segunda-feira, 26 de março de 2018

LIÇÃO 01 – O QUE É ÉTICA CRISTÃ - (1 Co 10.1-13) 2º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 01 – O QUE É ÉTICA CRISTÃ - (1 Co 10.1-13)
2º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Neste segundo trimestre de 2018, estudaremos o tema: “Valores cristãos – enfrentando as questões morais de nosso tempo”. Introduziremos o assunto trazendo a definição de ética secular e da ética cristã e pontuaremos quais as diferenças entre elas; pontuaremos quais os fundamentos da ética cristã; e, por fim, quais os desafios que a ética cristã enfrenta na pós modernidade e qual o posicionamento bíblico sobre eles.

I – DEFINIÇÕES
1.1 - O que é ética. A palavra “ética” no grego “ethos” significa: “conjunto de costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento e da cultura, característicos de uma determinada coletividade, época ou região (HOUAISS, 2001, p. 1271). Segundo Ulrich (2009, p. 16) “a ética secular ou filosófica é a ciência dos costumes ou hábitos. É uma ética que busca a verdade e o bem pela razão, conforme os conceitos predominantes da época”.

1.2 - O que é ética cristã. Segundo Andrade (2006, p. 173 – acréscimo nosso) “é o  conjunto de princípios baseados nas Sagradas Escrituras, principalmente nos ensinos de Cristo e de seus apóstolos, cujo objetivo é orientar a conduta do cristão enquanto membro de uma sociedade politicamente organizada”. A ética cristã não exclui a razão humana, mas a leva cativa à obediência de Cristo (2 Co 10.5), pois entende que a razão humana foi afetada pelo pecado e necessita estar subordinada a Cristo, a fim de fazer julgamentos corretos, acerca do certo e errado. Segundo Ulrich (2009, p. 20), “em termos metodológicos a nossa ética cristã é teológica, cristã e evangélica”.

II – DIFERENÇAS ENTRE A ÉTICA SECULAR E A ÉTICA CRISTÃ
Em seu livro: “A Ética dos Dez Mandamentos”, Hans Ulrich (2009, p. 16) pontua as distinções entre a ética secular e a ética cristã. Vejamos:

ÉTICA SECULAR
Ciência de costumes ou hábitos
Descritiva
Relativa
Imanente
Situacionista
Subjetiva
Mutável

ÉTICA CRISTÃ
Revelação da vontade divina (Êx 20.1-17)
Normativa (Êx 24.3; Nm 15.40)
Absoluta (Sl 119.96; Rm 7.12)
Transcendente (Sl 1.2; 19.7; 119.1)
Direcionista (Js 1.7,8; Sl 119.105)
Objetiva (Mt 22.37-39)
Imutável (Êx 24.12; Mt 5.18)

III – FUNDAMENTOS DA ÉTICA CRISTÃ
3.1 - Deus. O fundamento da ética cristã é o próprio Deus. Na Escritura Ele é descrito como a verdade (Dt 32.4; Sl 31.5), a justiça (Ed 9.15); e, como um Deus santo (Is 6.3). O adjetivo “santo” no hebraico “qadosh” significa: “separado do mal”; já no grego “hagios” quer dizer: “eticamente correto” (CHAMPLIN, 2004, p. 88). O Senhor é descrito como “o Santo de Israel”. Esse título aparece cerca de vinte e quatro vezes só no livro do profeta Isaías (Is 10.20; 12.6; 17.7; 29.19; 30.11,12,15; 31.1; etc), aparecendo também em outras partes das Escrituras (2Rs 19.22; Jó 6.10; Sl 71.22; 78.41; 89.18; Pv 9.10; 30.3; Jr 50.29; 51.5; Ez 39.7; Hc 1.12; 3.3). Santidade é expressamente atribuída nas Escrituras, a cada pessoa da Trindade, ao Pai (Mt 6.9; Jo 17.11), ao Filho (Lc 1.35; At 4.30), e ao Espírito Santo (Sl 51.11; Is 63.10; Jo 14.26). Daí por que alguns negam a existência de Deus, porque “se Deus não existe, então, simplesmente não temos um alicerce adequado para uma ética objetiva” (COPAN, 2006, p. 130). Portanto, somente com a existência de Deus, princípios éticos e morais têm sentido e podem ser compreendidos e explicados.

3.2 - A Palavra de Deus. O modo de pensar e de agir, na ética cristã, tem respaldo na Bíblia Sagrada. A Bíblia é o código de ética divino (Sl 119.105). Nela encontramos o mais elevado código de ética para a vida humana - o Decálogo (Dez Mandamentos), que foi dado pelo próprio Deus de forma verbal (Êx 20.1-17); e escrita (Êx 24.12). Sobre o Decálogo Champlin (2004, p. 25) afirmou que é “uma das mais duradouras legislações de todos os tempos”. Quanto a Lei, Jesus afirmou que não veio ab-rogar, mas cumprir (Mt 5.17). Ele deu a Lei uma nova dimensão, de caráter espiritual, valorizando o interior mais do que o exterior. No sermão do Monte, o Senhor Jesus reafirmou os artigos do Decálogo (Mt 5-7). Quando interrogado sobre qual o maior Mandamento da Lei, o Mestre respondeu: “o amor a Deus e ao próximo”, fazendo uma clara alusão ao Decálogo, visto que os quatro primeiros mandamentos tratam da relação do homem com Deus e os seis posteriores da relação com o próximo (Mt 22.36-40). Os Dez Mandamentos são repetidos pelos apóstolos para serem praticados pelos cristãos na Nova Aliança, com exceção do sábado (At 14.15; 1 Jo 5.21; Tg 5.12; Ef 6.1; 1 Jo 3.15; 1 Co 6.9-10; Ef 4.28; Cl 3.9-10; Ef 5.3). É importante ressaltar que, embora a Lei não salve o homem, pois este não é o seu papel, os princípios morais nela contidos devem nortear o comportamento ético e moral do salvo em Cristo, pois a graça não promove a anomia (uma vida sem lei), nem antinomia (uma vida contra a lei) (Rm 6.1,2; Tt 2.11). “A ética dos Dez Mandamentos dá suporte a ética cristã, de modo marcante e aperfeiçoado por Cristo” (RENOVATO, 2002, p. 32).

