Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
09 – JÓ E A INESCRUTÁVEL SABEDORIA DE DEUS - (JÓ 28. 1-28)
4º
TRIMESTRE DE 2020
INTRODUÇÃO
Estudaremos
na lição de hoje a inescrutável sabedoria de Deus presente no Livro de Jó, para
isso veremos a definição da palavra sabedoria, tanto no antigo quanto no Novo
Testamento, analisaremos os tipos de sabedoria e por fim, pontuaremos que o
temor ao Senhor conduz à verdadeira sabedoria.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA SABEDORIA
1.1
- Definição exegética. Do hebraico “chochmá” ser sábio, tomar-se sábio, agir
sabiamente; instruir, tomar sábio, instruído, conhecedor, mostrar-se sábio,
demonstrar sabedoria, fingir-se sábio, ser sábio, tomar-se sábio [...]. O
significado básico do vocábulo é sugerido tornar-se sábio; obter sabedoria.
Vários provérbios encorajam o leitor a buscar e a adquirir sabedoria por meio
do estudo, da experiência, e da associação com os sábios: “Sê sábio, filho
meu...” (Pv 27.11). Por meio da instrução adequada: “o simples obtém sabedoria
(Pv 21.11; 8.32-33), e até o sábio: “se fará mais sábio ainda” (Pv 9.9). A
possibilidade de adquirir sabedoria é o interesse de inúmeras passagens que
empregam o vocábulo (Dt. 32.29; l Rs 4.31 5.11; Jó 32.9; Pv 6.6; 9.12; 13.20;
19.20; 20.1; 23.15, 19; Ec 2.15, 19; 7.23; Zc 9.2) (VANGEMEREN, 2011,
pp.127-128).
1.2
- Sabedoria no Antigo Testamento. No AT, a sabedoria é profundamente prática, é
a arte de ser bem-sucedido e de traçar o plano correto para obter os resultados
desejados. Os líderes especialmente necessitavam dela, e alguns a receberam (Dt
34.9; 2Sm 14.20; lRs 3-9). Era um atributo do Messias prometido (Is 11.2). Uma
classe especial de sábios parece terse desenvolvido na época dos reis de Israel
(Jr 18.18). Entretanto, a sabedoria em seu sentido mais pleno pertence a Deus
(Dn 2.20) e compreende conhecimento (Pv 15-3) e controle completos dos
processos naturais (Is 28.23) e históricos (Is 31.2). Pela sabedoria, Deus
criou as pessoas (Sl 104.24) e as julga com justiça (SI 73). A verdadeira
sabedoria humana brota do Senhor (Pv 1.7) e se aplica à vida diária; os
profetas associaram essa combinação de percepção e obediência ao conhecimento
de Deus (Os 4.1,6) (WILLIAMS, 2000, p. 324).
1.3
- Sabedoria no Novo Testamento. A sabedoria tem a mesma natureza prática que no
AT e em geral é dada por Deus [...]. Divorciada de Deus, é empobrecida (1Co
2.4) ou toma-se perversa (Tg 3.l4). Jesus prometeu sua sabedoria para quando
seus seguidores estivessem em julgamento (Lc 21.15). Era necessária não só para
os líderes (At 6.3), mas também para se demonstrar especialmente na vida e
morte de Cristo (Rm 11.33) e se manifestar na igreja (Ef 3.10). Jesus afirmou
ter sabedoria (Mt 12.42) e surpreendeu multidões com ela (Mt 13-54). Paulo
chama Jesus “sabedoria de Deus” (1Co 1.24, 30), talvez vendo em sua nova
revelação um reflexo da relação entre a lei antiga e a sabedoria (Dt 4.6).
Jesus é cultuado no céu por sua sabedoria completa (Ap 5.12; cf. Cl 2.3)
(WILLIAMS, 2000, p. 324).
II
– OS TIPOS DE SABEDORIA
2.1
- A sabedoria que não vem do alto (Tg 3.15). Esta sabedoria não procede de Deus
e possui três características principais: é terrena, animal e diabólica. É a
sabedoria que produz maus frutos e não promovem a paz e a comunhão. Vejamos:
(a)
É terrena. O termo deriva-se do grego “epigeios” e significa “da terra”,
“terrestre”. É a sabedoria deste mundo, em contraste com a que procede do céu
(Jo 3.12; 1Co 1.20,21; Tg 1.5). É uma sabedoria limitada, egocêntrica, como a
dos inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.19).
(b)
É animal. Ou seja, não é espiritual. A palavra grega para animal é “psykikos” e
é traduzida por natural em contraste com a sobrenatural ou espiritual (1Co
2.14; 15.44,46). É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus.
(c)
É diabólica. O termo grego é “daemon” e significa “demoníaca” ou “diabólica”.
Essa foi a sabedoria usada pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer
ser igual a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo
(Gn 3.1-5). O diabo tenta os homens de várias formas: pela cobiça (Lc 22.3);
pelo ódio (Jo 8.44) e pelo engano e pela malícia (2Co 11.3).
2.2
- A sabedoria que vem do alto (Tg 3.17). “A verdadeira sabedoria vem de Deus,
do alto, visto que ela é fruto de oração (Tg 1.5), ela é dom de Deus (Tg 1.17).
Essa sabedoria está em Cristo: Ele é a nossa sabedoria (1Co 1.30). Em Jesus
temos todos os tesouros da sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra,
visto que ela nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como
resposta de oração” (Ef 1.17; Tg 1.5) (LOPES, 2006, p. 77). Notemos:
(a) É pura. A sabedoria de Deus é incontaminada, sem qualquer defeito moral e livre de impureza. O termo deriva-se do grego “hagnos” e pode ser traduzido por “limpo”, “puro”, “inocente”. A sabedoria que vem do alto não pode conduzir o homem ao pecado e impureza (Pv 2.7; 4.11).
