Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
07 – A SALVAÇÃO PELA GRAÇA - (Rm 5.6-10,15,17,18,20; 11.6)
4º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição traremos a definição da palavra “graça” tanto no AT quanto no NT;
destacaremos que Deus sempre se relacionou com o homem por Sua graça;
destacaremos algumas características deste favor divino; e, por fim,
pontuaremos que somente pelo favor imerecido de Deus o homem poderá ser salvo.
I
– O QUE SIGNIFICA GRAÇA
A
palavra “graça” aparece 217 vezes em toda a Bíblia. No AT: 73; no NT: 144
(JOSHUA, sd, p. 697). O conceito de graça é multiforme e sujeito a
desdobramentos nas Escrituras. No AT, “hen”, significa: “favor”. É o favor
imerecido de um superior a um subalterno. No caso de Deus e do homem, 'hen' é
demonstrado por meio de bençãos temporais, embora também o seja por meio de bênçãos
espirituais e livramentos, tanto no sentido físico quanto no espiritual (Jr
31,2; Êx 33.19). No NT, é “charis”, que indica “graciosidade”, “atrativo”,
“favor” (WYCLIFFE, 2007, p. 876 – acréscimo nosso). Em resumo esta palavra
significa um: “favor imerecido concedido por Deus à raça humana” (ANDRADE,
2006, p. 203).
II
– DEUS SEMPRE SE RELACIONOU COM O HOMEM POR SUA GRAÇA
Algumas
pessoas têm limitado a palavra Lei ao AT e a palavra graça ao NT. Mas isso é um
erro muito grave. A graça de Deus é vista ao longo de todas as dispensações na
história, como veremos a seguir:
2.1
- Antes da Lei. Já no Éden, vemos a manifestação da graça divina, pois mesmo
quando Adão pecou sendo merecedor do juízo, Deus lhe fez a promessa da vinda do
Redentor (Gn 3.15); lhe cobriu a nudez (Gn 3.21); e, vedou o acesso a árvore da
vida a fim de que o homem não tivesse a sua situação irremediável (Gn 3.22-24).
No período antediluviano, Deus decretou que daria um tempo aquela geração de
120 anos até que viesse o dilúvio e consumisse a todos (Gn 6.3). Noé achou
graça aos olhos de Deus (Gn 6.8), e o Senhor o livrou junto com a sua família
daquela catástrofe (Gn 6.9). Quanto a Abraão foi imputada justiça mediante a
fé, evidencia-se um claro sinal da graça (Gn 15.6; Rm 4.3-5). Até o pacto que
Deus fez com Ele, não foi baseado em méritos, pois na ocasião, somente Deus
passou por entre as metades dos animais (Gn 15.8-17).
2.2
- Durante a Lei. Deus deu a Lei ao povo de Israel, mas sabia da incapacidade
deles de observá-la em Sua plenitude, por causa de sua natureza pecaminosa (Sl
14.3; 143.2; Ec 7.20; Rm 7.14-23). Por isso, instituiu o sistema cerimonial de
sacrifícios, a fim de proporcionar-lhes perdão por Sua graça (Êx 30.10; Lv 1.4;
4.2,14,21,24). Portanto, a provisão da graça para com o indigno transgressor da
Lei existia desde o Antigo Testamento (Êx 33.13; Jr 3.12; 31.2). A passagem de
Atos 15.10,11 confirma isso também.
2.3
- Depois da Lei. Apesar de Deus ter sido gracioso em todas as eras anteriores,
sempre oferecendo novas oportunidades para a obediência sob Suas novas
condições, a Sua benevolência ilimitada foi totalmente derramada por meio de
Jesus, nos primórdios deste novo tempo chamado de “dispensação da graça” (Ef
3.2). João diz que “[...] a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.17-b).
Paulo ensinou que Deus manifestou a Sua graça em toda a sua plenitude na Pessoa
de Seu Filho, Jesus Cristo (2 Co 8.9; 13.13; Gl 1.6; 6.18; Ef 2.7; Fp 4.23). O
apóstolo Pedro também falou da “graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus
Cristo” (1 Pe 1.13).
II
– CARACTERÍSTICAS DA GRAÇA DIVINA
Paulo
foi o principal instrumento humano para transmitir o pleno significado da graça
em Cristo. Não é de admirar que mais tarde ele viesse a ser conhecido como “o
apóstolo da graça” (SWINDOLL, 2009, p. 19). Com maestria, ele nos falou sobre a
graça de Deus de forma abundante. Quase dois terços das ocorrências
neotestamentárias de “charis”, normalmente traduzida por “graça”, se encontram
em suas cartas. O termo se encontra em todas as treze cartas paulinas tradicionais
e é bastante repetido em Romanos. Ele confessou que para isto foi chamado “para
dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24). Abaixo destacaremos
algumas verdades sobre este maravilhoso favor divino:
2.1
- A graça é um ato soberano (Rm 1.7; 5.15; Tt 2.11). Nos referidos textos,
Paulo nos diz que a graça procede soberanamente de Deus. Isto porque o favor
lhe pertence e vem dEle, como sua fonte originária (1 Co 15.10; Tt 2.11; 1 Pe
5.10). A graça de Deus brilhou sobre os que estavam nas trevas e na sombra da
morte (Mt 4.2; Lc 1.79; At 27.20; Tt 3.4). “A graça divina é, então, Deus mesmo
renunciando ao exercício do justo castigo por sua livre e soberana decisão”
(ALMEIDA, 1996, p. 28).