3.3 - A consciência. Certo teólogo definiu a “consciência” como: “faculdade humana que torna o homem instintivamente cônscio das regras universais e obrigatórias de conduta” (CHAMPLIN apud JERÔNIMO, 2004, p. 870). A Bíblia ensina que em todos os homens existe uma consciência fundamental do bem e do mal, que lhes foi concedida no ato da criação, quando Deus os fez a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26; Rm 2.14,15). A natureza moral do homem foi corrompida pelo pecado (Rm 1.18-32; 3.23), e o homem que era santo e perfeito, tornou-se pecador e imperfeito (Gn 6.3,5; Rm 3.9-23; Gl 5.19-22), essa “imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada)” (GEISLER, 2010, p. 109). Embora a Bíblia afirme que a consciência possa se tornar “cauterizada” (1 Tm 4.2); “contaminada” (Tt 1.5); e, “má” (Hb 10.22), ela não pode ser neutralizada (Jo 8.9; Rm 2.14,15; Hb 10.2). Mas, por meio do novo nascimento, que é uma mudança interior (Tt 3.5) este mesmo homem tem a sua consciência libertada (1 Co 4.4) e sensibilizada pelo Espírito Santo (Rm 9.1), a fim de que haja segundo a mente de Cristo (1 Co 2.15), não violando a própria consciência nem a alheia (At 24.16; Rm 13.5; 1 Co 8.12; 10.29; 1 Tm 1.19; 1 Pe 3.21).

IV – A ÉTICA CRISTÃ ANTE OS DESAFIOS DA PÓS MODERNIDADE
Os padrões da ética humana mudam conforme as tendências dos valores morais da sociedade. Com o passar do tempo têm havido uma verdadeira “involução” no que diz respeito a ética, a moral e os bons costumes. Segundo Grenz (2016, p. 12) “há um consenso entre muitos observadores sociais de que o mundo ocidental está em meio às transformações. Na verdade tudo indica que estamos fazendo a travessia da era moderna para a pós moderna”. Paulo previu isso quando falou sobre o fim dos tempos, asseverando que as coisas se tornarão piores à medida que o fim se aproximasse: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2 Tm 3.1). “Da expressão 'tempos trabalhosos', no grego, temos o adjetivo 'chapelos', que significa 'difícil', 'árduo', dando a entender um período de 'tensão', de 'maldade'; serão tempos difíceis de suportar, perigosos e problemáticos para a igreja em geral” (CHAMPLIN, 2014, p 502 – acréscimo nosso). Vejamos algumas características da pós-modernidade e o posicionamento bíblico quanto a elas:

4.1 - A negação dos absolutos. Segundo Grenz (2016, p. 28), “os pós-modernos questionam o conceito de verdade universal. Eles olham para além da razão e dão guarida a meios não racionais de conhecimento, dando às emoções [...] uma posição privilegiada”. Nancy (2000, p. 44) acrescenta que “pós-modernistas, são céticos, senão ressentidos, com relação a valores morais absolutos”. Eis por que a Bíblia Sagrada faz-se tão necessária à raça humana, pois é um livro que trata com valores absolutos, pois absoluto Ele é (Dt 32.4; Sl 31.5; Jo 14.6; 17.17; Jo 16.13).

4.2 - A relativização dos valores. Há quem defenda que valores éticos e morais sejam relativos ao tempo, lugar, cultura ou há um grupo. Ensinam que nada é certo e nada poder ser considerado errado. Tudo depende da subjetividade do momento. Andrade (2006, p. 318) diz que o relativismo “é uma concepção filosófica segundo a qual nada é definitivamente certo nem absoluto”. No relativismo não há uma fonte transcendente de verdade moral, e podemos construir nossa própria ética e moralidade. Todo princípio é reduzido a uma preferência pessoal. Em contraste, os cristãos acreditam em um Deus que tem falado, que revelou um padrão absoluto e imutável de certo e errado, na Sua Palavra (Êx 20.1-17), baseado, em última instância, em Seu próprio caráter santo (Lv 11.45; 20.26; 1 Pe 1.16).

4.3 - A inversão de valores. Entende-se por inversão de valores, a negação ou substituição dos valores absolutos conforme descritos na Palavra de Deus, por valores temporais, relativistas e circunstanciais, que são facilmente ajustáveis às épocas em que estão inseridos. O profeta Isaías reprovou severamente a inversão de valores (Is 5.20). Paulo disse que os homens pagãos “[...] mudaram a verdade de Deus em mentira [...]” (Rm 1.25). Enquanto o mundo tem os seus valores deturpados pela formadores de opinião que utilizam a TV e a internet para disseminarem suas ideias, nós cristãos, no entanto, fomos chamados para fazer a diferença, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nosso formador de opinião é o Espírito da Verdade que nos guia em toda a verdade, que é a Sua Palavra (Jo 16.13; 17.15).

