terça-feira, 26 de dezembro de 2017

LIÇÃO 14 – VIVENDO COM A MENTE DE CRISTO - (1 Co 2.12-16) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 14 – VIVENDO COM A MENTE DE CRISTO - (1 Co 2.12-16)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta última lição deste trimestre finalizaremos tratando de algumas verdades cristãs, a luz da primeira epístola de Paulo aos coríntios; trataremos dos dois tipos de pessoa: natural e espiritual; destacaremos dois benefícios concedidos por Deus aos crentes: o Espírito Santo e a mente de Cristo; e, finalizaremos pontuando os que estas duas bênçãos proporcionam ao cristão na prática.

I – O HOMEM EM DOIS TEMPOS
1.1 - O homem natural (1 Co 2.14). A expressão “homem natural” no grego “psychikos anthrõpos” é a terminologia usada pelo apóstolo Paulo para qualificar indivíduo sem o Espírito Santo, ou seja, um não-cristão. Tal homem em seu estado natural “não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura” (1 Co 2.14-a), pois ele não foi regenerado, está morto espiritualmente em seus delitos e pecados (Ef 2.1,5); está entenebrecido no entendimento (Ef 4.18); e, sob a cegueira de Satanás (2 Co 4.4).. Não tendo ainda ressuscitado espiritualmente o homem não pode compreender as coisas espirituais “[...] porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14-a).

1.2 - O homem espiritual (1 Co 2.15). A expressão “homem espiritual” no grego “pneumatikos anthrõpos, é o homem que, nascido de novo, procura andar segundo a natureza divina recebida por ocasião do novo nascimento (Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Ao contrário do homem natural, quanto as coisas espirituais, o homem espiritual “[...] discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1 Co 2.15-b). Por possuírem o Espírito, os crentes entendem estas coisas. Eles são capazes de fazer julgamentos corretos sobre os assuntos espirituais, tais como a salvação ou as bênçãos futuras de Deus (APLICAÇÃO PESSOAL, p. 118).

II – DOIS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS AOS CRENTES
2.1 - Ele nos deu o Espírito Santo (1 Co 2.12). No AT, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11-b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espirito habita no crente, conforme profetizado nas Escrituras (Jr 31.31-34; cf. Hb 10.14-17; Ez 36.26-27). Este privilégio é também reafirmado em (1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; e Gl 4.6). A palavra “habitar” no grego “oikeõ” que significa: “ocupar uma casa”, isto é, no sentido figurado, “habitar”, “residir”, “permanecer” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2316). Paulo diz que o Espírito Santo é o penhor da nossa salvação (Ef 1.13,14). A palavra “penhor” no grego é “arrhabõn” que significa “parte em dinheiro ou de propriedade entregue antecipadamente como garantia pelo restante do pagamento” (ibidem, 2009, p. 2093).

2.2 - Ele nos deu a mente de Cristo (1 Co 2.16). Quando o pecador é exposto a pregação da Palavra, que ilumina o seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2 Co 6.4), e, ele não resiste a voz do Espírito Santo, acontece a regeneração (2 Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Somente quando nasce de novo, este homem é criado em verdadeira justiça e santidade requeridas por Deus para que tenha acesso ao Reino (Ef 4.24). Esta mudança interior também alcança a mente, ou seja, o modo de enxergar as coisas, pois o entendimento foi iluminado (Ef 1.18), renovado (Rm 12.2), e, transformado (Hb 10.16). Logo, o homem espiritual, por possuir a mente de Cristo, não avalia as coisas sob o ponto de vista do mundo. O cristão vê as coisas à luz da revelação de Deus em Cristo (1 Co 2.15).

III – O QUE RECEBEMOS ATRAVÉS DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é vital para a vida do pecador, pois Ele é quem convence o homem do pecado (Jo 16.8); produz o novo nascimento (Jo 3.5; Tt 3.5); ajuda o homem a vencer as inclinações da carne (Rm 8.1,13); produz nele o caráter de Cristo (Gl 5.22); manifesta os dons espirituais (1 Co 12.8-11); guia em toda a verdade (Jo 16.13; Rm 8.14); e, nos ajuda a orar (Rm 8.26). Paulo destaca também outras atribuições que o Espírito Santo exerce em relação ao homem espiritual, que destacaremos abaixo. Vejamos:

3.1 - Ele nos revela as coisas de Deus (1 Co 2.10). Antes de Cristo estávamos “separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.12). No entanto, agora que estamos em Cristo, o Espírito Santo que nos foi dado, nos revelou as coisas de Deus que até então nos eram inacessíveis se tornam acessíveis (1 Co 2.9). Paulo diz que “[...] Deus no-las revelou pelo seu Espírito [...]” (1 Co 2.10). A expressão “revelou” no grego “apokalyptõ” significa “retirar a tampa, isto é, descobrir” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2082). Na ocasião em que Pedro declarou que Jesus era o Messias, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16), Jesus afirmou que esta compreensão lhe foi dada por conhecimento sobrenatural: “[...] porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17). Paulo disse que somente o Espírito Santo “penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Co 2.10); pois, “ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1 Co 2.11). Além de Jesus Cristo (Mt 11.27; Jo 1.18), a outra pessoa que pode nos revelar a verdade a respeito de Deus é o Espírito Santo. Ele possui conhecimento completo e exato da divindade (1 Co 2.9-11).

