quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

LIÇÃO 04 – A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS - (1Co 12.1-11) 1º TRIMESTRE DE 2021

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 04 – A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS - (1Co 12.1-11)

1º TRIMESTRE DE 2021


INTRODUÇÃO

Nesta lição trataremos uma definição da palavra “dom”; falaremos sobre o propósito de Deus com os dons espirituais; refutaremos a teoria cessacionista; e, por fim, veremos ainda algumas advertências acerca dos dons e quais os dons espirituais elencados na primeira epístola aos coríntios.

I - O QUE SÃO OS DONS ESPIRITUAIS

A palavra “dom” no grego “charisma”, é usada para indicar os dons do Espírito conferidos para a obra (1 Co 12.4,9,28,30,31). “Dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja” (SOARES, 2017, p. 121). Segundo o Dicionário Teológico de Claudionor Corrêa de Andrade (2006, p. 150 - acréscimo nosso), “os dons espirituais são recursos extraordinários que o Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo, colocou à disposição da Igreja”, visando:

(a) o aperfeiçoamento dos santos (1 Co 14.32);

(b) a ampliação do conhecimento, do poder e da proclamação do povo de Deus (At 1.8; 1 Co 2.4,5); e,

(c) chamar a atenção dos incrédulos a realidade divina (Mc 16.20; At 4.29,30)”.

II - PROPÓSITOS DOS DONS ESPIRITUAIS

O apóstolo Paulo explica que os dons são "faculdades divinas operando na pessoa humana", capacitando homens e mulheres a servirem melhor a Deus no crescimento e edificação da Igreja: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil" (1Co 12.7). Ainda comenta o seguinte: "Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual a fim de que sejais confortados" (Rm 1.11). Analisemos os propósitos dos dons espirituais:

• Edificar a Igreja (1Co 12.12-27; 1Co 14. 4, 5, 12);

• Edificar o crente (Ef 4.11-12);

• Capacitar o crente a testemunhar de Cristo (At 6. 8-10; 1Co 2. 4,5);

• Capacitar o crente para ganhar almas para Cristo (At 8.5-8; 9.32-42);

• A glorificação do Senhor Jesus (Jo 16.14);

• A confirmação da Palavra de Deus (Mc 16.17-20; Hb 2.3-4);

• Utilidade no serviço cristão (1Co 12.7; Ef. 4.12; 1Pd 4.10).

III – A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

A nossa Declaração de fé diz assim acerca dos dons espirituais: “CREMOS, professamos e ensinamos que os dons do Espírito Santo são atuais e presentes na vida da Igreja. O batismo no Espírito Santo é um dom: “e recebereis o dom do Espírito Santo”(At2.38) é para todos os crentes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39); mas os dons do Espírito Santo, ou “espirituais” na linguagem paulina: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co 12.1) são restritos, aos que são batizados com o Espírito Santo e ainda assim nem todos recebem os mesmos dons (1 Co 14.29,30). Esses dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co 12.7). São recursos sobrenaturais do Espírito Santo operados por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus, enquanto a Igreja estiver na terra, pois, no Céu, não precisaremos mais deles. É por meio da Igreja que o Espírito Santo manifesta ao mundo o poder de Deus, usando os dons espirituais” (SOARES et al, 2017, p. 171 - acréscimo e negrito nosso).

IV – A TEORIA CESSACIONISTA

O verbo “cessar” significa literalmente “fazer parar, dar fim, interromper” (Houaiss, 2001, p. 682). Portanto a teoria “cessacionista” é a cosmovisão de alguns grupos cristãos que defende que parte dos chamados dons do Espírito Santo, apesar de terem sido de fundamental utilidade e importância nos primórdios da igreja cristã, cessaram sua atividade ainda no período da Igreja Primitiva. Vejamos duas de suas alegações e a devida refutação bíblica:

4.1 - Os dons ficaram restritos. Esta teoria afirma que os dons do Espírito Santo elencados em 1 Coríntios 12.8-10 ficaram restritos a era apostólica. Ou seja, dizem estes que essas dádivas, foram enviadas com o propósito exclusivo de confirmar a divindade de Jesus, e autenticar somente os primeiros pregadores do Evangelho e sua mensagem. No entanto, o texto bíblico atesta claramente que tanto o batismo com o Espírito Santo como os demais dons são válidos para toda a era da igreja (Mc 16.17,18; At 2.39). Portanto, o testemunho bíblico e histórico, confirma que os dons espirituais são vigentes para todo o período da Igreja.

4.2 - Os dons foram necessários enquanto os escritos do NT não haviam sido concluídos. Essa teoria assevera também que os dons só eram necessários enquanto o Cânon da Escritura não estava fechado. Isto é um grave erro de interpretação, por pelo menos dois motivos:

(a) os dons não visam substituir a autoridade e supremacia das Escrituras, visto que seu uso deve estar subordinado ao crivo da Palavra (1Co 14.37);

(b) o texto usado pelos cessacionistas para justificar a “descontinuidade” das manifestações do Espírito (1Co 13.10), na verdade, não tem este sentido, senão que Paulo está dizendo que os dons só terão utilidade até o retorno de Cristo, afinal de contas, quando formos ao céu teremos deixado o conhecimento imperfeito, pelo conhecimento perfeito. O testemunho bíblico e histórico, confirma que os dons espirituais são vigentes para todo o período da Igreja.

V – ADVERTÊNCIAS QUE A BÍBLIA NOS FAZ ACERCA DOS DONS ESPIRITUAIS

A Bíblia nos faz algumas advertências acerca dos dons espirituais, entre elas estão:

• Conhecer os dons: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.” (1Co 12.1).

• Buscar os dons: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; (...)” (1Co 12.31).

• Zelar pelos dons: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; (...)” (1Co 12.31).

• Ser abundante nos dons: “(...) procurai abundar neles, para edificação da igreja.” (1Co 14.12);

• Ter autodisciplina nos dons: “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.” (1Co 14.32);

• Ter decência e ordem no exercício dos dons: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem”. (1Co 14.40).

• Não desprezar os dons espirituais: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias”. (1Ts 5.19,20);

• Não proibir a manifestação dos dons: “(…) e não proibais falar línguas.” (1Co 14.39).

VI - OS DONS DO ESPÍRITO SANTO MENCIONADOS EM 1 CO 12. 8-11

Os dons mencionados em 1 Coríntios 12.8-11 são tecnicamente chamados “os nove dons espirituais”. Vejamos:

• Dom da Palavra da Sabedoria: Trata-se de uma mensagem vocal sábia, enunciada mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo;

• Dom da Palavra do Conhecimento: Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, revelando conhecimento a respeito de pessoas e situações específicas;

• Dom da Fé: Não se trata da fé para a salvação, mas uma fé sobrenatural e especial, capacitando o crente a crer e realizar coisas extraordinárias e milagrosas;

• Dons de Curar: São concedidos à igreja para a restauração da saúde física dos seus membros;

• Dom de Operação de Milagres: Trata-se de atos sobrenaturais de poder, que intervêm nas leis da natureza;

• Dom da Profecia: Trata-se de um dom que capacita o crente a transmitir uma palavra da parte de Deus. Não se trata da entrega de um sermão previamente preparado.