CONCLUSÃO
Nunca foi fácil ser um cristão autêntico, e, nestes últimos dias serão dias ainda mais difíceis. Diante dos desafios hodiernos precisamos, com base na Palavra de Deus defender os valores éticos, morais e os bons costumes nela contidos.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico.CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
MORELAND, J.P et al. Ensaios Apologéticos. HAGNOS.
REIFLER, Hans Ulrich. A ética dos Dez Mandamentos. VIDA NOVA.
LIMA, Elinaldo Renovato de. Ética Cristã. CPAD.
GRENZ, Stanley, J. Pós Modernismo: uma guia para entender filosofia do nosso tempo. VIDA NOVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 19 de março de 2018

LIÇÃO 12 – EXORTAÇÕES FINAIS NA GRANDE MARATONA DA FÉ - (Hb 12.1-8; 13.15-18) 1º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 12 – EXORTAÇÕES FINAIS NA GRANDE MARATONA DA FÉ (Hb 12.1-8; 13.15-18)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição, que a vida cristã pode ser comparada a uma maratona onde são considerados vencedores aqueles que alcançam a reta final e passam pela linha de chegada. Para que isso ocorra é necessário que a disciplina esteja presente no preparo, no início, no percurso e até o final. A corrida cristã não é um passeio, mas, ao contrário, uma corrida exigente e extenuante.

I – DEFININDO A PALAVRA MARATONA
1.1 - Significado da palavra maratona. O dicionário Houaiss conceitua maratona do grego “marathon” como: “uma prova de longo percurso percorrida a pé e realizada na distância oficial de 42 km; qualquer competição de duração prolongada que exija grande resistência; evento ou atividade de longa duração com efeito desgastante para os participantes” (HOUAISS, 2001, p. 1848).

II - A MARATONA DA VIDA CRISTÃ
Em qualquer competição o começo é importante, mas o fim é crucial. Um tema presente ao longo de todo este capítulo é a perseverança (Hb 12.1-3,7; ver também 10.32,36). Os cristãos judeus que receberam esta carta estavam ficando cansados e queriam desistir, mas o autor estimula-os a continuar avançando em sua vida cristã, como corredores em uma maratona como Paulo também exortou (Fp 3.12-16) (WIERSBE, 2010, p. 417). Existem diversas razões e motivos pelos quais devemos participar da corrida cristã. Notemos:

2.1 - A corrida cristã é proposta por Deus (Hb 12.1). Notemos que o texto bíblico diz justamente: “corramos… a carreira que nos está proposta”. O texto deixa bem claro, que é o próprio Deus quem a propõe. O Senhor é quem a estabelece para nós. Já existe um curso bem definido, um conjunto de regras fixas, uma meta estabelecida e um alvo para ser acertado (Fp 3.14), e é Ele mesmo que nos capacita a corrê-la com triunfo (2Co 3.5).

2.2 - A corrida cristã é incentivada pelos heróis da fé (Hb 12.1). O autor da carta aos Hebreus nos relata o seguinte: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas…”. O termo grego traduzido “testemunhas” não se refere a “espectadores”, mas dá origem à palavra “mártir”, ou seja, foram homens e as mulheres piedosos do AT que completaram a corrida e a venceram. Essas pessoas não testemunham o que fazemos, antes, testemunham para nós que Deus é capaz de nos sustentar até o fim. Deus deu testemunho delas (Hb 11.2,4,5,39), e, agora, elas testemunham para nós (Hb 12.1a). Os heróis do AT com os seus testemunhos de fé, perseverança e lealdade, nos incentivam e nos impulsionam a vencer as provas da maratona espiritual. Apesar das lutas estes heróis da fé continuaram firmes na caminhada (Hb 11.16). Assim, o autor coloca-os como exemplos a serem seguidos, pois eles correram e venceram (Hb 11.13).

2.3 - A corrida cristã tem o exemplo maior de Jesus (Hb 12.2). Jesus suportou muito mais coisas aqui na Terra do que qualquer um dos heróis da fé citados em Hebreus 11 e, portanto, é o exemplo perfeito a ser seguido (Jo 17.4). Ele é nosso “archegos”, ou seja, o pioneiro ou líder de fila. A frase “Olhando firmemente para […] Jesus” indica uma ação de escolha. Foi ao “olhar para ele” que recebemos a salvação (Is 45.22), pois olhar significa “confiar”. Assim, os leitores desta epístola são exortados a fixar seus olhos em Jesus, o nosso alvo e modelo. Isto porque Ele é o “autor e consumador da fé”. Depois que a corrida começa o atleta não deve em momento algum olhar para trás (Lc 9.62). Ele deve avançar para a vitória sem se distrair. Se quiser ganhar o prêmio, seus olhos devem estar posto onde está o juiz, no final da pista: “… Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão adiante de mim, prossigo para o alvo…” (Fp 3.13,14). A corrida cristã exige concentração, autodisciplina e ritmo para chegar no alvo glorioso (2Tm 2.5). A Bíblia nos dá exemplos de vários olhares negativos (Gn 3.6; 19.26; 2Sm 11.2). O segredo é olhar sempre para o alvo (Sl 34.5) (WIERSBE, 2010, p. 419).

III – CUIDADOS DO CRISTÃO NA MARATONA ESPIRITUAL
3.1 - O cuidado na trajetória. “Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições […], para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb 12.3). Quando o autor sagrado usa a palavra “considerai”, é empregada a palavra grega “analogidzomai”, que significa: “fazer uma comparação”. Pedro nos diz: “[…] Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” (1Pe 2.21). Na Grécia antiga, era permitido aos escravos correrem ao lado das pessoas livres nas competições olímpicas. Foram criadas leis especiais que asseguravam ao escravo a liberdade, se este fosse vencedor do prêmio. A coroa da vitória era posta na sua cabeça e automaticamente aquele escravo recebia para sempre a sua liberdade. Durante as competições eram colocadas jóias preciosas no trajeto percorrido pelos atletas. O objetivo disso era despertar o interesse do escravo a fim de que seus passos fossem “embaraçados”, ao se deter para apanhar as jóias. Muitos eram levados pela tentação de pegá-las e assim, não cruzavam a linha de chegada em primeiro lugar, perdendo o prêmio e, consequentemente, a liberdade. (SILVA, 2013, pp. 243,244). Estamos em busca da pérola de grande valor, e por ela devemos nos abster de tudo que nos atrapalha (Mt 13.45,46).