3.2 - Ele nos faz conhecer as coisas de Deus (1 Co 2.12). Antes éramos ignorantes acerca das coisas de Deus (Ef 4.18). Mas agora, Paulo também diz que nós recebemos “o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer [...]” (1 Co 2.12-a). O verbo “conhecer” significa “adquirir informações sobre algo” (ibidem, 2001, p. 802). O apóstolo diz que o Espírito nos faz “[...] conhecer o que nos é dado gratuitamente [...]” (1 Co 2.12-b). Tudo o que recebemos da parte de Deus tem como fonte a sua graça: a salvação (Ef 2.8) que abarca os seguintes processos: a justificação (Rm 3.24; 5.1); a regeneração (1 Pe 1.3,23; Tt 3.5); a santificação (1 Co 1.30; Hb 10.10); adoção (Rm 8.15; Ef 1.5); glorificação (1 Co 15.51-54; 1 Jo 3.2); os dons do Espírito (1 Co 12.1-10); os aspectos do fruto (Gl 5.22); os mistérios do Reino (Mt 13.11); e, eventos futuros (1 Ts 4.13-18; Ap 1.1,19).

3.3 - Ele nos ensina as coisas de Deus (1 Co 2.13). Paulo disse também que além de revelar, e fazer conhecer, o Espírito Santo ensina as coisas de Deus para seus filhos “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina” (1 Co 2.13-a). O próprio Jesus, quando falou do Consolador, afirmou aos seus discípulos que “[…] esse vos ensinará todas as coisas” […]” (Jo 14.26). O texto de Lucas 12.12 também é bastante elucidativo quanto a esta ação do Espírito. O evangelho e as verdades nele contidas foram ensinadas pelo Espírito Santo aos apóstolos que escolhera (At 15.28,29; 1 Co 11.23; Ef 3.5). Quem usufrui da presença do Espírito Santo é ensinado por Ele, como disse o apóstolo João: “[...] a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis” (1 Jo 2.27). Esta é “uma declaração enfática de que o conhecimento da verdade divina não pode ser atribuído ao intelecto e capacidade mental, em primeiro lugar. Paulo busca sua origem na posse do Espírito de Deus, o Professor perfeito e o Juiz perfeito da doutrina” (MOODY, sd, p. 16).

3.4 - Ele nos faz discernir as coisas de Deus (1 Co 2.14-16). Paulo disse que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus” (1 Co 2.14-a). No entanto, o homem espiritual “discerne bem tudo” (1 Co 2.15). Essa palavra, no original grego, significa: “escrutinar”, “coar”, a fim de obter compreensão. O homem natural, pois, não pode compreender as realidades espirituais, porque elas não estão ao alcance do intelecto humano. E apesar dessas realidades estarem sujeitas à compreensão do homem, ainda assim somente a instrução dada pelo Espírito de Deus, mediante a regeneração, que fica subentendida, e mediante Sua presença iluminadora, é capaz de proporcionar tal entendimento (CHAMPLIN, 1995, p. 37 – acréscimo nosso).

IV – O QUE SIGNIFICA TER A MENTE DE CRISTO
A palavra “mente” usada por Paulo em 1 Coríntios 2.16 no grego é “noos” é um substantivo que significa a mente como: sede das emoções e sentimentos, do modo de pensar e sentir, inclinação moral, equivalente ao coração (Rm 12.2; 1 Co 1.10; Ef 4.17,23); entendimento, intelecto (Lc 24.45; 1 Co 14.14,15,19; Fp 4.7; Ap 13.18) (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2082). Esta “mente de Cristo” nos é compartilhada por ocasião do novo nascimento onde nos tornamos participantes da natureza divina (Jo 1.12,12; 2 Pe 1.4; 1 Jo 3.9). Para Paulo, as pessoas espirituais discernem todas as coisas que lhes acontecem no sentido de esquadrinhar, examinar e investigar o valor e as implicações espirituais. Os cristãos devem examinar como a fé se aplica as mais diversas situações da vida. Ao analisarmos tais demandas à luz das Escrituras, podemos discernir quais são os problemas e como podemos responder com uma atitude própria de Cristo ou sob a perspectiva de Cristo. A renovação da mente de que fala Paulo em Romanos 12.2 no grego é “anakainosis”, isto é, o ajuste da visão moral e espiritual e o pensamento segundo a mente de Deus (VINE, 2002, p. 940).

CONCLUSÃO
Antes de Cristo éramos homens naturais, mas, agora somos homens espirituais que tem o Espírito Santo e a mente de Cristo. Por meio do Espírito conhecemos, aprendemos e discernimos as coisas de Deus e com a mente de Cristo, enxergamos as coisas pela ótica divina.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HARISSON, Everet F. Comentário Bíblico Moody. IBR.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico: Beacon. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

LIÇÃO 13 – GLORIFICADOS EM CRISTO - (1 Co 15.13-23) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 13 – GLORIFICADOS EM CRISTO - (1 Co 15.13-23)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra glorificação; pontuaremos as bases bíblicas desta doutrina nas Escrituras tanto no AT quanto no NT; traremos uma explicação teológica para esta etapa da salvação, e por fim, estudaremos alguns aspectos da glorificação na vida do salvo em Jesus.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA GLORIFICAÇÃO
1.1 - Significado etimológico e teológico da palavra glorificação. O dicionário Houaiss define glorificação como: “elevação à bem-aventurança ou à glória celestial” (2001, p. 1458). A palavra glorificação vem do substantivo grego “endoxazo” que vem da raiz “dokeo” que significa: “ato ou efeito de glorificar”. No plano da salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua alma (Rm 8.17; 1Co 15.51-54). O texto de ouro referente a este assunto encontra-se em 1João 3.2, que diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele […]”. O apóstolo Paulo relaciona também a recuperação plena da imagem de Deus em nós na glorificação, no exato momento em que se der a ressurreição dos mortos: “E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1Co 15.29).

