segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

LIÇÃO 12 – PERSEVERANDO NA FÉ - (2 Tm 4.6-8) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 12 – PERSEVERANDO NA FÉ - (2 Tm 4.6-8)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Introduziremos a presente lição trazendo uma definição da palavra perseverança; destacaremos porque esta virtude é necessária para o aquele que foi salvo por Cristo Jesus; veremos que tanto o AT como o NT nos mostra que é possível o crente perder a salvação de forma temporária ou definitiva; falaremos mais detalhadamente sobre a possibilidade da apostasia; e, concluiremos falando sobre em que o cristão deve perseverar.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PERSEVERANÇA
O verbo “perseverar” significa: “ser constante, permanecer, conservar-se” (HOUAISS, 2001, p. 2196). No grego, “hupomoné”, “perseverança”, “resistência”, “constância”. Esse vocábulo grego denota a resistência paciente, sob circunstâncias adversas, com base na ideia de alguém que leva aos ombros uma carga pesada, mas da qual não desiste (CHAMPLIN, 2004, p. 246). No que tange a salvação a perseverança é uma atitude que Deus requer do homem a fim de que não venha perder a salvação que lhe foi concedida por meio de Cristo Jesus (1 Co 15.2; 1 Pe 1.5; Ap 2.25; 3.11).

II – A NECESSIDADE DA PERSEVERANÇA PARA O SALVO
2.1 - A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a perseverarem até o fim (Mt 10.22; 24.13). É necessário entender que embora tenhamos sido perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana (Rm 6.19; 7.18-a). Isto somente se dará quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos ser perseverantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34).

2.2 - A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa perseverar porque o tentador procura nos derrubar (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18).

2.3 - A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da perseverança se dá também pelo fato a volta de Jesus de ser um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Devemos perseverar para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).

III – O SALVO PODE PERDER A SALVAÇÃO
Embora entendamos que cair numa fragilidade seguida de contrição e arrependimento sincero não implica em perda de salvação (Pv 28.13); como observemos o caso de Davi (2 Sm 11.4; 12.13; Sl 51.1-19); e, Pedro (Mc 14.66-72). A Bíblia também está repleta de exemplos de pessoas que caíram e permaneceram prostradas, recusando se arrependerem, tais como rei Jeroboão (1 Re 14.1-9), e, o rei Saul (1 Sm 28.7,8; 31.4). Estes e outros casos mostram que é possível o crente perder a salvação que lhe foi concedida (Êx 32.31-33; Jo 15.2; Rm 11.22,23; 1Co 15.2; Hb 3.6,7,15; Ap 3.5) se este der as costas temporariamente (desvio - Lc 15.11-24) ou definitivamente (apostasia – Hb 6.4-8) ao Senhor que o resgatou (2 Pe 2.1-3,15,20-22). Nossa Declaração de fé (2017, p. 114) nos diz: “Mediante o mau uso do livre arbítrio, o crente pode apostatar da fé, perdendo, então a sua salvação”.

3.1 - O Antigo Testamento. No AT há diversos casos que nos evidenciam a possibilidade de alguém salvo perder a sua salvação. Vejamos:

(a) os descendentes de Sete, o terceiro filho de Adão, misturaram-se com as filhas da terra desviando-se assim do Senhor (Gn 6.1,2), e, pereceram no dilúvio (Gn 6.7);
(b) a mulher de Ló que estava entre aqueles que seriam poupados do julgamento que seria derramado sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, perdeu a salvação quando, saindo da cidade não perseverou em seguir a voz divina, olhando para trás (Gn 19.17,26);
(c) os hebreus que saíram do Egito rumo a terra prometida, por causa da sua incredulidade (Hb 3.19); rebeldia (Dt 1.26); falta de perseverança (Nm 32.11); e, idolatria (Êx 32.7,8), não herdaram a promessa (1 Co 10.5). A velha geração, que saiu do Egito, de vinte anos acima não entrou na terra (Nm 32.11), exceto Calebe e Josué que perseveraram em seguir ao Senhor (Nm 32.12). Mesmo entrando na terra de Canaã, o povo de Israel em sua grande maioria se desviou do caminho do Senhor, não dando ouvidos aos apelos dos profetas para que se arrependessem (Jz 2.17; 1 Re 19.10; Jr 1.16; 2.19; 2.32; 3.8; 11.10; Ez 44.10; Dn 9.11; Os 1.2; 11.7; Ml 2.8; 3.7).

Portanto, o justo pode se desviar da justiça e ser condenado por isso (Ez 3.20; 18.26; 33.13).

3.2 - O Novo Testamento. O Novo Testamento de igual forma mostra que é possível o cristão perder a salvação. Jesus disse que quem negá-lo diante dos homens: “será negado diante dos anjos de Deus” (Lc 12.8). Expressões como: “desviar-se” (Tg 5.19); “cair” (1 Co 10.12; 1 Tm 3.6); “naufragar na fé” (1 Tm 1.19); “apostatar” (1 Tm 4.1); e, “recair” (Hb 6.6), também evidenciam isso. Personagens bíblicos também atestam esta possibilidade, estre os quais estão:

(a) Judas (At 1.25);
(b) Ananias e Safira (At 5.1-11);
(c) Himeneu (1 Tm 1.20-a);
(d) Fileto (1 Tm 6.21; 2 Tm 2.17);
(e) Alexandre (2 Tm 4.14); e,
(f) Demas (2 Tm 4.10).