3.2 - O cuidado no servir. “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados” (Hb 12.12). Um corpo somente pode funcionar bem com o auxílio de todas as juntas, mas para que isso aconteça com perfeição é necessário que todo o corpo se encontre em perfeita saúde (Ef 4.16) o que, segundo nos parece, não podia ser dito isto sobre este grupo de santos. O verbo grego que aparece aqui é “anorthoo”, que significa “reconstruir, erigir, fortalecer, ajustar”. As mãos aparecem decaídas porque a pessoa envolvida foi de tal maneira dominada pela fraqueza que não é capaz de erguer os braços. A metáfora baseada na fisiologia foi empregada pelo autor para mostrar um corpo dominado por uma tremenda fraqueza. Mas, mãos cansadas representam relaxamento espiritual, desânimo, e fracassos (Is 35.3a). O vocábulo grego “anorthoo” usado para “mãos cansadas”, também é o mesmo usado para “joelhos desconjuntados”, o que significa que tem o mesmo significado. Da mesma forma que os paralíticos não podem naturalmente correr em uma competição, os paralíticos espirituais não podem correr na pista de Deus. O desejo de Deus é que seus filhos tenham joelhos fortalecidos: “… firmai os joelhos trementes” (Is 35.3b); joelhos que oram (Lc 22.41), e que adoram (SI 95.6).

3.3 - O cuidado no andar. “e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado” (Hb 12.13). A palavra “manco” indica provavelmente uma porção daquela Igreja que hesitava entre o cristianismo e o judaísmo. A preparação de “veredas direitas”, diante de todos, visava não se desviarem do caminho e nem perderem o prêmio. Um bom exemplo demonstrado pela ala da igreja hebreia que permanecia sadia na fé influenciaria a vida espiritual daqueles que se encontravam “manquejando”, o que os levaria a serem “sarados”. Nosso bom exemplo dignifica o nome santo de Deus e nossas boas obras podem servir para despertar os homens a buscarem a Deus (Mt 5.16).

IV – A VIDA CRISTÃ COMO UMA MARATONA
Assim como existia a modalidade das corridas nos jogos olímpicos da antiguidade, o escritor apresenta a corrida que todo cristão deve percorrer, e lembra seus leitores que a vida cristã é semelhante a uma competição: “… corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1c). A palavra “carreira” aqui usada denota, na língua original, a ideia de “luta”, “conflito” (Fp 1.30; 1Ts 2.2). A ideia de uma disputa intensa associada ao verbo correr informa-nos que a figura usada para descrever a vida cristã é uma corrida, mais especificamente, a uma maratona de longa distância. Sendo assim, exorta-os a continuarem em sua jornada (Hb 10.39). Notemos:

4.1 - Precisamos correr livres de embaraço (Hb 12.1b). Não podemos imaginar a ideia de um maratonista, em plena competição, com uma mochila pesada nas costas. Por isso o autor desta carta exorta aos cristãos judeus que se desvencilhem de todo o peso que possa impedi-los de correr. A palavra “peso” indica “volume”, “massa”. Para termos uma boa corrida cristã precisamos nos livrar de tudo aquilo que nos dificulta na trajetória. É preciso remover tudo aquilo que nos impede de correr a carreira cristã. Há muitas coisas que podem ser boas em si mesmas, mas que estorvam um competidor na carreira da fé; são pesos que devem ser deixados de lado. Assim, quem quer viver para agradar a Deus deve deixar de lado e para trás tudo o que impede seu progresso: “Assim corro também eu, não sem meta…” (1Co 9.26). Na corrida da fé o pecado é o maior obstáculo a ser vencido (WILEY, 2013, p. 504).

4.2 - Precisamos correr com perseverança (Hb 12.1). Correr com perseverança é não desanimar em face das dificuldades. É prosseguir com determinação, é não desviar-se do alvo. Devemos correr com perseverança, pois somente a firme persistência obterá o triunfo. Apesar dos obstáculos, o corredor cristão não deve recuar jamais, mas deve prosseguir de modo perseverante. E esta perseverança exige esforço constante a qual o levará a cruzar a faixa de chegada (1Co 9.24,25).

4.3 - Precisamos correr prosseguindo para o alvo (Hb 12.2). O autor diz que devemos estar: “olhando firmemente […]”. Esta palavra também é usada para palavra “alvo” empregada por Paulo, é a tradução do vocábulo grego “skopos”, usada para indicar um sinal ou marca onde se devia alvejar a flecha. O nosso alvo real é sem sombra de dúvida o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele nos coroará no final da corrida cristã. “Prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14). Depois que a corrida começa o atleta não deve em momento algum perder o alvo. Ele deve avançar para a vitória sem se distrair (Mt 14.28-30). Se quiser ganhar o prêmio, seus olhos devem estar postos onde está o juiz, no final da pista. Foi exatamente pensando neste exemplo que Paulo fez a notável declaração: “[…] Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam […] prossigo para o alvo […]” (Fl 3.13,14).

CONCLUSÃO
A vida cristã é muito semelhante a uma maratona. Nossa caminhada com Cristo é longa, vai durar nossa vida toda, portanto, assim como em uma maratona é preciso muita paciência e disciplina para chegar vitorioso até o final. Se ao atleta se faz necessário uma disciplina rigorosa, quanto mais a nós, que buscamos não um prêmio terreno, passageiro, efêmero, mas o que há de mais precioso que é a comunhão dos santos com o próprio Deus.