II - A BASE DA GLORIFICAÇÃO NAS ESCRITURAS
2.1 - A doutrina da glorificação no AT. Às vezes fala-se que o AT traz pouca ou nenhuma evidência da esperança de uma futura ressurreição do corpo. Mas temos algumas referências que são provas suficiente dessa crença. Muitos judeus da época de Jesus tinha alguma esperança na ressurreição futura (Jo 11.23-24). Paulo no tribunal, disse a Félix, que ele tinha uma esperança na ressurreição e que seus acusadores judeus também tinham (At 24.15). Os salvos do AT aguardavam a cidade “da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11.10). Jó apresenta a mesma esperança (Jó 19.25-26). Os salmistas cantaram essa expectativa (Sl 49.15; 73.24-25). Os profetas afirmaram a mesma crença (Is 26.19; Dn 12.2). Também o escritor aos Hebreus comenta sobre os santos do AT (Hb 11.13-16). Vale lembrar que tanto os justos quanto os ímpios ressuscitarão, agora, uns para a vergonha e desprezo eterno e outros para vida eterna (Dn 12.2).

2.2 - A doutrina da Glorificação no NT. A principal passagem veterotestamentária sobre a glorificação é citada por Paulo: “Também em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, as primícias, e então na sua vinda os que pertencem a Cristo” (1Co 15.22-23). A assertiva de Paulo é que nem todos os cristãos morrerão, mas que alguns que permanecerem vivos quando Cristo voltar terão o corpo imediatamente transformados em novo corpo ressurreto, que nunca poderá envelhecer, enfraquecer ou morrer: “Digo-vos um mistério. Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1Co 15.51-52)

III - EXPLICAÇÃO BÍBLICA PARA GLORIFICAÇÃO
Quando Cristo nos redimiu, ele não redimiu apenas o nosso espírito e alma, mas também nosso corpo. Portanto, a extensão da obra redentora de Cristo em nosso favor não estará completa até que nosso corpo seja inteiramente libertado dos efeitos da Queda e levado ao estado de perfeição para o qual Deus nos criou. Na verdade, a redenção do nosso corpo acontecerá somente quando Cristo voltar e nos ressuscitar dentre os mortos. O apóstolo Paulo expressamente afirma que esperamos: “a redenção de nosso corpo”, e acrescenta “pois nessa esperança fomos salvos” (Rm 8.23-24).

3.1 - A glorificação será a vitória sobre a morte. O dia quando seremos glorificados será um dia de grande vitória porque naquele dia o último inimigo, a morte, será destruída, conforme predizem as Escrituras: “Pois ele reinará até que tenha posto todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15.25-26). Quando o nosso corpo for levantado dentre os mortos experimentaremos vitória completa sobre a morte, que veio como resultado da queda de Adão e Eva. Então nossa redenção será completa: “… Tragada foi a morte na vitória” (1Co 15.54).

3.2 - A glorificação trará a perfeição original. A glorificação é o futuro recebimento de absoluta e definitiva perfeição (física + mental + espiritual) por todos os crentes (Rm 8.22-23; 1Co 15:41-44,51-55; 2Co 5.1-4; 4.14-18; Jd 24-25). Disse Paulo: “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). Na glorificação dos salvos, a expressão “à imagem e conforme a semelhança de Deus” será plenamente entendida, pois o ser humano, restaurado, elevar-se-á a um nível superior. Paulo afirma, “Mas a nossa pátria está no céu, de onde aguardamos o Salvador, o senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo vil à semelhança do seu corpo glorioso […]” (Fp 3.20,21; 3.11,12).

3.3 - A glorificação é a última etapa da salvação. Temos que entender que a natureza da salvação não se resume à justificação, mas também inclui regeneração, santificação, adoção, e, por fim, a glorificação, sendo assim, a glorificação é o passo final da aplicação da redenção. O apóstolo Paulo disse: “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou” (Rm 8.30). A salvação começa com a redenção da alma; prossegue com a redenção do corpo; e culmina com a glorificação do crente integral. Daí o autor de Hebreus ter chamado essa gloriosa obra de Deus de: “uma tão grande salvação” (Hb 2.3). Trata-se de uma promessa da futura transformação de nosso corpo mortal (1Co 15.43, 49; Fp 3.21). O homem, nascido de novo, em Cristo, é “nova criatura” (2Co 5.17) e se torma participante “da natureza divina” (2Pd 1.4). Tal participação, no presente, é parcial, pois o homem está sujeito a fraquezas e ao pecado; mas, na glorificação, será restaurada a “semelhança” da “imagem de Deus” em seu sentido pleno:“agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1Jo 3.2).