• Dom de Discernimento de espíritos: Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito Santo, para o portador discernir e julgar corretamente as manifestações espirituais e sobrenaturais;

• Dom de Variedade de Línguas: Trata-se do falar em outras línguas humanas e vivas a “xenolália” (At 2.4) ou uma língua desconhecida do falante “glossolália” (1Co 13.1; 14.2);

• Dom de Interpretação de Línguas: Trata-se da capacidade pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem dada em línguas estranhas.

CONCLUSÃO

Cremos à luz das Escrituras que o batismo com o Espírito Santo e os demais dons espirituais, foram concedidos pelo Espírito Santo, a Igreja, por ocasião do Dia de Pentecostes e estão disponíveis durante toda a sua trajetória aqui na terra, isto é uma verdade bíblica e histórica irrefutável.

REFERÊNCIAS

FRANCISCO. Raimundo F. de Oliveira. Pentecostes Hoje. CPAD.

GILBERTO, Antônio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.

SILVA, Severino Pedro da. A Existência e a Pessoa do Espírito Santo. CPAD.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

LIÇÃO 03 – O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO -(At 2.1-13) 1º TRIMESTRE DE 2020

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 03 – O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO -(At 2.1-13)

1º TRIMESTRE DE 2020


INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos os fundamentos bíblicos do batismo no Espírito Santo; veremos o que é o batismo no Espírito Santo e o que não é; pontuaremos o batismo no Espírito Santo e o dom de variedade de línguas; e por fim, como receber este batismo.

I - FUNDAMENTOS BÍBLICOS DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O Batismo no Espírito Santo é a externalização de uma experiência reconhecível, audível e visível. Sendo uma experiência subsequente à salvação e completamente diferente ato da regeneração ou novo nascimento (Jo 20.21,22; 1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16; Gl 4.6). Ao contrário do que supõem os inimigos da Obra Pentecostal, o batismo com o Espírito Santo não é uma prática destituída de doutrina; acha-se assentada num forte e inamovível fundamento bíblico-teológico. O Batismo no Espírito Santo não é modismo, pelo contrário, é uma promessa feita pelo Pai, confirmada pelo Filho e manifestada pelo Divino Consolador. Notemos:

1.1 - A promessa do batismo no Espírito Santo. O Batismo com o Espírito Santo foi profetizado pelo profeta Isaías (28.11; 44.3); Joel (Jl 2.28,32); João Batista (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At 11.16); e por Jesus (Mc 16.17; Lc 24.49-51; At 1.4,5). 1.2. O cumprimento da promessa do batismo no Espírito Santo. Em Atos 2 encontramos o cumprimento da promessa do Batismo nas palavras de Pedro (At 2.39). O livro dos Atos nos mostra esta manifestação em outras ocasiões (At 8.14-20; 9.17; 10.44-48; 19.1-7; 1Co 14). O batismo é uma experiência também para os dias hodiernos.

II - O QUÊ É O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

“Falar em línguas é expressar-se com palavras que nunca aprendemos, mas que nos são comunicadas diretamente pelo Espírito Santo. Não se manifesta através de palavras pensadas de antemão ou vocalizadas pela pessoa que fala [...]. As línguas constituem um milagre vocal e não um milagre mental” (CARLSON apud RENOVATO, 2014, p. 63). “Os dons espirituais são necessários em todas as épocas da Igreja, porquanto o desenvolvimento da Igreja depende dos mesmos” (CHAMPLIN, 2004, p. 219). O falar noutras línguas era entre os crentes do NT, um sinal da parte de Deus para evidenciar o batismo no Espírito Santo (At 2.4; 10.45-47; 19.6). Esse padrão bíblico para o viver na plenitude do Espírito continua o mesmo para os dias de hoje. A Palavra de Deus ensina o seguinte sobre o batismo no Espírito Santo. Vejamos:

• O batismo no Espírito Santo é apenas para os salvos. O falar em línguas como sinal do batismo com o Espírito Santo teve o seu início no dia de Pentecostes (At 2.4). Os que nasceram de novo, aqueles que experimentaram a verdadeira conversão, e, assim, receberam o Espírito Santo para neles habitar (Jo 14.17; At 2.4);

• O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração. O batismo com o Espírito Santo é uma experiência subsequente à regeneração e nunca antes (Jo 20.22; Lc 24.49; At 1.5,8; 11.17; 19.6). O batismo com o Espírito Santo não é o mesmo que a regeneração. Os salvos em Cristo recebem o Espírito Santo após a conversão (Jo 14.16,17; 20.22). Mas nem todos os salvos são batizados com o Espírito Santo no momento da conversão, mas sim, tempos depois (At 10.44-46);

• O batismo no Espírito Santo é experimentar a plenitude do Espírito (At 1.5; 2.4). Este batismo teve lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecoste (Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo (At 1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14);

• O batismo no Espírito Santo é falar noutras línguas. (At 2.4; 10.45,46; 19.6). Falar noutras línguas é uma manifestação sobrenatural do Espírito Santo, é uma expressão vocal inspirada pelo Espírito, mediante a qual o crente fala numa língua que nunca aprendeu ou estudou (At 2.4; 1Co 14.14,15). Estas línguas podem ser humanas, e atualmente faladas (At 2.6), ou desconhecidas (1Co 13.1);

• O batismo no Espírito Santo outorgar ao crente ousadia e poder. (At 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder é uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença, a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo (1Co 12.7-10).

III – O QUE NÃO É O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O simples fato de alguém falar “noutras línguas”, ou exercitar outra manifestação sobrenatural não é evidência irrefutável da obra e da presença do Espírito Santo. O ser humano pode imitar as línguas estranhas como o fazem os demônios. A Bíblia nos adverte a não crermos em todo espírito, e averiguarmos se estas experiências espirituais procedem realmente de Deus (1Jo 4.1). Analisemos:

• O batismo no Espírito Santo não é aprender falar em línguas. Falar em línguas não é algo aprendido, mas sim recebido. Somente devemos aceitar as línguas se elas procederem do Espírito Santo. Esse fenômeno, segundo deve ser espontâneo e resultado do derramamento do Espírito Santo. Não é algo aprendido, nem ensinado, como por exemplo instruir crentes a pronunciar sílabas sem nexo como fazem alguns, mas é dado pelo Espírito (1Co 12.10);

• O batismo no Espírito Santo não é para os ímpios. O Espírito Santo nos adverte claramente que nestes últimos dias surgirá apostasia dentro da igreja (1Tm 4.1,2; 1Jo 4.1); sinais e maravilhas operados por Satanás (Mt 7.22,23; 2Ts 2.9) e obreiros fraudulentos que fingem ser servos de Deus (2Pd 2.1,2). Se alguém afirma que fala noutras línguas, mas não é salvo, nem aceita a autoridade das Escrituras, nem obedece à Palavra de Deus, qualquer manifestação sobrenatural que nele ocorra não provém do Espírito Santo (1Jo 3.6-10; 4.1-3; Gl 1.9; Mt 24.11-24, Jo 8.31);

