segunda-feira, 27 de novembro de 2017

LIÇÃO 10 – O PROCESSO DA SALVAÇÃO - (Jo 3.1-7) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 10 – O PROCESSO DA SALVAÇÃO - (Jo 3.1-7)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição falaremos sobre quais as benesses aplicadas na vida do que pecador, quando este recebe a salvação concedida por Deus por meio de Cristo Jesus; trataremos dos aspectos da salvação, a saber: justificação; regeneração e santificação, mostrando especificamente o que são, como ocorrem, onde ocorrem e quais os seus frutos.

I – ASPECTOS DA SALVAÇÃO
A Bíblia não somente fala da providência da salvação como também da sua aplicação na vida do pecador arrependido. Pensar a respeito desse assunto nos leva a considerar a “ordo salutis” expressão latina que significa “ordem da salvação”, que é uma ordem lógica e não cronológica na qual experimentamos o processo de passar de um estado pecaminoso para o da plena salvação. Segundo o Pr. Antonio Gilberto (2008, p. 340) “a salvação no seu sentido objetivo, diante de Deus, não tem tempos, mas aspectos ou lados. Vejamos cada um destes aspectos separadamente:

1.1 - A justificação. É a mudança de posição externa e legal do pecador diante de Deus: de condenado para justificado. Pela justificação passamos a pertencer aos justos. Justificação é o tempo passado da nossa salvação, mas sempre presente em nossa vida espiritual (1 Co 6.11; Rm 3.24; 5.1; G1 2.16) (GILBERTO, 2008, p. 340). 1.2 - A regeneração. É a mudança de condição do pecador. É o milagre que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e natureza divinas (1 Pe 1.3,23; 2 Pe 1.4; 1 Jo 3.9; 5.18). Através da regeneração, conhecida também como conversão e novo nascimento o homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual” (ANDRADE, 2006, p. 317 – acréscimo nosso).

1.3 - A santificação. É a mudança de caráter. É um processo presente e contínuo por parte dos crentes, a fim de se tornarem semelhantes a Cristo (1 Co 1.2; 6.11; Hb 10.10; 12.14; 1 Pe 1.15,16; Ap 22.11). A santificação é o processo pelo qual Deus retira de nós o pecado de forma real (GEISLER, 2010, pp. 149,211).

II – A JUSTIFICAÇÃO DO PECADOR
Deus criou o homem justo, no entanto, quando Adão caiu tornou-se injusto, bem como todos os homens (Ec 7.20; Sl 51.5; 14.3; 143.2; Rm 5.18,19). Nessa condição, o ser humano não tinha condições de preencher os requisitos perfeitos da justiça divina, estabelecidos na Lei, visto que se tornou carnal (Rm 7.14). No entanto, Deus providenciou uma forma de tornar o homem justo aos Seus olhos, mediante o sacrifício de Cristo (2 Co 5.18-21).

2.1 - Como se recebe. Jesus ensinou que o homem é declarado justo diante de Deus não por obras, mas por fé (Lc 18.10- 14). Na prática absolveu o ladrão que estava a sua direita, que embora estivesse naquela condição porque seus feitos mereciam (Lc 23.41), professou arrependimento e fé na Pessoa de Jesus (Lc 23.42), e foi absolvido imediatamente (Lc 23.43). Depois de Jesus, Paulo foi o maior divulgador desta verdade. Ele ensinou que é no evangelho que se revela a justiça de Deus pela fé (Rm 1.17). Para o apóstolo, se constitui numa “boa nova” tanto para o judeu quanto para o grego saber que o homem pode ser declarado justo pela fé depositada em Jesus Cristo (Rm 3.21-24,28; 5.1; Gl 2.16; 3.24). Portanto, o homem é justificado pela fé e pela fé somente “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm 3.28).

2.2 - Como ocorre. A Bíblia apresenta Deus como justo, mas também como justificador (Rm 3.26). A base da justificação só pode ser encontrada na justiça perfeita de Cristo, imputada ao pecador na justificação e apropriada pela fé (Rm 3.24; 5.9,19; 8.1; 10.4; 1Co 1.30; 6.11; Fp 3.9). Na justificação, Cristo não apenas tira de nós a nossa iniquidade, mas também nos reveste com a sua própria justiça (At 26.18; Rm 5.1-2; 1 Co 1.30; 2 Co 5.18-21; Gl 4.5). A justificação é uma necessidade para que o pecador arrependido tenha certeza absoluta de que está salvo, seguro, aceito por Deus.

2.3 - Onde ocorre. A justificação do pecador não se dá diante de tribunais humanos, pois estes não oferecem perdão. Ela ocorre diante de Deus que declara justo, um pecador arrependido, considerando que a justiça de Cristo lhe foi imputada (Rm 8.33,34). Jesus disse: “[...] quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). Paulo também afirmou isso (Rm 8.1-a). Por isso, o julgamento que os crentes redimidos irão passar se refere ao Tribunal de Cristo onde serão avaliadas as nossas obras praticadas depois de salvos (Rm 14.10; 2 Co 5.10). Estamos livres de estarmos no Juízo do Trono Branco, pois nele só comparecerão os ímpios para serem condenados por causa dos seus pecados (Ap 20.11-15).

