segunda-feira, 24 de abril de 2017

LIÇÃO Nº 5 – JACÓ, UM EXEMPLO DE UM CARÁTER RESTAURADO (Gn 25.28-34; 32.24,27,28,30) - 2º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO Nº 5 – JACÓ, UM EXEMPLO DE UM CARÁTER RESTAURADO (Gn 25.28-34; 32.24,27,28,30) - 2º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos o significado do nome Jacó; pontuaremos os aspectos do caráter deste personagem antes do encontro com Deus; apontaremos também o significado do nome Israel; e por fim, analisaremos os aspectos do caráter de Jacó depois do encontro com Deus no vale de Jaboque.

I - DEFINIÇÃO DO NOME JACÓ
O sentido primeiro e original do nome de Jacó, que, em hebraico, é “Yaakov”, significa: “Deus protege”. Segundo o relato bíblico de Gênesis 25.26, Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão, e por causa disso, o seu nome transformou-se num apelido: “aquele que segura pelo calcanhar” (LIMA, 2017, p. 51). Segundo Paul Hoff (1995, p. 29), a palavra Jacó passou a significar: “enganador” ou “suplantador” porque mais tarde Esaú seu irmão, o interpretou assim. Para Gardner (2005, p. 292),por muito tempo foi a marca registrada do caráter de Jacó o oportunismo, e a luta para tirar vantagem desonestamente. Já Strong (2011, p. 1687), diz que o nome Jacó significa: “agarrador de calcanhar”. Alguns teólogos dizem que Jacó significa ainda:“substituto, trapaceiro, fraudador, enganador”.

II - ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ ANTES DO ENCONTRO COM DEUS
Jacó integra a lista dos três patriarcas hebreus que marcaram a história de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Sua história foi pontilhada de episódios dramáticos desde o seu nascimento. Jacó tinha tremendos problemas de caráter, era enganador,oportunista e ganancioso (Gn.27.18-29, 42-43). Os gêmeos Esaú e Jacó não eram diferentes apenas em aparência, mas tambémem personalidade. Jacó e Esaú já haviam lutado antes de nascer e, durante o parto, Jacó agarrou o calcanhar de seu irmão.
Esse gesto foi interpretado como indicação de que Jacó faria seu irmão tropeçar e se aproveitaria dele (WIERSBE, 2010, p.151). Notemos:

2.1 - Jacó: um homem de caráter oportunista. Antes de seu nascimento, Jacó havia sido escolhido por Deus para receber o direito de herança e a bênção (Gn 25.22,23). Assim, não havia necessidade alguma de elaborar tramas nem de se aproveitar do irmão. Quando seu Esaú chegou com fome e pediu-lhe para comer do seu guisado, ele poderia ter-lhe oferecido de sua comida,compartilhando sua refeição. No entanto, numa prova de oportunismo e ambição, disse logo: “Vende-me, hoje, a tua primogenitura” (Gn 25.31) (LIMA, 2017, p. 56 – grifo nosso). Aí, podemos ver duas atitudes que demonstram o caráter respectivo dos dois irmãos. De um lado, vemos Jacó usando de esperteza e ambição. De outro, vemos Esaú desprezando o precioso direito de primogenitura (LIMA, 2017, p. 50).

2.2 - Jacó: homem de caráter aproveitador. O primogênito era santificado ou consagrado a Deus (Êx 13.2, Nm 3.13; Lc 2.23;Nm 3.12); a herança do primeiro filho era o dobro do que os demais filhos receberiam (Dt 21.17); o primeiro a nascer tinha o direito de assumir a liderança do pai sobre o grupo, o clã, a tribo ou o reino (2Rs 3.27). Jacó poderia ter compartilhado da sua sopa com seu irmão, que estava faminto e cansado, mas não fez isso. Ele aproveitou-se da ocasião para obter um direito que, pela Lei, não era dele, querendo, de fato, usurpar o direito de primogenitura do seu irmão (LIMA, 2017, p. 50).

2.3 - Jacó: homem de caráter enganador. Jacó tornou-se enganador e farsante querendo desesperadamente, ser amado e aceito por seu pai, estando disposto a fazer qualquer coisa para ganhar a aprovação de Isaque, mesmo que isso significasse enganar […] Jacó seguindo o mau exemplo da mãe, enganou seu pai, mentiu, enganou e usou o nome de Deus em vão (Gn 27.14-25) (BUSIC apud LIMA, 2017, p. 52).

2.4 - Jacó: um homem de caráter calculista. Conhecedor do comportamento leviano do irmão, Jacó não apenas propôs trocar algo tão insignificante, como um prato de sopa de lentilhas, por algo tão valioso, como também exigiu que Esaú fizesse um juramento que garantisse que sua troca seria respeitada por toda a vida. “Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó” (Gn 25.33; Hb 12.16). Só depois do juramento “[...] deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas” (Gn 25.34) (LIMA, 2017, p. 56).

2.5 Jacó: um homem de caráter fraco. Jacó já não era mais um adolescente; porque, quando foi induzido por sua mãe a mentir e enganar seu pai ele sabia que tal proposta era errada (Gn 27.11,12). Sua mãe insistiu na prática do erro, chamando para si a maldição daquele engano, daquele arranjo fraudulento. Jacó, por sua vez, não teve força moral para ficar firme e, mesmo contrariado, fez tudo o que sua mãe lhe obrigara (Gn 27.6-17). Um filho deve honrar seus pais, pois é mandamento de Deus (Ef 6.1), mas não tem obrigação de compactuar com a mentira e a trapaça (Ef 5.10,11) (LIMA, 2017, p. 57).