• O batismo no Espírito Santo não é o mesmo que batismo no corpo de Cristo. Muitos não compreendem devidamente o batismo com o Espírito Santo, por não fazerem uma exegese correta de 1 Coríntios 12.1. Paulo não faz aqui nenhuma referência ao batismo com o Espírito Santo, nem ao batismo em águas;

• O batismo no Espírito Santo não é uma experiência exclusiva dos dias apostólicos. Os cessacionistas negam a atualidade do batismo no Espírito Santo com a evidência inicial do falar noutras línguas, ensinando que o fenômeno foi um sinal apenas para os dias apostólicos. Todavia, não encontramos nada nas Escrituras Sagradas que prove que o falar em línguas seja uma experiência restrita à Igreja Primitiva. Ao contrário, a Bíblia e a própria experiência demonstram a plena atualidade da promessa (Mt 16.17; At 2.39; 9.17; 19.1-6).

IV – O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS

No batismo com o Espírito Santo, o crente, pelo mesmo Espírito, fala em línguas como sinal e evidência inicial da promessa recebida, isso não significa que ele recebeu o “dom de variedade de línguas”, pois, é um milagre “linguístico sobrenatural”. O dom de variedade de línguas difere das línguas como evidência do batismo no Espírito Santo, pois é dado “a cada um como o Espírito Santo quer” (1Co 12.11,30). No tocante às “línguas” do grego “glossa” como manifestação sobrenatural do Espírito, notemos o seguinte mencionado na Bíblia de Estudo Pentecostal (STAMPS, 1995, p. 1756 – acréscimo nosso). Vejamos:

• Essas línguas podem ser humanas e vivas, ou seja, línguas ainda faladas (At 2.4-6) que são as chamadas “xenolalias” (É o falar em línguas num idioma conhecido, estranho apenas a quem o fala), ou uma língua desconhecida e/ou estranha na terra conhecidas como “glossolalia” (1Co 13.1);

• A finalidade deste dom é:

a) edificação da Igreja (1Co 14.4,26);

b) edificação pessoal (1Co 14.28);

c) glorificação a Deus (At 2.11);

d) comunicar o sobrenatural de Deus e por fim,

e) serve como sinal para os descrentes (1Co 14.13-17);

• O falar noutras línguas como dom abrange o espírito do homem e o Espírito de Deus, que entrando em mútua comunhão, faculta ao crente a comunicação direta com Deus expressando-se através do espírito mais do que da mente (1Co 14.2,14) e orando por si mesmo ou pelo próximo sob a influência direta do Espírito Santo, à parte da atividade da mente (1Co 14.2, 15, 28; Jd 20);

• Línguas estranhas faladas no culto devem ser seguidas de sua interpretação pelo Espírito Santo, para que a congregação conheça o conteúdo e o significado da mensagem (1Co 14.3, 27,28). Ela pode conter revelação, advertência, profecia ou ensino para a igreja (1Co 14.6);

• Quem fala em línguas pelo Espírito, nunca fica em “êxtase” ou “fora de controle” (1Co 14.27,28).

• Dom de Interpretação de Línguas (1Co 12.10), trata-se da capacidade concedida pelo Espírito Santo, para o portador deste dom compreender e transmitir o significado de uma mensagem dada em línguas (1Co 14.6, 13, 26). A interpretação pode vir através de quem deu a mensagem em línguas, ou de outra pessoa (1Co 14.13).

V – COMO RECEBER O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

5.1 - Arrepender-se dos pecados. O arrependimento é uma condição prévia para recebermos o Batismo com o Espírito Santo (At 2.38). Os exemplos do Batismo no Espírito Santo ocorreram com pessoas que já eram salvas (At 2.1-3; 10.45-48; 19.1-7)

5.2 - Viver uma vida de santidade. A santidade é um pré-requisito para o Batismo no Espírito Santo. Para receber este presente é preciso estar em harmonia com Ele, pois o pecado entristece ao Espírito Santo (Is 63.10; Ez 36.25-27; Ef 4.30; 1Pd 1.16).

5.3 - Perseverar em oração e buscá-lo com fé. O Espírito Santo deve ser buscado com perseverança em oração e com fé por todos os salvos (Tg 4.8), pois o Senhor está perto daqueles que o invocam (Sl 145.18).

5.4 - Crer no batismo no Espírito Santo e desejar recebê-lo. Alguém que não acredita que os Dons são para a igreja nos dias de hoje, jamais receberá este presente de Deus (Mc 16.17; At 10.43-47).

CONCLUSÃO

O Batismo no Espírito Santo não pode ser tratado como teoria ou possibilidade remota, mas como algo indispensável do Senhor para o seu povo. Precisa ser uma experiência vital para o crente e para a igreja, pois é um dom divino para os salvos em Jesus.

REFERÊNCIAS

BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais. Vol 02. CENTRAL GOSPEL, 2016.

CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD, 1999.

SILVA, Severino Pedro da. Os Anjos, sua natureza e ofício. CPAD, 2010.

HORTON, S. M. A Doutrina do Espírito Santo. CPAD, 2001.

MENZIES, W. W.; HORTON, S. M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. CPAD, 2005.

PALMA, A. D. O Batismo no Espírito Santo e com fogo. CPAD, 2002.

GEE, D. Como receber o Batismo no Espírito Santo. CPAD, 2001.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 1999.

LIÇÃO 02 – A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO PLANO DA REDENÇÃO - (Jo 16.7-13) 1º TRIMESTRE DE 2021

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 02 – A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO PLANO DA REDENÇÃO - (Jo 16.7-13)

1º TRIMESTRE DE 2021


INTRODUÇÃO

Nesta lição destacaremos o significado da palavra redenção à luz das Escrituras; pontuaremos que no plano da salvação do ser humano a Trindade está envolvida; e por fim, elencaremos aspectos da atuação do Espírito no plano da redenção.

I – O QUE SIGINIFICA O TERMO REDENÇÃO

1.1 - Definição etimológica e exegética. A expressão redenção advém do latim “redemptio” que significa literalmente: “ato de resgate”. Ainda de acordo com Houaiss (p. 2407, 2001) redenção é: “ato ou efeito de remir; resgate; auxílio ou proteção que livra de situação difícil; salvação”. Duas principais palavras são utilizadas no AT para se referirem a redenção: “geullãh” que é usada indicando:

(a) quem pode resgatar (Lv 25.24,31,32,48);

(b) o que eles podem remir (Lv 25.26);

(c) quando (Lv 25.26,51,52); e,

(d) por quanto (Lv 25.26,51,52).