2.4 Quais os frutos. O apóstolo Paulo descreve os frutos da justificação (Rm 5.1-12), os quais são:

(a) paz com Deus (Rm 5.1);
(b) acesso a graça (Rm 5.2);
(c) esperança da glória (Rm 5.2-b);
(d) salvo da ira (Rm 5.9);
(e) reconciliação (Rm 5.10,11); e,
(f) glorificação (Rm 5.10-a).

III – A REGENERAÇÃO DO PECADOR
Dentre as consequências que o pecado trouxe ao homem, a principal delas, foi a morte espiritual (Gn 2.16,17; 3.2,3; Rm 6.23). A morte espiritual é a separação espiritual de Deus (Is 59.2). Todo descendente de Adão, ou seja, toda pessoa nascida de forma natural desde o tempo da Queda, também está espiritualmente morto. Diante de tal situação espiritual de morte, faz-se necessário o homem nascer espiritualmente de novo. Portanto, a regeneração é uma necessidade universal (Jo 3.3,5). É por meio do novo nascimento que a imagem de Deus é restaurada no homem, o Espírito Santo passa a residir nele, produzindo as virtudes de Cristo, a medida que este se deixa conduzir pelo Espírito (Gl 5.22).

3.1 - Como se recebe. Paulo diz que o homem não regenerado “está morto em delitos e pecados” (Ef 2.1,5). Vale salientar que essa “morte” não é a incapacidade de corresponder ao chamado de Deus, mas a separação espiritual da presença dEle (Rm 3.23). Paulo disse que o homem nessa condição não compreende as coisas de Deus (1 Co 2.14). O pecador só pode ser vivificado, quando exposto a pregação da Palavra que ilumina o seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2 Co 6.4), até então obscurecido pelo pecado (Ef 4.18) e pelo diabo (2 Co 4.4). No entanto, mesmo sendo iluminado, a pessoa pode optar por aceitar ou rejeitar o plano da salvação (Mt 16.24; Jo 7.37; Ap 22.17).

3.2 - Como ocorre. A palavra regeneração no grego é “palinginesia” formada da expressão “pálin”, “novamente”, e “génesis”, “nascimento”, significa portanto “novo nascimento”. Segundo Beacon (2006, p. 49 – acréscimo nosso) a palavra traduzida como “de novo” é “anothen”, que tem vários significados e um deles é: “de cima”. Portanto, este nascimento é de cima e não de baixo, não é físico, mas espiritual (Jo 1.13; 1 Pe 1.23). Esta operação é realizada por meio de dois instrumentos:

(a) a Palavra de Deus (Jo 3.5; 1 Pe 1.23; Tg 1.18); e,
(b) o Espírito Santo (Jo 3.8; Tt 3.5).

3.3 - Onde ocorre. A regeneração é um ato interno, ela acontece no interior do pecador. Segundo Macgrath (2010, p. 525) “a regeneração altera a natureza interior do pecador”. A Bíblia emprega várias figuras de linguagem para descrever o que acontece no novo nascimento (Dt 30.6; Jr 24.7; Ez 11.19; 36.26,27). Nestas passagens bíblicas o novo nascimento é comparado a uma “cirurgia interior”. Deixando claro que a regeneração é um ato divino operado pelo Espírito Santo no espírito do homem (Gl 5.16,17; Cl 3.5; 1 Pe 2.11; 2 Pe 1.4; 1Jo 3.9; 5.18).

3.4 - Quais os frutos. Embora a regeneração seja um ato interno, esta mudança interior, gera uma notável e visível mudança exterior. Eis alguns resultados do novo nascimento, segundo a Bíblia Sagrada:

(a) o crente agora é nova criatura em Cristo e tudo se fez novo (2 Co 5.17);
(b) o crente agora pratica atos de justiça (1 Jo 2.29);
(c) o crente já não pratica o pecado como estilo de vida (1 Jo 3.9; 5.18); e,
(d) O crente agora ama a Deus e ao homem (1 Jo 4.7; 5.18).

IV – A SANTIFICAÇÃO DO PECADOR
Quando caiu, Adão, perdeu a santidade que lhe foi comunicada por Deus (Gn 1.26; Ec 7.20). Seu caráter foi manchado pelo pecado. Todavia, a nova natureza implantada por ocasião do novo nascimento, leva o homem a agir, pensar, falar, e andar em santidade, não de forma mecânica, mas em cooperação com a sua vontade (Gl 5.16).

4.1 - Como se recebe. Assim como as demais etapas da salvação, a santificação também é recebida pela fé (At 26.18). Jesus compartilhou a Sua santificação para os seus (Jo 17.19). Paulo, por sua vez, asseverou também que a santificação de Cristo nos foi concedida (1 Co 1.30).

4.2 - Como ocorre. Como o pecado atingiu o homem em todas as áreas: espírito, alma e corpo, se fazia necessário também que a santificação atingisse todo o seu ser (1 Ts 5.23). Biblicamente esta santificação ocorre de duas formas:

4.2.1 - Santificação posicional (imputação). Deus nos conferiu santificação de forma posicional: “em Cristo” (1 Co 1.2; 6.11; Ef 1.4; Fp 1.1; 4.21; Cl 1.2). A santificação sob este aspecto é perfeita, completa e instantânea “em Cristo”, mediante a fé (At 26.18). Ela ocorre por ocasião do novo nascimento, sendo simultânea com a justificação (1 Co 6.11; G1 2.17-a).