REFERÊNCIAS
GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos Hebreus. CPAD.
WILEY, Orton. A excelência da nova aliança em Cristo.
Central Gospel.  HENRICHSEN, Walter A. Depois do sacrifício. VIDA.

domingo, 11 de março de 2018

LIÇÃO Nº 11 – OS GIGANTES DA FÉ E SEU LEGADO PARA A IGREJA - (Hb 11.1-8, 22-26, 30-34) 1º TRIMESTRE DE 2018

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LIÇÃO Nº 11 – OS GIGANTES DA FÉ E SEU LEGADO PARA A IGREJA - (Hb 11.1-8, 22-26, 30-34)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a luz da Bíblia o significado da verdadeira fé; bem como será destacada a sua importância para a caminhada cristã; e por fim, veremos como alguns gigantes da fé do AT, demonstraram sua fidelidade em meio aos desafios de seus dias.

I – O SIGNIFICADO DA FÉ
Este capítulo dá início a sessão final da carta (Hb 11 – 13). A lógica da argumentação do escritor é que, pelo fato de Cristo ser uma Pessoa superior (Hb 1 – 6), e de exercer um sacerdócio superior (Hb 7-10), deve-se portanto, depositar nele total confiança. Ao serem tentados a voltar para o judaísmo e a depositar sua confiança em Moisés, os destinatários dessa carta, confiavam em coisas visíveis deste mundo, não nas realidades invisíveis de Deus. Em lugar de se deixarem levar para o que é perfeito, estavam retrocedendo para a perdição (Hb 6.1; 10.39).

1.1 - Definição de fé. A palavra fé possui diversos significados, que serão definidos de acordo com o contexto onde está inserida. Do hebraico “emunah”, que quer dizer: “firmeza, fidelidade, verdade, honestidade, obrigação oficial”, desses significados o sentido mais frequente é: “lealdade, fidelidade” (1Sm 26.23). No grego a palavra é “pistis”, usada na carta aos Hebreus 30 vezes, sendo que 24 só no capítulo 11 (GONÇALVES, 2017, p. 107); que indica: “persuasão firme”, sendo também usada com referência à confiança (Rm 3.25; 1Co 2.5; 15.14,17; 2Co 1.24; Gl 3.23; Fp 1.25; 2.17; 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); à fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl. 5.22; Tt 2.10) (VINE, 2002, p. 648). Em seu uso mais amplo, a palavra fé aponta ainda para alguns significados:

(a) a fé salvadora (Rm 5.1,2; 10.17; Ef 2.8);
(b) a fé como conjunto de crença, ou seja, aquilo em que se acredita (At 6.7; 14.22; Rm 1.5; 1Co 16.13; Cl 1.23);
(c) como fidelidade (Lc 12.42; 1Co 4.2);
(d) como fruto do Espírito (Gl 5.22) e ainda,
(e) como dom do Espírito Santo (1Co 12.9) (CHAMPLIN, 2007, p. 696 – acréscimo nosso).

1.2 - Descrição da fé. Sobre a fé o escritor aos Hebreus afirma: “[…] a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1 - ARA). Duas expressões são usadas nesse texto, para descrever a verdadeira fé, o termo certeza, do grego “hupostasis”, que significa: “algo colocado sob, base, fundação ou que tem fundamento, o que é firme, firmeza, segurança”, indicando que fé é para o cristão aquilo que o alicerce é para a casa: dá confiança e segurança de permanecer em pé com firmeza em meio as intempéries (Mt 7.24,25). Para o autor, a fé era como ter em mãos um documento que atestava a posse de determinado objeto (GONÇALVES, 2017, p. 107). Outra palavra não menos importante usada nesse capítulo, é convicção, do grego “elenchos”, que quer dizer: “verificação, pela qual algo é provado ou testado; convicção, persuasão íntima”, usada no sentido de uma “persuasão completa”, tão completa que não é necessária uma prova complementar; significa portanto, estar certo das coisas que não se veem (Rm 8.24; 2Co 4.18; 5.7; Hb 11.13). Fé, portanto, é muito mais do que um pensar desejoso ou um esperar anelante; é a convicção íntima de que Deus cumprirá o que prometeu (Hb 10.23) (BEACON, 2006, p. 102 – acréscimo nosso).

II – A IMPORTÂNCIA DA FÉ
A necessidade da fé, como parte integral do plano divino já havia sido pontuado pelo escritor em partes anteriores dessa carta, e devidamente destacado a sua importância (Hb 4.2; 6.12; 10.22,38), mas agora o autor se volta a este tema com uma atenção especial. Vejamos então porque a fé é necessária:

2.1 - Por meio dela os antigos alcançaram testemunho (Hb 11.2). O termo testemunho do grego “martureo”, que quer dizer: “dar testemunho, dar um informe favorável, proferir testemunho honroso”, recebe um destaque em Hebreus 11, aparece não apenas nesse versículo, mas também (Hb 11.4,5,39). Como estes personagens citados nesse capítulo, andavam pela fé e não pela vista (Hb 10.38), receberam a aprovação divina quanto a sua conduta. Entre esses o escritor cita o exemplo de fé de Abel, como alguém que recebeu de Deus testemunho de ser justo por meio da fé (Hb 11.4; Gn 4.4,5; Hb 12.24; Rm 4.4-8). Abel é considerado o primeiro mártir da fé, ou o primeiro a morrer por sua fé (Mt 23.35; 1Jo 3.12). O sacrifício de Abel foi superior ao sacrifício de Caim. De modo análogo também o serviço de Jesus é superior ao de Moisés, assim como a nova aliança excede a antiga (Hb 3.3; 8.6).

