabedoria e a sua origem: Ela é divina! Não apenas divina, mas também relacional. Jó mostra não apenas a origem da sabedoria, de onde ela vem, mas também delineia o caminho que nos conduzirá até ela. (GONÇALVES, 2020, p.160). Vejamos:

3.1 - O Temor ao Senhor. O temor de Deus e a reverência por Ele são fundamentais no relacionamento do crente com Deus (Sl 61.5; Pv 1.7). O temor do Senhor nos torna cuidadosos e alertas para não ofendermos nosso Deus santo. Sem esse fundamento, não existe sabedoria genuína, e nenhuma experiência salvífica resistirá às provas do tempo e da tentação. O real temor de Deus e a real sabedoria bíblica fazem o crente abster-se do mal, e produzem “consolação do Espírito Santo”. Temer a Deus e continuar em pecado é uma impossibilidade moral. (STAMPS, 2018, p. 797).

3.1.1 - Recompensas para quem teme a Deus. É abençoado por Deus (Dt 28.1-2); Tem os seus pecados perdoados (Mt 9.2); Foge do pecado e da tentação (Gn 39. 7-12); Não ama as coisas do mundo (1Jo 2.15-17); É protegido pelo anjo do Senhor (Sl 34.7); É sábio (Sl 111.10); Aborrece o mal (Pv 8.13); O Senhor confirma as promessas feitas (Sl 119.38); Aumenta os nossos dias de vida (Pv 10.27); Tem paz (At 9.31) e quem teme a Deus procura levar as pessoas à fé em Cristo (2Co 5.11).

3.2 - Apartar-se do Mal. A pessoa que apregoa a majestade de Deus e a sua oposição ao mal será notada por seu esforço sincero, decisivo e total de separar-se do pecado (Sl 4.4; Pv 3.7; 8.13; 16.6; Is 1.16) e de obedecer a Palavra de Deus (Sl 112.1; 119.63; Pv 14.2,16; 2Co 7.1; Ef 5.21; 1Pd 1.17. O Aparta-se do Mal implica em santidade; e esta, é tão vital que a palavra professa: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

CONCLUSÃO

Os Amigos de Jó apresentaram-se como sábios, a sabedoria deles era fruto das especulações e curiosidades humanas; o patriarca Jó, por sua vez, apresentou uma sabedoria que não se consegue através de acúmulo de informações, mas sim, por meio do temor a Deus.

REFERÊNCIAS:

WILLIAMS, Dereck. Dicionário Bíblico Vida Nova. São Paulo: VIDA NOVA, 2000.

VANGEMEREN, Willem A. Novo dicionário internacional de teologia e exegese. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

GONÇALVES, Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

LOPES, Hernandes Dias. Tiago - transformando provas em triunfo. HAGNOS. 2015.

LIÇÃO 08 – A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSA POR TRIBULAÇÃO? (Jó 11.1-10; 20.1-10) - 4º TRIMESTRE DE 2020

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 08 – A TEOLOGIA DE ZOFAR: O JUSTO NÃO PASSA POR TRIBULAÇÃO? - (Jó 11.1-10; 20.1-10)

4º TRIMESTRE DE 2020

INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos informações sobre que foi o terceiro amigo de Jó; sua origem, o lugar de origem, sua teologia e sua cosmovisão; pontuaremos as acusações de Zofar contar Jó; e por fim, notaremos como o patriarca Jó e o próprio Deus refutou as acusações do naamatita Zofar.

I – INFORMAÇÕES SOBRE ZOFAR

1.1 - Quem foi Zofar. O nome Zofar em hebraico é “Tsofar” em algumas versões da Bíblia, com na Septuaginta o nome é traduzido para “Sophar”. Segundo Champlin (2001, vol. 3, p. 1912) o nome Zofar significa: “áspero” e na verdade, seus discursos eram exatamente isso. Seu nome ocorre por quatro vezes no livro de Jó 2.11; 11.1; 20.1, e 42.9. Os três amigos de Jó eram homens de idade, mas Zofar devia ser o mais jovem, uma vez que falou por último. Mas de qualquer forma, os três homens já eram idosos, inclusive eram mais velhos que Jó (Jó 15.10; 32.6). Era dos três amigos de Jó o mais dogmático e seu lema era: “Porventura, não sabes tu que desde todos os tempos [...] o júbilo dos perversos é breve, e a alegria dos ímpios, momentânea?” (Jó 20.4,5) (ANDRADE, 2006, p. 159 - acréscimo nosso).