4.2.2 - Santificação progressiva (cooperação). A santificação também faz parte de um processo, que envolve a participação humana (Ap 22.11). Por isso, diversas vezes encontramos o verbo santificar no imperativo, indicando uma ordem divina ao homem (Lv 20.7,26; 2 Tm 2.21; Hb 12.14; Tg 4.8; 1 Jo 3.3). Esta santificação é possível mediante o sangue de Cristo (1 Jo 1.7); o Espírito Santo (Rm 8.1; 1 Co 6.11; 1 Pe 1.22); e, a Palavra de Deus (Sl 119.9; Jo 17.17).

4.3 - Onde ocorre. A santificação deve ocorrer em “todo o vosso espírito, e alma, e corpo” (1 Ts 5.23). Isso significa que devemos ser santos em nosso viver, e em nossa conduta — isto é, em nosso caráter, internamente —, e em nosso proceder, externamente (1 Pe 1.15).

CONCLUSÃO
A salvação é uma dádiva divina que quando aplicada ao pecador lhe proporciona a justificação (mudança de posição); a regeneração (mudança de condição); e, a santificação (mudança de caráter).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

LIÇÃO 09 – ARREPENDIMENTO E FÉ PARA A SALVAÇÃO – (At 2.37-41) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 09 – ARREPENDIMENTO E FÉ PARA A SALVAÇÃO – (At 2.37-41)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição das palavra arrependimento e fé; veremos que essas atitudes humanas são necessárias para que o homem receba a salvação concedida por Deus; destacaremos também que o verdadeiro arrependimento e fé são fruto da resposta humana a obra do Espírito Santo e da exposição da Palavra; pontuaremos, por fim, que a salvação demanda a participação divina de conceder e a humana de receber.

I – DEFINIÇÕES
1.1 - Arrependimento. No AT temos o vocábulo “naham”, que traduz a ideia de: “arrepender-se, voltar-se para longe de, ou em direção de” (ANDRADE, 2006, p. 63). No NT deriva-se do termo grego “metanóia”, e significa: “a verdadeira tristeza sobre o pecado, incluindo um esforço sincero para abandoná-lo; convicção da culpa produzida pelo Espírito Santo ao aplicar a lei divina ao coração; ou, ainda: sentir tristeza a ponto de deixar o pecado, mudança de ideia ou de propósito” (PEARLMAN, 2010, p. 225). O arrependimento inclui três elementos:

(a) Intelecto: é uma mudança de pensamento (Ef 1.18);
(b) Emoção: um homem arrependido sente um profundo pesar (Mt 21.29,30; 2 Co 7.10; Hb 7.21); e,
(c) Vontade: a pessoa sente a necessidade de abandonar o pecado e voltar-se para Deus (1 Ts 1.9; Rm 6.17; 1 Pe 4.2).

1.2 - Fé. No AT o verbo "ãman" é traduzida por “confiar, ter convicção, acreditar”. No NT a palavra “pistis” é traduzida primariamente por “persuasão firme”, “convicção fundamentada no ouvir”, podendo ser utilizada no NT como confiança (Rm 3.25; 1 Co. 2.5; 15.14,17; 2 Co 1.24; Gl 3.23); fidedignidade, fidelidade e lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl 5.22; Tt 2.10); crença “corpo de doutrina” (At 6.7; 14.22; Gl 1.23; 3.25) (VINE, 2002, pp. 86,648). Embora a Bíblia descreva diversas manifestações da fé, destacamos aqui a fé salvífica (Mc 1.15; Mc 16.16; Jo 3.16; At 16.30,31; Rm 10.9,10; Ef 2.8- 10). “A fé para salvação é uma atitude do intelecto (razão) e do coração (emoção) para com Deus em que o homem abandona toda a confiança em seus esforços de religiosidade, de piedade, de bondade ou de moralidade para obter a salvação (Gl 2.16) e confia completa e exclusivamente na obra de Cristo (At 16.30) operada na cruz” (POMMERENING, 2017, p. 100 – acréscimo nosso).

II – O ARREPENDIMENTO E A FÉ PARA A SALVAÇÃO
Deus concedeu a salvação a todos os homens em Cristo Jesus (Jo 3.16; Tt 2.11). Todavia, existem condições para o nosso recebimento da vida eterna, a saber: o arrependimento e fé. Pommerening (2017, p. 97 – acréscimo nosso) diz que: “fé e arrependimento são condições essenciais para a salvação. Trata-se de duas operações conjuntas e cooperativas em que o homem reage positivamente a ação do Espírito Santo. Geisler também afirma: “a fé genuína e o arrependimento na salvação de uma pessoa envolvem a aceitação do certo e a rejeição do errado — uma não pode ser exercida sem a outra”. Vejamos a importância de cada uma delas detalhadamente:

2.1 - A importância do arrependimento. Como todos os homens pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23), o arrependimento também é necessário a todos os homens. Jesus mesmo introduziu a mensagem do Reino, chamando as pessoas ao arrependimento (Mt 4.17; 9.13; Mc 2.17). Ele comissionou os apóstolos a pregarem esta mensagem (Lc 24.47). Confira também (Mc 6.12; At 2.38; 3.19; 8.22). Paulo disse que por meio do evangelho se “anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam” (At 17.30). O arrependimento é vital para que o ser humano possa obter a salvação (At 2.38; 3.19; 2 Co 7.10). Jesus ensinou que, se não houver arrependimento o homem perecerá em seus pecados (Lc 13.3,5; Jo 8.14). “O verdadeiro arrependimento é o que produz convicção do pecado; contrição do pecado; confissão do pecado; abandono do pecado; e conversão do pecado” (GILBERTO, 2008, p. 358).