2.2
- A graça é imerecida (Rm 3.24; Ef 2.5.7-8). Para falar sobre este favor
imerecido ao pecador, Paulo usa a seguinte argumentação: “Ora, àquele que faz
qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a
dívida. Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a
sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.4,5). O apóstolo deixou claro que a
salvação é concedida ao homem sem ele merecer. Não há nada que o homem faça para
o tornar digno de ser salvo, pois a graça aniquila qualquer obra que visa
receber a salvação por mérito (Ef 2.9). A salvação não é uma recompensa por bom
comportamento e o homem não tem condições de cumprir a Lei, por causa de seu
estado de pecado (Is 64.6; Rm 7.14-21).
2.3
- A graça é suficiente (Rm 3.24; Ef 2.8). Paulo nos mostra que a Lei não é
suficiente para salvar o homem. Até porque seu propósito é revelar o pecado e
não extirpá-lo (Rm 7.7). Todavia, a graça de Cristo fez por nós aquilo que a
Lei nunca poderia (Rm 8.3). Embora a fé seja o caminho dado por Deus para a
salvação, não é ela quem nos salva, mas a graça “Porque pela graça sois salvos”
(Ef 2.8-a). Portanto, é pela graça, o favor imerecido de Deus, que ele nos
concede a bênção da salvação (At 15.11; Rm 11.6).
2.4
- A graça é imparcial (Rm 1.16; 3.29; 9.24). Desde o início, a proposta divina
sempre foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente
(Gn 12.3; Gl 3.8). É errôneo pensar embora “todos pecaram” (Rm 3.23), somente
os eleitos serão salvos. Em Tito 2.11 Paulo diz: “[...] a graça de Deus se há
manifestado, trazendo salvação a todos os homens”. A vinda do Messias mostra
claramente que, Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1
Pe 1.17). Portanto, a graça de Deus que nos é oferecida mediante o evangelho, é
derramada sobre todos em pé de igualdade, ou seja ela contempla tanto judeus
como gentios (Gl 3.14; Ef 3.6).
2.5
- A graça é resistível (At 7.51; 18.5,6). A ideia de que a graça é irresistível
está ligada a Agostinho. “De acordo com ele, a graça de Deus atua incondicional
e irresistivelmente nos eleitos, garantindo a salvação deles, produzindo a
reação favorável dos homens para com o evangelho e garantindo que essa reação
seja absolutamente completa e eficaz” (CHAMPLIN, 2004, p. 957). Nenhum apóstolo
ou pai da igreja jamais ensinou tal heresia, pelo contrário, a Bíblia, nos
mostra que o homem pode por seu livre arbítrio aceitar ou rejeitar o plano
divino para a sua salvação (At 4.4; 9.42; 13.46; 17.4). O povo de Israel é a
maior prova de que a graça não é irresistível, pois o apóstolo João diz: “Veio
para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Jesus quando estava
em frente ao Monte das Oliveiras declarou: “Jerusalém, Jerusalém, [...] quantas
vezes QUIS EU ajuntar os teus filhos, [...] e TU NÃO QUISESTE!” (Mt 23.37). O
escritor aos Hebreus por mais de uma vez disse: “[...] se ouvirdes a sua voz,
não endureçais os vossos corações, como na provocação [...]” (Hb 3.15). Confira
também (Hb 3.7,8; 4.7).
III
– GRAÇA, A BASE DA SALVAÇÃO
Há
quem defenda erroneamente que os crentes do AT eram salvos pela obediência a
Lei, enquanto que os santos do NT são salvos pela graça, este é um grande erro.
Nenhum homem poderá ser salvo por suas obras, mas somente e unicamente pela
graça de Deus (At 15.11; Ef 2.8; Tt 3.7). Paulo enfatizou esta verdade citando
dois exemplos do AT, a saber: Abraão e Davi (Rm 4.1-8). Jesus ensinou que: “aos
homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível” (Mt 19.26). Paulo de igual
forma asseverou: “Porquanto o que era impossível à lei, [...] Deus, enviando o
seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na
carne” (Rm 8.3). O escritor aos Hebreus também atestou: “Porque é impossível
que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb 10.4). Segundo Geisler
(2010, p. 158), “apesar da fonte da salvação ser a decisão divina de nos
salvar, a natureza da salvação é a graça de Deus. O dom magnífico da vida
eterna somente chega até nós por intermédio da graça, e somente por ela”. É bom
lembrar que todos os passos para a redenção do pecador são atribuídos à graça
de Deus; a saber:
- A
eleição (Rm 11.5,6; Ef 1.4);
- A
regeneração (Gl 1.15,16);
- A
justificação (Rm 3.24; 5,16,18; Tt 3.7);
- A
santificação (1 Pe 5.10);
- A
glorificação (1 Pe 5.10).
CONCLUSÃO
A
graça imensurável de Deus, sempre foi manifestada em todo decorrer da história
humana. No entanto, por meio de Cristo Jesus, este ato soberano de Deus em
relação ao homem caído em pecado, foi mais expressamente demonstrado, a fim de
mudar a sua sorte e restaurar o que a Queda causou.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA,
Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
FERREIRA,
Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. POSITIVO.
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HENDRIKSEN,
William. Comentário do Novo Testamento. CULTURA CRISTÃ.
OLIVEIRA,
Oséias Gomes. Concordância Bíblica Exaustiva Joshua. Vol. 03. CENTRAL GOSPEL.
PFEIFFER,
Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wyclliffe. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SWINDOLL,
Charles R. Paulo. Paulo: um homem de coragem e graça. MUNDO CRISTÃO.
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