2.6 - Jacó: um homem de caráter mentiroso. Ao chegar à presença de Isaque, que estava cego, este perguntou: “Quem és tu,meu filho?” (Gn 27.18). Era a hora da verdade, ainda assim, Jacó mentiu sobre seu nome: “Eu sou Esaú, teu primogênito.Tenho feito como me disseste [...]” (v. 19). Onde estava o temor de Deus na vida de Jacó? Responder ao pai que era o irmão? Isaque ficou admirado, pensando ser Esaú, e também como teria retornado tão rápido com a caça. Mais uma vez mentiu sobre a comida e sobre o Senhor: “Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro” (v. 20). Ao abraçar Jacó, Isaque disse: “A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú” (v. 22). Confuso, Isaque perguntou: “Es tu meu filho Esaú mesmo?” (v. 24), e assim Jacó mentiu novamente sobre sua identidade: “[…] e ele disse: Eu sou” (vs 24-29). Depois que Isaque havia terminado a refeição, pediu a Jacó que o beijasse, e esse beijo foi a sexta mentira. Como Jacó podia afirmar que amava o pai enganando-o? (WIERSBE, 2010, p. 158).

2.7 - Jacó: um homem de caráter briguento. No currículo da vida de Jacó várias lutas existiram por isso o texto diz: “[…]porque lutaste com Deus e com os homens [...]” (Gn 33.28). Vejamos essas lutas em sua vida: a) lutou com seu irmão no ventre de sua mãe (Gn 25-27), b) lutou com seu pai (Gn 27), c) lutou com seu sogro (Gn 29-31), d) lutou com suas esposas (Gn 30), e,por fim, e) lutou com Deus em Peniel (Gn 33).

III - DEFINIÇÃO DO NOME ISRAEL
No antigo Israel, mantinha-se o costume de associar o nome ao caráter pessoal. A Bíblia registra, em algumas passagens, Deus substituindo nomes em razão de uma mudança de caráter (STAMPS, 1995, p. 85). O nome Israel é derivado do hebraico “Yishrael”, cuja composição é realizada a partir da soma dos vocábulos “yishra”, que pode ser traduzido como “lutador” ou “príncipe”, e “El”, cuja principal significado é “Deus”. O nome Jacó “enganador” agora foi mudado para “príncipe que luta com Deus” ou “príncipe que vê Deus”. Israel é categorizado como um nome teofórico (nome que contém elementos alusivos a Deus), a expressão “Theo” vem do grego e significa “Deus” e a palavra “fórico” quer dizer “carregar, possuir, portar” (Bíblia de Estudo da Reforma, 2017, p. 69).

IV - ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ DEPOIS DO ENCONTRO COM DEUS
4.1 - Jacó: um homem de caráter transformado. Todo homem tem oportunidade de mudar quando ele tem um encontro com Deus. Jacó necessitava de uma mudança, e para transformar essa situação seria necessário “ver a face de Deus”. No encontro com Deus o homem nunca sai como entrou, Jacó entrou como “enganador” no vau Jaboque (lugar de travessia, lugar de esvaziamento), e lá recebeu um novo caráter, e um novo nome. Não pode haver transformação enquanto não formos “esvaziado” do velho homem. Chega a hora em que precisamos “resolver as coisas com Deus”, pois o nosso Jaboque tem de ser enfrentado a sós (Gn 32.24-a), e temos que nos esvaziar de todos maus desejos e ambição. Depois de Jaboque veio Peniel (face de Deus) e o velho Jacó saiu como “Israel” (Gn 32.27,28), e o encontro com Deus transformou o velho Jacó num novo homem com um novo nome. É impossível ter um encontro com Deus e não mudar (Os 12.4,5) (MACARTHUR, 2010, p. 62).

4.2 - Jacó: um homem de caráter agradecido. Surpreendentemente, Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus e fez-lhe um voto, dizendo: “[...] Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai [...] de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gn 28.20-22). Nesse fato, vemos que Jacó tinha consciência do valor do dízimo como expressão sincera de gratidão a Deus, a exemplo do que fizera Abraão, seu avô, perante Melquisedeque (Gn 14.18-20). A atitude de Jacó demonstra sua gratidão a Deus de forma antecipada.

4.3 - Jacó: um homem de caráter esforçado. Ao chegar à casa de Labão, seu tio, Jacó revelou-se um homem trabalhador. Em lugar de receber um salário em dinheiro, preferiu trabalhar sete anos por Raquel, a quem amava. Mas, na noite de núpcias, ele experimentou, em termos de engano, o resultado daquilo que plantara. Jacó foi enganado pelo sogro e, em lugar de casar-se com Raquel, acabou casando-se com Léia. Só depois de mais sete anos de trabalhos foi que Jacó casou-se com Raquel, sua amada (Gn 29.21-30), e ainda Labão “mudou o seu salário dez vezes” (Gn 31.7).

4.4 - Jacó: um homem de caráter na direção de Deus. Após ser enganado pelo sogro, Jacó reuniu sua família e fugiu de Harã.Sua saída de Harã foi por direção de Deus, com quem ele aprendeu a relacionar-se. “E disse o Senhor a Jacó: Torna à terra dos teus pais e à tua parentela, e eu serei contigo” (Gn 31.3). Ao explicar o plano de fuga à família, Jacó repetiu o que ouvira da parte de Deus: “Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde me tens feito o voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela” (Gn 31.13).

4.5 - Jacó: um homem de caráter quebrantado e temente a Deus. Jacó lembrou-se do passado e de sua desavença com o irmão e, temeroso, dividiu a família em dois bandos para que um pudesse escapar em caso de ataque. Sua angústia era grande, porém sua oração revela seu temor “[…] sou indigno de todas as beneficências e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo[...]” (Gn 32.9-12). Ele enviou três grupos de servos, cada um levando presentes para aplacar uma possível agressão por parte de Esaú, mas somente o pedido de perdão resolveu o problema (Gn 32.11-21). A experiência do encontro de Jacó com Esaú mostra que, quando Deus age na vida das pessoas, seu caráter é transformado. Jacó orou ao Senhor (Gn 32.11,12), ele inclinou-se em terra (Gn 33.3), e abraçou e beijou seu irmão recebendo perdão (Gn 33.4) (LIMA, 2017, pp. 59,60).

CONCLUSÃO
A vida de Jacó foi totalmente transformada depois que ele atravessou o vale de Jaboque e encontrou-se com Deus. Existem “vales” em nossas vidas que servem para transformação de nosso ser, pois assim como Jacó, precisamos nos moldar e transformar nosso caráter para ficarmos com nossa personalidade como a de Cristo.