2.2 - A importância da fé. A fé é, sem dúvida, um dos mais importantes conceitos de toda a Bíblia Sagrada. Ela é de vital importância para que o homem tenha acessado a Deus e dEle receba suas bênçãos (Hb 11.6). Horton (1999, p. 109) diz que: “todas as nossas relações com Deus acham-se ancoradas na fé”. Acerca da salvação não é diferente. Somente crendo no evangelho o homem poderá obter este presente divino (Mc 16.16; Rm 10.9; Ef 2.8). O próprio Jesus principiou a mensagem do Reino chamando os homens ao arrependimento e fé: “[...] Arrependei-vos, e crede no evangelho” (Mc 1.15). Os apóstolos de igual modo pregaram que a fé em Jesus Cristo e no que Ele fez é condição sem a qual o homem não poderá alcançar a salvação (At 8.37; 16.31; Rm 10.9). Segundo Brunelli (2016, p. 327), “a fé que nasce no coração do homem mediante a pregação da Palavra de Deus é um elemento exclusivamente humano, por isso é cobrada do homem” (Jo 3.16; 20.31; Rm 3.22; 4.11,24; 10.9,14).

III – OS MEIOS QUE COOPERAM PARA O ARREPENDIMENTO E A FÉ
Embora o arrependimento e a fé sejam atitudes humanas, Deus concede os meios que possibilitam estes pré- requisitos para a salvação. Vejamos quais são:

3.1 - O Espírito Santo. Jesus disse que uma das funções do Espírito Santo é convencer o homem “do pecado, e da justiça e do juízo” (Jo 16.8). A expressão “convencer” no grego “elencho” significa: “acusar, mostrar erro” (PALAVRA CHAVE, p. 2180). É necessário entender que o convencimento do pecado é uma ação conjunta entre o Espírito Santo e o ser humano, que se deixa convencer ou não. Portanto, não é algo coercitivo, mas em cooperação, pois a Escritura diz que o Espírito Santo pode ser resistido (At 7.51; 18.6; Hb 3.7,8,15; 4.7).

3.2 - A Palavra de Deus. A fé salvadora é proveniente da pregação do evangelho (Rm 10.13,16; 2 Tm 3.15), ou seja, Deus possibilita a fé salvadora, quando põe o pecador em contato com a revelação especial: Cristo e a Bíblia. O pecador só pode ser salvo, quando exposto a pregação da Palavra que ilumina o seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2 Co 6.4), até então obscurecido pelo pecado (Ef 4.18) e pelo diabo (2 Co 4.4). Ela mostra sua condição de pecado (Rm 3.23; Rm 7.7); sua sentença ao castigo eterno (Gl 5.21); e que somente em Cristo Jesus, a pessoa poderá ser salva (Jo 14.6; At 4.12; 5.31; 13.23; Tt 3.6; 1 Jo 4.14). No entanto, mesmo recebendo a iluminação da Palavra, o pecador pode optar por aceitar ou rejeitar o plano da salvação que lhe é oferecida (Mt 16.24; Jo 7.37; Ap 22.17).

IV – O PROCESSO DA SALVAÇÃO
Existem pensamentos divergentes entre os teólogos sobre como se dá a salvação de um indivíduo. Se é um ato monergista (do grego monós, “único” + ergon, “trabalho”), ou seja, algo exclusivamente divino ou se é um ato sinergista (do grego syn, “com” + ergon “trabalho”), que apesar da salvação ser concedida por Deus, requer condições para que o homem seja por ela alcançado. Diante destas duas propostas, faz-se necessário apresentar o entendimento correto do processo da salvação à luz da Bíblia. Vejamos:

4.1 - A parte divina (conceder). A “salvação” é uma providência divina: “E tudo isto provém de Deus” (2 Co 5.18-a); desde a fundação do mundo “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8); ela é fruto inteiramente do Seu incomparável amor “Porque Deus amou o mundo” (Jo 3.16), e da Sua graça “[...] pela graça sois salvos [...]; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8); que foi manifestada plenamente em Cristo Jesus em favor de todos os homens “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Geisler (2010, p. 157), afirma: “Deus é o autor da salvação, pois apesar de o pecado humano ter a sua origem nos homens, a salvação vem do céu, e tem a sua origem em Deus”.

4.2 - A parte humana (receber). Deus proporcionou a salvação a todos, mas para que receberam é necessário o arrependimento (Mt 3.2; Mc 1.15; Lc 24.47; At 2.38; 3.19; 17.30) e, também a fé (Mc 16.16; Jo 3.16; Jo 5.14; At 16.31; Rm 1.16; 10.9) e estas são atitudes humanas. Quando a Bíblia diz que Deus deu arrependimento a Israel e aos gentios (At 5.31; 11.18) significa dizer que: “Ele graciosamente nos concede a chance de abandonarmos o pecado, só que cabe a nós a execução do ato de arrependimento” (GEISLER, 2010, p. 383). Quanto a fé ser uma resposta humana a revelação divina, podemos ver nos seguintes casos:

(a) Deus livrou Noé e sua família do dilúvio, mas o patriarca pela fé construiu a arca (Hb 11.7);
(b) foi Deus quem livrou os primogênitos dos hebreus da morte física, mas eles tiveram que pela fé matar o cordeiro e colocar o sangue na verga e nos umbrais das portas (Hb 11.28); e,
(c) foi Deus quem enviou as serpentes abrasadoras sobre o povo de Israel como punição pelo seu pecado (Nm 21.6); mas também providenciou-lhes o livramento da morte física, exigindo apenas que pela fé, os hebreus ainda que mordidos, olhassem para a serpente de bronze que Moisés havia levantado, e, assim eles viveriam (Nm 21.9). Jesus aludiu a esta passagem do AT para ensinar a Nicodemos que, de igual modo, Ele seria levantado para que “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.15).