O outro termo é “pedut” usado para se referir à redenção em geral (Sl 111.9); a redenção dos pecados (Sl 130.7); ou a redenção do exílio (Is 50.2). Ambas as expressões significam: “remir, libertar, resgatar, remir, redenção”. Já no NT a palavra mais comum para redenção é: “lutrõsis” usada para indicar:

(a) o sentido de libertação acerca da nação de Israel (Lc 1.68; 2.38); e,

(b) acerca da obra redentora de Cristo que por sua morte trouxe libertação da culpa e poder do pecado (Hb 9.12) (VINE, pp. 261, 931 - acréscimo nosso).

1.2 - Definição bíblica. Redenção é o ato de redimir ou remir, que significa libertação, reabilitação, reparo e salvação. É quando através de um valor pago em dinheiro, adquire-se algo novamente, é o ato de resgatar, de tirar do poder alheio, do cativeiro. No NT, a redenção é estritamente uma atividade divina que é realizada por Jesus Cristo e através dele (Ef 1.7; Gl 3.13; 4.5). E seu principal significado é o resgate espiritual dos pecadores que estão escravizados no pecado (Mc 10.45 ver Sl 49.6-8), e essa libertação do pecador é assegurada com base no preço de resgate pago a Deus Pai (não ao Diabo) por Jesus Cristo em sua morte na cruz (Tt 2.14; Hb 9.12; 1Pd 1.18,19). Dessa forma, a redenção tem um significado triplo, que pode ser:

(a) pagar o preço do resgate (Hb 9.12);

(b) remover o pecador do mercado de escravos (Gl 3.13); e,

(c) livrar completamente um escravo ou prisioneiro, dando liberdade completa e definitiva (Cl 1.14).

II - A ATUAÇÃO DO DEUS PAI E DO FILHO NA REDENÇÃO

2.1 - A redenção efetuada pelo Pai. Sobre a redenção da humanidade, as Escrituras nos mostram que toda a Trindade esteve envolvida para a sua elaboração, execução e aplicação (1Pd 1.2). O Pai teve um papel fundamental na redenção da humanidade como segue:

(a) Ele nos conheceu de antemão e nos predestinou (Rm 8.29; 11.2; Ef 1.5,11);

(b) Ele nos escolheu e nos elegeu (Mt 24.31; Rm 8.33; Ef 1.4; 2Ts 2.13; 1Pd 1.2);

(c) Ele nos chamou e nos conformou (Rm 8.28-30);

(d) Ele nos justificou e nos glorificou (Rm 8.30);

(e) Ele nos enviou o Seu Filho (2Co 5.19; 9.15); e por fim,

(f) Ele é o codoador (juntamente ao Filho) da graça e da paz (Rm 1.7; 1Co 1.3; 2Co 1.2; G11.3; Ef 1.2; Fp 1.2; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.2; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; Fm 1.3).

2.2 - A redenção efetuada pelo Filho. A redenção é um aspecto da morte de Cristo sobre a cruz, e como substituição tem o sentido de assumir a culpa, tem o sentido de pagar essa culpa assumida, ou seja, a redenção é aplicada no que diz respeito ao pecado e o débito que ele causa, que pode apenas ser pago com sangue (Hb 9.22 cf. Lv 17.11). Logo, para que o preço de pecado pudesse ser pago, era necessário derramamento de sangue de um cordeiro sem máculas (Jo 1.29; cf. Is 53.9; 1Pd 2.21-22). A ideia expressa nesse contexto é de prover liberdade através do pagamento de um resgate (Rt 3.9; Os 3.15; Is 43.3,10-14). Cristo é o Redentor da Raça humana e a ideia expressa é de comprar (Mt 13.44, 46; 14.15; Mc 6.36; Lc 9.13; cf. Gn 41.57, 42.5,7; Dt 2.6), “Por que fostes comprados por preço” (1Co 6.20; 7.23 ver também 1Co 7.23; 2Pd 2.1), que é o sangue do próprio Messias (Ap 5.9,10). Assim, por meio do pagamento, o redimido está livre (CHAFER, 2010, vol.3, p. 99).

III – A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO PLANO DA REDENÇÃO

Com exceção da segunda e terceira epístola de João, todos os livros do NT contêm referências à pessoa e obra do Espírito Santo, onde podemos ler entre outras coisas, a sua atuação na vida de Cristo, dos pecadores e, principalmente dos servos de Deus. O NT descreve diversas atividades do Espírito Santo na experiência humana, vejamos algumas:

3.1 - Convence o ser humano do pecado (Jo 16.7-11). Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo. Convencer, nesse texto, significa: “levar ao conhecimento verdades que, de outra maneira, seriam postas em dúvida ou rejeitadas”. Quando o pecador ouve a palavra de Deus e crer ele é salvo (Rm 5.2; 10.17), de modo que, em paralelo à palavra da fé, está a operação do Espírito Santo, convencendo o pecador do seu real estado diante de Deus (Jo 16.8). Portanto, esse é o Seu primeiro trabalho na vida do ser humano: convencê-lo que é pecador. A luz da Bíblia, podemos afirmar que seria impossível o homem ser salvo, sem a ação do Espírito em sua vida.

3.2 - Regenera o pecador arrependido (Jo 3.6-8). A regeneração é o mesmo que “nascer de novo”, “nascer do Espírito” (Jo 3.6) ou seja, o milagre que ocorre na vida de todo aquele que teve um encontro com Cristo, tornando-o participante da natureza divina. Quem efetua a regeneração é o Espírito Santo, o qual, em certo sentido, funciona como alguém que traz à luz divina o pecador arrependido, introduzindo-o ao Reino de Deus (Jo 3.5,8). Através da regeneração, o homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual, tornando-se uma nova criatura em Cristo (Tt 3.5; 2Co 5.17). A regeneração é a entrada do pecador arrependido para uma nova vida em Jesus, como ação do Espírito Santo (1Pd 1.3,23; 1Co 6.11).

3.3 - Participa da justificação do homem pecador (1Co 6.11). No NT encontramos evidências de que a obra do Espírito Santo também se faz sentir nesse estágio da redenção. Em 1 Coríntios 6.11, Paulo afirma: “[...] mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”. Todas as obras citadas neste versículo podem ser aplicadas também ao Espírito Santo. A Justificação é indissociável da obra do Espírito Santo.

3.4 - Atua na adoção do homem que se arrepende (Rm 8.15). O Espírito Santo é chamado de “Espírito de Adoção” (Rm 8.15). O Espírito guia os que verdadeiramente, são filhos de Deus (Rm 8.14). Paulo em Gálatas 4.4-6 nos informa que fomos adotados por Deus, e no versículo 6, ele afirma: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai!”. Assim sendo, podemos concluir que a adoção é também uma obra do Espírito Santo.

3.5 - Age na santificação. A Santificação é obra graciosa do Espírito Santo no crente, durante toda a sua vida terrena transformado sua mente, seu coração e sua vida, segundo a imagem do Senhor Jesus Cristo: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3.18; Cl 3.10)”. Na Santificação os nossos pecados são mortificados, por meio do Espírito Santo: “[...] mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13). Paulo ainda diz: “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados [...] pelo Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11).