(b) É pacífica. A palavra deriva-se de dois termos gregos “eirene”, que significa “paz” e “poeiõ”, que quer dizer “fazer” e pode ser traduzida por “pacificador” ou “fazer a paz”. A sabedoria divina não é contenciosa, nem facciosa (Pv 3.17; Mt 5.9). Logo, aquele que é sábio não vive em contendas e dissenções (Tg 3.14).
(c) É moderada. O termo grego traduzido por moderada é “piekes”, e significa:
“cheio de consideração”, “gentil”, qualidades essas que os homens facciosos e
ambiciosos não possuem (Tg 3.14,16). Essa característica da sabedoria do alto
trata da atitude de não criar conflitos nem comprometer a verdade para manter a
paz.
(d) É tratável. A palavra grega é eupeithes e significa “facilmente persuadido” ou
“contrário de obstinado”. Essa sabedoria é aberta à razão. É ser uma pessoa
comunicável, de fácil acesso, que é capaz de mudar de opinião quando necessário
(Fp 3.7).
(e) É cheia de misericórdia. A palavra misericórdia significa lançar o coração na
miséria do outro. É inclinar-se para socorrer o aflito e sentir ternura pelo
necessitado e estender-lhe a mão, ainda que ele nada mereça. A verdadeira
sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem interior (Rm
12.30; Cl 2.12).
(f) É cheia de bons frutos. A sabedoria de Deus é prática. Ela muda a vida e produz
bons frutos para a glória de Deus. Nesse texto, os bons frutos têm o sentido de
boas obras (Gl 5.22; Ef 5.8; Fp 1.11).
Uma
das principais características da epístola de Tiago é o ensino sobre a teoria e
a prática. Ele já havia ensinado sobre a necessidade de ouvir e praticar a
Palavra (Tg 1.19-27); e entre a fé e as obras (Tg 2.14-16). Agora ele fala da
necessidade de demonstrar a sabedoria pelas obras (Tg 3.13-18).
III
– O TEMOR AO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA
Os
amigos de Jó em vários de seus discursos não somente falaram sobre a Sabedoria,
mas alegaram que eram sábios. Jó por sua vez, chegou à conclusão de que a
sabedoria não estava com os seus amigos, e sim com Deus. Em Jó 28.28
encontramos este texto: “Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se
do mal é a inteligência”. Isto remete ao clímax da argumentação de Jó sobre a
sabedoria e a sua origem: Ela é divina! Não apenas divina, mas também
relacional. Jó mostra não apenas a origem da sabedoria, de onde ela vem, mas
também delineia o caminho que nos conduzirá até ela. (GONÇALVES, 2020, p.160).
Vejamos:
3.1
- O Temor ao Senhor. O temor de Deus e a reverência por Ele são fundamentais no
relacionamento do crente com Deus (Sl 61.5; Pv 1.7). O temor do Senhor nos
torna cuidadosos e alertas para não ofendermos nosso Deus santo. Sem esse
fundamento, não existe sabedoria genuína, e nenhuma experiência salvífica
resistirá às provas do tempo e da tentação. O real temor de Deus e a real
sabedoria bíblica fazem o crente abster-se do mal, e produzem “consolação do
Espírito Santo”. Temer a Deus e continuar em pecado é uma impossibilidade
moral. (STAMPS, 2018, p. 797).
3.1.1
- Recompensas para quem teme a Deus. É abençoado por Deus (Dt 28.1-2); Tem os
seus pecados perdoados (Mt 9.2); Foge do pecado e da tentação (Gn 39. 7-12);
Não ama as coisas do mundo (1Jo 2.15-17); É protegido pelo anjo do Senhor (Sl
34.7); É sábio (Sl 111.10); Aborrece o mal (Pv 8.13); O Senhor confirma as
promessas feitas (Sl 119.38); Aumenta os nossos dias de vida (Pv 10.27); Tem
paz (At 9.31) e quem teme a Deus procura levar as pessoas à fé em Cristo (2Co
5.11).
3.2
- Apartar-se do Mal. A pessoa que apregoa a majestade de Deus e a sua oposição
ao mal será notada por seu esforço sincero, decisivo e total de separar-se do
pecado (Sl 4.4; Pv 3.7; 8.13; 16.6; Is 1.16) e de obedecer a Palavra de Deus
(Sl 112.1; 119.63; Pv 14.2,16; 2Co 7.1; Ef 5.21; 1Pd 1.17. O Aparta-se do Mal
implica em santidade; e esta, é tão vital que a palavra professa: “Segui a paz
com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
CONCLUSÃO
Os
Amigos de Jó apresentaram-se como sábios, a sabedoria deles era fruto das
especulações e curiosidades humanas; o patriarca Jó, por sua vez, apresentou
uma sabedoria que não se consegue através de acúmulo de informações, mas sim,
por meio do temor a Deus.
REFERÊNCIAS:
WILLIAMS,
Dereck. Dicionário Bíblico Vida Nova. São Paulo: VIDA NOVA, 2000.
VANGEMEREN,
Willem A. Novo dicionário internacional de teologia e exegese. São Paulo:
Cultura Cristã, 2011.
GONÇALVES,
Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração
de Jó. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
STAMPS,
Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
LOPES,
Hernandes Dias. Tiago - transformando provas em triunfo. HAGNOS. 2015.
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