Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
13 – QUANDO DEUS RESTAURA O JUSTO - (Jó 42.1-17)
4º
TRIMESTRE DE 2020
INTRODUÇÃO
Nesta
última lição do trimestre, veremos quais as atitudes de Jó antes de sua
restauração; notaremos a justiça divina na vida do patriarca e seus três
amigos; e por fim, estudaremos sobre a restauração de Jó e notaremos quais
lições aprendemos com a provação deste servo de Deus.
I
– ATITUDES DE JÓ ANTES DE SUA RESTAURAÇÃO
Segundo
Houaiss, restauração é: “ato ou efeito de restaurar; conserto de coisa
desgastada pelo uso; recomposição de algo” (2001, p. 2442). Foi isto que
aconteceu na vida de Jó no final de sua provação. O capítulo 42 apresenta Jó na
condição de servo se entregando sem reservas ao seu Senhor, uma entrega feita
quando ele ainda se encontrava em seus sofrimentos, não tendo recebido nenhuma
explicação sobre o mistério do passado ou alguma promessa para o futuro.
Vejamos algumas atitudes de Jó antes da sua restauração. Notemos:
1.1
- Jó reconheceu o quanto Deus é soberano (Jó 42.2). No primeiro discurso Divino
Jó sem respostas diz: “Eis que sou vil; que te responderia eu? A minha mão
ponho na minha boca” (Jó 40.4). Em meio a sua queixa Jó havia desejado se
apresentar diante de Deus para questiona-lo (Jó 23.1-7), todavia, quando teve a
oportunidade, lhe faltou argumentos. Mas agora, pela segunda vez, submisso ele
responde a Deus e declara: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus
pensamentos pode ser impedido” (Jó 42.2). Concernente a soberania de Deus ele
havia declarado: “O que a sua alma quiser, isso fará [...] Porque cumprirá o
que está ordenado a meu respeito” (Jó 23.13,14), e isto ele viu na prática que
o que Deus decide, Ele faz. Na lógica humana seria mais fácil exaltar a
soberania e poder de Deus quando os currais estivessem novamente cheios de
animais e seus filhos em volta de sua mesa (Jó 42.12,13), mas foi em meio a
cinza que Jó atribui o poder a Deus e “esmagou” a Satanás mostrando que não
servia a Deus por barganha e mesmo perdendo tudo não blasfemou como era esperado
pelo acusador (Jó 1.9-11).
1.2
- Jó reconheceu o quanto era ignorante (Jó 42.3). Quando Jó diz: “quem é
aquele, dizes tu, que sem conhecimento encobre o conselho?” Ele está fazendo
uma citação das palavras que Deus havia-lhe dirigido (Jó 38.2a). E é a esta
altura de sua provação que ele reconheceu a sua ignorância: “por isso, falei do
que não entendia [...] e não compreendia” (Jó 42.3). “O conhecimento teórico
que Jó tinha sobre Deus não foi capaz de responder nenhuma das setenta
perguntas (expressas de forma interrogativa ou declarativa) feitas por Deus”
(CHAMPLIN, 2001, p. 2038 – acréscimo nosso). Sobre a sabedoria divina Matthew
Henry assim conclui: “Nós vemos o que Deus faz, mas não sabemos por que o faz,
o que Ele visa, nem o que Ele conseguirá com isso. Estas são coisas
maravilhosas para nós, que estão fora da nossa vista para descobrir; fora do
nosso alcance para alterar, e fora da nossa jurisdição para julgar” (HENRY,
2010, p. 204).
1.3
- Jó reconheceu o quanto precisa aprender de Deus (Jó 42.4-5). Ele se coloca
agora na condição de um aluno disposto a aprender com Seu Mestre: “eu te
perguntarei, e tu ensina-me” (Jó 42.4). Era como se falasse: “Senhor, não me
faças mais perguntas difíceis, pois não sou capaz de te responder; mas dai-me
licença para pedir instrução a Ti” (HENRY, 2010, p. 205). Antes Jó conhecia a Deus
só de “ouvir falar”, era um homem temente a Deus mais com um conhecimento
superficial, todavia o Deus que se revelou a ele mostrando a sua grandeza e
sabedoria (ver caps. Jó 38-40), lhe conduziu a uma experiência pessoal: “mas
agora te vêem os meus olhos” (Jó 42.5). A provação trouxe crescimento
espiritual ao patriarca.