3.6 - Insere o novo crente no corpo de Cristo (1Co 12.12,13). Trata-se daquele ato divino do Espírito Santo pelo qual Ele batiza, ou seja, insere, coloca, o novo convertido no corpo de Cristo, identificando-o assim com a cabeça, o próprio Cristo e o Seu corpo que consiste de todos os cristãos salvos (Rm 6.2-4; Ef 2.22; 4.3-6; 5.30).

3.7 - Sela o crente como propriedade de Cristo (2Co 1.21,22; Ef 1.13). Todos os crentes salvos são selados pelo Espírito Santo no momento da sua conversão. O que não deve ser confundido com o batismo com o Espírito Santo. O selo é sinal de posse, propriedade: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus [...]” (2Tm 2.19), nós o recebemos no dia da nossa salvação como uma garantia para nossa redenção: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Ef 4.30), por isto, o Espírito Santo é dado a nós como penhor (2Co 1.22), penhor é garantia, testemunho, caução, que somos propriedades de Deus.

3.8 - Habita no salvo. A palavra “habitar” no grego “oikeõ” que significa: “ocupar uma casa”, isto é, no sentido figurado, “habitar, residir, permanecer” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2316). No ato da regeneração, o Espírito Santo passa a habitar no crente (Ef 2.22). Esta união com Deus é chamada de habitação ou morada do Espírito em nós (Jo 14:17; Rm. 8:9; 1Co 6:19; 2Tm 1:14: 1Jo 2:27; 3.24; Ap 3:20). No AT, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11-b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espirito habita no crente, conforme profetizou nas Escrituras (Jr 31.31-34; Hb 10.14-17; Ez 36.26-27). Este privilégio é também reafirmado em (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16; Gl 4.6). “É o Espírito quem aplica a obra da redenção em nós. Sem sua presença e ação, nenhum homem pode tornar-se um cristão. Passamos a pertencer a Cristo quando o Espírito habita e opera em nós”.

3.9 - Gera o caráter de Cristo através do Fruto do Espírito. Na epístola aos gálatas o apóstolo Paulo apresenta as evidentes marcas daqueles que experimentam o novo nascimento. Aqueles que se deixam dominar pelo Espírito Santo dão “fruto”. Um conjunto de virtudes (nove ao total) que autenticam a vida daquele que é regenerado: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.22).

3.10 - Reveste de poder e concede dons espirituais. Uma das principais atividades do Espírito Santo na vida do cristão é revestilo de poder (Lc 24.49), distribuindo dons espirituais (1Co 12.7-11) e, capacitando-o a testemunhar de Cristo (At 1.8).

CONCLUSÃO

Nas Sagradas Escrituras, tanto no AT como no NT, vemos de que a atuação do Espírito Santo para a redenção da humanidade é algo notório. Desse mesmo modo, Ele continua agindo, de maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de Deus, espalhados por todo o mundo, ainda hoje.

REFERÊNCIAS

BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais: Uma Teologia Sistemática Expandida Vol 2. CENTRAL GOSPEL.

CHAFER, Lewis Sperry, Teologia Sistemática. HAGNOS.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 4. GEOGRAFICA.

VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

LIÇÃO 01 – A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO - (Jo 14.16-18,26; 16.14) 1º TRIMESTRE DE 2021

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 01 – A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO - (Jo 14.16-18,26; 16.14)

1º TRIMESTRE DE 2021


INTRODUÇÃO

Nesta lição veremos de maneira introdutória a doutrina da Pneumatologia; estudaremos sobre a interrelação do Espírito Santo com as pessoas da Trindade; notaremos o Espírito Santo como um ser pessoal e divino; pontuaremos quais pecados podem ser cometidos contra o Espírito Santo; e por fim, analisaremos a possibilidade da adoração ao Paracleto Divino.

I – PNEUMATOLOGIA: O ESTUDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO

1.1 - A doutrina do Espírito Santo. Na Teologia, a doutrina do Espírito Santo é conhecida como “Pneumatologia”. O termo vem de “pneuma” (ar, vento, espírito), cognato do verbo “pnéo” (respirar, soprar) ou conhecida também como: “Pneumagiologia”. Já este termo procede da junção de três palavras gregas: “pneuma” (espírito), “hagios” (santo) e “logia” (estudo). Porém, o termo preferido dos estudiosos da Bíblia é “Paracletologia”. A palavra, “parákletos” encontrada apenas no evangelho e na epístola de João (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7; 1Jo 2.1), procede de duas palavras gregas: “pará” (para o lado de), e “kaléo” (chamar) que significa: “alguém que é chamado para estar ao lado de outro para ajudá-lo como um advogado” (SILVA, 1996, p.11). “O Espírito Santo é a pessoa específica da Trindade que mais atua em nós” (SOARES, 2020, p. 14).

II - O ESPÍIRTO SANTO E A INTERRELAÇÃO COM AS PESSOAS DA TRINDADE

O nome Espírito Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma hagios”. Ele é Deus, igual com o Pai e o Filho, e formam uma só divindade, pois eles são “allos” palavra grega que denota “da mesma natureza, da mesma espécie e da mesma qualidade”; diferente de “heteros” que denota “ser de espécie diferente”. Ao chamar o Espírito Santo de “allon parakleton”, Jesus afirmou que tudo quanto pode ser afirmado a respeito de sua natureza pode ser dito do Espírito (HORTON, 2006, p. 2006).

2.1 - O Espírito Santo e a doutrina da Trindade. As Escrituras ensinam que Deus é um (Dt 4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade divina é uma unidade composta de três pessoas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6), que cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não existe nenhum tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando também de três deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações divinas (unicismo), antes, são três pessoas, mas um só Deus (Jo 10.30). Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade e distintas em função, manifestação e aspecto [...] Uma só essência, substância, em três pessoas [...] as três pessoas associadas em unidade e igualdade (SOARES Org, 2017, p. 39,40 - grifo nosso). Cremos que a doutrina da santíssima Trindade é uma verdade bíblica, conforme definida no Credo de Atanásio: “A fé universal é esta: que adoremos um Deus em trindade, e trindade em unidade; não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância”. O relacionamento do Espírito Santo com o Pai e com o Filho revela a sua divindade e a sua consubstancialidade com Eles. Há um só Deus que subsiste em três pessoas distintas (Mt 28.19, 1Co 12.4-6; 2Co 13.13; Ef 4.4-6; 1Pe 1.2) (SOARES Org, 2017, pp. 41,42).