CONCLUSÃO
Deus quer que todo o homem se salve e venha ao conhecimento da verdade. Para isto, Ele nos concedeu o Seu Filho Jesus Cristo, que pagou o preço pelos nossos pecados na cruz do Calvário. No entanto, para que esta salvação seja recebida, faz-se necessário que o homem se arrependa dos seus pecados e creia em Jesus como seu Salvador.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE. CPAD.
BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais: Uma Teologia Sistemática Expandida. ACADÊMICO.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HORTON; MENZIES. Doutrinas Bíblicas: uma perspectiva pentecostal. CPAD.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. VIDA.
POMMERENING, Claiton Ivan. A obra da salvação: Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

LIÇÃO 08 – SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO - (Jo 3.14-21) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 08 – SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO - (Jo 3.14-21)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição iniciaremos vendo a definição do termo livre-arbítrio; estudaremos esta doutrina nas Escrituras Sagradas; pontuaremos a soberania de Deus e a livre escolha humana; e finalizaremos analisando a salvação e a eleição divina, bem como a livre-vontade do homem.

I – DEFINIÇÃO DE LIVRE-ARBÍTRIO
1.1 - Definição etimológica do termo. O dicionário Vine (2010, pp. 608,756) diz que livre-arbítrio vem do termo grego “eklego”, “escolher, selecionar, eleger” e “eleutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O dicionário Houaiss define como: “possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra livre vem do latim “liber”, que significa “livre” e o termo arbítrio “arbiter”, que é “uma pessoa escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774).

1.2 - Definição teológica do termo. “Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que o ser humano tem de fazer escolhas, tornandose, consequentemente, responsável por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade” (BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99).

II – O LIVRE-ARBÍTRIO NA BÍBLIA
2.1 - O livre-arbítrio nas Escrituras. Tanto no AT quanto no NT a doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio” não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.17,16; 4.7; Dt 28.1; 30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que demonstra-nos o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc 7.30; Jo 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19; 1Co 10.12; 2Co 8.3,4; 1Jo 3.23; Ap 3.20).

2.2 - O livre-arbítrio antes da Queda. O poder da livre-escolha faz parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108).

2.3 - O livre-arbítrio depois da Queda. Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).

III - A VONTADE DE DEUS E O LIVRE-ARBÍTRIO
3.1 - A vontade permissiva e livre arbítrio. O que faz o homem um ser moralmente semelhante ao Criador, é justamente a capacidade de fazer suas próprias escolhas; e é isto o que se entende por vontade permissiva. Deus tem poder para impedir que o homem faça o mal ou bem, entretanto, lhe dá o direito de escolha mesmo discordando dela (Gn 2.15-17; 3; 4.7; Dt 30.15-20; Gl 6.7-10). Na vontade permissiva, a soberania e a onipotência de Deus não violam o livre-arbítrio humano. No âmbito da salvação, Deus sabe perfeitamente quem o rejeitará, embora jamais interfira nesta decisão. Todavia, o homem pode rejeitar a salvação (Is 1.19,20; Dt 30.19; Js 24.15; Mt 23.37,38; Lc 7.30; 1Tm 1.19; 1Co 10.12). A Bíblia ensina que Deus é todopoderoso; ninguém pode impor limites ao seu poder (Jó 37.23; Is 40.26). No entanto, ele não usa seu poder para controlar tudo arbitrariamente (Is 42.13,14), ele tolera aqueles que fazem mau uso do livre-arbítrio, mas não para sempre (Sl 37.10).

3.2 - A vontade diretiva e predestinação. A vontade diretiva de Deus opera em conformidade com a sua sabedoria e soberania. Ele rege o curso da história, e controla o universo de acordo com seus eternos propósitos (Sl 33.11; At 2.23; Ef 1.4-9). Tudo o que planejou certamente será executado (Is 43.13; 14.26,27). É nesse ponto que nos deparamos com a doutrina da predestinação. O Eterno, em seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos em Cristo à vida eterna. Ninguém foi predestinado ao lago de fogo que fora preparado para o Diabo e seus anjos (Mt 25.41). Mas o fato de o homem ser predestinado à vida eterna não lhe garante essa bem-aventurança. É necessário que creia no Evangelho, e assim será considerado eleito (Rm 8.29; Ef 1.5).

IV - A SALVAÇÃO E O LIVRE-ARBÍTRIO
4.1 - A salvação e o livre-arbítrio. A Bíblia enfatiza o ensinamento do livre-arbítrio humano (Mt 11.28; Lc 9.23; 13.3; 16.16; Jo 1.12; At 2.21; 17.31; Rm 1.16; 10.13,14; 1Tm 2.3,4; 4.1; 2Pd 2.1,20,21; 3.9; Ap 2.20,21; 3.11). No NT os pecadores são repetidamente ordenados a “arrepender-se” e “crer” (Mt 3.2; 4:17, Jo 5.40; At 3.19, 1Jo 3.23). A ordem “arrepende-te” foi transmitida à maioria das Igrejas da Ásia (Ap 2.5,16; 3.3,19) e, o Senhor disse que deveriam “guardar, reter, conservar” o que tinham, até a morte, para que não perdessem a coroa (Ap 2.10,25; 3.11). Conquanto o Senhor Jesus tenha feito a sua parte, ao nos resgatar, temos de “operar” ou “desenvolver”, a nossa salvação (Fp 2.12; Ef 2.10; 2Tm 2.10; Hb 6.9). Se negarmos o Senhor, Ele também nos negará (Mt 10.32,33; 2Tm 2.12; Ap 3.5) (SILVA, 1989, p. 60).

