Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
08 – SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO - (Jo 3.14-21)
4º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição iniciaremos vendo a definição do termo livre-arbítrio; estudaremos esta
doutrina nas Escrituras Sagradas; pontuaremos a soberania de Deus e a livre
escolha humana; e finalizaremos analisando a salvação e a eleição divina, bem
como a livre-vontade do homem.
I
– DEFINIÇÃO DE LIVRE-ARBÍTRIO
1.1
- Definição etimológica do termo. O dicionário Vine (2010, pp. 608,756) diz que
livre-arbítrio vem do termo grego “eklego”, “escolher, selecionar, eleger” e
“eleutheros”, “liberdade de ir onde quer”. O dicionário Houaiss define como:
“possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de
qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante”. A palavra livre vem do
latim “liber”, que significa “livre” e o termo arbítrio “arbiter”, que é “uma
pessoa escolhida para decidir sobre uma questão” (2001, p. 1774).
1.2
- Definição teológica do termo. “Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que
o ser humano tem de fazer escolhas, tornandose, consequentemente, responsável
por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer
escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O
livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se
as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo
fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade”
(BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS,
professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus
de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […]
essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão
do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de
desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99).
II
– O LIVRE-ARBÍTRIO NA BÍBLIA
2.1
- O livre-arbítrio nas Escrituras. Tanto no AT quanto no NT a doutrina do
livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio”
não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos
ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.17,16; 4.7; Dt 28.1;
30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30;
Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que
demonstra-nos o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc
7.30; Jo 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19; 1Co 10.12;
2Co 8.3,4; 1Jo 3.23; Ap 3.20).
2.2
- O livre-arbítrio antes da Queda. O poder da livre-escolha faz parte do
desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn
1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana
(Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas
responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem
fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação
de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar
a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108).
2.3
- O livre-arbítrio depois da Queda. Mesmo depois de haver pecado e se tornado
espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em
função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão
completamente depravado a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder
responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas
não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não
eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o
livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a
nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm
6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).
III
- A VONTADE DE DEUS E O LIVRE-ARBÍTRIO
3.1
- A vontade permissiva e livre arbítrio. O que faz o homem um ser moralmente
semelhante ao Criador, é justamente a capacidade de fazer suas próprias
escolhas; e é isto o que se entende por vontade permissiva. Deus tem poder para
impedir que o homem faça o mal ou bem, entretanto, lhe dá o direito de escolha
mesmo discordando dela (Gn 2.15-17; 3; 4.7; Dt 30.15-20; Gl 6.7-10). Na vontade
permissiva, a soberania e a onipotência de Deus não violam o livre-arbítrio
humano. No âmbito da salvação, Deus sabe perfeitamente quem o rejeitará, embora
jamais interfira nesta decisão. Todavia, o homem pode rejeitar a salvação (Is
1.19,20; Dt 30.19; Js 24.15; Mt 23.37,38; Lc 7.30; 1Tm 1.19; 1Co 10.12). A
Bíblia ensina que Deus é todopoderoso; ninguém pode impor limites ao seu poder
(Jó 37.23; Is 40.26). No entanto, ele não usa seu poder para controlar tudo
arbitrariamente (Is 42.13,14), ele tolera aqueles que fazem mau uso do
livre-arbítrio, mas não para sempre (Sl 37.10).
3.2
- A vontade diretiva e predestinação. A vontade diretiva de Deus opera em
conformidade com a sua sabedoria e soberania. Ele rege o curso da história, e
controla o universo de acordo com seus eternos propósitos (Sl 33.11; At 2.23;
Ef 1.4-9). Tudo o que planejou certamente será executado (Is 43.13; 14.26,27).
É nesse ponto que nos deparamos com a doutrina da predestinação. O Eterno, em
seu profundo e inigualável amor, predestinou todos os seres humanos em Cristo à
vida eterna. Ninguém foi predestinado ao lago de fogo que fora preparado para o
Diabo e seus anjos (Mt 25.41). Mas o fato de o homem ser predestinado à vida
eterna não lhe garante essa bem-aventurança. É necessário que creia no
Evangelho, e assim será considerado eleito (Rm 8.29; Ef 1.5).