2.2 - O Espírito Santo e a doutrina Pericorese. Pericoresis vem de três termos grego: “peri” = “periferia”, “coré” = “coreografia ou dança” e “esis” = “expressa uma ação”. Pericoresis é a união íntima intratrinitariana entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja, é a habitação das Pessoas da Trindade uma na outra. É uma dança eterna, harmônica e perfeita das três pessoas da Santíssima Trindade”. O termo se refere à mútua e íntima interpenetração das três pessoas da Trindade (Jo 10.30; 14.10,16,17,20,23; 17.5,21; 2Co 2.10,11) (SOARES, 2020, p. 24). Há uma absoluta igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita, por natureza, à outra, como se houvesse uma hierarquia divina [...]. A subordinação do Filho não compromete a sua deidade absoluta e, da mesma forma, a subordinação do Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo de inferioridade (SOARES, Org, 2017, pp. 41,42 - grifo nosso). A tradição teológica tem interpretado esta coabitação entre as pessoas da Trindade como “interpenetrados” onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo não apenas envolvem um ao outro, mas eles também entram um no outro, permeando-se entre si, e habitam um no outro (SOARES, 2017, pp. 77,78). As três Pessoas são iguais e não há entre elas primeiro e último. Existem diversos textos em que o Espírito Santo é citado na Trindade como a primeira pessoa (Is 61.1; 1Co 12.4-6; Ef 4.4- 6); como a segunda pessoa (Mt 3.16,17; 1Co 12.12,13; 1Pd 1.2); e como a terceira pessoa (Mt 28.19; At 10.38; 2Co 13.13; Mt 10.20; Rm 8.9; 1Co 2.11,12; Gl 4.6). “Logo, o Espírito Santo é da mesma substância, da mesma espécie, de mesmo poder e glória do Pai e do Filho” (SOARES Org, 2017, p. 67 – grifo nosso).

III - O ESPÍRITO SANTO COMO UM SER PESSOAL

Uma pessoa é um ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso, partindo do princípio que apresenta plena capacidade mental, é responsável pelos seus atos. A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, pois possui características pessoais: sentimento (emoção), intelecto (inteligência) e vontade (arbítrio). A Bíblia mostra o Espírito Santo como uma pessoa porque Ele:

 - Fala (2Sm 23.2; Hb 3.7; Ap 2.7,11,17);

- Guia (Jo 16.13; At 8.29; Rm 8.14);

- Pode ser resistido (At 7.51);

- Intercede (Rm 8.26);

- Impede (At 16.6,7);

- Pode-se mentir a Ele (At 5.3,4);

- Testifica (Jo 15.26; Rm 8.16);

- Tem vontade (Jo 3.8; 1Co 12.11);

- Tem emoções (Is 63.10; Ef 4.30);

- Ama (Rm 15.30);

- Lembra (Jo 14.26);

- Pode-se blasfemar dele (Mt 12.31,32);

- Ensina (Ne 9.20; Jo 14.26; 1Co 2.13);

- Convence (Ne 9.30; Jo 16.7,8);

- Realiza milagres (At 8.39);

- Revela (At 10.19-21; Ef 1.17);

- Lidera (Jo 16.13,14);

- Pode-se insultar dele (Hb 10.29);

- Escolhe (At 13.2; 20.28);

- Julga (At 15.28);

- Advoga (At 5.32);

- Clama (Gl 4.6; 1Tm 4.1);

- Envia (At 13.2-4);

- Convida (Ap 22.17);

- Tem inteligência (Is 11.2);

- Consola (Jo 14.16, 15.26; At 9.31);

- Ele é bom (Sl 143.10).


IV - O ESPÍRITO SANTO COMO UM SER DIVINO

A asseidade serve para designar “o atributo divino segundo o qual um ser existe por si mesmo e não precisa de outro para existir”. Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é autoexistente. Ou seja: ele não depende de nada fora de si para existir. Ele sempre existiu; é um ser incausado: “[…] pelo Espírito eterno” (Hb 9.14). Em toda a Bíblia, podemos ver claramente que o Espírito Santo é Deus (BERGSTÉN, 1999, p. 97). Vejamos alguns atributos divinos do Espírito Santo:

- Ele é o Espírito de Deus (Gn 1.2; 1Co 3.16, 6.11; 2Co 3.3);

- Ele é o Altíssimo (Lc 1.35);

- Ele é o Espírito de Cristo (Rm 8.9; 1Pd 1.11);

- Ele é Criador (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.24,25,30);

- Ele é o Espírito de Jesus (At 16.7);

- Ele é Eterno (Hb 9.15);

- Ele é o Espírito do Senhor (Jz 6.34; 15.14; 16.20; 2Sm 23.2,3);

- Ele é Deus (At 5:3,4);

- Ele é o Espírito de seu Filho (Gl 4.6)

- Ele gerou Jesus (Mt 1.20; Lc 1.35);

- Ele é o Espírito de vida e da verdade (Rm 8.2; Jo 14.16,17);

- Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos (1Pd 3.18)

- Ele é o Espírito da Graça e da Glória (Hb 10.29; 1Pd 4.14);

- Ele estar junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2Co 13.13);

- Ele é Onipresente (Sl 139.7-10);

- Ele é doador de vida (Jó 33.4; Sl 104.30);

- Ele é Onisciente (Is 40.13; 1Co 2.10-12);

- Ele é inspirador da Bíblia (1Pd 1.11; 2Pd 1.21; 2Tm 3.16);

- Ele é Onipotente (Lc 1.35; 1Co 12.11);

- Ele é o Espírito lá do Alto (Is 32.15).


V - PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

Além da blasfêmia contra o Espírito Santo, considerado o mais grave dos pecados, há outras ofensas. Vejamos:

5.1 - Resistir ao Espírito Santo (At 7.51). Este foi o pecado que caracterizou os filhos de Israel quer no Antigo, quer no Novo Testamento. O que significa resistir ao Espírito Santo? Significa opor-se, consciente e premeditadamente, contra a ação regeneradora e santificadora do Espírito: “[...] vós sempre resistir ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”.

5.2 - Entristecer o Espírito Santo (Is 63.10; Ef 4.30). Entristecer o Espírito Santo é opor-se a Ele; é ignorar-lhe a vontade e adotar o mundanismo como norma de vida. Aos irmãos de Éfeso, exorta Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef 4.30).

5.3 - Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12.32; Hb 10.29). Os fariseus diziam grosseiramente, que Jesus expulsava os demônios com o poder de Belzebu. A advertência que lhes dirigiu o Senhor foi mais do que enérgica; foi sentencial: “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens” (Mt 12.31). A explicação do sumo sacerdote, Eli, ao repreender os seus filhos profanos: “Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o SENHOR, quem rogará por ele?” (1Sm 2.25).

VI – A ADORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus cita o Credo Niceno-Constantinopolitano ao afirmar a adoração ao Espírito Santo: “Cremos no Espírito Santo, o Senhor e vivificador, o que procede do Pai e do Filho, o que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” (apud SOARES Org, 2017, p. 70 - grifo nosso). “O Espírito Santo é objeto de nossa fé, oração e adoração” (SOARES, 63ª EBO- IEADPE, 2019, p. 51). O Espírito Santo não é apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e adoração (HORTON, 1996, p. 177 – grifo nosso). “Sobre a ‘comunhão com o Espírito Santo’ (2Co 13.13), a Bíblia mostra que Ele é não apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e adoração” (SOARES, 2020, p. 18). Portanto, quando adoramos a Deus estamos glorificando as três pessoas simultaneamente como bem ensina a Harpa Cristã número 10: “Glória, glória ao Pai bendito, glória, glória a Jesus; glória dai ao Santo Espírito. Ao Deus trino, nossa luz”.