1.4
- Jó reconheceu o quanto precisava se humilhar e se arrepender (Jó 42.6). Está
claro neste livro que o sofrimento de Jó não era consequência dos seus pecados
como afirmavam os seus amigos (Jó 4.7,8;15.5; 22.5-23;36.17-19). O próprio Deus
afirmou que ele sofria “sem causa” (Jó 2.3) e que seus amigos estavam errados
(Jó 42.7). Jó, entretanto, ao contemplar a glória de Deus, deu-se conta do seu
pecado. Jó não se arrependeu das acusações que seus amigos fizeram, mas do
orgulho e do esforço para se auto justificar (Jó 13.18,23; 31.1-40). O pecado
de Jó foi o mesmo de muitos homens “bons” que acreditam em sua própria justiça
e inocência: “Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão
e o meu pecado” (Jó 13.23). Ao contemplar a face de Deus ele desprezou a si
mesmo reconhecendo ser uma criatura pecaminosa diante de Deus que é Santo (Jó
42.6; ver Is 6.1-6). É a partir desta atitude que Deus vai mudar a sua
história.
II
– A JUSTIÇA DIVINA NA VIDA DE JÓ E SEUS TRÊS AMIGOS
(Jó
42.7-9) No início de sua provação Jó recebe a visita de três amigos que tinham
a intenção de consolar, mas, ao verem o estado degradante do patriarca (Jó
2.11-13), Elifaz, Bildade, e Zofar interpretaram erroneamente o que havia
motivado tão grande sofrimento. Aqueles que haviam julgado Jó de pecado, agora
também estão diante de um Deus irado: “a minha ira se acendeu contra ti, e
contra os teus dois amigos” (Jó 42.7). Vejamos a atuação da justiça de Deus:
2.1
- Deus repreende os amigos de Jó (Jó 42.7). O primeiro que começou julgando e
condenando o patriarca foi Elifaz e, é a ele que Deus se dirige (Jó 4-5; 42.7).
“Os amigos de Jó haviam cometido o erro de presumir que o sofrimento de Jó era
causado por algum grande pecado. Estavam julgando Jó sem saber o que Deus
estava fazendo” (BEERS, 2012, p. 734). Deus deixou claro que todos estavam
errados “não dissestes de mim o que era reto” (Jó 42.7).
2.2
- Jó é justificado por Deus (Jó 42.7-9). Deus afirmou que Jó estava certo e
seus amigos errados (Jó 42.7,8). É interessante que antes da prova Jó era servo
de Deus: “observaste tu a meu servo Jó” (Jó 1.8), e na etapa final depois de
tanto sofrimento Deus afirmou por quatro vezes: “meu servo Jó” (Jó 42.7,8). Jó
entrou e saiu da provação como “servo” de Deus e, foi através dele que o Senhor
recebeu as ofertas de holocausto pelos pecados de Elifaz, Bildade e Zofar (Jó
42.8,9). O humilhado foi justificado, exaltado, e honrado por Deus diante
daqueles que tanto lhe causaram dor e tristeza.
III
– A RESTAURAÇÃO DE JÓ
3.1
- A restauração veio enquanto Jó orava (Jó 42.10). Deus lhe restaurou a posição
de sacerdote que tivera antes, ou seja, sua vida espiritual foi restaurada (Jó
1.5; 42.8). E sua história mudada enquanto orava: “E o SENHOR virou o cativeiro
de Jó, quando orava pelos seus amigos” (Jó 42.10). Entendemos que Jó não
guardou nenhum rancor no coração contra seus amigos que tanto lhe acusaram,
caso contrário Deus não teria recebido a sua oferta (Jó 42.9; Mt 5.23,24;
6.14,15). A oração muda situações (2Rs 20.1-5; Sl 40.1). A Bíblia diz: “está
alguém entre vós aflito? Ore” (Tg 5.13).