4.2 - A salvação e a predestinação fatalista. Predestinação fatalista é o ensino antibíblico da determinação antecipada do destino dos homens: uns para salvação outros para condenação. Este ensino só considera a soberania de Deus, e não sua graça e justiça (Rm 11.5; 3.21; 1Tm 2.4; Tt 2.11; 2Pd 3.9). Em Ezequiel 18.23,32; 33.11, Deus assevera o seu desejo de que o ímpio se converta, e não apenas os “eleitos” e “predestinados” (Jo 3.16). Deus jamais predestinará alguém para o inferno, sem lhe dar oportunidade de salvação, pois isso aviltaria a natureza moral de Deus. Se todos já estão predestinados quanto ao seu destino eterno, então não há lugar para escolha, decisão, ou livre-arbítrio por parte do homem, o que contradiz a Bíblia (Dt 30.16-19; Js 24.15; 1 Rs 18.21; Sl 119.30,173; Lc 13.34; Ap 22.17). Não há segurança salvífica fora de Jesus e de seu aprisco, como também não há segurança espiritual para alguém que vive em pecado (Jo 15.1-6; 1Pd 1.5; Rm 1.17) (DANIEL, 2017, p. 402).

V – A ELEIÇÃO DIVINA E O LIVRE-ARBÍTRIO
A escolha de Deus daqueles que creem em Cristo é uma doutrina importante (Rm 8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). A eleição do grego “eklegoe” refere-se à escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (2Ts 2.13). Essa eleição é uma expressão do amor de Deus, que recebe como seus, todos os que recebem Jesus condicionalmente (Jo 1.12). A doutrina da eleição abarca as seguintes verdades:

5.1 - A eleição é baseada na presciência divina. A Bíblia assevera tanto a realidade do livre-arbítrio humano como a realidade da presciência divina (ter conhecimento do futuro). A despeito de Deus conhecer antecipadamente, os que rejeitarão seu plano salvífico, sua presciência não interfere nem viola o livre direito de escolha do homem (2Tm 2.10). Deus é onisciente, e para Ele nada está oculto. Ele sabe o futuro desde o passado (Is 46.10; 1Pd 1.2), conhece os nossos dias, sabe quem será salvo mediante a fé, sabe cada pensamento nosso por antecipação. Mas presciência não é preordenação. Deus não decide o nosso futuro, não determina nossas escolhas, Ele apenas sabe o que acontecerá (Sl 139.16; Rm 8.29,30; 1Pd 1.1-2). Paulo alertou os crentes de Corinto a respeito da manutenção da salvação em Cristo (1Co 15.1-2). Notemos que a manutenção da salvação está condicionada à obediência ao evangelho verdadeiro (2Co 11.3,4; Gl 1.8; 1Tm 4.16). E a obediência deve ser voluntária, visto que não somos seres autômatos (DANIEL, 2017, p. 390). A predestinação fatalista contradiz dois atributos divinos: a justiça e o amor. Primeiro, porque torce a justiça divina, pois, nesse caso, Deus destinaria as pessoas antes mesmo de seu nascimento à perdição eterna. E segundo, porque põe em dúvida o ilimitado amor de Deus, por ensinar que o Senhor destinou os pecadores ao inferno sem lhes dar o direito e a oportunidade de arrependerem-se (THIESSEN, 2000, p. 246).

5.2 - A eleição é cristocêntrica. A eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação (Ef 1.4) e, o próprio Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus: “Eis aqui o meu servo, que escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1Pe 2.4). Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé, pois esta eleição é feita em Cristo (Ef 1.7). O propósito de Deus, já antes da criação era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz. Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário (At 20.28; Rm 3.24-26) (STAMPS, 1995, p. 1808).

5.3 - A eleição é corporativa. Os eleitos são chamados “o seu corpo” (Ef 1.23; 4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por Deus (1Pe 2.9) e a “noiva de Cristo” (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva (Ef 1.4,5, 7, 9; 1Pe 1.1; 2.9), somente à medida que este indivíduo se identifica e se une ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (Ef 1.22,23). É uma eleição como a de Israel no AT (Dt 29.18-21; 2Rs 21.14). O cumprimento desse propósito para o crente como indivíduo dentro da igreja é condicional. Cristo nos apresentará “santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia mostra isso claramente (Cl 1.22,23) (STAMPS, 1995, p. 1808).

