domingo, 11 de março de 2018

LIÇÃO Nº 11 – OS GIGANTES DA FÉ E SEU LEGADO PARA A IGREJA - (Hb 11.1-8, 22-26, 30-34) 1º TRIMESTRE DE 2018

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LIÇÃO Nº 11 – OS GIGANTES DA FÉ E SEU LEGADO PARA A IGREJA - (Hb 11.1-8, 22-26, 30-34)
1º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a luz da Bíblia o significado da verdadeira fé; bem como será destacada a sua importância para a caminhada cristã; e por fim, veremos como alguns gigantes da fé do AT, demonstraram sua fidelidade em meio aos desafios de seus dias.

I – O SIGNIFICADO DA FÉ
Este capítulo dá início a sessão final da carta (Hb 11 – 13). A lógica da argumentação do escritor é que, pelo fato de Cristo ser uma Pessoa superior (Hb 1 – 6), e de exercer um sacerdócio superior (Hb 7-10), deve-se portanto, depositar nele total confiança. Ao serem tentados a voltar para o judaísmo e a depositar sua confiança em Moisés, os destinatários dessa carta, confiavam em coisas visíveis deste mundo, não nas realidades invisíveis de Deus. Em lugar de se deixarem levar para o que é perfeito, estavam retrocedendo para a perdição (Hb 6.1; 10.39).

1.1 - Definição de fé. A palavra fé possui diversos significados, que serão definidos de acordo com o contexto onde está inserida. Do hebraico “emunah”, que quer dizer: “firmeza, fidelidade, verdade, honestidade, obrigação oficial”, desses significados o sentido mais frequente é: “lealdade, fidelidade” (1Sm 26.23). No grego a palavra é “pistis”, usada na carta aos Hebreus 30 vezes, sendo que 24 só no capítulo 11 (GONÇALVES, 2017, p. 107); que indica: “persuasão firme”, sendo também usada com referência à confiança (Rm 3.25; 1Co 2.5; 15.14,17; 2Co 1.24; Gl 3.23; Fp 1.25; 2.17; 1Ts 3.2; 2Ts 1.3; 3.2); à fidedignidade, fidelidade, lealdade (Mt 23.23; Rm 3.3; Gl. 5.22; Tt 2.10) (VINE, 2002, p. 648). Em seu uso mais amplo, a palavra fé aponta ainda para alguns significados:

(a) a fé salvadora (Rm 5.1,2; 10.17; Ef 2.8);
(b) a fé como conjunto de crença, ou seja, aquilo em que se acredita (At 6.7; 14.22; Rm 1.5; 1Co 16.13; Cl 1.23);
(c) como fidelidade (Lc 12.42; 1Co 4.2);
(d) como fruto do Espírito (Gl 5.22) e ainda,
(e) como dom do Espírito Santo (1Co 12.9) (CHAMPLIN, 2007, p. 696 – acréscimo nosso).

1.2 - Descrição da fé. Sobre a fé o escritor aos Hebreus afirma: “[…] a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11.1 - ARA). Duas expressões são usadas nesse texto, para descrever a verdadeira fé, o termo certeza, do grego “hupostasis”, que significa: “algo colocado sob, base, fundação ou que tem fundamento, o que é firme, firmeza, segurança”, indicando que fé é para o cristão aquilo que o alicerce é para a casa: dá confiança e segurança de permanecer em pé com firmeza em meio as intempéries (Mt 7.24,25). Para o autor, a fé era como ter em mãos um documento que atestava a posse de determinado objeto (GONÇALVES, 2017, p. 107). Outra palavra não menos importante usada nesse capítulo, é convicção, do grego “elenchos”, que quer dizer: “verificação, pela qual algo é provado ou testado; convicção, persuasão íntima”, usada no sentido de uma “persuasão completa”, tão completa que não é necessária uma prova complementar; significa portanto, estar certo das coisas que não se veem (Rm 8.24; 2Co 4.18; 5.7; Hb 11.13). Fé, portanto, é muito mais do que um pensar desejoso ou um esperar anelante; é a convicção íntima de que Deus cumprirá o que prometeu (Hb 10.23) (BEACON, 2006, p. 102 – acréscimo nosso).

II – A IMPORTÂNCIA DA FÉ
A necessidade da fé, como parte integral do plano divino já havia sido pontuado pelo escritor em partes anteriores dessa carta, e devidamente destacado a sua importância (Hb 4.2; 6.12; 10.22,38), mas agora o autor se volta a este tema com uma atenção especial. Vejamos então porque a fé é necessária:

2.1 - Por meio dela os antigos alcançaram testemunho (Hb 11.2). O termo testemunho do grego “martureo”, que quer dizer: “dar testemunho, dar um informe favorável, proferir testemunho honroso”, recebe um destaque em Hebreus 11, aparece não apenas nesse versículo, mas também (Hb 11.4,5,39). Como estes personagens citados nesse capítulo, andavam pela fé e não pela vista (Hb 10.38), receberam a aprovação divina quanto a sua conduta. Entre esses o escritor cita o exemplo de fé de Abel, como alguém que recebeu de Deus testemunho de ser justo por meio da fé (Hb 11.4; Gn 4.4,5; Hb 12.24; Rm 4.4-8). Abel é considerado o primeiro mártir da fé, ou o primeiro a morrer por sua fé (Mt 23.35; 1Jo 3.12). O sacrifício de Abel foi superior ao sacrifício de Caim. De modo análogo também o serviço de Jesus é superior ao de Moisés, assim como a nova aliança excede a antiga (Hb 3.3; 8.6).

2.2 - Por meio dela entendemos o fato da criação do universo (Hb 11.3). A fé não é somente uma experiência interior; a fé também proporciona entendimento de acontecimentos que não podem ser elucidados racionalmente (1Jo 5.20). O fato de que neste contexto o escritor aos Hebreus nos remete à Gênesis 1, pode nos mostrar que no relato da criação na Bíblia não se trata de lendas antigas ou concepções mitológicas há muito ultrapassadas, mas de uma revelação confiável de Deus, que, no entanto, é acessível pela fé. À pessoa que crê foi concedido um entendimento da realidade que sempre estará inacessível para o descrente (LAUBACH, 2000, p. 106). As palavras “pela fé entendemos”, demonstram ainda que o conhecimento não é independente da fé, e que em questões espirituais, a fé precede o entendimento (MACDONALD, 2011, p. 859).

2.3 - Por meio dela se agrada a Deus (Hb 11.6). Agora um grande princípio da fé está claramente expresso, primeiramente de forma negativa: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus […]” (Hb 11.6 – ARA), e numa forma positiva, mostrando a fé como necessária na jornada cristã: “[…] porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia […]” (Hb 11.6b - ARA). Crer significa viver com Deus. É nesta vida de comunhão que reside o agradá-lo, como está dito: “Pela fé Enoque foi trasladado […] antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus” (Hb 11.5). Enoque viveu uma vida piedosa. Seu alvo foi agradar ao Senhor a qualquer custo, tornado-se um exemplo a ser seguido por todos os servos de Deus que entendem do dever de agradar ao Senhor (1Ts 2.4; 4.1; 2Tm 2.4). A fé além de proporcionar uma aproximação com Deus, é capaz de intensificar esse relacionamento permitindo uma relação de amizade e companheirismo: “Andou Enoque com Deus […]” (Gn 5.24). Ter fé em Deus sem se relacionar com Ele, é possuir uma fé meramente religiosa. Mas o que Ele deseja é que todo aquele que dele se aproxima se aproxime com fé: “Cheguemonos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé […]” (Hb 10.22).

III – A DEMONSTRAÇÃO DA FÉ
Para ilustrar a importância da fé e sobretudo a sua praticidade, o escritor da epístola aos Hebreus reúne na conhecida “galeria dos heróis da fé”, exemplos de personagens que marcaram sua geração; podemos perceber essa ênfase pela expressão repetidamente usada “pela fé”. Seu propósito nessa carta é destacar que essa fé não é estática, ou seja, não ficou apenas no campo da crença, da reflexão, de forma teórica, pois a expressão “pela fé” sempre é seguida de verbo (Hb 11.3,4, 5,7,8,9,11,18,20,21, 22,23,24,27,28,30 ,31,33-37,39), indicando ações que os homens e mulheres de Deus tomaram, para demostrarem sua fidelidade a Deus, deixando um legado para a igreja.

3.1 A obediência pela fé. Das grandes lições deixadas pelos gigantes da fé citados no capítulo em apreço, está a da obediência, ao citar o exemplo de Noé (Hb 11.7), que obteve de Deus uma revelação e um grande livramento. Sua fé foi comprovada pelo fato de que ele aceitou esta revelação sem duvidar e contradizê-la. Agiu conforme a revelação recebida. Pela fé Noé começou a construir a arca. Deus lho havia ordenado, e Noé obedeceu (Gn 6.13,14, 22), essa obediência é ilustrada também pela atitude do patriarca Abraão que: “Pela fé Abraão sendo chamado, obedeceu [...]” (Hb 11.8). O escritor aos Hebreus deixa claro que depois de aproximar-se de Deus pela fé, manter um relacionamento de amor e fidelidade firmada em suas promessas, o cristão deverá manter esse relacionamento por meio da obediência, pois a fé sem obediência é incredulidade (Tg 2.17).

3.2 - A esperança pela fé. A fé dá ao seu possuidor os olhos de um profeta, e uma confiança no futuro do povo de Deus. Isto é demonstrado em Isaque, que pela fé: “[…] abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras” (Hb 11.20; cf. Gn27.27-29, 39,40). Ela também é vista em Jacó que abençoou cada um dos filhos de José no leito da morte (Hb11.21; cf. Gn 48.11-20). José amplia este aspecto ainda mais: “Pela fé, José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus ossos” (Hb 11.22; cf. Gn 50.24,25). Ele não queria que seus restos mortais ficassem no Egito. Nos três exemplos, a confiança no futuro era baseada na fé acerca da integridade das promessas de Deus. Aqui era a visão que transcendia seu próprio destino e sua própria geração. Eles se enxergavam fazendo parte de um grande plano, como elos da corrente da história divina. Sua fé não foi alterada pelo não cumprimento durante a vida deles. Isto também servia de repreensão para estes cristãos hebreus hesitantes! (BEACON, 2006, p. 108).

3.3 - A superação pela fé. O autor tem relatado os feitos heroicos da fé, agora ele se volta aos seus sofrimentos pacientes (Hb 11.35-38). A alusão nestes versículos é a homens e mulheres da história do povo de Deus que poderiam ter salvado suas vidas ao renunciar à sua fé, no entanto, preferiram renunciar a suas próprias vidas. A verdadeira fé vai além de toda negação presente e atravessa toda barreira terrena. Porque a fé em Deus por meio de Cristo, está segura do resultado final (Hb 10.23,35). Para os crentes verdadeiros, viver pela fé implica algumas vezes, também morrer na fé: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hb 11.13). Na verdade, é preciso mais fé para suportar do que para escapar. Como os três jovens hebreus, devemos crer em Deus e obedecê-lo, mesmo que Ele não nos livre (Dn 3.16-18).

CONCLUSÃO
Jesus sempre exortou os seus discípulos a viverem uma vida cheia de fé (Mc 4.40; 11.22), ensinando também, que viver pela fé implica em estar livre de ansiedades e não temer o futuro (Mt 6.30; Mt 16.8-10), e que no exercício da fé os montes seriam removidos (Mt 17.20; 21.21). O apóstolo João lembra que somente uma vida de convicção, nos conduz à vitória (1Jo 5.4), por isso, todos os cristãos são chamados a viver pela fé.

REFERÊNCIAS
BEACON. Comentário Bíblico Hebreus a Apocalipse. CPAD
CHAMPLIN, Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo Fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus. CPAD.
LAUBACH, Fritz. Carta aos Hebreus. COMENTÁRIO ESPERANÇA
MACDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. MC.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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