1.2 - Lugar de origem de Zofar. Não temos muitas informações acerca deste terceiro amigo de Jó. Sabemos apenas que era naamatita (Jó 2.11; 11.1; 20.1; 42.9). Zofar é chamado de “o naamatita” e alguns estudiosos acreditam que talvez essa expressão esteja relacionada a alguma cidade da região de Edom. Este adjetivo revela que Zofar era originário de Naamá, um pequeno reino que se achava, provavelmente, no território da moderna Arábia Saudita tem sido apresentado como o possível lugar onde Zofar morava. O nome “Naamá” na Bíblia, ocorre em Josué 15.41, como uma das cidades que couberam por herança à tribo de Judá. Mas, visto que muitos creem que Jó viveu antes de Abraão, não podemos pensar que Zofar fosse de Judá, mas antes, alguma outra Naamá (CHAMPLIN, 2001, vol. 7, p. 5550). Naamá era o nome de uma descendente de Caim, filha de Lameque e Zilá, e irmã de Tubalcaim (Gn 4.22). Talvez Zofar, “o naamatita”, fosse descendente distante dessa linhagem (CHAMPLIN, 2001, vol 3, p. 1912).

1.3 - A Teologia de Zofar. O último dos amigos de Jó a falar foi Zofar e ele é o mais duro e impiedoso na acusação contra Jó, mas de forma geral ele seguiu a mesma linha de perseguição contra Jó. Parece que ele não acreditava no sofrimento do justo, o que obviamente representava mais uma acusação de que Jó estava em pecado (Jó 11.2,3). Zofar chegou a afirmar que Jó estava sofrendo menos do que de fato merecia (Jó 11.1-6). Repreendeu Jó ao afirmar que Jó desejava descobrir os caminhos ocultos de Deus (Jó 11.7-12), e para Zofar a restauração de Jó dependia do arrependimento e confissão do pecado (Jó 11.13-20). A teologia de Zofar (Jó 11.13-15) é a mesma que Satanás usou: a teologia da prosperidade e da retribuição terrena (Jó 1.8-11; 2.4-6). A tese que Zofar defende é a de que o justo não passa por tribulação. Ou seja, para ele, se houver tribulação é porque não há justiça na vida da vítima (Jó 20,4,5,29) (CHAPMAN; PURKISER; WOLF (et al), 2014, p. 64).

1.4 - A cosmovisão deísta de Zofar. Zofar foi o mais impetuoso e dogmático dos três amigos de Jó. Como qualquer filósofo, possuía Zofar sua própria concepção deísta de Deus. De acordo com a sua cosmovisão, achava-se Deus tão distante do ser humano, e de tal forma distante dos homens, que a estes era impossível qualquer contato com Ele. O deísmo é uma doutrina, segundo a qual Deus realmente existe, mas não interfere na história humana nem se interessa por relacionar-se com as suas criaturas. Houve um momento, na história de Israel, que os judeus se fizeram deístas (Sf 1.12). Os magos de Babilônia eram, além de politeístas, também eram deístas (Dn 2.11) (ANDRADE, 2006, pp. 159,160 - acréscimo nosso).

II – AS ACUSAÇÕES DE ZOFAR CONTRA JÓ

2.1 - Primeira acusação: Jó era culpado (Jó 11.1-4). Assim como Bildade (Jó 8.2), Zofar iniciou seu discurso chamando Jó de tagarela: “Será o caso de as tuas parolas fazerem calar os homens?” (Jó 11.3). Zofar estava certo de que algum pecado cometido por Jó era a raiz da sua condição e que o sofrimento de Jó resulta desse pecado (Jó 11.13-20). Ele continua dizendo que o discurso de Jó não apenas era tagarelice como também não passava de conversa fiada “parolas” e de “zombaria” (Jó 11.3). Segundo Zofar, as palavras de Jó a respeito de Deus não seriam verdadeiras e só poderiam ser comparadas ao parlatório daqueles que falam sem pensar: “Pois dizes: A minha doutrina é pura” (Jó 11.4). Além disso, para Zofar, as afirmações de Jó a respeito de si mesmo eram falaciosas, pois ele não era puro diante de Deus (WIERSBE, 2010, p. 26 – acréscimo nosso).

2.2 - Segunda acusação: Jó não tinha conhecimento de Deus (Jó 11.5-12). Zofar desejava que Jó compreendesse a altura, a profundidade e a extensão da sabedoria de Deus (Jó 11.8, 9). Com isso, ele estava insinuando que ele próprio conhecia a grandeza da sabedoria de Deus e poderia ensiná-la a Jó se ele lhe desse ouvidos. Zofar encerrou essa acusação citando um provérbio para mostrar a falta de entendimento de Jó (WIERSBE, 2010, p. 26). O asno selvagem era considerado o mais estúpido dos animais, daí a metáfora usada por Zofar (Jó 11.12). A linguagem de Jó nada era senão o zurro de um animal irracional. O asno do deserto não se deixava amansar e era estúpido (ver Jó 39.5-8; Jr 2.24; Gn 16.12). Jó era um homem tipo asno, na estimativa de Zofar e o seu desejo era que o próprio Deus corrigisse Jó: “Oh! Falasse Deus e abrisse os seus lábios contra ti e te revelasse os segredos da sabedoria” (Jó 11.5,6) (CHAMPLIN, 2001, vol 3, p. 1912).