REFERÊNCIAS
Bíblia de Estudo Palavras Chaves. CPAD.
Bíblia de Estudo da Reforma. SBB.
Bíblia de Estudo MacArthur. SBB
LIMA, Elinaldo R. de. O Caráter do Cristão. CPAD.
STAMPS, Donal C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA

segunda-feira, 17 de abril de 2017

LIÇÃO 04 – ISAQUE, UM CARÁTER PACÍFICO (Gn 26.12-25) - 2º TRIMESTRE DE 2017

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LIÇÃO 04 – ISAQUE, UM CARÁTER PACÍFICO (Gn 26.12-25)
2º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Um dos personagens do AT que destaca-se por seu caráter pacífico é o patriarca Isaque, o filho de Abraão. Sua forma pacata de ser lhe deu condições de administrar os vários embates que sofreu com os filisteus e lhe proporcionou grandes bençãos da parte do Senhor. Tal forma de comportar nos serve de exemplo para que da mesma forma possamos agir quando estivermos diante de situações semelhantes, pois “ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos” (2 Tm 2.24).

I – INFORMAÇÕES SOBRE O PATRIARCA ISAQUE
Dos patriarcas da nação de Israel, o que a Bíblia dedica menos capítulos é Isaque. Ele teve uma vida longa (Gn 35.28) e nunca se afastou da região que sua semente herdaria (Gn 35.27). Isaque é um dos patriarcas de grande influência no meio do povo de Deus, para os quais a Terra de Canaã foi prometida (Gn 50.24; Êx 33.1); com quem a aliança foi feita (Êx 2.24; Sl 105.9); cujos nomes são parte da identificação do próprio Deus (Êx 3.6; 15.16).

1.1 - Seu nome (Gn 21.4). O nome de Isaque foi dado pelo próprio Deus (Gn 17.19). Seu significado quer dizer: “riso”. Talvez, uma alusão direta ao riso que tanto Abraão quanto Sara deram ao ouvirem de Deus a promessa que teriam filho, mesmo sendo avançados em idade e Sara sendo estéril (Gn 17.17; 18.12-14). Pode-se entender também que este nome fora dado a Isaque em virtude da alegria que sentiria sua mãe ao conceber um filho de forma milagrosa. Sara previu que todos os que conhecessem sua história teriam a mesma reação (Gn 21.6). Sara concebeu aos noventa anos, e oito dias depois se deu a sua circuncisão (Gn 21.4,5). Na ocasião em que foi o menino foi desmamado, Abraão ofereceu um grande banquete com muita alegria (Gn 21.8).

1.2 - Seus pais (Gn 21.2). Isaque era filho de Abraão e Sara, e foi o segundo dos três patriarcas hebreus: Abraão, Isaque e Jacó (I Cr 1.34; Mt 1.2). Isaque foi circuncidado como um filho prometido, porquanto nele é que a aliança com Abraão teria continuação (Gn 21.4,12; Hb 11.18).

1.3 - Sua esposa (Gn 25.20). A Bíblia nos diz que Isaque se consolou da morte de Sara quando casou com uma donzela chamada Rebeca (Gn 24.67). Assim como Sara, Rebeca também era estéril, todavia, Deus realizou um milagre fazendo-a conceber em resposta a oração de Isaque, seu marido (Gn 25.21-26). 1.4 Seus filhos (Gn 25.24-26). Com Rebeca, Isaque teve dois filhos: Esaú e Jacó (Gn 25.25,26). Embora Esaú tenha sido o primogênito, o herdeiro da porção dobrada, Deus havia dito que Jacó seria este herdeiro (Gn 25.23). Jacó veio a tornar-se o terceiro dos grandes patriarcas hebreus, através dos quais se formou o povo de Israel, por meio de quem o pacto messiânico foi perpetuado (Gn 28.12-15; Êx 2.24; Dt 6.10; Lc 1.68).

II – ISAQUE, UM HOMEM ABENÇOADO POR DEUS QUE PASSOU POR ATRITOS
Deus ordenou que Isaque permanecesse na terra dos filisteus e não descesse ao Egito, apesar da fome, pois ali o supriria e o abençoaria tal qual fez com Abraão seu pai (Gn 26.1-6). Atendendo a voz de divina, o patriarca permaneceu ali e devido a sua obediência contemplou os milagres de Deus mesmo no meio da escassez (Gn 26.12-14). Foi a partir desse fato, que os filisteus iniciaram um atrito com o nobre servo de Deus como destacaremos a seguir:

2.1 - Os filisteus o invejavam (Gn 26.14). A prosperidade material dada por Deus a Isaque despertou nos filisteus a inveja. A inveja é um misto de ódio, desgosto e pesar pelo bem e felicidade de outrem; é o desejo violento de possuir o bem do próximo. Os filisteus começaram a invejá-lo porque tinham receio de seu poder; e Isaque era um estrangeiro entre eles. Muito em breve eles começariam a tomar medidas para livrar-se do servo de Deus.

2.2 - Os filisteus entulharam os poços de seu pai (Gn 26.15). Antes mesmo de Isaque, Abraão foi perseguido pelos filisteus e por meio de seu rei Abimeleque “nome que era aplicado genericamente aos governantes filisteus” (GARDNER, 1999, p. 05). A Bíblia diz que durante as suas peregrinações Abraão também se estabeleceu em Gerar como seu filho Isaque (Gn 20.1; Gn 26.6). Neste lugar, Abraão fez um pacto com Abimeleque de que deveriam viver em paz um com o outro e que seus poços deveriam permanecer invioláveis (Gn 21.27-32). No entanto, eles descumpriram o que prometeram e entulharam os poços que Abraão havia aberto (Gn 26.15).

2.3 - Os filisteus o expulsaram (Gn 26.16). Além de invejar a prosperidade de Deus na vida de Isaque, e de ter entulhados os poços que eram de seu pai, os filisteus liderados por Abimeleque (este é outro e não o mesmo do tempo de Abraão), expulsaram o semita Isaque de sua terra, crendo que era por causa da terra deles que o servo de Deus prosperava.