IV
- A SALVAÇÃO E O LIVRE-ARBÍTRIO
4.1
- A salvação e o livre-arbítrio. A Bíblia enfatiza o ensinamento do
livre-arbítrio humano (Mt 11.28; Lc 9.23; 13.3; 16.16; Jo 1.12; At 2.21; 17.31;
Rm 1.16; 10.13,14; 1Tm 2.3,4; 4.1; 2Pd 2.1,20,21; 3.9; Ap 2.20,21; 3.11). No NT
os pecadores são repetidamente ordenados a “arrepender-se” e “crer” (Mt 3.2;
4:17, Jo 5.40; At 3.19, 1Jo 3.23). A ordem “arrepende-te” foi transmitida à
maioria das Igrejas da Ásia (Ap 2.5,16; 3.3,19) e, o Senhor disse que deveriam
“guardar, reter, conservar” o que tinham, até a morte, para que não perdessem a
coroa (Ap 2.10,25; 3.11). Conquanto o Senhor Jesus tenha feito a sua parte, ao
nos resgatar, temos de “operar” ou “desenvolver”, a nossa salvação (Fp 2.12; Ef
2.10; 2Tm 2.10; Hb 6.9). Se negarmos o Senhor, Ele também nos negará (Mt
10.32,33; 2Tm 2.12; Ap 3.5) (SILVA, 1989, p. 60).
4.2
- A salvação e a predestinação fatalista. Predestinação fatalista é o ensino
antibíblico da determinação antecipada do destino dos homens: uns para salvação
outros para condenação. Este ensino só considera a soberania de Deus, e não sua
graça e justiça (Rm 11.5; 3.21; 1Tm 2.4; Tt 2.11; 2Pd 3.9). Em Ezequiel
18.23,32; 33.11, Deus assevera o seu desejo de que o ímpio se converta, e não
apenas os “eleitos” e “predestinados” (Jo 3.16). Deus jamais predestinará
alguém para o inferno, sem lhe dar oportunidade de salvação, pois isso
aviltaria a natureza moral de Deus. Se todos já estão predestinados quanto ao
seu destino eterno, então não há lugar para escolha, decisão, ou livre-arbítrio
por parte do homem, o que contradiz a Bíblia (Dt 30.16-19; Js 24.15; 1 Rs
18.21; Sl 119.30,173; Lc 13.34; Ap 22.17). Não há segurança salvífica fora de
Jesus e de seu aprisco, como também não há segurança espiritual para alguém que
vive em pecado (Jo 15.1-6; 1Pd 1.5; Rm 1.17) (DANIEL, 2017, p. 402).
V
– A ELEIÇÃO DIVINA E O LIVRE-ARBÍTRIO
A
escolha de Deus daqueles que creem em Cristo é uma doutrina importante (Rm
8.29-33; 9.6-26; 11.5, 7, 28; Cl 3.12; 1Ts 1.4; 2Ts 2.13; Tt 1.1). A eleição do
grego “eklegoe” refere-se à escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo para
si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (2Ts 2.13). Essa
eleição é uma expressão do amor de Deus, que recebe como seus, todos os que
recebem Jesus condicionalmente (Jo 1.12). A doutrina da eleição abarca as
seguintes verdades:
5.1
- A eleição é baseada na presciência divina. A Bíblia assevera tanto a
realidade do livre-arbítrio humano como a realidade da presciência divina (ter
conhecimento do futuro). A despeito de Deus conhecer antecipadamente, os que
rejeitarão seu plano salvífico, sua presciência não interfere nem viola o livre
direito de escolha do homem (2Tm 2.10). Deus é onisciente, e para Ele nada está
oculto. Ele sabe o futuro desde o passado (Is 46.10; 1Pd 1.2), conhece os
nossos dias, sabe quem será salvo mediante a fé, sabe cada pensamento nosso por
antecipação. Mas presciência não é preordenação. Deus não decide o nosso
futuro, não determina nossas escolhas, Ele apenas sabe o que acontecerá (Sl 139.16;
Rm 8.29,30; 1Pd 1.1-2). Paulo alertou os crentes de Corinto a respeito da
manutenção da salvação em Cristo (1Co 15.1-2). Notemos que a manutenção da
salvação está condicionada à obediência ao evangelho verdadeiro (2Co 11.3,4; Gl
1.8; 1Tm 4.16). E a obediência deve ser voluntária, visto que não somos seres
autômatos (DANIEL, 2017, p. 390). A predestinação fatalista contradiz dois
atributos divinos: a justiça e o amor. Primeiro, porque torce a justiça divina,
pois, nesse caso, Deus destinaria as pessoas antes mesmo de seu nascimento à
perdição eterna. E segundo, porque põe em dúvida o ilimitado amor de Deus, por
ensinar que o Senhor destinou os pecadores ao inferno sem lhes dar o direito e
a oportunidade de arrependerem-se (THIESSEN, 2000, p. 246).