2.3 - Terceira acusação: Jó era obstinado e devia se arrepender (Jó 11.13-20). Zofar dá conselhos a Jó que se arrependa e volte a buscar a Deus (Jó 11.13-19). Para este amigo de Jó, a combinação feita por arrependimento, oração e reparação operaria a ordem da restauração. Disse Zofar a fim de repreender Jó: “[...] porque haverá esperança” (Jó 11.18) e descreveu o que Jó poderia ser capaz de “levantar a cabeça”, viver com confiança e saúde. Caso Jó se arrependesse de seus erros e confessar seus pecados então Deus o abençoaria abundantemente e seus problemas terminariam. Poderia erguer a cabeça outra vez, e seus medos passariam: “Então levantarás o teu rosto sem mácula” (Jó 11.15). Jó esqueceria sua desgraça como águas passadas: “Pois te esquecerás dos teus sofrimentos” (Jó 11.16). Deus lhe daria uma vida longa e seria o início de um novo dia para ele: “A tua vida será mais clara que o meio-dia” (Jó 11.17). Jó não habitaria nas trevas do Sheol, mas sim na luz (Jó 10.20-22), e a proteção de Deus daria cabo de todos os seus temores (Jó 11.19,20) (WIERSBE, 2010, p. 27).

2.4 - Quarta acusação: Jó era perverso e o seu triunfo seria transitório (Jó 20.4-11). De acordo com Zofar, quanto mais o homem perverso elevar-se em seu sucesso, maior será sua queda quando lhe sobrevier o julgamento. Quando isso ocorrer, seguirá esgoto abaixo como seu próprio esterco: “Como o seu próprio esterco apodrecerá para sempre” (Jó 20.7), “Desaparecerá como um sonho esquecido ou como uma visão noturna que não pode ser evocada” (Jó 20.8). E ainda continua dizendo que: “Os olhos que o viram jamais o verão” (Jó 20.9). Os olhos, que antes tinham observado Jó, não o veriam mais, e até as pessoas que costumavam vê-lo em breve desapareceriam. Para Zofar, o perverso e seu nome desaparecerão, como também sua riqueza se perderá (Jó 20.11). Depois de sua morte, a verdade sobre seus crimes virá à tona, e seus filhos terão de usar sua herança para ressarcir as pessoas de quem seu pai roubou: “Os seus filhos procurarão aplacar aos pobres” (Jó 20.10). Zofar e seus dois amigos estavam certos de que Jó era um hipócrita e de que sua vida de piedade era superficial e servia apenas para encobrir seus pecados secretos (WIERSBE, 2010, p. 44).

2.5 - Quinta acusação: Jó teve um prazer temporário por causa do seu pecado (Jó 20.12-19). Ao usar a imagem de uma pessoa comendo, Zofar deixa duas coisas claras: aquilo que o perverso engolir o fará adoecer e também tirará dele o desejo pelas coisas boas da vida. Além disso, em Jó 20.18 e 19 ele afirma que esse indivíduo não será capaz de desfrutar (engolir) algumas das coisas pelas quais trabalhou. Zofar também argumenta que Jó era muito rico porque: “oprimiu e desamparou os pobres, roubou casas que não edificou” (Jó 20.19) então não poderia continuar na prosperidade (Jó 20.15-18). Convicto disto, ele deseja toda sorte de castigos para Jó (Jó 20.20-28), dizendo que: “tal é, da parte de Deus, a sorte do homem perverso, tal a herança decretada por Deus” (Jó 20.29) (WIERSBE, 2010, p. 44).

2.6 - Sexta acusação: Jó teria uma morte dolorosa (Jó 20.20-29). Para Zofar nem mesmo as riquezas do perverso poderão evitar que a morte lhe sobrevenha (Jó 20.20). Enquanto desfruta sua prosperidade, o perverso sentirá aflições, tribulações e a ira consumidora de Deus: “mandará sobre ele o furor da sua ira” (Jó 20.23). O perverso tentará fugir, mas Deus o atacará com uma espada e o traspassará com uma flecha com a ponta de bronze. Para Zofar mesmo que Jó tentasse escapar do julgamento de Deus, as flechas viriam em sua direção, enquanto ele corresse na escuridão, e o fogo cairia ao seu redor. Então, ele seria pego por uma inundação que destrói tudo. Mas esse ainda não era o fim: Jó seria levado para o tribunal em que o céu e a terra testemunhariam contra ele e o declarariam culpado (Jó 20.23-27) (WIERSBE, 2010, p. 44).