Portanto, um cristão salvo pode sim, desviar-se, cair em pecado e perecer, caso não se arrependa ante a insistência do Espírito Santo (Dt 30.19; 1 Cr 28.9; 2 Cr 15.2; Ez 18.24,26; 33.18; Jo 15.6; Rm 11.21,22; 1 Ts 5.15; 1 Co 10.12; 1 Tm 4.1; 5.15; 12.25; Hb 3.12-14; 5.9; 2 Pe 3.17; 2.20-22). Essa verdade fica ainda mais evidente quando consideramos o “se” condicional quanto à salvação (Hb 2.3; 3.6,14; Cl 1.22,23), bem como a condição: “ao que vencer”, que aparece sete vezes em Apocalipse 2 e 3.

IV – A POSSIBILIDADE DA APOSTASIA
O termo apostasia vem do grego “apostásis” e significa “o abandono premeditado e consciente da fé cristã”. O termo grego “aphistemi” é definido por: “apartar, decair, desertar, retirar, rebelião, abandonar, afastar-se daquilo que antes se estava ligado” (STAMPS, 1995, p. 1903). Podemos elencar alguns passos que levam uma pessoa à apostasia:

(a) quando o crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações, advertências, promessas e ensinos da Bíblia (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46);
(b) quando as realidades do mundo chegam a ser maiores do que as do reino celestial, e o crente deixa paulatinamente de aproximar-se do Senhor (4.16; 7.19,25; 11.6);
(c) por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1 Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb 3.13);
(d) quando o crente já não ama a retidão nem odeia a iniquidade; e,
(e) por causa da dureza do seu coração e da sua rejeição dos caminhos do Senhor, não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo, chegando ao ponto de blasfemar dele (Mt 12.24; Ef 4.30; 1 Ts 5.19-22; Hb 3.7-11).
Abaixo elencaremos três distorções sobre este assunto:

4.1 - O crente não tem como se desviar, porque Deus o sustenta. De fato, Deus sustenta aqueles que confiam nele (Sl 91.14; Jo 10.29; 1 Co 1.8; Cl 3.3; Jd 1.24). Mas, é necessário entender que o crente está seguro quanto à sua salvação enquanto permanecer em Cristo (Jo 15.1-6). Há os dois lados da questão: o divino e humano. Na lista de coisas que Paulo disse que não podem nos separar do amor de Deus, ele não incluiu a vontade humana e o pecado da apostasia (Rm 8.35- 39), pois sabia que estas podem sim apartar o crente de Deus (Rm 8.8; 1 Tm 4.1). Portanto, não há segurança espiritual para ninguém, estando em pecado (Rm 8.13; Hb 3.6; 5.9). Somos mantidos em Cristo pelo seu poder, mediante a nossa fé nEle (1 Pe 1.5; Jd v.20; 2 Co 1.24-b). A salvação é eterna para os que obedecem ao Senhor (Hb 5.9; 1 Co 15.1,2).

4.2 - Se o crente se desviar é porque ele não era crente verdadeiro. Alguns afirmarm que se uma pessoa se desviar é porque não teve um encontro real com Cristo. Não é isto que o escritor aos hebreus ensinou, quando exortou os cristãos hebreus quanto ao perigo da apostasia. Ele alertou crentes verdadeiros a terem cuidado sobre esta horrível possibilidade: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para o arrependimento [...]” (Hb 6.4-6). Segue-se ainda as exortações dos apóstolos (1 Co 10.1-11,12; 1 Co 15.1,2; Gl 5.1-4; Tg 5.19,20; 2 Pe 2.20-22; 1 Jo 2.19,28; Jd 1.5,6,21-23).

4.3 - Se for criado na doutrina ele não se desvia definitivamente. O fato de os pais criarem o filho na doutrina do Senhor, conforme ordena as Escrituras (Pv 22.6; Ef 6.4), não significa dizer que este filho não poderá se desviar e até se perder. Acerca de Provérbios 22.6, Beacon (p. 399) diz: “Estas palavras são tremendamente reconfortantes para pais fiéis e dedicados. No entanto, não devem ser interpretadas como garantia absoluta. Igualmente necessário para a sua salvação é o exercício da livre escolha por parte deles para que recebam a sempre disponível graça de Deus”. Lembremos de Caim (Gn 4.4-8); e, dos filhos do piedoso Samuel (1 Sm 8.1-3).

V – EM QUE DEVEMOS PERSEVERAR
- No amor de Deus (Jo 15.9);
- Em fazer o bem (Rm 2.7);
- Na benignidade divina (Rm 11.22);
- Em oração (Rm 12.12; Cl 4.2);
- Em vigilância (Ef 6.18);
- Na fé (Cl 1.23);
- Na doutrina (1 Tm 4.16; 2 Jo 1.9).

CONCLUSÃO
A Bíblia está repleta de exortações quanto a necessidade daqueles que foram salvos de perseverarem no caminho do Senhor, a fim de que não caiam da graça e percam a salvação que lhes foi concedida. Portanto, a ideia de “uma vez salvo, salvo para sempre” é falaciosa e consequentemente conduz a pessoa a frouxidão moral.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia.HAGNOS.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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