III - ISAQUE, UM HOMEM QUE SOUBE SER PACÍFICO COM SEUS OPOSITORES Dentre as muitas virtudes de Isaque destaca-se nesta lição que ele era um homem pacífico. Tal comportamento Isaque por certo herdou de seu pai Abraão que sempre administrou com muito equilíbrio os atritos que se levantaram em sua vida (Gn 13.7,8; 21.25-27). A palavra “pacífico” segundo o Aurélio (2004, p. 1464) significa: “amigo da paz; sossegado, manso, tranquilo”. Jesus disse que os pacificadores “serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). Tiago diz que uma das características da sabedoria do alto é que “ela é pacífica” (Tg 3.17). Tal virtude sempre esteve presente na vida de Isaque, no entanto, foi mais perceptível, nas situações contrárias que enfrentou durante a sua trajetória na terra dos filisteus, como veremos a seguir:

3.1 - Quando foi expulso, não resistiu (Gn 26.16,17). Os filisteus não viram com bons os olhos, o estrangeiro semita entre eles prosperando e enriquecendo (Gn 26.12-14). Aos olhos de Abimeleque isto se deu por causa da terra, porque ele desconhecia a verdade de que Deus abençoava Isaque. Cheio de inveja o rei filisteu expulsou o servo do Senhor. Isaque não lutou contra Abimeleque pelos poços que eram herança de seu pai, preferiu ceder, distanciando-se da contenda e indo mais adiante. Ele deixou “Gerar” (Gn 26.6), para habitar “no vale de Gerar” (Gn 26.17). Jesus ensinou-nos a não nos vingarmos das pessoas que nos fazem mal (Mt 5.39-48).

3.2 - Quando contenderam por seu primeiro poço, ele cavou outro (Gn 26.19,20). Mesmo no vale de Gerar, os servos de Isaque cavaram em busca de água e acharam “um poço de águas vivas” (Gn 26.18,19). Champlin (2001, p. 180) diz que “a expressão “águas vivas” significa que eram fontes de onde brotava água corrente”. Os pastores filisteus de Gerar sabendo do êxito de Isaque porfiaram com os pastores deste, dizendo que a água era deles. Por isso, este lugar foi chamado de “Eseque” que em hebraico significa: “disputa, rixa”. Por fim, Isaque e seus funcionários abriram mão de sua conquista para evitar tumultos e seguiram adiante (Gn 26.21). Assim aconselhou o proverbista: “como o soltar das águas é o início da contenda, assim, antes que sejas envolvido afasta-te da questão” (Pv 17.14).

3.3 - Quando porfiaram por seu segundo poço, ele cavou outro (Gn 26.21). Indo mais adiante os pastores de Isaque sob suas ordens cavaram outro poço, mas os pastores de gerar também contenderam por ele. Isaque chamou aquele lugar de “Sitna” que em hebraico significa: “inimizade, hostilidade”. Diante dessa segunda contenda pelo que era de direito de Isaque, ele poderia ter perdido a cabeça e disputado na espada com os seus inimigos aquele poço, no entanto diz o texto que “partiu dali, e cavou outro poço” (Gn 26.22). Isaque não resistiu ao mal com o mal. Ele entendia que havia muito espaço para todos, e a bênção de Deus haveria de segui-lo a qualquer nova localização que escolhesse. Provérbios diz: “o orgulhoso de coração levanta contendas, mas o que confia no SENHOR prosperará” (Pv 28.25).

IV – BENÇÃOS QUE DEUS DEU A ISAQUE POR CAUSA DA SUA CONDUTA PACÍFICA
4.1 - Isaque abriu outro poço e teve sucesso (Gn 26.22). Isaque seguiu em frente com seu povo e Deus lhe abençoou fazendo com que novamente achasse água num lugar onde os filisteus não mais contenderam “e partiu dali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele” (Gn 26.22-a). Nesse lugar, Deus fez o patriarca crescer, alargando os seus termos. Diante disso, Isaque chamou o lugar de “Reobote” que quer dizer “lugar, espaço, alargamento”. Beacon apud Williamson (2006, p. 82 – acréscimo nosso) diz que Reobote é: 

(a) lugar para homens que buscam paz para viver em paz;
(b) os recursos de Deus são suficientes para todos terem bastante; e,
(c) a paciência é recompensada com paz e prosperidade”.

4.2 - Subiu para Berseba e Deus falou com ele (Gn 26.23-25). Mesmo prosperando em Reobote, Isaque parecia ainda não estar totalmente seguro, por isso subiu para outro lugar. Nessa ocasião o Senhor lhe apareceu tranquilizando o seu coração de que estava com ele e que iria lhe abençoar (Gn 26.24). Agora, seguro em Deus, Isaque ergueu um altar ao Senhor e ali armou a sua tenda (Gn 26.25). Os seus servos sob suas ordens cavaram outro poço e acharam água (Gn 26.25,32). Isaque chamou o nome do lugar de “Seba” que significa: “sete ou juramento” (Gn 26.33).

4.3 - Abimeleque veio ao seu encontro para cessar a contenda (Gn 26.26-31). Correu a notícia entre os filisteus que apesar de enxotado de Gerar, por onde Isaque ia ele prosperava e Deus lhe fazia encontrar água. Tal fato chamou atenção de todos e principalmente de Abimeleque que definitivamente reconheceu que havia algo incomum nisso, levando-o a ir ao encontro de Isaque e confessando: “[...] havemos visto, na verdade, que o SENHOR é contigo [...]” (Gn 26.28-b). E ainda: “[...] agora tu és o bendito do SENHOR” (Gn 26.29-b). Isaque ficou surpreendido sem entender, no entanto, diante do exposto, fez aliança com Abimeleque e celebrou um banquete. Cumpriu-se o que disse o proverbista “sendo os caminhos do homem agradáveis ao SENHOR, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele” (Pv 16.7).

CONCLUSÃO
Não é nada fácil manter-se tranquilo em situações semelhantes a que Isaque enfrentou, todavia, como servos de Deus precisamos agir assim. Nós só temos a perder quando ao invés de evitar o atrito alimentamos ele. Há ocasiões em que é necessário sofrer o dano afim de conservarmos o santo caráter que devemos ter diante de Deus e dos homens.

REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico Beacon: Gênesis a Deuteronômio. Vol. 01. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

LIÇÃO 03 – MELQUISEDEQUE, O REI DE JUSTIÇA (Gn 14.18-19; Hb 7.1-7,17) - 2º TRIMESTRE 2017

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LIÇÃO 03 – MELQUISEDEQUE, O REI DE JUSTIÇA (Gn 14.18-19; Hb 7.1-7,17) - 2º TRIMESTRE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre Melquisedeque, um dos personagens mais enigmáticos do Antigo Testamento; destacaremos algumas informações a seu respeito à luz da Bíblia; pontuaremos também o contexto histórico em que ele surge e a sua respectiva participação; e por fim, veremos que Melquisedeque prefigura o sacerdócio de Cristo no Novo Testamento.

I – INFORMAÇÕES SOBRE MELQUISEDEQUE
Devido a poucas informações a seu respeito, Melquisedeque tornou-se um homem enigmático; gerando algumas especulações sobre sua pessoa. Segundo Gardner, “um documento antigo, encontrado em Qunrã considerava Melquisedeque um ser angelical que ministrava o juízo de Deus. Outros o têm relacionado com Sem, filho de Noé, e até mesmo com o Messias, ou seja, que seria uma manifestação de Cristo em forma humana. Todas essas teorias, porém, são especulativas e sem fundamentação bíblica” (2005, p. 450 – acréscimo nosso). Portanto, notemos o que Bíblia informa a respeito dele:

1.1 - Sua origem. Melquisedeque é a transliteração para o português, do termo hebraico “Malkisedeq”, que significa “rei da justiça” (CHAMPLIN, 2001, p. 210). A história de Melquisedeque é bastante resumida, ele é citado no primeiro livro do Pentateuco (Gn 14); num texto poético (Sl 110) e na parte doutrinária da Epístola aos Hebreus, no Novo Testamento (Hb 5 a 7) (GARDNER, 2005, p. 450). As palavras “sem pai, sem mãe […]” (Hb 7.3); diz respeito ao fato que, não se menciona referência ao seu nascimento, parentesco, ou mesmo sua morte, não que ele não tivesse.

1.2 - Seu ofício. Ele era rei de Salém (a antiga Jerusalém). Salém é a forma abreviada de Jerusalém e é encontrada pelo menos cinco vezes nas Escrituras (Gn 14.18; 33.18; Sl 76.2; Hb 7.1,2). O título Rei de Salém dado a Melquisedeque significa “rei de paz”; além de rei, também lhe é atribuído a função de sacerdote de “El Elyon”. O nome “El” era comumente aplicado a Deus entre os povos de origem semita, e tornou-se na Bíblia um dos nomes principais de Deus, “El Elyon” (Deus Altíssimo). Esta também é a primeira menção do termo sacerdote na Bíblia o que o tornava um reisacerdote, o que serviu mui apropriadamente para ilustrar o mesmo ofício, ocupado em forma muito mais significativa, pelo Senhor Jesus Cristo (CHAMPLIN, 2001, p. 210 – acréscimo nosso).

1.3 - Sua piedade. Melquisedeque era cananeu, e como Jó, é um exemplo de um não israelita servo de Deus. Sua piedade pode ser evidenciada pela assistência dada a Abraão após a batalha, dando-lhe pão e vinho (Gn 14.18); por sua identificação como sacerdote do Deus altíssimo (Gn 14.18-b); pelo conhecimento que tinha a respeito de Deus e a sua adoração (Gn 14.19,20); pela atitude de abençoar o patriarca (Gn 14. 19-a); e ainda, por ter recebido o reconhecimento de Abraão que lhe deu o dízimo de tudo (Gn 14.20-b). Sua piedade ainda se destaca pelo significado de seu nome “rei da justiça”, que indica um dos traços de seu caráter. Justiça do hebraico “tsedeq”, e do grego “dike”, significam respectivamente: “atitude do que é justo; aquele que age de acordo com o padrão divino” (VINE, 2005, p.). Sobre a justiça a Bíblia destaca:

(a) Deus é a fonte (Sl 35.24,28);
(b) Deus exige que o homem a procure e a pratique imparcialmente (Is 1.17; 56.1; Mq 6.8);
(c) qualidade esperada de um líder (1Rs 10.9; Sl 119.121; Pv 8.15);
(d) uma evidência do Novo Nascimento (Ef 4.24).

II – MELQUISEDEQUE E SEU APARECIMENTO NA HISTÓRIA
O capítulo 14 de Gênesis registra a primeira menção de um sacerdote, a primeira menção do dízimo e a primeira menção de uma guerra envolvendo nove reis (Gn 14.1-17). As cinco cidades-estados da planície do Jordão (Gn 14.2; 13.10) haviam se sujeitado a doze anos de governo sob os reis de quatro cidades-estados do Oriente (Gn 14.1) e acabaram revoltando-se contra elas. Isso representou uma declaração de guerra. Assim, os quatro reis invadiram a planície do Jordão para subjugar os cinco reis das cidades daquela região. Nessa batalha, Ló, sobrinho de Abraão, foi levado cativo (Gn 14.12). Ao saber disso, Abraão, então, armou seus criados e entrou na peleja para libertar seu sobrinho. Ao retornar da batalha, ele encontrou-se com Melquisedeque.Vejamos os resultados desse encontro:

2.1 - Melquisedeque trouxe pão e vinho (Gn 14.18). Ao retornar da batalha, o patriarca Abraão recebeu do rei de Salém pão e vinho. Sem dúvida, este alimento serviu não só como uma refeição para o patriarca, mas, também, uma figura da Santa Ceia, que foi instituída por Cristo, milênios depois (Mt 26.26-30; Mc 14.22-26; Lc 22.16-20). “Melquisedeque traz pão e vinho a Abraão na qualidade de sacerdote, e não como rei de Salém. Era, pois, uma refeição sacramental, não um banquete oficial” (ANDRADE, 2015, pp. 118,119).

2.2 - Melquisedeque abençoou Abraão (Gn 14.19). Quando Melquisedeque abençoou Abraão demonstrou ocupar uma posição superior ao patriarca (Hb 7.6,7). “A bênção aqui referida não é a simples expressão de um desejo relativo a outrem, o que pode ser feito de um inferior para um superior; mas, é a ação de uma pessoa autorizada a declarar intenções de Deus, conferindo boas dádivas de prosperidade a outrem. E, tal ação somente tem validade quando é feita por alguém que é superior” (SILVA, 2002, pp. 122,123). Nesta ocasião, Melquisedeque, que também adorava ao Deus de Abraão, declarou que o Deus Altíssimo é o possuidor dos céus e da terra, e que foi Ele quem entregou os adversários nas mãos de Abraão (Gn 14.19).

2.3 - Abraão dá o dízimo a Melquisedeque (Gn 14.20). Diz o texto que Abraão deu o dízimo à Melquisedeque; com tal atitude, Abraão reconheceu o status sacerdotal de Melquisedeque, destacando a sua superioridade. A menção do dízimo nesse episódio, também nos mostra que se tratava de uma instituição mais antiga que a da legislação mosaica do Antigo Testamento. Não menos importante é que essa passagem mostra que o sacerdócio de Melquisedeque era maior do que o sacerdócio de Arão e dos levitas porque (figuradamente) este último sacerdócio oferecia dízimos a Deus através do primeiro sacerdócio ou de Melquisedeque na pessoa de Abraão. Deste modo o menor, isto é, os levitas, é abençoado pelo superior, isto é, Melquisedeque. As implicações todas têm a intenção de demonstrar a superioridade e eternidade do sacerdócio deste último, que funcionou como sacerdote quando abençoou Abraão e (figuradamente) Arão e os levitas (Hb 7.4-10).

2.4 - Abraão teve de escolher entre dois reis que representavam dois estilos de vida opostos. Sodoma era uma cidade perversa (Gn 13.13; Ez 16.49, 50), e Bera representava o domínio desse sistema tão atraente à carne (Ef 2.1-3). O nome Bera quer dizer “dádiva”, sugerindo que o mundo tenta comprar nossa fidelidade. Sodoma significa “queimando”, portanto, tenhamos cuidado ao escolher, pois, se alguém se inclinar para Bera, tudo o que há de mais importante em sua vida um dia arderá em chamas como aconteceu a Ló. Em termos legais, Abraão tinha todo o direito de se apropriar dos despojos, mas em termos morais, essas riquezas estavam fora de seus limites. Muitas coisas no mundo estão dentro da lei para os tribunais de justiça, mas são moralmente erradas para o povo de Deus.

III – MELQUISEDEQUE UMA FIGURA DE CRISTO
Tanto Hebreus 7 quanto o Salmo 110 associam Melquisedeque a Jesus Cristo o “Rei da paz” e “Rei da justiça”. Assim como ele foi no tempo de Abraão, Jesus Cristo é nosso Rei e Sacerdote no céu, permitindo que gozemos justiça e paz ao lhe servir (Is 32.17; Hb 12.11). O rei de Salém trouxe pão e vinho e abençoou Abraão. Trata-se da primeira menção acerca do pão e do vinho na Bíblia, o que retrata a futura obra de Cristo na cruz. Sem dúvida, podemos ver no pão e no vinho a lembrança da morte do Senhor por nós na cruz. O escritor da Epístola aos Hebreus declara que o sacerdócio de Melquisedeque era uma figura do sacerdócio de Cristo, como veremos a seguir:

3.1 - Jesus e seu Sacerdócio superior. O escritor aos Hebreus a respeito do sacerdócio de Cristo diz: “chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 5.10). O que significa que Cristo é anterior e superior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes do Antigo Pacto (Jo 8.56-58). Melquisedeque, como protótipo de Cristo, estava revestido de grande dignidade. Por isso, abençoou Abraão e recebeu dele o dízimo (Hb 7.1,2). Melquisedeque é superior a Abraão, pois recebeu dízimo até mesmo de Levi, representado figuradamente pelo patriarca (Hb 7.4-10). Melquisedeque era mais importante que Levi e seus descendentes, cujo sacerdócio era temporário (Hb 7.4-10). Mas, o sacerdócio de Cristo é eterno (Hb 7.3,17). A superioridade de Melquisedeque é vista no fato que ele apresenta uma ordem sumo sacerdotal mais elevada que a do sacerdócio levítico, que era imperfeito (Hb 7.11-14). Cristo, tipificado no AT por Melquisedeque é o nosso sumo sacerdote santo, inocente, imaculado, perpétuo, separado dos pecadores e feito mais sublime que os céus (Hb 7.26-28).

3.2 - Jesus e seu Sacerdócio eterno. Melquisedeque de acordo com o escritor aos Hebreus: “não possuía genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hb 7.3). Isso não significa necessariamente que Melquisedeque era Cristo, como afirmam alguns. A maioria dos sacerdotes herdavam suas funções e servia por um período limitado. O sacerdócio de Melquisedeque, contudo, era único no sentido de que, com respeito aos registros históricos, não lhe foi passado por herança e não teve início nem fim, sendo um tipo de Cristo não apenas em seu ofício, mas também em sua origem. Segundo Beacon (2006, p. 62): “As descrições sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, devem ser entendidas em referência à ordem do sacerdócio de Melquisedeque, não à sua pessoa física. Não havia registro da sua data de nascimento ou da sua morte. Neste sentido, ele foi feito semelhante ao Filho de Deus; sendo uma tipologia de Cristo que é eterno” (Jo 1.1; Hb 13.8). Cristo, portanto, é rei da justiça e da paz no mais amplo sentido, e sacerdote “semelhante a” ou “da ordem de” Melquisedeque (Hb 7.15), isto é, sacerdote para sempre! (BRUCE, 2012, p. 1446).

CONCLUSÃO
Apesar da sua rápida aparição no cenário do Antigo Testamento, Melquisedeque demonstrou ser à semelhança de Abraão, um autêntico servo do Deus Altíssimo, tornando-se uma das figuras de Cristo e do seu sacerdócio.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. O Começo de Todas as Coisas. CPAD.
BEACON. Comentário Bíblico Hebreus a Apocalipse. CPAD
BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI. VIDA
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia. VIDA
SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos Hebreus. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

domingo, 2 de abril de 2017

LIÇÃO 02 – ABEL, EXEMPLO DE CARÁTER QUE AGRADA A DEUS (Gn 4.8-16) - 2º TRIMESTRE DE 2017



Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 02 – ABEL, EXEMPLO DE CARÁTER QUE AGRADA A DEUS (Gn 4.8-16) - 2º TRIMESTRE DE 2017


INTRODUÇÃO
Nesta lição analisaremos a definição da palavra caráter; estudaremos a pessoa de Caim e Abel como dois tipos de adoradores opostos; pontuaremos Abel como um grande exemplo de um verdadeiro adorador, e por fim, comentaremos sobre quais as lições que Abel nos deixou com sua vida piedosa e obediente. 

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA CARÁTER
1.1 - Definição da palavra caráter. Segundo o dicionário Aurélio caráter é: “formação moral; honestidade, caracterização do próprio sujeito; índole, humor, temperamento, traço distintivo; conjunto de características que, sendo boas ou más, distinguem uma pessoa, um povo”. O caráter refere-se ao aspecto fisiológico ou morfológico usado para diferenciar os seres em diferentes espécies ou numa mesma espécie. Reunião de caracteres psicológicos comuns que compõem um indivíduo ou um grupo de pessoas (FERREIRA, 2004, p. 402).

II – CAIM E ABEL: DOIS TIPOS DE ADORADORES
Caim e Abel foram as primeiras crianças citadas na Bíblia (Gn 4.1-2). Como irmãos, foram criados por seus pais, Adão e Eva, recebendo os mesmos ensinamentos e educação. A principal diferença entre os dois é que Abel agradou a Deus, mas Caim não. Com os ensinos ministrados pelos pais, tanto Caim como Abel, sabiam a vontade de Deus, de como agradá-lo; apenas Abel obedeceu. O autor da epístola aos Hebreus dá-nos uma explicação inspirada da diferença entre as duas ofertas: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim [...] dando Deus testemunho dos seus dons” (Hb 11.4). Esta explicação centraliza-se sobre a diferença do espírito manifestado pelos dois irmãos. Notemos:

2.1 - Abel um adorador com intenções certas, e motivações certas (Hb 11.4). Pelas aparências, ambas as ofertas, a de Abel e Caim, expressavam ação de graças e devoção a Deus. Mas, o que parece é que Caim tinha falta de fé genuína no seu coração e por isso não podia agradar a Deus, embora sua oferta material fosse aceitável. Deus não se agradou de Caim porque olhara para ele e vira o que havia no seu coração. Todavia, Abel veio a Deus com a atitude certa de um coração disposto a adorar, logo “o sacrifício de Caim foi inferior porque a motivação deste não era boa, e a de Abel sim”.

2.2 - Caim um adorador com intenções certas, mas motivações erradas (Gn 4.3,4).É provável que Caim só refletiu superficialmente na sua oferta e a apresentou por mera formalidade, mas Deus não aprova a simples adoração formal. Caim havia desenvolvido uma péssima atitude de adorador, o Senhor discerniu que ele tinha motivações erradas. A palavra motivação alude a intenção, propósito ou objetivo com que fazemos as coisas. Jesus exortou seus seguidores a não fazerem as coisas certas com motivações erradas (Mt 6.2,5,16). Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor, todavia, enquanto a motivação de Abel era boa, a motivação de Caim não era (Gn 4.7). Sob a análise divina a oferta tem valor secundário, enquanto que o ofertante tem valor primário (Is 1.11-17; Mq 6.6-8; Ml 1.6-14;  Lc 21.1-4; 18.10-14). A diferença entre a oferta de Caim e de Abel não era o produto em si, mas o modo como foram apresentadas.

III – CAIM: UM MAL EXEMPLO DE ADORADOR
3.1 - Antes de atentar para a oferta, Deus atenta para o ofertante (Gn 4.3-5). Fica claro que Deus atenta primeiramente para o homem e depois para a oferta. Nada que possamos oferecer a Deus pode comprá-lo. Ele não receberá uma oferta de procedência duvidosa (Dt 23.18), nem aquela dada como se fosse uma obrigação incômoda (2Co 9.7). A visão de Deus se uma oferta é correta ou não, está mais ligada ao coração daquele que ofertou do que com a oferta em si. Observe que Deus se agradou “de Abel e de sua oferta”. Primeiro o Senhor olhou para o coração de Abel, e depois observou que sua oferta era adequada. Da mesma forma Deus não se agradou “de Caim e de sua oferta”. A atitude de Caim após a rejeição de sua oferta mostrou o que de verdade ele tinha em seu coração: “Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.” (1Jo 3.12).

3.2 - Abel ofereceu a Deus o melhor que tinha, enquanto Caim não (Jd 11-a). Caim não foi rejeitado por causa da oferta que escolheu, mas sua oferta foi rejeitada por causa de Caim, pois seu coração não estava em ordem com Deus. A Bíblia nos mostra que Deus observa o coração do ofertante (Is 1.11-20; Mt 5.23-26). Muitos anos depois, a lei de Moisés prescreveu a oferta de grãos e de frutas (Lv 2; Dt 26:1-11), de modo que não temos motivos para acreditar que tais ofertas (de cereais) não eram aceitáveis desde o princípio.  Contudo, mesmo que Caim tivesse sacrificado animais e derramado o sangue deles, não teriam sido aceitáveis para Deus por causa da disposição do coração de Caim. Abel trouxe o que tinha de melhor e procurou verdadeiramente agradar a Deus; Caim, porém, não teve essa atitude de fé (1Sm 15.22; Is 1.11-13; Os 6.6; Mq 6.6-8; Mc 12.28-34, 41-44)” (WIERSBE, 2010, p. 43).