5.2
- A eleição é cristocêntrica. A eleição de pessoas ocorre somente em união com
Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação (Ef 1.4) e, o próprio
Cristo é o primeiro de todos os eleitos de Deus: “Eis aqui o meu servo, que
escolhi” (Mt 12.18; cf. Is 42.1,6; 1Pe 2.4). Ninguém é eleito sem estar unido a
Cristo pela fé, pois esta eleição é feita em Cristo (Ef 1.7). O propósito de
Deus, já antes da criação era ter um povo para si mediante a morte redentora de
Cristo na cruz. Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de
Cristo, no Calvário (At 20.28; Rm 3.24-26) (STAMPS, 1995, p. 1808).
5.3
- A eleição é corporativa. Os eleitos são chamados “o seu corpo” (Ef 1.23;
4.12), “minha igreja” (Mt 16.18), o “povo adquirido” por Deus (1Pe 2.9) e a “noiva
de Cristo” (Ap 21.9). Logo, a eleição é coletiva (Ef 1.4,5, 7, 9; 1Pe 1.1;
2.9), somente à medida que este indivíduo se identifica e se une ao corpo de
Cristo, a igreja verdadeira (Ef 1.22,23). É uma eleição como a de Israel no AT
(Dt 29.18-21; 2Rs 21.14). O cumprimento desse propósito para o crente como
indivíduo dentro da igreja é condicional. Cristo nos apresentará “santos e
irrepreensíveis diante dele” (Ef 1.4), somente se continuarmos na fé. A Bíblia
mostra isso claramente (Cl 1.22,23) (STAMPS, 1995, p. 1808).
5.4
- A eleição é universal. Segundo a doutrina da predestinação fatalista, Jesus
morreu somente por aqueles que o Pai já havia predestinado desde a fundação do
mundo. No entanto, a Bíblia afirma sem deixar dúvidas, que Cristo morreu por
todos (At 17.30; Rm 5.18; 1Tm 2.4-6; 2Pd 3.9; Hb 2.9; 1Jo 2.2; Jo 3.16,17; Tt
2.11). Isto torna-se uma realidade para cada pessoa consoante seu prévio
arrependimento e fé, ao aceitar o dom da salvação em Cristo (Ef 2.8; 3.17; At
20.21; Rm 1.16; 4.16). Mediante a fé, o Espírito Santo admite o crente ao corpo
eleito de Cristo (a igreja) (1Co 12.13), e assim ele torna-se um dos eleitos.
Daí, tanto Deus quanto o homem têm responsabilidade na eleição (Rm 8.29; 2Pe
1.1-11). A Bíblia afirma categoricamente que Deus não faz acepção de pessoas, e
deseja que todos sejam salvos (At17.30; Rm 2.11; 2 Pd 3.9; 1Tm 2.4; Jo 3.16; Mc
16.15) (STAMPS, 1995, p. 1808).
CONCLUSÃO
Concluímos
que o livre-arbítrio é o poder que temos de tomar uma decisão, sem sermos
obrigados a escolher uma determinada opção por interferência externa. Também
entendemos que por causa do livre-arbítrio, cada pessoa é responsável por suas
ações e responderão diante de Deus por suas escolhas livres.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
DANIEL,
Silas. Arminianismo e a mecânica da salvação. CPAD.
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HORTON,
S. Teologia Sistemática. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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