Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor
Presidente: Aílton José Alves
Av.
Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 /
3084.1543
LIÇÃO
12 – EXORTAÇÕES FINAIS NA GRANDE MARATONA DA FÉ (Hb 12.1-8; 13.15-18)
1º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Veremos
nesta lição, que a vida cristã pode ser comparada a uma maratona onde são
considerados vencedores aqueles que alcançam a reta final e passam pela linha
de chegada. Para que isso ocorra é necessário que a disciplina esteja presente
no preparo, no início, no percurso e até o final. A corrida cristã não é um
passeio, mas, ao contrário, uma corrida exigente e extenuante.
I
– DEFININDO A PALAVRA MARATONA
1.1
- Significado da palavra maratona. O dicionário Houaiss conceitua maratona do
grego “marathon” como: “uma prova de longo percurso percorrida a pé e realizada
na distância oficial de 42 km; qualquer competição de duração prolongada que
exija grande resistência; evento ou atividade de longa duração com efeito
desgastante para os participantes” (HOUAISS, 2001, p. 1848).
II
- A MARATONA DA VIDA CRISTÃ
Em
qualquer competição o começo é importante, mas o fim é crucial. Um tema
presente ao longo de todo este capítulo é a perseverança (Hb 12.1-3,7; ver
também 10.32,36). Os cristãos judeus que receberam esta carta estavam ficando
cansados e queriam desistir, mas o autor estimula-os a continuar avançando em
sua vida cristã, como corredores em uma maratona como Paulo também exortou (Fp 3.12-16)
(WIERSBE, 2010, p. 417). Existem diversas razões e motivos pelos quais devemos
participar da corrida cristã. Notemos:
2.1
- A corrida cristã é proposta por Deus (Hb 12.1). Notemos que o texto bíblico
diz justamente: “corramos… a carreira que nos está proposta”. O texto deixa bem
claro, que é o próprio Deus quem a propõe. O Senhor é quem a estabelece para
nós. Já existe um curso bem definido, um conjunto de regras fixas, uma meta
estabelecida e um alvo para ser acertado (Fp 3.14), e é Ele mesmo que nos
capacita a corrê-la com triunfo (2Co 3.5).
2.2
- A corrida cristã é incentivada pelos heróis da fé (Hb 12.1). O autor da carta
aos Hebreus nos relata o seguinte: “Portanto, nós também, pois, que estamos
rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas…”. O termo grego traduzido
“testemunhas” não se refere a “espectadores”, mas dá origem à palavra “mártir”,
ou seja, foram homens e as mulheres piedosos do AT que completaram a corrida e
a venceram. Essas pessoas não testemunham o que fazemos, antes, testemunham
para nós que Deus é capaz de nos sustentar até o fim. Deus deu testemunho delas
(Hb 11.2,4,5,39), e, agora, elas testemunham para nós (Hb 12.1a). Os heróis do
AT com os seus testemunhos de fé, perseverança e lealdade, nos incentivam e nos
impulsionam a vencer as provas da maratona espiritual. Apesar das lutas estes
heróis da fé continuaram firmes na caminhada (Hb 11.16). Assim, o autor
coloca-os como exemplos a serem seguidos, pois eles correram e venceram (Hb
11.13).
2.3
- A corrida cristã tem o exemplo maior de Jesus (Hb 12.2). Jesus suportou muito
mais coisas aqui na Terra do que qualquer um dos heróis da fé citados em
Hebreus 11 e, portanto, é o exemplo perfeito a ser seguido (Jo 17.4). Ele é
nosso “archegos”, ou seja, o pioneiro ou líder de fila. A frase “Olhando
firmemente para […] Jesus” indica uma ação de escolha. Foi ao “olhar para ele”
que recebemos a salvação (Is 45.22), pois olhar significa “confiar”. Assim, os
leitores desta epístola são exortados a fixar seus olhos em Jesus, o nosso alvo
e modelo. Isto porque Ele é o “autor e consumador da fé”. Depois que a corrida
começa o atleta não deve em momento algum olhar para trás (Lc 9.62). Ele deve
avançar para a vitória sem se distrair. Se quiser ganhar o prêmio, seus olhos
devem estar posto onde está o juiz, no final da pista: “… Mas uma coisa faço, e
é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que
estão adiante de mim, prossigo para o alvo…” (Fp 3.13,14). A corrida cristã
exige concentração, autodisciplina e ritmo para chegar no alvo glorioso (2Tm
2.5). A Bíblia nos dá exemplos de vários olhares negativos (Gn 3.6; 19.26; 2Sm
11.2). O segredo é olhar sempre para o alvo (Sl 34.5) (WIERSBE, 2010, p. 419).