2.2 - Por meio dela entendemos o fato da criação do universo (Hb 11.3). A fé não é somente uma experiência interior; a fé também proporciona entendimento de acontecimentos que não podem ser elucidados racionalmente (1Jo 5.20). O fato de que neste contexto o escritor aos Hebreus nos remete à Gênesis 1, pode nos mostrar que no relato da criação na Bíblia não se trata de lendas antigas ou concepções mitológicas há muito ultrapassadas, mas de uma revelação confiável de Deus, que, no entanto, é acessível pela fé. À pessoa que crê foi concedido um entendimento da realidade que sempre estará inacessível para o descrente (LAUBACH, 2000, p. 106). As palavras “pela fé entendemos”, demonstram ainda que o conhecimento não é independente da fé, e que em questões espirituais, a fé precede o entendimento (MACDONALD, 2011, p. 859).

2.3 - Por meio dela se agrada a Deus (Hb 11.6). Agora um grande princípio da fé está claramente expresso, primeiramente de forma negativa: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus […]” (Hb 11.6 – ARA), e numa forma positiva, mostrando a fé como necessária na jornada cristã: “[…] porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia […]” (Hb 11.6b - ARA). Crer significa viver com Deus. É nesta vida de comunhão que reside o agradá-lo, como está dito: “Pela fé Enoque foi trasladado […] antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus” (Hb 11.5). Enoque viveu uma vida piedosa. Seu alvo foi agradar ao Senhor a qualquer custo, tornado-se um exemplo a ser seguido por todos os servos de Deus que entendem do dever de agradar ao Senhor (1Ts 2.4; 4.1; 2Tm 2.4). A fé além de proporcionar uma aproximação com Deus, é capaz de intensificar esse relacionamento permitindo uma relação de amizade e companheirismo: “Andou Enoque com Deus […]” (Gn 5.24). Ter fé em Deus sem se relacionar com Ele, é possuir uma fé meramente religiosa. Mas o que Ele deseja é que todo aquele que dele se aproxima se aproxime com fé: “Cheguemonos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé […]” (Hb 10.22).

III – A DEMONSTRAÇÃO DA FÉ
Para ilustrar a importância da fé e sobretudo a sua praticidade, o escritor da epístola aos Hebreus reúne na conhecida “galeria dos heróis da fé”, exemplos de personagens que marcaram sua geração; podemos perceber essa ênfase pela expressão repetidamente usada “pela fé”. Seu propósito nessa carta é destacar que essa fé não é estática, ou seja, não ficou apenas no campo da crença, da reflexão, de forma teórica, pois a expressão “pela fé” sempre é seguida de verbo (Hb 11.3,4, 5,7,8,9,11,18,20,21, 22,23,24,27,28,30 ,31,33-37,39), indicando ações que os homens e mulheres de Deus tomaram, para demostrarem sua fidelidade a Deus, deixando um legado para a igreja.

3.1 A obediência pela fé. Das grandes lições deixadas pelos gigantes da fé citados no capítulo em apreço, está a da obediência, ao citar o exemplo de Noé (Hb 11.7), que obteve de Deus uma revelação e um grande livramento. Sua fé foi comprovada pelo fato de que ele aceitou esta revelação sem duvidar e contradizê-la. Agiu conforme a revelação recebida. Pela fé Noé começou a construir a arca. Deus lho havia ordenado, e Noé obedeceu (Gn 6.13,14, 22), essa obediência é ilustrada também pela atitude do patriarca Abraão que: “Pela fé Abraão sendo chamado, obedeceu [...]” (Hb 11.8). O escritor aos Hebreus deixa claro que depois de aproximar-se de Deus pela fé, manter um relacionamento de amor e fidelidade firmada em suas promessas, o cristão deverá manter esse relacionamento por meio da obediência, pois a fé sem obediência é incredulidade (Tg 2.17).

3.2 - A esperança pela fé. A fé dá ao seu possuidor os olhos de um profeta, e uma confiança no futuro do povo de Deus. Isto é demonstrado em Isaque, que pela fé: “[…] abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras” (Hb 11.20; cf. Gn27.27-29, 39,40). Ela também é vista em Jacó que abençoou cada um dos filhos de José no leito da morte (Hb11.21; cf. Gn 48.11-20). José amplia este aspecto ainda mais: “Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos” (Hb 11.22; cf. Gn 50.24,25). Ele não queria que seus restos mortais ficassem no Egito. Nos três exemplos, a confiança no futuro era baseada na fé acerca da integridade das promessas de Deus. Aqui era a visão que transcendia seu próprio destino e sua própria geração. Eles se enxergavam fazendo parte de um grande plano, como elos da corrente da história divina. Sua fé não foi alterada pelo não cumprimento durante a vida deles. Isto também servia de repreensão para estes cristãos hebreus hesitantes! (BEACON, 2006, p. 108).

3.3 - A superação pela fé. O autor tem relatado os feitos heroicos da fé, agora ele se volta aos seus sofrimentos pacientes (Hb 11.35-38). A alusão nestes versículos é a homens e mulheres da história do povo de Deus que poderiam ter salvado suas vidas ao renunciar à sua fé, no entanto, preferiram renunciar a suas próprias vidas. A verdadeira fé vai além de toda negação presente e atravessa toda barreira terrena. Porque a fé em Deus por meio de Cristo, está segura do resultado final (Hb 10.23,35). Para os crentes verdadeiros, viver pela fé implica algumas vezes, também morrer na fé: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hb 11.13). Na verdade, é preciso mais fé para suportar do que para escapar. Como os três jovens hebreus, devemos crer em Deus e obedecê-lo, mesmo que Ele não nos livre (Dn 3.16-18).

CONCLUSÃO
Jesus sempre exortou os seus discípulos a viverem uma vida cheia de fé (Mc 4.40; 11.22), ensinando também, que viver pela fé implica em estar livre de ansiedades e não temer o futuro (Mt 6.30; Mt 16.8-10), e que no exercício da fé os montes seriam removidos (Mt 17.20; 21.21). O apóstolo João lembra que somente uma vida de convicção, nos conduz à vitória (1Jo 5.4), por isso, todos os cristãos são chamados a viver pela fé.