III - A TEOLOGIA DE ZOFAR REFUTADA

3.1 - Jó reprovou seus amigos. Jó refuta Zofar mostrando que a vida do perverso pode ser longa e abençoada (Jó 21.8-16), e que as tendas dos tiranos gozam paz. Os ímpios, e até os criminosos, prosperam. Até aqueles que provocam a Deus estão a salvo de Sua ira. Ademais, Ele permitiria para que prosperem: “As tendas dos tiranos gozam paz [...] Os que provocam a Deus estão seguros” (Jó 12.6). Ele argumenta que também tinha conhecimento como seus amigos: “Também eu tenho entendimento como vós” (Jó 12.3). Jó pergunta: “Como é, pois, que vivem os perversos, envelhecem e ainda se tornam mais poderosos?” (Jó 21.7). E ainda continua: Os perversos são cercados de proteção: seus filhos e lares estão em segurança (Jó 21.8,9,11,12), seus negócios prosperam (v. 10) e eles têm uma longa vida para desfrutar sua prosperidade (v. 13). Além disso, têm muitos descendentes que compartilham e desfrutam a riqueza da família.

3.2 - Deus reprovou os amigos de Jó. O próprio Deus reprovou os amigos de Jó porque eles não foram “sensatos” na explanação da causa das suas calamidades e da posição divina quanto a elas. Porque em vez de o consolarem no estado de vida em que se encontrava, eles presumiram baseados na sabedoria popular da época que o causador principal das calamidades era “Jó”. É interessante notar que, em todos os discursos, os amigos de Jó não acusaram a Deus, mas a Jó. Eles acharam que quem é o culpado do sofrimento é Jó e que Deus é justo. Porém, Deus disse no final: “não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó” (Jó 42.7). O Senhor considerou as acusações equivocadas dos amigos de Jó como acusações diretas a Ele mesmo e, portanto, acusou deles de terem falado mal.

CONCLUSÃO

Aprendemos nesta lição que os amigos de Jó, por desconhecerem as razões de seu sofrimento, o acusam de forma impiedosa; e o patriarca, por desconhecer a ação de Deus nesse episódio, chega ao limite do desespero e desesperança. Todavia, como das outras vezes, mesmo angustiado e não sabendo como Deus permite tudo isso, Jó não diz palavras blasfematórias contra o seu Criador, mas permance fiel, mesmo sem entender o porque de tudo que estava passando.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD, 2006.

GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2010.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA, 2011.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1999.

CHAPMAN, Milo L. (et al). Comentário Bíblico Beacon: Jó a Cantares de Salomão. CPAD, 2014.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

LIÇÃO 07 – A TEOLOGIA DE BILDADE: SE HÁ SOFRIMENTO HÁ PECADO OCULTO? - (Jó 8.1-4; 18.1-4; 25.1-6)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 07 – A TEOLOGIA DE BILDADE: SE HÁ SOFRIMENTO HÁ PECADO OCULTO? - (Jó 8.1-4; 18.1-4; 25.1-6)

4º TRIMESTRE DE 2020


INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre quem foi Bildade, um dos amigos de Jó; notaremos os três discursos dele contra o patriarca; pontuaremos um pouco da sua teologia e a devida refutação bíblica; analisaremos as contestações de Jó as palavras de Bildade; e por fim, veremos as causas pelas quais sofremos no mundo.

I – INFORMAÇÕES SOBRE BILDADE

1.1 - Quem foi Bildade. Segundo o dicionário de Strong o nome de Bildade significa: “amor confuso”. Não possuímos muitas informações acerca de Bildade. Limita-se a Bíblia a informar que este amigo de Jó era um suíta. Certamente morava ele em Canaã, ou em suas imediações, pois:

a) falava uma língua aparentada a de Jó e a de seus amigos;

b) não demorou em encontrar-se com Elifaz e Zofar quando combinaram vir consolar o patriarca;

c) sua visão de mundo era bem parecida com a de seus dois outros companheiros.

Bildade um semita que habitava no território cananeu, onde Suá, à semelhança de Temã, era um dos muitos pequenos reinos ali estabelecidos (ANDRADE, 2011, p. 146).

1.2 - Sua relação com Jó. Bildade é descrito como o segundo dos três amigos de Jó (Jó, 2.11; 8.1; 18.1; 25.1; 42.9), que veio condoer-se dele, quando soube de sua aflição, mas que, na ver­dade, aumentou seu sofrimento (Jó 2.11). Os três amigos de Jó eram idosos (Jó 32.6) e é bem possível que Bildade fosse o segundo mais velho, uma vez que seu nome aparece em segundo lugar e ele fala depois de Elifaz (Jó 8.1-4).