III
– CUIDADOS DO CRISTÃO NA MARATONA ESPIRITUAL
3.1
- O cuidado na trajetória. “Considerai, pois, aquele que suportou tais
contradições […], para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb
12.3). Quando o autor sagrado usa a palavra “considerai”, é empregada a palavra
grega “analogidzomai”, que significa: “fazer uma comparação”. Pedro nos diz:
“[…] Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas
pisadas” (1Pe 2.21). Na Grécia antiga, era permitido aos escravos correrem ao
lado das pessoas livres nas competições olímpicas. Foram criadas leis especiais
que asseguravam ao escravo a liberdade, se este fosse vencedor do prêmio. A
coroa da vitória era posta na sua cabeça e automaticamente aquele escravo
recebia para sempre a sua liberdade. Durante as competições eram colocadas jóias
preciosas no trajeto percorrido pelos atletas. O objetivo disso era despertar o
interesse do escravo a fim de que seus passos fossem “embaraçados”, ao se deter
para apanhar as jóias. Muitos eram levados pela tentação de pegá-las e assim,
não cruzavam a linha de chegada em primeiro lugar, perdendo o prêmio e,
consequentemente, a liberdade. (SILVA, 2013, pp. 243,244). Estamos em busca da
pérola de grande valor, e por ela devemos nos abster de tudo que nos atrapalha
(Mt 13.45,46).
3.2
- O cuidado no servir. “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os
joelhos desconjuntados” (Hb 12.12). Um corpo somente pode funcionar bem com o
auxílio de todas as juntas, mas para que isso aconteça com perfeição é
necessário que todo o corpo se encontre em perfeita saúde (Ef 4.16) o que,
segundo nos parece, não podia ser dito isto sobre este grupo de santos. O verbo
grego que aparece aqui é “anorthoo”, que significa “reconstruir, erigir,
fortalecer, ajustar”. As mãos aparecem decaídas porque a pessoa envolvida foi
de tal maneira dominada pela fraqueza que não é capaz de erguer os braços. A
metáfora baseada na fisiologia foi empregada pelo autor para mostrar um corpo
dominado por uma tremenda fraqueza. Mas, mãos cansadas representam relaxamento
espiritual, desânimo, e fracassos (Is 35.3a). O vocábulo grego “anorthoo” usado
para “mãos cansadas”, também é o mesmo usado para “joelhos desconjuntados”, o
que significa que tem o mesmo significado. Da mesma forma que os paralíticos
não podem naturalmente correr em uma competição, os paralíticos espirituais não
podem correr na pista de Deus. O desejo de Deus é que seus filhos tenham
joelhos fortalecidos: “… firmai os joelhos trementes” (Is 35.3b); joelhos que
oram (Lc 22.41), e que adoram (SI 95.6).
3.3
- O cuidado no andar. “e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o
que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado” (Hb 12.13). A
palavra “manco” indica provavelmente uma porção daquela Igreja que hesitava
entre o cristianismo e o judaísmo. A preparação de “veredas direitas”, diante
de todos, visava não se desviarem do caminho e nem perderem o prêmio. Um bom
exemplo demonstrado pela ala da igreja hebreia que permanecia sadia na fé
influenciaria a vida espiritual daqueles que se encontravam “manquejando”, o
que os levaria a serem “sarados”. Nosso bom exemplo dignifica o nome santo de
Deus e nossas boas obras podem servir para despertar os homens a buscarem a
Deus (Mt 5.16).