3.4 - A glorificação será o encontro do material com o imaterial. Em linhas gerais, as almas e espíritos (imaterial) dos que tiverem morrido em Cristo voltarão e serão reunidos aos seus corpos (material) naquele dia, pois Cristo os trará consigo: “Se cremos que Cristo morreu e ressuscitou, também, através de Jesus, Deus trará com eles os que tiverem dormido” (1Ts 4.14). Jesus afirma: “A hora vem quando todos os que estiverem no túmulo ouvirão a sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem para a ressurreição da vida, e os que tiverem feito o mal para a ressurreição do juízo” (Jo 5.28- 29). Assim, todos nós devemos viver na expectativa ansiosa da volta de Cristo e da transformação de nosso corpo, que se tornará como o próprio corpo perfeito de Cristo (Fp 3.20; 1Jo 3.20).

3.5 - O corpo glorificado será um corpo físico. Quando a Bíblia fala que o “nosso corpo será glorificado” isto significa que o corpo será tomado pela glória de Deus, ou, como diria Paulo, “nos manifestaremos em glória” e que “seremos glorificados” (Rm 8.17) ou que a “glória será revelada em nós” (Rm 8.18). Paulo está falando sobre a “transformação do nosso corpo para que seja semelhante ao corpo da glória de Cristo” (Fp 3.20,21). A expressão “corpo glorificado” significa que continuaremos com nosso corpo, mas num estado de glória. Agora, nesta vida, temos um corpo natural, fraco e corruptível; mas depois teremos um corpo espiritual, poderoso e incorruptível (1Co 15. 42-44). Quando Jesus ressuscitou ele disse: “sou eu mesmo, apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Se hoje Jesus, em seu estado de ressurreição, tem um corpo de carne e ossos, que pode ser tocado (Jo 20.19,20,25-27), então significa que nós também quando ressuscitados teremos também um (1Co 15.49), pois fomos “predestinados para sermos conformes à imagem do filho de Deus” (Rm 8.29). A principal prova da glorificação, ou a ressurreição do corpo está em 1 Coríntios 15.12-58. Em 1 Tessalonicenses Paulo explica que as almas dos que tiverem morrido e partido para estar com Cristo voltarão e serão reunidos aos seus corpos naquele dia, pois Cristo os trará consigo.

IV - ASPECTO DA GLORIFICAÇÃO
A Glorificação é algo futuro, se bem que: “não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável (indizível) e glorioso (cheio de glória, ou glorificado)” (1Pd 1.8). Podemos entrar desde já na participação da alegria dessa glorificação, tal como os israelitas provaram os frutos de Canaã enquanto ainda se encontravam no deserto.

4.1 - A glorificação já está garantida. Paulo em Romanos descreve o estado do descrente como “destituído da glória de Deus” (Rm 3.23). Ao ser justificado, o pecador passa a ter agora, como algo bem certo, a “esperança da glória de Deus” (Rm 5.2). O vocábulo “esperança” aqui pode ser traduzido “a certa ou firme expectativa”, pois a glorificação é o destino seguro de todos os justificados. Quando examinamos Romanos 8.30, podemos ver Paulo aqui ocupando a posição de quem já está experimentando esta glória. Todos os verbos se encontram no tempo passado: “predestinou… chamou… justificou… glorificou”. Por que não falou: “a estes também glorificará”, já que a nossa glorificação é futura? É porque aqui temos a linguagem da certeza através da fé.

4.2 - A glorificação de Jesus garantiu a nossa. A Bíblia sempre liga a glorificação de Jesus com a sua ressurreição e ascensão (Jo 7.39; 12.16,23; 13.31,32; 17.1,5; 1Pd 1.21; Hb 2.9; Ef 1.19-22). A nossa glorificação também está ligada à nossa ressurreição e transformação dos nossos corpos em semelhantes ao de Cristo (Fp 3.20,21; Rm 8.21-25; 2Co 5.4,5; 1Co 15.42-44; 51-54). Na vinda de Cristo, seremos “manifestados com Ele em glória” (Cl 3.4), isto é, conformados completamente “à imagem do seu Filho” (Rm 8.29; 1Co 15.40). Esta transformação à imagem de Cristo, que lentamente se realiza agora (2Co 3.18) será completada naquela hora (1Co 15.41-43, 52-54).

CONCLUSÃO
Seremos salvos eternamente da presença do pecado em nossos corpos e “os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mt 13.43). Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é o veremos (1Jo 3.2). Assim como José que foi vendido escravo para o Egito mas depois foi exaltado à posição de segundo soberano, ao revelar-se aos seus irmãos, pediu que voltassem à terra de Canaã e trouxessem seu pai para ver “toda a glória” que tinha adquirido no Egito (Gn 45.13).

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

LIÇÃO 12 – PERSEVERANDO NA FÉ - (2 Tm 4.6-8) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 12 – PERSEVERANDO NA FÉ - (2 Tm 4.6-8)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Introduziremos a presente lição trazendo uma definição da palavra perseverança; destacaremos porque esta virtude é necessária para o aquele que foi salvo por Cristo Jesus; veremos que tanto o AT como o NT nos mostra que é possível o crente perder a salvação de forma temporária ou definitiva; falaremos mais detalhadamente sobre a possibilidade da apostasia; e, concluiremos falando sobre em que o cristão deve perseverar.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PERSEVERANÇA
O verbo “perseverar” significa: “ser constante, permanecer, conservar-se” (HOUAISS, 2001, p. 2196). No grego, “hupomoné”, “perseverança”, “resistência”, “constância”. Esse vocábulo grego denota a resistência paciente, sob circunstâncias adversas, com base na ideia de alguém que leva aos ombros uma carga pesada, mas da qual não desiste (CHAMPLIN, 2004, p. 246). No que tange a salvação a perseverança é uma atitude que Deus requer do homem a fim de que não venha perder a salvação que lhe foi concedida por meio de Cristo Jesus (1 Co 15.2; 1 Pe 1.5; Ap 2.25; 3.11).

II – A NECESSIDADE DA PERSEVERANÇA PARA O SALVO
2.1 - A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a perseverarem até o fim (Mt 10.22; 24.13). É necessário entender que embora tenhamos sido perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana (Rm 6.19; 7.18-a). Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos ser perseverantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34).

2.2 - A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa perseverar porque o tentador procura nos derrubar (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18).

2.3 - A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da perseverança se dá também pelo fato a volta de Jesus de ser um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Devemos perseverar para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

III – O SALVO PODE PERDER A SALVAÇÃO
Embora entendamos que cair numa fragilidade seguida de contrição e arrependimento sincero não implica em perda de salvação (Pv 28.13); como observemos o caso de Davi (2 Sm 11.4; 12.13; Sl 51.1-19); e, Pedro (Mc 14.66-72). A Bíblia também está repleta de exemplos de pessoas que caíram e permaneceram prostradas, recusando se arrependerem, tais como rei Jeroboão (1 Re 14.1-9), e, o rei Saul (1 Sm 28.7,8; 31.4). Estes e outros casos mostram que é possível o crente perder a salvação que lhe foi concedida (Êx 32.31-33; Jo 15.2; Rm 11.22,23; 1Co 15.2; Hb 3.6,7,15; Ap 3.5) se este der as costas temporariamente (desvio - Lc 15.11-24) ou definitivamente (apostasia – Hb 6.4-8) ao Senhor que o resgatou (2 Pe 2.1-3,15,20-22). Nossa Declaração de fé (2017, p. 114) nos diz: “Mediante o mau uso do livre arbítrio, o crente pode apostatar da fé, perdendo, então a sua salvação”.

3.1 - O Antigo Testamento. No AT há diversos casos que nos evidenciam a possibilidade de alguém salvo perder a sua salvação. Vejamos:

(a) os descendentes de Sete, o terceiro filho de Adão, misturaram-se com as filhas da terra desviando-se assim do Senhor (Gn 6.1,2), e, pereceram no dilúvio (Gn 6.7);
(b) a mulher de Ló que estava entre aqueles que seriam poupados do julgamento que seria derramado sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, perdeu a salvação quando, saindo da cidade não perseverou em seguir a voz divina, olhando para trás (Gn 19.17,26);
(c) os hebreus que saíram do Egito rumo a terra prometida, por causa da sua incredulidade (Hb 3.19); rebeldia (Dt 1.26); falta de perseverança (Nm 32.11); e, idolatria (Êx 32.7,8), não herdaram a promessa (1 Co 10.5). A velha geração, que saiu do Egito, de vinte anos acima não entrou na terra (Nm 32.11), exceto Calebe e Josué que perseveraram em seguir ao Senhor (Nm 32.12). Mesmo entrando na terra de Canaã, o povo de Israel em sua grande maioria se desviou do caminho do Senhor, não dando ouvidos aos apelos dos profetas para que se arrependessem (Jz 2.17; 1 Re 19.10; Jr 1.16; 2.19; 2.32; 3.8; 11.10; Ez 44.10; Dn 9.11; Os 1.2; 11.7; Ml 2.8; 3.7).

Portanto, o justo pode se desviar da justiça e ser condenado por isso (Ez 3.20; 18.26; 33.13).

3.2 - O Novo Testamento. O Novo Testamento de igual forma mostra que é possível o cristão perder a salvação. Jesus disse que quem negá-lo diante dos homens: “será negado diante dos anjos de Deus” (Lc 12.8). Expressões como: “desviar-se” (Tg 5.19); “cair” (1 Co 10.12; 1 Tm 3.6); “naufragar na fé” (1 Tm 1.19); “apostatar” (1 Tm 4.1); e, “recair” (Hb 6.6), também evidenciam isso. Personagens bíblicos também atestam esta possibilidade, estre os quais estão:

(a) Judas (At 1.25);
(b) Ananias e Safira (At 5.1-11);
(c) Himeneu (1 Tm 1.20-a);
(d) Fileto (1 Tm 6.21; 2 Tm 2.17);
(e) Alexandre (2 Tm 4.14); e,
(f) Demas (2 Tm 4.10).

Portanto, um cristão salvo pode sim, desviar-se, cair em pecado e perecer, caso não se arrependa ante a insistência do Espírito Santo (Dt 30.19; 1 Cr 28.9; 2 Cr 15.2; Ez 18.24,26; 33.18; Jo 15.6; Rm 11.21,22; 1 Ts 5.15; 1 Co 10.12; 1 Tm 4.1; 5.15; 12.25; Hb 3.12-14; 5.9; 2 Pe 3.17; 2.20-22). Essa verdade fica ainda mais evidente quando consideramos o “se” condicional quanto à salvação (Hb 2.3; 3.6,14; Cl 1.22,23), bem como a condição: “ao que vencer”, que aparece sete vezes em Apocalipse 2 e 3.

IV – A POSSIBILIDADE DA APOSTASIA
O termo apostasia vem do grego “apostásis” e significa “o abandono premeditado e consciente da fé cristã”. O termo grego “aphistemi” é definido por: “apartar, decair, desertar, retirar, rebelião, abandonar, afastar-se daquilo que antes se estava ligado” (STAMPS, 1995, p. 1903). Podemos elencar alguns passos que levam uma pessoa à apostasia:

(a) quando o crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Bíblia (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46);
(b) quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial, e o crente deixa paulatinamente de aproximar-se do Senhor (4.16; 7.19,25; 11.6);
(c) por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1 Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13);
(d) quando o crente já não ama a retidão nem odeia a iniquidade; e,
(e) por causa da dureza do seu coração e da sua rejeição dos caminhos do Senhor, não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo, chegando ao ponto de blasfemar dele (Mt 12.24; Ef 4.30; 1 Ts 5.19-22; Hb 3.7-11).
Abaixo elencaremos três distorções sobre este assunto:

4.1 - O crente não tem como se desviar, porque Deus o sustenta. De fato, Deus sustenta aqueles que confiam nele (Sl 91.14; Jo 10.29; 1 Co 1.8; Cl 3.3; Jd 1.24). Mas, é necessário entender que o crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (Jo 15.1-6). Há os dois lados da questão: o divino e humano. Na lista de coisas que Paulo disse que não podem nos separar do amor de Deus, ele não incluiu a vontade humana e o pecado da apostasia (Rm 8.35- 39), pois sabia que estas podem sim apartar o crente de Deus (Rm 8.8; 1 Tm 4.1). Portanto, não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (Rm 8.13; Hb 3.6; 5.9). Somos mantidos em Cristo pelo seu poder, mediante a nossa fé nEle (1 Pe 1.5; Jd v.20; 2 Co 1.24-b). A salvação é eterna para os que obedecem ao Senhor (Hb 5.9; 1 Co 15.1,2).

4.2 - Se o crente se desviar é porque ele não era crente verdadeiro. Alguns afirmarm que se uma pessoa se desviar é porque não teve um encontro real com Cristo. Não é isto que o escritor aos hebreus ensinou, quando exortou os cristãos hebreus quanto ao perigo da apostasia. Ele alertou crentes verdadeiros a terem cuidado sobre esta horrível possibilidade: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para o arrependimento [...]” (Hb 6.4-6). Segue-se ainda as exortações dos apóstolos (1 Co 10.1-11,12; 1 Co 15.1,2; Gl 5.1-4; Tg 5.19,20; 2 Pe 2.20-22; 1 Jo 2.19,28; Jd 1.5,6,21-23).

4.3 - Se for criado na doutrina ele não se desvia definitivamente. O fato de os pais criarem o filho na doutrina do Senhor, conforme ordena as Escrituras (Pv 22.6; Ef 6.4), não significa dizer que este filho não poderá se desviar e até se perder. Acerca de Provérbios 22.6, Beacon (p. 399) diz: “Estas palavras são tremendamente reconfortantes para pais fiéis e dedicados. No entanto, não devem ser interpretadas como garantia absoluta. Igualmente necessário para a sua salvação é o exercício da livre escolha por parte deles para que recebam a sempre disponível graça de Deus”. Lembremos de Caim (Gn 4.4-8); e, dos filhos do piedoso Samuel (1 Sm 8.1-3).

V – EM QUE DEVEMOS PERSEVERAR
- No amor de Deus (Jo 15.9);
- Em fazer o bem (Rm 2.7);
- Na benignidade divina (Rm 11.22);
- Em oração (Rm 12.12; Cl 4.2);
- Em vigilância (Ef 6.18);
- Na fé (Cl 1.23);
- Na doutrina (1 Tm 4.16; 2 Jo 1.9).

CONCLUSÃO
A Bíblia está repleta de exortações quanto a necessidade daqueles que foram salvos de perseverarem no caminho do Senhor, a fim de que não caiam da graça e percam a salvação que lhes foi concedida. Portanto, a ideia de “uma vez salvo, salvo para sempre” é falaciosa e consequentemente conduz a pessoa a frouxidão moral.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.HAGNOS.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

LIÇÃO 11 – ADOTADOS POR DEUS (Rm 8.12-17) - 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 11 – ADOTADOS POR DEUS (Rm 8.12-17)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Veremos a definição etimológica e teológica da palavra adoção; falaremos sobre pra quem é destinada esta bênção; pontuaremos sobre a doutrina da adoção no passado, no presente e no futuro; e por fim, esclareceremos o que não é a adoção.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA ADOÇÃO
1.1 - Definição etimológica. O dicionário Houaiss (2001, p. 88) diz que adoção é: “ação ou efeito de adotar, de aceitar alguém ou algo; processo legal que consiste no ato de se aceitar espontaneamente como filho, desde que respeitadas as condições jurídicas para tal, aceitação como parte integrante da vida de uma família, aceitação ou admissão do que antes era externo, alheio, estranho ou não era conhecido ou cogitado, ato jurídico que cria relações de paternidade e filiação entre duas pessoas e este ato faz com que uma pessoa passe a gozar do estado de filho de outra pessoa”.