REFERÊNCIAS
BEACON. Comentário Bíblico Hebreus a Apocalipse. CPAD
CHAMPLIN, Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus. CPAD.
LAUBACH, Fritz. Carta aos Hebreus. COMENTÁRIO ESPERANÇA
MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. MC.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

segunda-feira, 5 de março de 2018

LIÇÃO 10 – DÁDIVAS, PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES NA NOVA ALIANÇA - (Hb 10.1-7,22-25) 1º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 10 – DÁDIVAS, PRIVILÉGIOS E RESPONSABILIDADES NA NOVA ALIANÇA - (Hb 10.1-7,22-25)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
No capítulo dez da Epístola aos Hebreus vemos o escritor mostrando que a Lei e o sistema de sacrifícios do AT eram insuficientes para redimir a alma humana, eles apenas apontavam para uma realidade superior: Cristo. Nesta lição, destacaremos a superioridade do sacrifício de Cristo em relação aos sacrifícios de animais; trataremos também dos privilégios e das responsabilidades da Nova Aliança.

I – A INSUFICIÊNCIA DA LEI E DO SISTEMA LEVÍTICO PARA A REDENÇÃO HUMANA
“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam” (Hb 10.1). O autor começa esse versículo com uma declaração que deve ter provocado espanto em seus leitores — a Lei é uma sombra da realidade, e não a própria realidade. “O autor da Epístola emprega a metáfora da estátua e da sombra que ela projeta, termos bem escolhidos para mostrar que o judaísmo era mera sombra das realidades da dispensação do evangelho. Entre os gregos, no entanto, a ‘skia’ era entendida pelos comentadores como o primeiro esboço de uma figura, e ‘eikon’, com o quadro concluído com as respectivas cores” (WILEY, 2013, p. 419 – acréscimo nosso). Vejamos:

1.1 - A Lei era uma sombra (Hb 10.1-a). Deus deu a Lei através de Moisés ao povo de Israel (Êx 31.18). Referindo-se especificamente ao Decálogo (Dez Mandamentos), Paulo diz que: “o mandamento é santo, justo e bom” (Rm 7.12). Todavia, o homem não tem condições de cumprir a Lei plenamente, por causa de seu estado de pecado (Rm 7.14-21). Aliás, quando forneceu a Lei ao homem, Deus não tinha o propósito de que por ela, o pecador viesse a ser salvo, por isso, ele instituiu sacrifícios, porque sabia da fragilidade humana (Lv 1.5; 16.33). Logo, a Lei é a “sombra dos bens futuros” (Hb 10.1-a), ou seja, “a projeção de um objeto que é a realidade”. Sabendo disto Paulo diz que:

(a) a justificação pela fé em Cristo tem o testemunho da Lei (Rm 3.21);
(b) o cumprimento da Lei é Cristo (Rm 10.4); e,
(c) que a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo (Gl 3.24).

1.2 - Os sacrifícios eram uma sombra (Hb 10.1-b). Os sacrifícios realizados no sistema levítico desempenhavam importante papel no AT, no entanto, eram insuficientes para redimir o homem, representando apenas a “sombra dos bens vindouros” (Hb 10.1). Os profetas do AT já haviam vaticinado sobre isso (Is 1.11-15; Jr 7.21-23; Mq 6.6-8). O salmista Davi quando pecou contra o Senhor, reconhecia que holocaustos não eram suficientes para apagar a sua transgressão “pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos” (Sl 51.16). Como podemos verificar, Deus não estava satisfeito com o culto apenas formalista na Antiga Aliança e, por isso, falou sobre a necessidade de um sacrifício superior que teve seu cumprimento cabal em Cristo (Sl 40.6-8; Hb 10.5-10). No entanto, mediante o sistema cerimonial Deus ensinou ao Seu povo que:

(a) o perdão de pecados só pode ser obtido pelo derramamento de sangue (Lv 17.11; Hb 9.22);
(b) o pecador só receberia seria absolvido de forma substitutiva (Lv 1.4); e,
(c) a provisão do sacrifício era divina e não humana, visto que todos os animais foram criados por Deus (Gn 1.21,24,25).

II – CRISTO JESUS, A IMAGEM EXATA DAS COISAS
Enquanto a Lei e o sistema levítico eram a sombra, Cristo Jesus, “é a imagem exata das coisas” (Hb 10.1). A perfeição moral que a Lei exige do homem, só Jesus Cristo homem cumpriu plenamente (Mt 5.17; Gl 4.4); e, os sacrifícios que foram instituídos no sistema levítico, não eram definitivos, quanto ao pecado, no entanto, a oblação do corpo de Jesus foi definitiva “uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 10.18). Abaixo pontuaremos a superioridade do sacrifício de Cristo. Vejamos:

OS SACRIFÍCIOS DA ANTIGA ALIANÇA
Eram uma sombra (Hb 10.1)
Eram de animais (Lv 1.1-17)
Eram repetitivos (Lv 16.34; Hb 9.7; 10.2)
Não podem purificar os pecados (Hb 10.4,11)
Ineficaz quanto a consciência (Hb 9.9)
Não satisfazia a justiça divina (Sl 51.16; Hb 9.23)

O SACRIFÍCIO DA NOVA ALIANÇA
É a imagem exata (Jo 1.29,36; 1 Co 5.7; 1 Pe 1.19)
Foi do próprio Filho de Deus (Hb 9.12)
Foi único e definitivo (Hb 10.5-10,12,14,18)
Purifica de todo pecado (Hb 10.10; Tt 2.14; 1 Jo 1.7,9)
Eficaz quanto a consciência (Hb 9.14)
Satisfez a justiça divina (Hb 10.18; 2 Co 5.21)