IV
– A VIDA CRISTÃ COMO UMA MARATONA
Assim
como existia a modalidade das corridas nos jogos olímpicos da antiguidade, o
escritor apresenta a corrida que todo cristão deve percorrer, e lembra seus
leitores que a vida cristã é semelhante a uma competição: “… corramos, com
paciência, a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1c). A palavra “carreira”
aqui usada denota, na língua original, a ideia de “luta”, “conflito” (Fp 1.30;
1Ts 2.2). A ideia de uma disputa intensa associada ao verbo correr informa-nos
que a figura usada para descrever a vida cristã é uma corrida, mais
especificamente, a uma maratona de longa distância. Sendo assim, exorta-os a
continuarem em sua jornada (Hb 10.39). Notemos:
4.1
- Precisamos correr livres de embaraço (Hb 12.1b). Não podemos imaginar a ideia
de um maratonista, em plena competição, com uma mochila pesada nas costas. Por
isso o autor desta carta exorta aos cristãos judeus que se desvencilhem de todo
o peso que possa impedi-los de correr. A palavra “peso” indica “volume”,
“massa”. Para termos uma boa corrida cristã precisamos nos livrar de tudo
aquilo que nos dificulta na trajetória. É preciso remover tudo aquilo que nos
impede de correr a carreira cristã. Há muitas coisas que podem ser boas em si
mesmas, mas que estorvam um competidor na carreira da fé; são pesos que devem
ser deixados de lado. Assim, quem quer viver para agradar a Deus deve deixar de
lado e para trás tudo o que impede seu progresso: “Assim corro também eu, não
sem meta…” (1Co 9.26). Na corrida da fé o pecado é o maior obstáculo a ser
vencido (WILEY, 2013, p. 504).
4.2
- Precisamos correr com perseverança (Hb 12.1). Correr com perseverança é não
desanimar em face das dificuldades. É prosseguir com determinação, é não
desviar-se do alvo. Devemos correr com perseverança, pois somente a firme
persistência obterá o triunfo. Apesar dos obstáculos, o corredor cristão não
deve recuar jamais, mas deve prosseguir de modo perseverante. E esta
perseverança exige esforço constante a qual o levará a cruzar a faixa de
chegada (1Co 9.24,25).
4.3
- Precisamos correr prosseguindo para o alvo (Hb 12.2). O autor diz que devemos
estar: “olhando firmemente […]”. Esta palavra também é usada para palavra
“alvo” empregada por Paulo, é a tradução do vocábulo grego “skopos”, usada para
indicar um sinal ou marca onde se devia alvejar a flecha. O nosso alvo real é
sem sombra de dúvida o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele nos coroará no final
da corrida cristã. “Prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado
celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14). Depois que a corrida começa o
atleta não deve em momento algum perder o alvo. Ele deve avançar para a vitória
sem se distrair (Mt 14.28-30). Se quiser ganhar o prêmio, seus olhos devem
estar postos onde está o juiz, no final da pista. Foi exatamente pensando neste
exemplo que Paulo fez a notável declaração: “[…] Mas uma coisa faço, e é que,
esquecendo-me das coisas que para trás ficam […] prossigo para o alvo […]” (Fl
3.13,14).
CONCLUSÃO
A
vida cristã é muito semelhante a uma maratona. Nossa caminhada com Cristo é
longa, vai durar nossa vida toda, portanto, assim como em uma maratona é
preciso muita paciência e disciplina para chegar vitorioso até o final. Se ao
atleta se faz necessário uma disciplina rigorosa, quanto mais a nós, que
buscamos não um prêmio terreno, passageiro, efêmero, mas o que há de mais
precioso que é a comunhão dos santos com o próprio Deus.
REFERÊNCIAS
GONÇALVES,
José. A supremacia de Cristo Fé. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SILVA,
Severino Pedro da. Epístola aos Hebreus. CPAD.
WILEY,
Orton. A excelência da nova aliança em Cristo.
Central
Gospel. HENRICHSEN, Walter A. Depois do
sacrifício. VIDA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário