Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
02 – ABEL, EXEMPLO DE CARÁTER QUE AGRADA A DEUS (Gn 4.8-16) - 2º TRIMESTRE DE
2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição analisaremos a definição da palavra caráter; estudaremos a pessoa de Caim
e Abel como dois tipos de adoradores opostos; pontuaremos Abel como um grande
exemplo de um verdadeiro adorador, e por fim, comentaremos sobre quais as
lições que Abel nos deixou com sua vida piedosa e obediente.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA CARÁTER
1.1
- Definição da palavra caráter. Segundo o dicionário Aurélio caráter é:
“formação moral; honestidade, caracterização do próprio sujeito; índole, humor,
temperamento, traço distintivo; conjunto de características que, sendo boas ou
más, distinguem uma pessoa, um povo”. O caráter refere-se ao aspecto fisiológico
ou morfológico usado para diferenciar
os seres em diferentes espécies ou numa mesma espécie. Reunião de caracteres
psicológicos comuns que compõem um indivíduo ou um grupo de pessoas (FERREIRA,
2004, p. 402).
II
– CAIM E ABEL: DOIS TIPOS DE ADORADORES
Caim
e Abel foram as primeiras crianças citadas na Bíblia (Gn 4.1-2). Como irmãos,
foram criados por seus pais, Adão e Eva, recebendo os mesmos ensinamentos e
educação. A principal diferença entre os dois é que Abel agradou a Deus, mas
Caim não. Com os ensinos ministrados pelos pais, tanto Caim como Abel, sabiam a
vontade de Deus, de como agradá-lo; apenas Abel obedeceu. O autor da epístola
aos Hebreus dá-nos uma explicação inspirada da diferença entre as duas ofertas:
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim [...] dando Deus
testemunho dos seus dons” (Hb 11.4). Esta explicação centraliza-se sobre a
diferença do espírito manifestado pelos dois irmãos. Notemos:
2.1
- Abel um adorador com intenções certas, e motivações certas (Hb 11.4). Pelas
aparências, ambas as ofertas, a de Abel e Caim, expressavam ação de graças e
devoção a Deus. Mas, o que parece é que Caim tinha falta de fé genuína no seu coração
e por isso não podia agradar a Deus, embora sua oferta material fosse
aceitável. Deus não se agradou de Caim porque olhara para ele e vira o que
havia no seu coração. Todavia, Abel veio a Deus com a atitude certa de um
coração disposto a adorar, logo “o sacrifício de Caim foi inferior porque a
motivação deste não era boa, e a de Abel sim”.
2.2
- Caim um adorador com intenções certas, mas motivações erradas (Gn
4.3,4).É provável que Caim só refletiu superficialmente
na sua oferta e a apresentou por mera formalidade, mas Deus não aprova a
simples adoração formal. Caim havia desenvolvido uma péssima atitude de
adorador, o Senhor discerniu que ele tinha motivações erradas. A palavra motivação alude a intenção,
propósito ou objetivo com que fazemos as coisas. Jesus exortou seus seguidores
a não fazerem as coisas certas com motivações erradas (Mt 6.2,5,16). Caim e
Abel trouxeram ofertas ao Senhor, todavia, enquanto a motivação de Abel era
boa, a motivação de Caim não era (Gn 4.7). Sob a análise divina a oferta tem valor secundário, enquanto que o
ofertante tem valor primário (Is 1.11-17; Mq 6.6-8; Ml 1.6-14; Lc 21.1-4; 18.10-14). A diferença entre a
oferta de Caim e de Abel não era o produto em si, mas o modo como foram
apresentadas.
III
– CAIM: UM MAL EXEMPLO DE ADORADOR
3.1
- Antes de atentar para a oferta, Deus atenta para o ofertante (Gn 4.3-5). Fica claro que Deus atenta primeiramente para
o homem e depois para a oferta. Nada que possamos oferecer a Deus pode
comprá-lo. Ele não receberá uma oferta de procedência duvidosa (Dt 23.18), nem
aquela dada como se fosse uma obrigação incômoda (2Co 9.7). A visão de Deus se uma oferta é correta ou
não, está mais ligada ao coração daquele que ofertou do que com a oferta em si.