5.4 - A eleição é universal. Segundo a doutrina da predestinação fatalista, Jesus morreu somente por aqueles que o Pai já havia predestinado desde a fundação do mundo. No entanto, a Bíblia afirma sem deixar dúvidas, que Cristo morreu por todos (At 17.30; Rm 5.18; 1Tm 2.4-6; 2Pd 3.9; Hb 2.9; 1Jo 2.2; Jo 3.16,17; Tt 2.11). Isto torna-se uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio arrependimento e fé, ao aceitar o dom da salvação em Cristo (Ef 2.8; 3.17; At 20.21; Rm 1.16; 4.16). Mediante a fé, o Espírito Santo admite o crente ao corpo eleito de Cristo (a igreja) (1Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos. Daí, tanto Deus quanto o homem têm responsabilidade na eleição (Rm 8.29; 2Pe 1.1-11). A Bíblia afirma categoricamente que Deus não faz acepção de pessoas, e deseja que todos sejam salvos (At17.30; Rm 2.11; 2 Pd 3.9; 1Tm 2.4; Jo 3.16; Mc 16.15) (STAMPS, 1995, p. 1808).

CONCLUSÃO
Concluímos que o livre-arbítrio é o poder que temos de tomar uma decisão, sem sermos obrigados a escolher uma determinada opção por interferência externa. Também entendemos que por causa do livre-arbítrio, cada pessoa é responsável por suas ações e responderão diante de Deus por suas escolhas livres.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
DANIEL, Silas. Arminianismo e a mecânica da salvação. CPAD.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HORTON, S. Teologia Sistemática. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

LIÇÃO 07 – A SALVAÇÃO PELA GRAÇA (Rm 5.6-10,15,17,18,20; 11.6) - 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 07 – A SALVAÇÃO PELA GRAÇA - (Rm 5.6-10,15,17,18,20; 11.6)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos a definição da palavra “graça” tanto no AT quanto no NT; destacaremos que Deus sempre se relacionou com o homem por Sua graça; destacaremos algumas características deste favor divino; e, por fim, pontuaremos que somente pelo favor imerecido de Deus o homem poderá ser salvo.

I – O QUE SIGNIFICA GRAÇA
A palavra “graça” aparece 217 vezes em toda a Bíblia. No AT: 73; no NT: 144 (JOSHUA, sd, p. 697). O conceito de graça é multiforme e sujeito a desdobramentos nas Escrituras. No AT, “hen”, significa: “favor”. É o favor imerecido de um superior a um subalterno. No caso de Deus e do homem, 'hen' é demonstrado por meio de bençãos temporais, embora também o seja por meio de bênçãos espirituais e livramentos, tanto no sentido físico quanto no espiritual (Jr 31,2; Êx 33.19). No NT, é “charis”, que indica “graciosidade”, “atrativo”, “favor” (WYCLIFFE, 2007, p. 876 – acréscimo nosso). Em resumo esta palavra significa um: “favor imerecido concedido por Deus à raça humana” (ANDRADE, 2006, p. 203).

II – DEUS SEMPRE SE RELACIONOU COM O HOMEM POR SUA GRAÇA
Algumas pessoas têm limitado a palavra Lei ao AT e a palavra graça ao NT. Mas isso é um erro muito grave. A graça de Deus é vista ao longo de todas as dispensações na história, como veremos a seguir:

2.1 - Antes da Lei. Já no Éden, vemos a manifestação da graça divina, pois mesmo quando Adão pecou sendo merecedor do juízo, Deus lhe fez a promessa da vinda do Redentor (Gn 3.15); lhe cobriu a nudez (Gn 3.21); e, vedou o acesso a árvore da vida a fim de que o homem não tivesse a sua situação irremediável (Gn 3.22-24). No período antediluviano, Deus decretou que daria um tempo aquela geração de 120 anos até que viesse o dilúvio e consumisse a todos (Gn 6.3). Noé achou graça aos olhos de Deus (Gn 6.8), e o Senhor o livrou junto com a sua família daquela catástrofe (Gn 6.9). Quanto a Abraão foi imputada justiça mediante a fé, evidencia-se um claro sinal da graça (Gn 15.6; Rm 4.3-5). Até o pacto que Deus fez com Ele, não foi baseado em méritos, pois na ocasião, somente Deus passou por entre as metades dos animais (Gn 15.8-17).

2.2 - Durante a Lei. Deus deu a Lei ao povo de Israel, mas sabia da incapacidade deles de observá-la em Sua plenitude, por causa de sua natureza pecaminosa (Sl 14.3; 143.2; Ec 7.20; Rm 7.14-23). Por isso, instituiu o sistema cerimonial de sacrifícios, a fim de proporcionar-lhes perdão por Sua graça (Êx 30.10; Lv 1.4; 4.2,14,21,24). Portanto, a provisão da graça para com o indigno transgressor da Lei existia desde o Antigo Testamento (Êx 33.13; Jr 3.12; 31.2). A passagem de Atos 15.10,11 confirma isso também.

2.3 - Depois da Lei. Apesar de Deus ter sido gracioso em todas as eras anteriores, sempre oferecendo novas oportunidades para a obediência sob Suas novas condições, a Sua benevolência ilimitada foi totalmente derramada por meio de Jesus, nos primórdios deste novo tempo chamado de “dispensação da graça” (Ef 3.2). João diz que “[...] a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17-b). Paulo ensinou que Deus manifestou a Sua graça em toda a sua plenitude na Pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo (2 Co 8.9; 13.13; Gl 1.6; 6.18; Ef 2.7; Fp 4.23). O apóstolo Pedro também falou da “graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.13).