3.2
- O último estado foi melhor que o primeiro (Jó 42.12). A Bíblia diz que:
“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Ec 7.8) e assim foi na
vida de Jó. Deus provou sua fidelidade com o Justo Jó ao ponto que: a) sua
saúde foi restabelecida lhe permitindo voltar a vida normal e ainda viver cento
e quarenta anos (Jó 42.16); b) sua família e todos que o conheciam voltaram a
ele trazendo-lhe presentes (Jó 42.11); c) recebeu riquezas em dobro (Jó 42.12);
d) a bênção de ter novamente dez filhos à sua volta (Jó 42.13).
IV
– LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM A PROVAÇÃO DO PATRIARCA JÓ
O
apostolo Paulo afirma: “Porque tudo que dantes foi escrito para o nosso ensino
foi escrito” (Rm 15.4). A provação na vida de Jó serve ensino para nós de que
nem sempre o sofrimento é consequência de um pecado pessoal e que Deus na sua
justiça nunca nos prova além do que possamos suportar (1Co 10.13). Entre muitas
lições extraídas da provação de Jó vejamos algumas:
4.1
- O Deus soberano permite o sofrimento. Por mais doloroso que seja o processo,
devemos entender que Deus permite o sofrimento na vida do justo (Jó
1.12;2.6,7). O justo não está isento do sofrimento como alega a falsa “teologia
da prosperidade”. O sábio Salomão afirma: “Tudo sucede igualmente a todos: o
mesmo sucede ao justo e ao ímpio” (Ec 9.2), logo, assim como ao ímpio vem a
doença, o desemprego, perseguições, perigos e outros sofrimentos, ao justo
também. A Palavra de Deus nos exorta: “não estranheis a ardente prova que vem
sobre vós” (1Pd 4.12). Provações e sofrimentos fazem parte da vida do cristão
(1Pd 4.13-16; 5.9 Cl 1.24; Ap 2.10; 2 Tm 2.3,12).
4.2
- Paciência, confiança e fidelidade a Deus nos conduzirá a vitória. Tiago
quando fala de paciência cita o exemplo de Jó: “ouviste qual foi a paciência de
Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu” (Tg 5.11). Mesmo em meio a tanta dor,
Jó fez a seguinte confissão: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó
13.15). De igual modo devemos ser pacientes (Tg 5.8,10). Jó perdeu tudo, menos
a confiança em Deus (Jó 19.25). Enquanto o diabo esperava Jó blasfemar “diante
da face de Deus” (Jó 1.11), “o Senhor aceitou a face de Jó” (Jó 42.11)
confirmando assim, que Jó manteve a sua fidelidade.
4.3
- Toda provação tem o seu final. Quando tudo parecia está perdido e sem
sentido: “o Senhor virou o cativeiro de Jó” (Jó 42.10). O mesmo Deus que
permitiu a provação, foi o mesmo que deu um “basta” naquele sofrimento. Tiago
nos lembra: “Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor
lhe deu” (Tg 5.11). Tudo tem o seu tempo determinado (Ec 3.1). Na vida do servo
de Deus tem choro, mas também alegria (Ec 3.4; Sl 30.5). A provação nunca será
além do que possamos suportar, porque o Deus que conhece a nossa estrutura
conhece os nossos limites (Sl 103.13,14;1 Co 10.13). E enquanto a vitória não
vem, o Senhor nos diz: “A minha graça te basta” (2Co 12.9).
CONCLUSÃO
Assim,
o livro se encerra com o orgulho na vida de Jó sendo retirado pelo crivo do
sofrimento, a má teologia de seus três amigos é corrigida e a sua tolice
humilhada, e o nome de Deus sendo honrado em relação as acusações de Satanás.
REFERÊNCIAS
BEERS, Ronald A (Editor Geral). Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico do Antigo Testamento. CPAD.
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