1.3 - Lugar de origem. Quanto ao seu lugar de origem é dito que ele era “suíta”, provavelmente por ser descendente de um filho de Abraão e Quetura chamado Suá (Gn 25.2; 1Cr 1.32; Jó 2.11), ou por ter sido membro de uma tribo aramaica que viveu no sudeste da Palestina (Gn 25.2,6).

1.4 - A teologia de Bildade. Uma teologia do “toma-lá-dá-cá”, ou seja, uma teologia da barganha que destaca uma meritocracia humana no processo de justificação diante de Deus as ideias por ele defendidas. Logo, o enfoque de Bildade não é a graça que flui de Deus, mas o esforço humano que, por mérito próprio, pretende justificar o homem diante de Deus. Esta era uma demonstração da cultura gentílica, a ideia da troca de favores. Um moralismo fundamentado na tradição (Jó 8.5,6). Pode-se descrever Bildade com uma só palavra: legalista. Seu lema era: “Eis que Deus não rejeita o íntegro, nem toma pela mão os malfeitores” (Jó 8.20).

II – OS TRÊS DISCURSOS DE BILDADE

2.1 - Primeiro discurso (Jó 8.1-22). Neste capítulo observamos Bildade, dizendo que Jó não poderia queixar-se de seu sofrimento, pois Deus é justo e jamais traria tal angústia sobre ele, se pelo menos seus filhos não houvessem pecado (Jó 8.1-3). Bildade foi o primeiro dos três a acusar os filhos de Jó de transgressão, e por sua vez, de merecerem a calamidade que lhes sobreveio. Se Jó se arrependesse, Deus restituir-lhe-ia a prosperidade. Os tempos pas­sados mostram que Deus destrói o perverso e sustenta o justo (Jó 8.5-7; 20-22). Portanto, seu sofrimento não era injusto, mas punitivo, por algum pecado que Jó mesmo podia desconhecer.

2.2 - Segundo discurso (Jó 18.1-21). Neste segundo discurso, Bildade declara que os pecadores recebem apenas miséria nesta vida e de­sonra após a morte (Jó 18.21). Assim como Elifaz, Bildade classificou as aflições de Jó como as que sobrevêm aos perversos.

2.3 - Terceiro discurso (Jó 25.1-6). No terceiro discurso, ele sustenta a majestade e a perfeição de Deus em supremacia à imperfeição de todas as coisas criadas e argumentou que o homem é “um verme” e por isso impuro diante de Deus (Jó 25.4-6). As ideias de Bildade idênticas a defendida a milênios depois pelo deísmo que afirma que Deus criou o mundo, mas ausentou-se dele abandonando suas criaturas, ferindo até a doutrina da onipresença divina.

III – A TEOLOGIA DE BILDADE REFUTADA PELA BÍBLIA

3.1 - Não é verdade que se sofremos é porque pecamos. A Bíblia deixa claro que os sofrimentos vieram sobre o ser humano por causa do pecado original, nem sempre por causa de um pecado pessoal (Gn 3.16-19). No caso de Jó, de forma nítida, observamos que ele não havia transgredido contra Deus para passar por tudo aquilo, muito pelo contrário, é porque era fiel que estava sendo provado por Deus com tal sofrimento, conforme o testemunho do próprio Deus: “E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa” (Jó 2.3).

3.2 - Não é verdade que só resta sofrimento para o ímpio na terra. De acordo com a história sagrada os ímpios podem prosperar financeiramente, às vezes, até mais que os justos. A geração de Caim, por exemplo, era tecnologicamente avançadíssima apesar de ímpia (Gn 4.17-22). Asafe observou que os ímpios apesar de viverem no pecado prosperam (Sl 73.3-12). No entanto, sua prosperidade material não lhes assegura felicidade plena e vida eterna (Sl 73.16-20).

3.3 - Não é verdade que o homem não possa ser justo diante de Deus apesar de suas limitações e imperfeições. O homem pode ser relativamente justo, somente Deus pode ser absolutamente justo. Jó teve testemunho de sua justiça pelo próprio Deus: “E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal” (Jó 1.8 - ACF). Outros servos de Deus também são tidos como justos em suas gerações, tais como: Daniel e Noé (Ez 14.14).