1.2 - Definição teológica. A palavra grega traduzida para “adoção” é “huiothesia” é uma palavra composta formada de “huios” que significa “filho”, e “thesis” que por sua vez é “posição ou colocar” (Rm 8.15,23; 9.4, Gl 4.5; Ef 1.5). Portanto, seu sentido primário é: “colocar como filho”, “dar a alguém a posição de filho”. Em escritos seculares gregos essa palavra era muitas vezes usada no mesmo sentido que usamos a palavra adoção; isto é, aceitar alguém que não era por natureza da família e legalmente recebê-lo e tratá-lo como filho por nascimento […] é o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de existir entre elas qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afinidade” (VINE, 2002, p. 374).

II - ADOÇÃO DE FILHOS DE DEUS
2.1 - A adoção é para todos os que creem. Os principais textos que tratam dos crentes como filhos de Deus são (Sl 103.13; Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12; 2 Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). Continua-se a observar os aspectos legais que ocorrem na vida do pecador que recebe a Cristo como Salvador: “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). A presunção humana de achar que todos os homens são filhos de Deus não corresponde à verdade bíblica.

2.2 - A adoção nos torna filhos de Deus. Ninguém precisará jamais adotar um filho natural porque já é filho. Deus tem apenas um Filho, o qual, por ser o único, é chamado de Filho Unigênito (Jo 3.16). Os homens tornam-se filhos por adoção, e essa adoção é um ato legal, pois ela inclui a pessoa salva na família de Deus, responsabilizando-a pela obediência filial. Como consequência dessa filiação, o crente passa a ter todos os direitos e privilégios de filho: “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo […]” (Rm 8.17; ver Gl 4.5,6). “[…] deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus […] ” (Jo 1.12). De “serem feitos” porque não eram antes (BRUNELLI, 2016, p. 359).

2.3 - A adoção nos dá os direitos de um filho natural. A adoção no mundo greco-romano era ordinariamente de jovens de bom caráter que se tornavam os herdeiros e mantinham o sobrenome dos ricos que não tinham filhos. Porém, o NT proclama a adoção corteza do Senhor a pessoas pecadoras para se tornarem os herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo (Rm 8.15-17; Gl 3.26, 27; 4.5,6; 1Jo 3.1). Em uma cerimônia legal, ao filho adotado era concedido todos os direitos de um filho natural. Não existe dignidade suficiente no homem que o faça merecer tão graciosa obra da salvação (Ef 1.5; Gl 4.5; Rm 8.15). Quem não é filho, vive numa insegurança marcante, porém quem é filho sente segurança: “porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes, outra vez, atemorizados” (Rm 8.15) (ENNS, 1998, p. 35).

2.4 - A adoção nos dá uma nova relação familiar. Pela adoção, os laços com a velha família são quebrados, pois somos resgatados da lei (Gl.4.5); da escravidão (Rm 8.15); das futilezas que cercavam a nossa vida (1Pd 1.18); e da maldição familiar (Ex 20.5). Pela adoção, um novo ambiente familiar é estabelecido. A adoção vai ainda um pouco além, pois: “ela outorga não apenas um novo nome, um novo status legal e uma nova relação familiar, mas também uma nova imagem, a imagem de Cristo” (Rm 8.29; Ef 2.11-13; 19). O adotado não tem nenhum mérito pela escolha do “adotador” pois a soberania divina exclui com eficácia qualquer mérito (Ef 1.5; Gl 3.26; 4.4-7). “Adoção é um ato por meio do qual Ele (Deus) nos faz membros da Sua família”. Filho, no sentido legítimo da palavra, é alguém que tem em si os “genes” do pai e da mãe. Todavia, há filhos adotados, por um ato de amor e, ao mesmo tempo, jurídico, passando a desfrutar das mesmas regalias e direitos de um filho biológico; ou ainda, pelo direito à cidadania estrangeira, como ocorreu com Paulo (At 22.25,26) (BRUNELLI, 2016, p. 369).

2.5 - A adoção nos dá privilégios espirituais. O status de filhos traz-nos alguns privilégios:

(a) tratar a Deus como Pai nas nossas orações e de receber o perdão de nossos pecados: “Pai nosso, que estás nos céus […]” (Mt 6.9);
(b) ter o testemunho do Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai”, dando-nos o testemunho de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16);
(c) sermos amados por ele, enquanto ignorados pelo mundo (1Jo 3.1);
(d) ter o privilégio de sermos guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14),
(e) gozamos do cuidado do Pai (Mt 6.32) e da liberdade de lhe pedir o suprimento das nossas necessidades (Mt 7.11);
(f) podemos lhe pedir o Espírito Santo (Lc 11.13) e gozarmos do direito a ter uma herança nos céus (G1 4.7; 1Pd 1.4), e, além de tudo, o salvo é colocando lado a lado com o Filho Unigênito do Pai (Rm 8.17).

III - A DOUTRINA DA ADOÇÃO NO PASSADO, PRESENTE E FUTURO
Depois de adotado por Deus, o crente passa a ser filho do Pai Celeste: “Amados, agora somos filhos de Deus…” (1Jo 3.2); como irmão de Jesus (Hb 2.11); e como herdeiro dos céus (Rm 8.17). De igual modo, é libertado do medo (Rm 8.15) e desfruta de segurança e certeza de vida eterna (Gl 4.5,6).

3.1 - A adoção no passado. A regeneração nos dá a natureza de filho de Deus, já a adoção nos dá a posição de filhos. Em Efésios 1.4,5 está escrito que fomos predestinados por Deus para adoção de filhos, “… antes da fundação do mundo […] e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo […]”; portanto, antes da existência do homem. Isso exclui qualquer mérito humano e somente revela a graça infinita de Deus que é condicional.