III – PRIVILÉGIOS DA NOVA ALIANÇA
Depois de mostrar a superioridade da Nova Aliança em relação a Antiga, o escritor da epístola aos hebreus nos fala dos privilégios desta. O Houaiss (2001, p. 2301) define a palavra “privilégio” como: “direito, vantagem, prerrogativa”. Vejamos alguns destes privilégios:

3.1 - Ousadia para entrar no santuário, porque o pecado foi removido (Hb 10.19). Enquanto o acesso ao Templo terrestre era restrito aos sacerdotes, na Nova Aliança o escritor diz todos podemos “[…] entrar no santuário […]” (Hb 10.19-a). Está claro que o termo “santuário” ou “casa de Deus” (Hb 10.21) refere-se ao santuário celeste, cujo artífice e construtor é o próprio Deus (Hb 8.2). O escritor acrescenta também que devemos com “[…] ousadia entrar no santuário […]” (Hb 10.19-a). Tal ousadia é possível por causa do “sangue de Jesus” (Hb 10.19-b), que nos purifica de todo pecado, nos tornando aptos para comparecer diante do Senhor. O sangue de Jesus nos dá acesso agora a presença de Deus, e nos garante também no futuro (Ap 22.14).

3.2 - Liberdade para entrar na presença de Deus, porque o véu foi removido (Hb 10.20). Neste Novo Testamento que foi instituído por Cristo (Mt 26.28; Hb 9.15), as limitações impostas no Antigo Testamento foram removidas. Quando Jesus bradou na cruz do Calvário, está consumado (Jo 19.30), o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mt 27.51; Mc 15.38; Lc 23.45). O escritor aos hebreus diz que este véu é símbolo do corpo de Cristo que foi rasgado para nos abrir caminho a presença de Deus (Hb 10.20). Acerca disso afirma Silva: “a alusão ao ‘véu’ em comparação ao corpo humano de Cristo é a do ‘segundo véu’, citado em Hb 9.3. Este véu era a cortina que separava o Lugar Santo do Santíssimo. Era chamado de ‘véu interior’ e tornou-se símbolo do corpo de Cristo, que foi rasgado pelo malho da ira divina, mediante o qual foi nos foi concedido acesso a Deus” (2013, p. 193).

3.3 - Autoridade para estar na presença de Deus, porque temos um grande sacerdote (Hb 10.21). Por meio do sacerdote o povo tinha acesso a presença de Deus (Hb 5.1). Ele entrava, e o povo ficava do lado de fora, ou seja, ele entrava pelo povo no Templo (Lc 1.9,10). Agora, na Nova Aliança, temos “um grande sacerdote sobre a casa de Deus” (Hb 10.21), “Jesus, nosso precursor, entrou por nós” (Hb 6.20-a). Muito mais que isso, Jesus nos introduz na presença de Deus, ou seja, Jesus entra com o povo (Hb 7.25). Paulo também disse que por Ele temos acesso ao Pai (Ef 2.18; 3.12). O nosso grande sacerdote, é perfeito (Hb 7.26-28), eterno (Hb 6.20), que penetrou nos céus (Hb 4.14; 8.2) e pode socorrer-nos quando somos tentados (Hb 4.15,16).

IV – COMO DEVEMOS NOS COMPORTAR NA NOVA ALIANÇA
Após o escritor da Epístola aos Hebreus falar dos privilégios que os cristãos desfrutam na Nova Aliança, ele também fala do comportamento que precisamos assumir como servos de Deus. Notemos:

4.1 - Chegarmos a Deus com verdadeiro coração (Hb 10.22). Visto que o caminho foi aberto para que todos sem exceção possam chegar-se a Deus (Tg 4.8), mas com verdadeiro coração. Não pode haver fingimento de uma devoção que não é verídica. A hipocrisia faz da parte da velha natureza e dessa prática devemos nos despir (Cl 3.8,9). Precisamos servir a Deus com sinceridade pois com os tais Ele tem intimidade (Pv 2.7; 3.32; 1 Co 5.8; Ef 6.24; Fp 2.15).

4.2 - Retermos aquilo que recebemos de Deus (Hb 10.23). A expressão “reter” segundo o Houaiss (2001, p. 2445) significa: “guardar, conservar, segurar firmente, não deixar escapar”. O escritor aos Hebreus exorta em toda a epístola, aos cristãos judaicos que não retrocedam, mas conservem aquilo que receberam: “convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas” (Hb 2.1). Tal exortação cabe a todos nós (Mt 28.20; Ap 2.26; 3.3,10; 1 Jo 2.3).

4.3 - Estimularmo-nos a prática das boas obras (Hb 10.24). A palavra obra no grego “ergon” denota “trabalho, ação, ato”. As boas obras de que fala o escritor é tudo quando se faz, pela fé, visando a expansão do Reino de Deus. Em Tiago 2.14-26 vemos o apóstolo chamando a atenção dos cristãos quanto a práticas das boas obras como demonstração da fé que professavam ter em Cristo. Tiago é enfático ao asseverar que a fé sem as obras é morta.

3.4 - Não deixarmos a nossa congregação (Hb 10.25). O abandono da congregação e o consequente afastamento dos demais irmãos de fé é um sinal de enfraquecimento espiritual. O autor exorta seus leitores porque observou que alguns já estavam com esse mau costume, e isso era extremamente nocivo à comunhão cristã. É um alerta que ecoa forte nestes dias onde aumenta assustadoramente o número de desigrejados (GONÇALVES, 2017, p. 100).

CONCLUSÃO
A função da Lei era apenas apontar o pecado a de Cristo de aniquilar o pecado; os sacrifícios do sistema levítico apenas cobriam o pecado; Cristo purifica de todo pecado. Diante disto, devemos com diligência estarmos atentos aos benefícios e responsabilidades que temos na Nova Aliança.

REFERÊNCIAS
GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos Hebreus. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.·  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
WILEY, Horton H. A excelência da Nova Aliança em Cristo. Central· Gospel.

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