terça-feira, 26 de dezembro de 2017

LIÇÃO 14 – VIVENDO COM A MENTE DE CRISTO - (1 Co 2.12-16) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 14 – VIVENDO COM A MENTE DE CRISTO - (1 Co 2.12-16)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Nesta última lição deste trimestre finalizaremos tratando de algumas verdades cristãs, a luz da primeira epístola de Paulo aos coríntios; trataremos dos dois tipos de pessoa: natural e espiritual; destacaremos dois benefícios concedidos por Deus aos crentes: o Espírito Santo e a mente de Cristo; e, finalizaremos pontuando os que estas duas bênçãos proporcionam ao cristão na prática.

I – O HOMEM EM DOIS TEMPOS
1.1 - O homem natural (1 Co 2.14). A expressão “homem natural” no grego “psychikos anthrõpos” é a terminologia usada pelo apóstolo Paulo para qualificar indivíduo sem o Espírito Santo, ou seja, um não-cristão. Tal homem em seu estado natural “não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura” (1 Co 2.14-a), pois ele não foi regenerado, está morto espiritualmente em seus delitos e pecados (Ef 2.1,5); está entenebrecido no entendimento (Ef 4.18); e, sob a cegueira de Satanás (2 Co 4.4).. Não tendo ainda ressuscitado espiritualmente o homem não pode compreender as coisas espirituais “[...] porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14-a).

1.2 - O homem espiritual (1 Co 2.15). A expressão “homem espiritual” no grego “pneumatikos anthrõpos, é o homem que, nascido de novo, procura andar segundo a natureza divina recebida por ocasião do novo nascimento (Jo 3.3,7; 2 Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Ao contrário do homem natural, quanto as coisas espirituais, o homem espiritual “[...] discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido” (1 Co 2.15-b). Por possuírem o Espírito, os crentes entendem estas coisas. Eles são capazes de fazer julgamentos corretos sobre os assuntos espirituais, tais como a salvação ou as bênçãos futuras de Deus (APLICAÇÃO PESSOAL, p. 118).

II – DOIS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS AOS CRENTES
2.1 - Ele nos deu o Espírito Santo (1 Co 2.12). No AT, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11-b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espirito habita no crente, conforme profetizado nas Escrituras (Jr 31.31-34; cf. Hb 10.14-17; Ez 36.26-27). Este privilégio é também reafirmado em (1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; e Gl 4.6). A palavra “habitar” no grego “oikeõ” que significa: “ocupar uma casa”, isto é, no sentido figurado, “habitar”, “residir”, “permanecer” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2316). Paulo diz que o Espírito Santo é o penhor da nossa salvação (Ef 1.13,14). A palavra “penhor” no grego é “arrhabõn” que significa “parte em dinheiro ou de propriedade entregue antecipadamente como garantia pelo restante do pagamento” (ibidem, 2009, p. 2093).

2.2 - Ele nos deu a mente de Cristo (1 Co 2.16). Quando o pecador é exposto a pregação da Palavra, que ilumina o seu entendimento (Ef 1.18; 6.4; 2 Co 6.4), e, ele não resiste a voz do Espírito Santo, acontece a regeneração (2 Co 5.17; Gl 6.15; Jo 1.12.13; Ef 2.1,5; Cl 2.13; Tt 3.5; Tg 1.18; 1 Pe 1.23). Somente quando nasce de novo, este homem é criado em verdadeira justiça e santidade requeridas por Deus para que tenha acesso ao Reino (Ef 4.24). Esta mudança interior também alcança a mente, ou seja, o modo de enxergar as coisas, pois o entendimento foi iluminado (Ef 1.18), renovado (Rm 12.2), e, transformado (Hb 10.16). Logo, o homem espiritual, por possuir a mente de Cristo, não avalia as coisas sob o ponto de vista do mundo. O cristão vê as coisas à luz da revelação de Deus em Cristo (1 Co 2.15).

III – O QUE RECEBEMOS ATRAVÉS DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é vital para a vida do pecador, pois Ele é quem convence o homem do pecado (Jo 16.8); produz o novo nascimento (Jo 3.5; Tt 3.5); ajuda o homem a vencer as inclinações da carne (Rm 8.1,13); produz nele o caráter de Cristo (Gl 5.22); manifesta os dons espirituais (1 Co 12.8-11); guia em toda a verdade (Jo 16.13; Rm 8.14); e, nos ajuda a orar (Rm 8.26). Paulo destaca também outras atribuições que o Espírito Santo exerce em relação ao homem espiritual, que destacaremos abaixo. Vejamos:

3.1 - Ele nos revela as coisas de Deus (1 Co 2.10). Antes de Cristo estávamos “separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.12). No entanto, agora que estamos em Cristo, o Espírito Santo que nos foi dado, nos revelou as coisas de Deus que até então nos eram inacessíveis se tornam acessíveis (1 Co 2.9). Paulo diz que “[...] Deus no-las revelou pelo seu Espírito [...]” (1 Co 2.10). A expressão “revelou” no grego “apokalyptõ” significa “retirar a tampa, isto é, descobrir” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2082). Na ocasião em que Pedro declarou que Jesus era o Messias, o Filho do Deus vivo (Mt 16.16), Jesus afirmou que esta compreensão lhe foi dada por conhecimento sobrenatural: “[...] porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17). Paulo disse que somente o Espírito Santo “penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Co 2.10); pois, “ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (1 Co 2.11). Além de Jesus Cristo (Mt 11.27; Jo 1.18), a outra pessoa que pode nos revelar a verdade a respeito de Deus é o Espírito Santo. Ele possui conhecimento completo e exato da divindade (1 Co 2.9-11).

3.2 - Ele nos faz conhecer as coisas de Deus (1 Co 2.12). Antes éramos ignorantes acerca das coisas de Deus (Ef 4.18). Mas agora, Paulo também diz que nós recebemos “o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer [...]” (1 Co 2.12-a). O verbo “conhecer” significa “adquirir informações sobre algo” (ibidem, 2001, p. 802). O apóstolo diz que o Espírito nos faz “[...] conhecer o que nos é dado gratuitamente [...]” (1 Co 2.12-b). Tudo o que recebemos da parte de Deus tem como fonte a sua graça: a salvação (Ef 2.8) que abarca os seguintes processos: a justificação (Rm 3.24; 5.1); a regeneração (1 Pe 1.3,23; Tt 3.5); a santificação (1 Co 1.30; Hb 10.10); adoção (Rm 8.15; Ef 1.5); glorificação (1 Co 15.51-54; 1 Jo 3.2); os dons do Espírito (1 Co 12.1-10); os aspectos do fruto (Gl 5.22); os mistérios do Reino (Mt 13.11); e, eventos futuros (1 Ts 4.13-18; Ap 1.1,19).

3.3 - Ele nos ensina as coisas de Deus (1 Co 2.13). Paulo disse também que além de revelar, e fazer conhecer, o Espírito Santo ensina as coisas de Deus para seus filhos “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina” (1 Co 2.13-a). O próprio Jesus, quando falou do Consolador, afirmou aos seus discípulos que “[…] esse vos ensinará todas as coisas” […]” (Jo 14.26). O texto de Lucas 12.12 também é bastante elucidativo quanto a esta ação do Espírito. O evangelho e as verdades nele contidas foram ensinadas pelo Espírito Santo aos apóstolos que escolhera (At 15.28,29; 1 Co 11.23; Ef 3.5). Quem usufrui da presença do Espírito Santo é ensinado por Ele, como disse o apóstolo João: “[...] a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis” (1 Jo 2.27). Esta é “uma declaração enfática de que o conhecimento da verdade divina não pode ser atribuído ao intelecto e capacidade mental, em primeiro lugar. Paulo busca sua origem na posse do Espírito de Deus, o Professor perfeito e o Juiz perfeito da doutrina” (MOODY, sd, p. 16).

3.4 - Ele nos faz discernir as coisas de Deus (1 Co 2.14-16). Paulo disse que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus” (1 Co 2.14-a). No entanto, o homem espiritual “discerne bem tudo” (1 Co 2.15). Essa palavra, no original grego, significa: “escrutinar”, “coar”, a fim de obter compreensão. O homem natural, pois, não pode compreender as realidades espirituais, porque elas não estão ao alcance do intelecto humano. E apesar dessas realidades estarem sujeitas à compreensão do homem, ainda assim somente a instrução dada pelo Espírito de Deus, mediante a regeneração, que fica subentendida, e mediante Sua presença iluminadora, é capaz de proporcionar tal entendimento (CHAMPLIN, 1995, p. 37 – acréscimo nosso).

IV – O QUE SIGNIFICA TER A MENTE DE CRISTO
A palavra “mente” usada por Paulo em 1 Coríntios 2.16 no grego é “noos” é um substantivo que significa a mente como: sede das emoções e sentimentos, do modo de pensar e sentir, inclinação moral, equivalente ao coração (Rm 12.2; 1 Co 1.10; Ef 4.17,23); entendimento, intelecto (Lc 24.45; 1 Co 14.14,15,19; Fp 4.7; Ap 13.18) (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2082). Esta “mente de Cristo” nos é compartilhada por ocasião do novo nascimento onde nos tornamos participantes da natureza divina (Jo 1.12,12; 2 Pe 1.4; 1 Jo 3.9). Para Paulo, as pessoas espirituais discernem todas as coisas que lhes acontecem no sentido de esquadrinhar, examinar e investigar o valor e as implicações espirituais. Os cristãos devem examinar como a fé se aplica as mais diversas situações da vida. Ao analisarmos tais demandas à luz das Escrituras, podemos discernir quais são os problemas e como podemos responder com uma atitude própria de Cristo ou sob a perspectiva de Cristo. A renovação da mente de que fala Paulo em Romanos 12.2 no grego é “anakainosis”, isto é, o ajuste da visão moral e espiritual e o pensamento segundo a mente de Deus (VINE, 2002, p. 940).

CONCLUSÃO
Antes de Cristo éramos homens naturais, mas, agora somos homens espirituais que tem o Espírito Santo e a mente de Cristo. Por meio do Espírito conhecemos, aprendemos e discernimos as coisas de Deus e com a mente de Cristo, enxergamos as coisas pela ótica divina.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
BÍBLIA DE APLICAÇÃO PESSOAL. CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HARISSON, Everet F. Comentário Bíblico Moody. IBR.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico: Beacon. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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