3.3 – Caim jamais experimentou um relacionamento verdadeiro com o Senhor. Sem um coração submisso, nem mesmo as mais preciosas ofertas podem tornar o adorador aceitável diante de Deus (Sl 51.16, 17; 2Tm 3.5). O Senhor usando o profeta Isaías disse: “Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim” (ls 29.1 3; Mt 15.8). O caminho de Caim é o caminho da vontade própria e da incredulidade (Jd 11) (WIERSBE, 2010, p. 44). Caim representa a humanidade caída, pecadora e fugitiva da presença de Deus: “E saiu Caim de diante da face do Senhor [...]” (Gn 4.16). O rei Salomão disse: “O sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!”(Pv 21.27). Somente quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos homens agradam a Deus (Is 1.11-17; Ml 1.6-14).

3.4 - Caim foi o agricultor que sabia cuidar da terra, mas não do seu espírito (Gn 4.2). Caim aprendeu com o seu pai Adão, a arte da agricultura e certamente foi um bom lavrador da terra, porém não adiantava ser um bom lavrador da terra se o seu coração era voltado para o mal. Caim foi recebido em seu lar como uma bênção de Deus (Gn 4.1), e assim poderia ter sido se tivesse buscado servi-lo. Ele se afastou de Deus, e, por conseguinte, todos os seus descendentes caíram em desgraça, por isso foram destruídos no dilúvio (Gn 6.13).  Judas nos exorta que evitemos nos apartar do Deus vivo, pois este caminho conduz, inevitavelmente, à destruição (Jd 11-13). Apesar das honras que lhe conferiam a primogenitura, Caim deixou-se dominar por uma inveja tola e injustificável. Como primeiro filho de Adão, cabia-lhe, entre outras coisas, a herança messiânica se tivesse permanecido fiel, estaria hoje entre os ancestrais de Cristo.

IV - ABEL: EXEMPLO DE UM VERDADEIRO ADORADOR
Abel pode ser um derivado do vocábulo hebraico que significa: “sopro, fôlego, vapor, respiração”, possivelmente para prefigurar assim que sua vida seria curta (GARDNER, 1999, p. 11 – acréscimo nosso).  Abel é lembrado nas Escrituras como um homem de fé, um homem de Deus, alguém de destaque(Hb 11.4). Embora saibamos muito pouco dele, o pouco que nos é revelado é suficiente para nos mostrar alguém especial e agradável aos olhos de Deus (Gn 4.2-9; Mt 23.35; Lc 11.51; Hb 11.4, 12.24). Diante disso, comentaristas tem afirmado que Abel é, sem dúvidas, um exemplo para os cristãos em todos os tempos.

4.1 - Abel: um exemplo de verdadeiro adorador. O termo “primícias” no AT  é usado correspondentemente em relação a produtos da terra (Gn 49.3; Êx 23.16,19; 34.22, 26; Lv 2.12, 4; 23.10,17,20; Nm 15.20,21; Dt 18.4, 21.17) da mesma forma como os  “primogênitos” eram os mais preciosos entre os animais, as  “primícias” o eram entre os cereais. A ausência do termo primícias em relação a oferta de Caim mostra que a sua oferta foi de pouca qualidade em contraste com o melhor que Abel havia trazido, Caim simplesmente trouxe a Deus algo sem importância. Ao ofertar, Caim trouxe uma oferta “comum”para Deus, e quando Abel traz sua oferta, a Bíblia faz questão em explicitar que não se tratava de uma oferta comum, mas dos primogênitos, ou seja, os primeiros animais nascidos. Enquanto a oferta de Abel foi com fé e zelo, a de Caim foi sem compromisso e desprezo (BROADMAN, 1987, p. 187).

4.2 - Abel: um exemplo de adorador com caráter. O crente verdadeiro e o não verdadeiro são diferenciados por suas atitudes básicas em relação a Deus. Embora as Escrituras não contenham nem uma única palavra proferida por Abel, ele “ainda fala ”por intermédio de seu caráter exemplar (Hb 11.4). Seu sangue, que “clamava a Deus desde o solo”, não foi esquecido (Gn 4.10; Lc 11.48-51). Jesus fala do caráter de Abel em Mateus 23.34-35, e com esses dois versos aprendemos três lições:
a)  Que Jesus reputava a Abel como um profeta: “eis que eu vos envio profetas...”;
b)  Que Jesus reputava a Abel como um mártir: “...o sangue justo derramado sobre a terra”; e
c) Que Jesus reputava Abel como Justo: “… desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias”.

Duas vezes Jesus usa o termo “justo” do grego “dikaiós” para descrever a Abel, uma vez em referência a seu sangue e outro em relação a sua pessoa.

4.3 - Abel: um exemplo de adorador que tinha uma visão de Deus. Abel não viveu uma vida-longa, mas uma vida que se prolonga até hoje. Foi o primeiro a ser assassinado, e o foi exatamente por causa da visão que tinha de adorador. Caim e Abel ambos haviam recebido a vida, saúde e condições de trabalhar. Ambos foram abençoados em seu trabalho, ambos criam em Deus, mas a visão de adorador foi diferente. A oferta de Abel era uma oferta das suas primícias. O termo hebraico “bekowrah” é usado poucas vezes no AT, e normalmente significa primogênito (Gn 43.33), ou até mesmo primogenitura (Gn 25.31). A ideia que se tem desse texto é que Abel trouxe o que tinha de melhor.Caim por sua vez lembrou-se do culto, mas não preocupou-se em dar o melhor, pegou qualquer coisa dos produtos da terra e ofertou ao Senhor (Gn 4.3-5).

CONCLUSÃO
Concluímos que o  pecado de Adão e Eva não causou infortúnio apenas para suas vidas, mas passou de pai para filho, de geração para geração. Somos advertidos pelo mau exemplo de Caim, a não trilharmos o seu caminho de impiedade, nem imitarmos as suas obras injustas, mas vivermos uma vida de caráter que agrade a Deus como fez Abel.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
RADMACHER, Earl D. Et al. O Novo Comentário Bíblico: AT. CENTRAL GOSPEL.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.CPAD.
WIERSBE, Warren W. Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. PDF

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