IV – AS CONTESTAÇÕES DE JÓ AS PALAVRAS DE BILDADE

4.1 - Jó não se considerava absolutamente justo (Jó 9.1-35). Ao contrário do que pensava e afirmava Bildade, Jó não se considerava cem por cento justo. Ele sabia que era um homem com imperfeições: “Na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9.2). No versículo 15 ainda afirmou: “Porque, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia; antes ao meu Juiz pediria misericórdia” (Jó 9.15). Logo, Bildade estava equivocado. Jó não acusara Deus de injustiça por fazê-lo sofrer sem aparente causa. Ele apenas não entendia porque estava passando por tudo aquilo, visto que não tinha consciência de ter pecado, embora soubesse que era pecador (Jó 10.1,2)

4.2 - Jó não ficava aliviado, com as palavras de seus amigos (Jó 19.1-29). Os amigos de Jó vieram consolá-lo (Jó 2.11), no entanto, suas palavras descabidas sobre Deus para tentar aliviar o sofrimento do patriarca se tornaram como flechas na sua alma, acrescentando-lhe mais dor (Jó 19.1). Não bastava para eles, que os parentes lhe deixassem, os servos e servas e sua esposa não suportar o seu hálito por causa da doença (Jó 19.13-19). Diante de tudo isto, Jó rogou que eles tivessem misericórdia e parassem de acusá-lo: “Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou” (Jó 19.21). Apesar de tão grande sofrimento, não perdera sua fé, amor e esperança em Deus: “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25).

4.3 - Jó reconhece a grandeza de Deus e defende sua integridade (Jó 26.1-14; 27.1-23). Assim como Bildade em seu terceiro discurso louva a Deus (Jó 25.1-6), Jó também o louva (Jó 26.1-14). No capítulo 27, o patriarca acrescenta que não manchará seus lábios de forma alguma, conservando sua integridade (Jó 27.1-4).

V – AS CAUSAS PELAS QUAIS SOFREMOS

A Bíblia aponta diversas causas pelos quais sofremos. Notemos:

5.1 - Por causa do pecado original. Deus criou tudo perfeito e bom. No entanto, por causa da Queda, uma das consequências do pecado foi que o sofrimento entrou na vida humana (Gn 3.17-19).

5.2 - Por causa de pecado pessoal. Não podemos negar que também podemos sofrer pelas escolhas erradas que tomamos na vida. Israel por diversas vezes por causa das atitudes erradas que fez (Jr 25.14; Mq 7.13). Diversos personagens bíblicos colheram o fruto de suas obras (Nm 12.1-10; 2Cr 26.19; At 5.1-6). A lei da semeadura ainda está em vigor (Gl 6.7).

5.3 - Porque estamos no mundo. O fato de estarmos no mundo, contaminado pelo pecado, também nos faz sofrer. Jesus conscientizou os seus seguidores desta árdua verdade: “[...] no mundo tereis aflições [...]” (Jo 16.33).

5.4 - Porque somos crentes. Ser filho de Deus não dá imunidade ao sofrimento. Pelo contrário, há tribulações que são pertinentes a vida daqueles que servem a Deus (Mt 5.11,12; At 14.22; 2Tm 3.12), pelo fato de sermos santos num mundo perverso e por que somos provados para sermos aperfeiçoados (Sl 119.71; 1Pd 4.12), através do sofrimento tal qual Jó (Jo 23.10; 42.2).

5.5 - Porque Deus permite para moldar nosso caráter. De certa forma a provação deve até ser acolhida com prazer (Rm 5.3), pois tais provações têm algumas finalidades. São elas:

a) mostrar ao homem a sua própria fraqueza e conscientizá-lo de sua dependência divina (Dt 8.3,16);

b) aperfeiçoar o seu caráter (Is 48.10);

c) aprofundar o seu conhecimento em relação a Deus (Jó 42.5);

d) conceder-lhe experiências (Rm 5.3; 2Co 1.3);

e) provar e aperfeiçoar a sua fé (1Pd 1.7); e,

f) corrigir os erros cometidos (Sl 119.67,71; Dt 8.5; Hb 12.6).

CONCLUSÃO

A Bíblia nunca sugeriu aos crentes que sua vida seria um caminho fácil. Pelo contrário, adverte-os que se encontrariam envoltos em “várias provações e aflições” (Jo 16.33; Tg 1.2). Assim, sabemos que enfrentaremos muitas “provas e tentações”, porém de todas nos livrará o Senhor da glória. Amém!

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.

ANDRADE. Claudionor Corrêa de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. CPAD.

GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.

PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Wycliffe. CPAD.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Hagnos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

LIÇÃO 06 – A TEOLOGIA DE ELIFAZ: SÓ OS PECADORES SOFREM - (JÓ 4.1-8; JÓ 15.1-4;22.1-5) 4º TRIMESTRE DE 2020

 Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 06 – A TEOLOGIA DE ELIFAZ: SÓ OS PECADORES SOFREM - (JÓ 4.1-8; JÓ 15.1-4;22.1-5)

4º TRIMESTRE DE 2020

INTRODUÇÃO

Na lição de hoje, iremos estudar a teologia de Elifaz, o temanita; veremos também os debates teológicos travados entre Jó e seus amigos. Analisaremos os principais argumentos de Elifaz, que sustenta uma teologia errônea, afirmando que o justo não pode sofrer. Por fim, veremos segundo a Palavra de Deus os propósitos do sofrimento a qual o Justo pode ser submetido.

I – INFORMAÇÕES SOBRE ELIFAZ

1.1 - Elifaz. É um nome que, em hebraico, traz um forte emblema: “Meu Deus é forte”. Infere-se daí tenham sido seus pais gente de reconhecida piedade. [...] Além de sua amizade com Jó, a única coisa que de Elifaz sabemos é a sua procedência. Era originário de Temã que, segundo se pode apurar, ficava no território que viria a ser ocupado pelos filhos de Edom. Alguns comentaristas são de opinião de que esse diminuto reino não passava de um território localizado no Norte da Arábia. O fato de haver Elifaz discursado em primeiro lugar revela sua avançada idade e posição social. Talvez fosse até o regente de Temã. Mostra-nos isto também que Jó era um homem bem relacionado. Entre os seus amigos, reis e príncipes (ANDRADE, 2006 p. 135 - acréscimo nosso).

II – OS DEBATES TEOLÓGICOS NO LIVRO DE JÓ

Os discursos dos três amigos de Jó contêm elementos de verdades, mas devem ser cuidadosamente interpretados no contexto. O problema dos amigos não se achava tanto no que sabiam, mas, sim, no que não sabiam: o sublime propósito de Deus ao permitir que Satanás esbofeteasse Jó (NVI, 2003, p. 815). Além disso, O Senhor repreende a Elifaz e aos seus dois amigos porque não falaram de Deus aquilo que era reto (Jó 42.7). Esta é razão pela qual devemos analisar os discursos dos amigos segundo o contexto geral das Escrituras Sagradas.

2.1 - O livro de Jó é marcado pelos diálogos: dois deles entre Deus e Satanás (Jó 1.6 - 2.13) e mais dois entre Deus e Jó (Jó 38.1 - 42.6). E entre Jó e seus amigos (Jó 3.1 - 31.40), além de quatro discursos de Eliú (Jó 32.1 - 37.24). Esses diálogos, principalmente entre Jó e seus amigos, revelam a teologia que cada um deles sustentavam.

2.2 - A Teologia de Elifaz (Jó 4-5; 15; 22). Elifaz acreditava que o sofrimento indicava pecado. Elifaz declara que o Senhor não permite que aconteçam problemas ao inocente, querendo dizer que Jó deveria estar em pecado. “[...] Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.8). Com essas palavras Elifaz acusa Jó de pecado.

2.3 - A Teologia de Bildade. Bildade entendia que se há sofrimento, há pecado oculto: “Acaso Deus torce a justiça? Será que o Todo-poderoso torce o que é direito? Quando os seus filhos pecaram contra ele, ele os castigou pelo mal que fizeram” (Jó 8.3-4). A argumentação de Bildade se resume da seguinte maneira: Deus não pode ser injusto, logo Jó e sua família estão sofrendo por causa do pecado. Então se houver um pedido por misericórdia o Senhor perdoaria a Jó (Jó 8.5,6).

2.4 - A Teologia de Zofar. Zofar compreendia que o justo não passa por Tribulação: “[...] e te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade” (Jó 11.6). O que está nas entrelinhas dessa afirmação de Zofar é a sua convicção de que o sofrimento de Jó viera, de fato, em razão de um pecado cometido (GONÇALVES, 2020, p. 139).

III – A TEOLOGIA DE ELIFAZ

A teologia de Elifaz como pode ser verificada nas suas palavras proferidas a Jó, é uma teologia baseada na causa e efeito, ou seja, recompensa para os justos e punição para os ímpios. É uma argumentação tão rígida que para Elifaz, o inocente não pode sofrer nenhum dano, somente os pecadores passam por dores e aflições. Notemos:

3.1 - Os homens colhem aquilo que semeiam (Jó 4.7-11). Elifaz sustentou uma teologia de caráter retributiva; se Jó está sofrendo é devido algum mal que fez: “Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.7,8). Em linhas gerais, defendia Elifaz: se formos fiéis a Deus, e se lhe prestarmos a adoração que Ele nos requer, seremos abençoados de tal forma, que nenhuma desventura nos atingirá. [...] Em linguagem popular: um toma-lá-dá-cá. Ressaltava Elifaz contentarse Deus com um relacionamento meramente comercial com o ser humano (ANDRADE, 2006 p. 137).