Observe que Deus se agradou “de Abel e de sua oferta”. Primeiro o Senhor olhou
para o coração de Abel, e depois observou que sua oferta era adequada. Da mesma
forma Deus não se agradou “de Caim e de sua oferta”. A atitude de Caim após a
rejeição de sua oferta mostrou o que de verdade ele tinha em seu coração: “Não
como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque
as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas.” (1Jo 3.12).
3.2
- Abel ofereceu a Deus o melhor que tinha, enquanto Caim não (Jd 11-a). Caim
não foi rejeitado por causa da oferta que escolheu, mas sua oferta foi
rejeitada por causa de Caim, pois seu coração não estava em ordem com Deus. A
Bíblia nos mostra que Deus observa o coração do ofertante (Is 1.11-20; Mt
5.23-26). Muitos anos depois, a lei de Moisés prescreveu a oferta de grãos e de
frutas (Lv 2; Dt 26:1-11), de modo que não temos motivos para acreditar que
tais ofertas (de cereais) não eram aceitáveis desde o princípio. Contudo, mesmo que Caim tivesse sacrificado
animais e derramado o sangue deles, não teriam sido aceitáveis para Deus por
causa da disposição do coração de Caim. Abel trouxe o que tinha de melhor e procurou verdadeiramente agradar a
Deus; Caim, porém, não teve essa atitude de fé (1Sm 15.22; Is 1.11-13; Os 6.6;
Mq 6.6-8; Mc 12.28-34, 41-44)” (WIERSBE, 2010, p. 43).
3.3
– Caim jamais experimentou um relacionamento verdadeiro com o Senhor. Sem um coração submisso, nem mesmo as mais
preciosas ofertas podem tornar o adorador aceitável diante de Deus (Sl 51.16,
17; 2Tm 3.5). O Senhor usando o profeta Isaías disse: “Este povo se aproxima de
mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está
longe de mim” (ls 29.1 3; Mt 15.8). O caminho de Caim é o caminho da vontade
própria e da incredulidade (Jd 11) (WIERSBE, 2010, p. 44). Caim representa a
humanidade caída, pecadora e fugitiva da presença de Deus: “E saiu Caim de diante
da face do Senhor [...]” (Gn 4.16). O rei Salomão disse: “O sacrifício dos
ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!”(Pv 21.27).
Somente quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos homens
agradam a Deus (Is 1.11-17; Ml 1.6-14).
3.4
- Caim foi o agricultor que sabia cuidar da terra, mas não do seu espírito (Gn
4.2). Caim aprendeu com o seu pai Adão,
a arte da agricultura e certamente foi um bom lavrador da terra, porém não
adiantava ser um bom lavrador da terra se o seu coração era voltado para o mal.
Caim foi recebido em seu lar como uma bênção de Deus (Gn 4.1), e assim poderia ter
sido se tivesse buscado servi-lo. Ele se afastou de Deus, e, por conseguinte,
todos os seus descendentes caíram em desgraça, por isso foram destruídos no
dilúvio (Gn 6.13). Judas nos exorta que
evitemos nos apartar do Deus vivo, pois este caminho conduz, inevitavelmente, à
destruição (Jd 11-13). Apesar das honras que lhe conferiam a primogenitura, Caim
deixou-se dominar por uma inveja tola e injustificável. Como primeiro filho de
Adão, cabia-lhe, entre outras coisas, a herança messiânica se tivesse
permanecido fiel, estaria hoje entre os ancestrais de Cristo.
IV
- ABEL: EXEMPLO DE UM VERDADEIRO ADORADOR
Abel
pode ser um derivado do vocábulo hebraico que significa: “sopro, fôlego, vapor,
respiração”, possivelmente para prefigurar assim que sua vida seria curta
(GARDNER, 1999, p. 11 – acréscimo nosso).