3.2 - A adoção no tempo presente. Há bênçãos desfrutadas já nesta vida, decorrentes da adoção, como:

(a) o nosso nome de família: “chamados filhos de Deus” (1Jo 3.1; Ef 3.14,15);
(b) o testemunho do Espírito Santo em nosso interior, de que somos filhos de Deus (Rm 8.16);
(c) o recebimento do Espírito Santo (Rm 8.15; Lc 11.11-13);
(d) a disciplina da parte de Deus como seus filhos: “Se estais sem disciplina […] sois então bastardos, e não filhos” (Hb 12.8; 6-11);
(e) a nossa herança celestial, declarada e garantida por Deus (Rm 8.17); e
(f) Por meio da adoção, os nossos nomes foram registrados no livro da vida do Cordeiro (Lc 10.20; Fp 4.3; Ap 17.8; 3.5; 13.8; 20.12,15; 21.27).

3.3 - A adoção no tempo futuro. Paulo traz à mente do povo de Deus, que sua relação com Deus agora em Cristo, é totalmente diferenciada. Não mais escravos, mas filhos. Em Romanos 8.23, vemos que os nossos privilégios quanto à adoção de filhos de Deus têm ainda um lado futuro: “… gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Isso se dará na vinda de Jesus para levar a sua Igreja, o que nos mostra que a adoção de filhos se concretizará de maneira plena no futuro com o arrebatamento da Igreja. “Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus […]. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque como é o veremos […]” (1Jo 3.1-3).

IV - O QUE NÃO É A ADOÇÃO
4.1 - A adoção não é regeneração. A adoção lida com a nossa mudança de posição pois éramos por natureza “filhos da ira” (Ef 2.3) e “filhos do diabo” (1Jo 3.10); nossa posição era de alienação e condenação. Devido à remoção do pecado e à obra meritória de Cristo nossa posição muda, de modo que agora somos chamados filhos de Deus. O filho adotivo retém a natureza de seus pais biológicos; ele não assume a natureza de pai adotivo. Mas Deus, na regeneração, permite que seus filhos, “nascidos de novo”, se tornem participantes da sua natureza santa e amorosa, como seu Pai celestial (2Pd 1.4). Deus fez o que nenhum pai ou mãe humanos podem fazer quando adotam uma criança que é mudar a personalidade e a natureza da criança que adotaram de modo que sejam semelhantes às deles. Os judeus contemporâneos de Jesus alegaram ser filhos de Deus, porém, suas atitudes não demonstravam essa condição de filhos de Deus; por isso, Jesus chamou-os de “filhos do diabo” (Jo 8.41-44) (BRUNELLI, 2016, p. 369).

4.2 - Adoção não é justificação. A justificação lida com a nossa mudança de estado pois estávamos por natureza “condenados” e agora somos “livres” pois recebemos o perdão e a reconciliação com Deus. Por isso, a adoção é uma bênção que nos leva da sala do tribunal para o seio da família (2Sm 9.11). Concebe-se a justificação em termos da lei, a adoção, em termos do amor. A justificação vê Deus como juiz, a adoção, como um pai (Rm 8.14, Ef 1.5). As Escrituras deixam claro que uma coisa é ser “julgado justo” (justificação), e outra é ser “colocado entre os filhos de Deus” (adoção). A justificação envolve uma relação judicial; a adoção, uma relação pessoal. O fato de um juiz pronunciar a sentença de “não culpado” não o compromete a levar o acusado para sua casa e conceder-lhe todos privilégios de filho. Uma coisa é Deus nos aceitar como Juiz, outra, aceitar-nos como Pai (BRUNELLI, 2016, p. 369).

4.3 - A adoção não é santificação. A santificação lida com a nossa mudança de natureza pois éramos por natureza “impuros” e agora somos “santos” (Jo 1.12; Rm 8.17). “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.48). Paulo também disse: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1). Trata-se simplesmente do filho de Deus ter os sinais característicos; fiel ao seu Pai, ao seu Salvador e a si próprio. A responsabilidade de viver no status de filho, temos que viver como família de Deus. Por isto Jesus afirmou: “Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai” (Mt 5.48). Somos convidados a viver este novo estilo de vida: “Como filhos da obediência não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente” (1Pd 1.14). Devemos ter compromisso com o funcionamento da nova família: “Vivei de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Ef 4.1). Para isso Paulo nos adverte: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados […]” (Ef 5.1,2 ver 1Pd 1.14-16; Mt 5.16). Por isso que Paulo ainda diz: “[…] para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta […]” (Fp 2.14-16). Nesta atitude de honrar e glorificar o Pai é que somos reconhecidos como seus filhos: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus […]” (1Jo 3.10 ver 1Pd 2.11,12).

CONCLUSÃO
A doutrina da adoção nos mostra que somos filhos de Deus e que um dia fomos aceitos por Ele por causa do seu grande amor. Foi a obra de Cristo na cruz que tornou esse ato de adoção possível. Agora, nos tornamos herdeiros de todas as coisas com Cristo Jesus. Firmados na doutrina gloriosa da adoção, podemos nos sentir amados e cuidados por Deus, pois somos objetos do Seu inefável amor.

REFERÊNCIAS
BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais. CPAD
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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