3.2 - Arrependimento em troca de bençãos (Jó 22.23,24). No terceiro discurso de Elifaz, ele deixa transparecer uma visão puramente simplista e mercantil do arrependimento: “[...] se te converteres ao Todo poderoso, serás edificado; afasta a iniquidade da tua tenda. Então, amontoarás ouro como pó e ouro de Ofir, como pedras dos ribeiros” (Jó 22.23,24). Elifaz está equivocado nesse aspecto; nem sempre o arrependimento sincero resulta em prosperidade material. Homens piedosos podem ser abandonados, perseguidos e maltratados por causa de sua fé, o melhor exemplo disso está na galeria dos heróis da fé (Hb 11.32-38).

3.3 - Os pecadores sofrem nesta terra (Jó 15.17-35). Os amigos de Jó afirmavam, com razão, que o orgulho humano (Jó 15.27; 20.6), a ambição pelas riquezas (Jó 15.28-29; 20.21-21) e a exploração dos pobres (Jó 20.19; 24.21) são pecados que Deus castiga. Mas o seu erro consistia em pensar que esse castigo viria sempre aqui na terra e que seria na mesma medida das ofensas praticadas (Jó 29-35) (NTHL, 2012. p. 572). A Palavra de Deus assegura que o castigo dos ímpios não está limitado a essa existência terrena; se não houver arrependimento sincero diante Deus e abandono das práticas pecaminosas, resta para o homem o sofrimento terrível (Mt 13.42,50; Mc 9.47,48; 25.30) e também eterno (Dn 12.2; Mt 7.13; 25.46).

IV – VERDADES QUE PODEMOS EXTRAIR DO SOFRIMENTO

4.1 - Há propósitos positivos do sofrimento. Se confiarmos em Deus, a dor e o sofrimento pode servir alguns propósitos positivos, incluindo:

(a) conseguir a nossa atenção;

(b) permitir que Deus demonstre seu poder (Jo 9.1-3);

(c) pôr à prova nossa integridade (Jó 2.1-3);

(d) produzir perseverança e caráter (Rm 5. 3-5);

(e) proporcionar disciplina (Hb 12.10,11);

(f) eliminar o orgulho egoísta (2Co 12.7);

(g) desenvolver maturidade (Tg 1.2-4);

(h) edificar a fé (1Pd 1.3-7);

(i) ajudar-nos a nos relacionar com Cristo e a sermos mais parecidos com Ele (Rm 8.28-29);

(j) proporcionar oportunidade para servir e consolar outras pessoas (2Co 1.3-6);

(l) modificar nossa perspectiva das coisas terrenas para as coisas eternas (2Co 4.17,18); e por fim,

(m) fazer com que os rebeldes se convertam a Deus (1Co 5.1-5) (STAMPS, 2018, p. 629).

4.2 - No sofrimento adquirimos maturidade. As provações nos tornam maduros e completos (Tg 1.4). Diversos personagens da Bíblia tiveram seu caráter moldado pelas situações adversas que enfrentaram, a saber:

(a) Abrão amadureceu na fé através circunstâncias difíceis pelas quais foi submetido (Gn 12.1-3; 10-20; 22.1-18);

(b) as aflições que José enfrentou o prepararam e o conduziram para o que Deus prometeu (Gn 45.5-8); e,

(c) o deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a nação de Israel (Dt 8.1-3).

Paulo tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).

4.3 - O sofrimento é passageiro. Todos os sofrimentos e dificuldades deste tempo presente – doenças, sofrimentos, dor, desapontamentos, injustiça, maus tratos, angústias, perseguição e dificuldades de todo tipo – devem ser consideradas insignificantes, quando em comparação com as bênçãos, os privilégios e a glória que será dada aos seguidores de Cristo na eternidade: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Diante dos privilégios que teremos no céu com o Senhor, o sofrimento do cristão é passageiros (Mt 5.12; 2Co 4.10; 2Co 4.17; Fp 3.20; 1Pd 4.13; 1Jo 3.1-2). Chegará um dia que Deus: “limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap. 21.4).

CONCLUSÃO

Aprendemos na lição de hoje, que a Teologia de Elifaz se resume em um falso raciocínio, que o justo não pode sofrer; somente quem sofre são os pecadores. No entanto, a palavra de Deus declara: “...no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. O sofrimento faz parte da vida cristã (2 Tm 3.12), mas um dia Deus enxugará todas as lágrimas (Ap 21.4).

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Claudionor Correia. O problema do Sofrimento do Justo e o seu propósito. CPAD, 2011.

Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida Fiel. Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 2007

Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012

GONÇALVES, Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração de Jó. CPAD, 2020.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

Traduza Aqui, gostou do Blog divulgue, Leia a Biblia