II – CARACTERÍSTICAS DA GRAÇA DIVINA
Paulo foi o principal instrumento humano para transmitir o pleno significado da graça em Cristo. Não é de admirar que mais tarde ele viesse a ser conhecido como “o apóstolo da graça” (SWINDOLL, 2009, p. 19). Com maestria, ele nos falou sobre a graça de Deus de forma abundante. Quase dois terços das ocorrências neotestamentárias de “charis”, normalmente traduzida por “graça”, se encontram em suas cartas. O termo se encontra em todas as treze cartas paulinas tradicionais e é bastante repetido em Romanos. Ele confessou que para isto foi chamado “para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24). Abaixo destacaremos algumas verdades sobre este maravilhoso favor divino:

2.1 - A graça é um ato soberano (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11). Nos referidos textos, Paulo nos diz que a graça procede soberanamente de Deus. Isto porque o favor lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (1 Co 15.10; Tt 2.11; 1 Pe 5.10). A graça de Deus brilhou sobre os que estavam nas trevas e na sombra da morte (Mt 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4). “A graça divina é, então, Deus mesmo renunciando ao exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão” (ALMEIDA, 1996, p. 28).

2.2 - A graça é imerecida (Rm 3.24; Ef 2.5.7-8). Para falar sobre este favor imerecido ao pecador, Paulo usa a seguinte argumentação: “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.4,5). O apóstolo deixou claro que a salvação é concedida ao homem sem ele merecer. Não há nada que o homem faça para o tornar digno de ser salvo, pois a graça aniquila qualquer obra que visa receber a salvação por mérito (Ef 2.9). A salvação não é uma recompensa por bom comportamento e o homem não tem condições de cumprir a Lei, por causa de seu estado de pecado (Is 64.6; Rm 7.14-21).

2.3 - A graça é suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8). Paulo nos mostra que a Lei não é suficiente para salvar o homem. Até porque seu propósito é revelar o pecado e não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo fez por nós aquilo que a Lei nunca poderia (Rm 8.3). Embora a fé seja o caminho dado por Deus para a salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque pela graça sois salvos” (Ef 2.8-a). Portanto, é pela graça, o favor imerecido de Deus, que ele nos concede a bênção da salvação (At 15.11; Rm 11.6).

2.4 - A graça é imparcial (Rm 1.16; 3.29; 9.24). Desde o início, a proposta divina sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente (Gn 12.3; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos pecaram” (Rm 3.23), somente os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo diz: “[...] a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias mostra claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1 Pe 1.17). Portanto, a graça de Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é derramada sobre todos em pé de igualdade, ou seja ela contempla tanto judeus como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).

2.5 - A graça é resistível (At 7.51; 18.5,6). A ideia de que a graça é irresistível está ligada a Agostinho. “De acordo com ele, a graça de Deus atua incondicional e irresistivelmente nos eleitos, garantindo a salvação deles, produzindo a reação favorável dos homens para com o evangelho e garantindo que essa reação seja absolutamente completa e eficaz” (CHAMPLIN, 2004, p. 957). Nenhum apóstolo ou pai da igreja jamais ensinou tal heresia, pelo contrário, a Bíblia, nos mostra que o homem pode por seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar o plano divino para a sua salvação (At 4.4; 9.42; 13.46; 17.4). O povo de Israel é a maior prova de que a graça não é irresistível, pois o apóstolo João diz: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Jesus quando estava em frente ao Monte das Oliveiras declarou: “Jerusalém, Jerusalém, [...] quantas vezes QUIS EU ajuntar os teus filhos, [...] e TU NÃO QUISESTE!” (Mt 23.37). O escritor aos Hebreus por mais de uma vez disse: “[...] se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação [...]” (Hb 3.15). Confira também (Hb 3.7,8; 4.7).

III – GRAÇA, A BASE DA SALVAÇÃO
Há quem defenda erroneamente que os crentes do AT eram salvos pela obediência a Lei, enquanto que os santos do NT são salvos pela graça, este é um grande erro. Nenhum homem poderá ser salvo por suas obras, mas somente e unicamente pela graça de Deus (At 15.11; Ef 2.8; Tt 3.7). Paulo enfatizou esta verdade citando dois exemplos do AT, a saber: Abraão e Davi (Rm 4.1-8). Jesus ensinou que: “aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível” (Mt 19.26). Paulo de igual forma asseverou: “Porquanto o que era impossível à lei, [...] Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne” (Rm 8.3). O escritor aos Hebreus também atestou: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb 10.4). Segundo Geisler (2010, p. 158), “apesar da fonte da salvação ser a decisão divina de nos salvar, a natureza da salvação é a graça de Deus. O dom magnífico da vida eterna somente chega até nós por intermédio da graça, e somente por ela”. É bom lembrar que todos os passos para a redenção do pecador são atribuídos à graça de Deus; a saber:

- A eleição (Rm 11.5,6; Ef 1.4);
- A regeneração (Gl 1.15,16);
- A justificação (Rm 3.24; 5,16,18; Tt 3.7);
- A santificação (1 Pe 5.10);
- A glorificação (1 Pe 5.10).

CONCLUSÃO
A graça imensurável de Deus, sempre foi manifestada em todo decorrer da história humana. No entanto, por meio de Cristo Jesus, este ato soberano de Deus em relação ao homem caído em pecado, foi mais expressamente demonstrado, a fim de mudar a sua sorte e restaurar o que a Queda causou.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
OLIVEIRA, Oséias Gomes. Concordância Bíblica Exaustiva Joshua. Vol. 03. CENTRAL GOSPEL.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SWINDOLL, Charles R. Paulo. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO.

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