6.1 - Uma pessoa divina é digna de adoração. É comum dizer que o Espírito Santo não deve ser adorado porque “ele glorifica a Cristo”. É, na verdade, um pensamento equivocado, pois se Ele é Deus, nisso por si só, a sua adoração é aceitável, não existe na fé cristã um deus de segunda categoria, um que deve ser adorado e outro não [...] (SOARES, 2020, p. 25 – grifo nosso). Somos ordenados a adorar a Deus (Sl 18.3; 48.1; Mt 4.10, Ap 19.10; 22.9). O Espírito Santo é chamado de Senhor nas Escrituras: “Ora, o SENHOR é o Espírito” (2Co 3.17 - ARA). Se, então, o Espírito Santo é Deus (2Sm 23.2,3), como uma pessoa da Trindade, então, Ele é digno de adoração. O Espírito Santo possui a natureza da divindade - Ele compartilha os atributos de Deus. Ele não é nem angélico nem humano, mas na sua essência Ele é divino (At 5.3,4). Paulo mostra claramente que as três pessoas da Trindade são adoradas: a) O Pai (Gl 1.3-6); o Filho (Gl 1.7-12); e, o Espírito Santo (Ef 1.13,14). Nesta passagem temos percebemos a Divindade nas três pessoas de maneira distinta em prol da salvação do homem. Em todas as três funções os três são dignos do mesmo louvor, glória e adoração.

CONCLUSÃO

Sendo o Espírito Santo Deus, seria impossível defini-lo ou descrevê-lo em Sua plenitude. Por isso, procuramos apenas descrever alguns atributos, bem como algumas de suas atividades que foram registradas nas Sagradas Escrituras sem esquecer-nos, no entanto, de que esta atuação não se limita às experiências que foram registradas nas páginas das Escrituras; pois, Ele continua agindo, de maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de Deus, espalhados por todo o mundo.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.

PEARLMAN, Myer Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Vida.

BÉRGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.

SOARES, Ezequias. O Verdadeiro Pentecostalismo. CPAD.

HORTON, Stanley O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. CPAD.

SOARES, E. (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

LIÇÃO 13 – QUANDO DEUS RESTAURA O JUSTO - (Jó 42.1-17) 4º TRIMESTRE DE 2020

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Pastor Presidente: Aílton José Alves

Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543


LIÇÃO 13 – QUANDO DEUS RESTAURA O JUSTO - (Jó 42.1-17)

4º TRIMESTRE DE 2020


INTRODUÇÃO

Nesta última lição do trimestre, veremos quais as atitudes de Jó antes de sua restauração; notaremos a justiça divina na vida do patriarca e seus três amigos; e por fim, estudaremos sobre a restauração de Jó e notaremos quais lições aprendemos com a provação deste servo de Deus.

I – ATITUDES DE JÓ ANTES DE SUA RESTAURAÇÃO

Segundo Houaiss, restauração é: “ato ou efeito de restaurar; conserto de coisa desgastada pelo uso; recomposição de algo” (2001, p. 2442). Foi isto que aconteceu na vida de Jó no final de sua provação. O capítulo 42 apresenta Jó na condição de servo se entregando sem reservas ao seu Senhor, uma entrega feita quando ele ainda se encontrava em seus sofrimentos, não tendo recebido nenhuma explicação sobre o mistério do passado ou alguma promessa para o futuro. Vejamos algumas atitudes de Jó antes da sua restauração. Notemos:

1.1 - Jó reconheceu o quanto Deus é soberano (Jó 42.2). No primeiro discurso Divino Jó sem respostas diz: “Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão ponho na minha boca” (Jó 40.4). Em meio a sua queixa Jó havia desejado se apresentar diante de Deus para questiona-lo (Jó 23.1-7), todavia, quando teve a oportunidade, lhe faltou argumentos. Mas agora, pela segunda vez, submisso ele responde a Deus e declara: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido” (Jó 42.2). Concernente a soberania de Deus ele havia declarado: “O que a sua alma quiser, isso fará [...] Porque cumprirá o que está ordenado a meu respeito” (Jó 23.13,14), e isto ele viu na prática que o que Deus decide, Ele faz. Na lógica humana seria mais fácil exaltar a soberania e poder de Deus quando os currais estivessem novamente cheios de animais e seus filhos em volta de sua mesa (Jó 42.12,13), mas foi em meio a cinza que Jó atribui o poder a Deus e “esmagou” a Satanás mostrando que não servia a Deus por barganha e mesmo perdendo tudo não blasfemou como era esperado pelo acusador (Jó 1.9-11).

1.2 - Jó reconheceu o quanto era ignorante (Jó 42.3). Quando Jó diz: “quem é aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho?” Ele está fazendo uma citação das palavras que Deus havia-lhe dirigido (Jó 38.2a). E é a esta altura de sua provação que ele reconheceu a sua ignorância: “por isso, falei do que não entendia [...] e não compreendia” (Jó 42.3). “O conhecimento teórico que Jó tinha sobre Deus não foi capaz de responder nenhuma das setenta perguntas (expressas de forma interrogativa ou declarativa) feitas por Deus” (CHAMPLIN, 2001, p. 2038 – acréscimo nosso). Sobre a sabedoria divina Matthew Henry assim conclui: “Nós vemos o que Deus faz, mas não sabemos por que o faz, o que Ele visa, nem o que Ele conseguirá com isso. Estas são coisas maravilhosas para nós, que estão fora da nossa vista para descobrir; fora do nosso alcance para alterar, e fora da nossa jurisdição para julgar” (HENRY, 2010, p. 204).

1.3 - Jó reconheceu o quanto precisa aprender de Deus (Jó 42.4-5). Ele se coloca agora na condição de um aluno disposto a aprender com Seu Mestre: “eu te perguntarei, e tu ensina-me” (Jó 42.4). Era como se falasse: “Senhor, não me faças mais perguntas difíceis, pois não sou capaz de te responder; mas dai-me licença para pedir instrução a Ti” (HENRY, 2010, p. 205). Antes Jó conhecia a Deus só de “ouvir falar”, era um homem temente a Deus mais com um conhecimento superficial, todavia o Deus que se revelou a ele mostrando a sua grandeza e sabedoria (ver caps. Jó 38-40), lhe conduziu a uma experiência pessoal: “mas agora te vêem os meus olhos” (Jó 42.5). A provação trouxe crescimento espiritual ao patriarca.