Abel é lembrado nas Escrituras como um homem de fé, um homem de Deus,
alguém de destaque(Hb 11.4). Embora saibamos muito pouco dele,
o pouco que nos é revelado é suficiente para nos mostrar alguém especial e
agradável aos olhos de Deus (Gn 4.2-9; Mt 23.35; Lc 11.51; Hb 11.4, 12.24).
Diante disso, comentaristas tem afirmado que Abel é, sem dúvidas, um exemplo
para os cristãos em todos os tempos.
4.1
- Abel: um exemplo de verdadeiro adorador. O termo “primícias” no AT é usado correspondentemente em relação a produtos
da terra (Gn 49.3; Êx 23.16,19; 34.22, 26; Lv 2.12, 4; 23.10,17,20; Nm
15.20,21; Dt 18.4, 21.17) da mesma forma como os “primogênitos” eram os mais preciosos entre
os animais, as “primícias” o eram entre
os cereais. A ausência do termo primícias em relação a oferta de Caim mostra
que a sua oferta foi de pouca qualidade em contraste com o melhor que Abel
havia trazido, Caim simplesmente trouxe a Deus algo sem importância. Ao
ofertar, Caim trouxe uma oferta
“comum”para Deus, e quando Abel traz sua oferta, a Bíblia faz questão em
explicitar que não se tratava de uma oferta comum, mas dos primogênitos, ou
seja, os primeiros animais nascidos. Enquanto a oferta de Abel foi com fé e
zelo, a de Caim foi sem compromisso e desprezo (BROADMAN, 1987, p. 187).
4.2
- Abel: um exemplo de adorador com caráter. O crente verdadeiro e o não verdadeiro são diferenciados por suas atitudes
básicas em relação a Deus. Embora as Escrituras não contenham nem uma única
palavra proferida por Abel, ele “ainda fala ”por intermédio de seu caráter
exemplar (Hb 11.4). Seu sangue, que “clamava a Deus desde o solo”, não foi esquecido
(Gn 4.10; Lc 11.48-51). Jesus fala do caráter de Abel em Mateus 23.34-35, e com
esses dois versos aprendemos três lições:
a) Que Jesus reputava a Abel como um profeta:
“eis que eu vos envio profetas...”;
b) Que Jesus reputava a Abel como um mártir:
“...o sangue justo derramado sobre a terra”; e
c)
Que Jesus reputava Abel como Justo: “… desde o sangue do justo Abel até ao
sangue de Zacarias”.
Duas
vezes Jesus usa o termo “justo” do grego “dikaiós” para descrever a Abel, uma
vez em referência a seu sangue e outro em relação a sua pessoa.
4.3
- Abel: um exemplo de adorador que tinha uma visão de Deus. Abel não viveu uma
vida-longa, mas uma vida que se prolonga até hoje. Foi o primeiro a ser
assassinado, e o foi exatamente por causa da visão que tinha de adorador. Caim
e Abel ambos haviam recebido a vida, saúde e condições de trabalhar. Ambos
foram abençoados em seu trabalho, ambos criam em Deus, mas a visão de adorador
foi diferente. A oferta de Abel era uma oferta das suas primícias. O termo hebraico
“bekowrah” é usado poucas vezes no AT, e normalmente significa primogênito (Gn
43.33), ou até mesmo primogenitura (Gn 25.31). A ideia que se tem desse texto é
que Abel trouxe o que tinha de melhor.Caim por sua vez lembrou-se do culto, mas
não preocupou-se em dar o melhor, pegou qualquer coisa dos produtos da terra e
ofertou ao Senhor (Gn 4.3-5).
CONCLUSÃO
Concluímos
que o pecado de Adão e Eva não causou
infortúnio apenas para suas vidas, mas passou de pai para filho, de geração
para geração. Somos advertidos pelo mau exemplo de Caim, a não trilharmos o seu
caminho de impiedade, nem imitarmos as suas obras injustas, mas vivermos uma
vida de caráter que agrade a Deus como fez Abel.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
GARDNER,
Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
RADMACHER,
Earl D. Et al. O Novo Comentário Bíblico: AT. CENTRAL GOSPEL.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.CPAD.
WIERSBE,
Warren W. Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. PDF
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