1.4 - Jó reconheceu o quanto precisava se humilhar e se arrepender (Jó 42.6). Está claro neste livro que o sofrimento de Jó não era consequência dos seus pecados como afirmavam os seus amigos (Jó 4.7,8;15.5; 22.5-23;36.17-19). O próprio Deus afirmou que ele sofria “sem causa” (Jó 2.3) e que seus amigos estavam errados (Jó 42.7). Jó, entretanto, ao contemplar a glória de Deus, deu-se conta do seu pecado. Jó não se arrependeu das acusações que seus amigos fizeram, mas do orgulho e do esforço para se auto justificar (Jó 13.18,23; 31.1-40). O pecado de Jó foi o mesmo de muitos homens “bons” que acreditam em sua própria justiça e inocência: “Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado” (Jó 13.23). Ao contemplar a face de Deus ele desprezou a si mesmo reconhecendo ser uma criatura pecaminosa diante de Deus que é Santo (Jó 42.6; ver Is 6.1-6). É a partir desta atitude que Deus vai mudar a sua história.

II – A JUSTIÇA DIVINA NA VIDA DE JÓ E SEUS TRÊS AMIGOS

(Jó 42.7-9) No início de sua provação Jó recebe a visita de três amigos que tinham a intenção de consolar, mas, ao verem o estado degradante do patriarca (Jó 2.11-13), Elifaz, Bildade, e Zofar interpretaram erroneamente o que havia motivado tão grande sofrimento. Aqueles que haviam julgado Jó de pecado, agora também estão diante de um Deus irado: “a minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos” (Jó 42.7). Vejamos a atuação da justiça de Deus:

2.1 - Deus repreende os amigos de Jó (Jó 42.7). O primeiro que começou julgando e condenando o patriarca foi Elifaz e, é a ele que Deus se dirige (Jó 4-5; 42.7). “Os amigos de Jó haviam cometido o erro de presumir que o sofrimento de Jó era causado por algum grande pecado. Estavam julgando Jó sem saber o que Deus estava fazendo” (BEERS, 2012, p. 734). Deus deixou claro que todos estavam errados “não dissestes de mim o que era reto” (Jó 42.7).

2.2 - Jó é justificado por Deus (Jó 42.7-9). Deus afirmou que Jó estava certo e seus amigos errados (Jó 42.7,8). É interessante que antes da prova Jó era servo de Deus: “observaste tu a meu servo Jó” (Jó 1.8), e na etapa final depois de tanto sofrimento Deus afirmou por quatro vezes: “meu servo Jó” (Jó 42.7,8). Jó entrou e saiu da provação como “servo” de Deus e, foi através dele que o Senhor recebeu as ofertas de holocausto pelos pecados de Elifaz, Bildade e Zofar (Jó 42.8,9). O humilhado foi justificado, exaltado, e honrado por Deus diante daqueles que tanto lhe causaram dor e tristeza.

III – A RESTAURAÇÃO DE JÓ

3.1 - A restauração veio enquanto Jó orava (Jó 42.10). Deus lhe restaurou a posição de sacerdote que tivera antes, ou seja, sua vida espiritual foi restaurada (Jó 1.5; 42.8). E sua história mudada enquanto orava: “E o SENHOR virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos” (Jó 42.10). Entendemos que Jó não guardou nenhum rancor no coração contra seus amigos que tanto lhe acusaram, caso contrário Deus não teria recebido a sua oferta (Jó 42.9; Mt 5.23,24; 6.14,15). A oração muda situações (2Rs 20.1-5; Sl 40.1). A Bíblia diz: “está alguém entre vós aflito? Ore” (Tg 5.13).

3.2 - O último estado foi melhor que o primeiro (Jó 42.12). A Bíblia diz que: “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Ec 7.8) e assim foi na vida de Jó. Deus provou sua fidelidade com o Justo Jó ao ponto que: a) sua saúde foi restabelecida lhe permitindo voltar a vida normal e ainda viver cento e quarenta anos (Jó 42.16); b) sua família e todos que o conheciam voltaram a ele trazendo-lhe presentes (Jó 42.11); c) recebeu riquezas em dobro (Jó 42.12); d) a bênção de ter novamente dez filhos à sua volta (Jó 42.13).

IV – LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM A PROVAÇÃO DO PATRIARCA JÓ

O apostolo Paulo afirma: “Porque tudo que dantes foi escrito para o nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4). A provação na vida de Jó serve ensino para nós de que nem sempre o sofrimento é consequência de um pecado pessoal e que Deus na sua justiça nunca nos prova além do que possamos suportar (1Co 10.13). Entre muitas lições extraídas da provação de Jó vejamos algumas:

4.1 - O Deus soberano permite o sofrimento. Por mais doloroso que seja o processo, devemos entender que Deus permite o sofrimento na vida do justo (Jó 1.12;2.6,7). O justo não está isento do sofrimento como alega a falsa “teologia da prosperidade”. O sábio Salomão afirma: “Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio” (Ec 9.2), logo, assim como ao ímpio vem a doença, o desemprego, perseguições, perigos e outros sofrimentos, ao justo também. A Palavra de Deus nos exorta: “não estranheis a ardente prova que vem sobre vós” (1Pd 4.12). Provações e sofrimentos fazem parte da vida do cristão (1Pd 4.13-16; 5.9 Cl 1.24; Ap 2.10; 2 Tm 2.3,12).

4.2 - Paciência, confiança e fidelidade a Deus nos conduzirá a vitória. Tiago quando fala de paciência cita o exemplo de Jó: “ouviste qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu” (Tg 5.11). Mesmo em meio a tanta dor, Jó fez a seguinte confissão: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15). De igual modo devemos ser pacientes (Tg 5.8,10). Jó perdeu tudo, menos a confiança em Deus (Jó 19.25). Enquanto o diabo esperava Jó blasfemar “diante da face de Deus” (Jó 1.11), “o Senhor aceitou a face de Jó” (Jó 42.11) confirmando assim, que Jó manteve a sua fidelidade.

4.3 - Toda provação tem o seu final. Quando tudo parecia está perdido e sem sentido: “o Senhor virou o cativeiro de Jó” (Jó 42.10). O mesmo Deus que permitiu a provação, foi o mesmo que deu um “basta” naquele sofrimento. Tiago nos lembra: “Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu” (Tg 5.11). Tudo tem o seu tempo determinado (Ec 3.1). Na vida do servo de Deus tem choro, mas também alegria (Ec 3.4; Sl 30.5). A provação nunca será além do que possamos suportar, porque o Deus que conhece a nossa estrutura conhece os nossos limites (Sl 103.13,14;1 Co 10.13). E enquanto a vitória não vem, o Senhor nos diz: “A minha graça te basta” (2Co 12.9).

CONCLUSÃO

Assim, o livro se encerra com o orgulho na vida de Jó sendo retirado pelo crivo do sofrimento, a má teologia de seus três amigos é corrigida e a sua tolice humilhada, e o nome de Deus sendo honrado em relação as acusações de Satanás.

REFERÊNCIAS

BEERS, Ronald A (Editor Geral). Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.

HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Antigo Testamento. CPAD.

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