Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
06 – A ABRANGÊNCIA UNIVERSAL DA SALVAÇÃO - (Jo 3.16-18; 1 Tm 2.5,6)
4º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição conceituaremos o termo expiação à luz das Escrituras, sendo este uma das
palavras mais importantes referentes a salvação; destacaremos algumas razões
pelas quais a obra substitutiva de Cristo foi necessária; bem como faremos
alusão a conceitos equivocados sobre o alcance da salvação; e por fim, veremos
evidências bíblicas a respeito da expiação universal ou ilimitada.
I
– A EXPIAÇÃO À LUZ DAS ESCRITURAS
Um
dos termos mais importantes atrelados à Doutrina da Salvação, é o termo
expiação. De acordo com Andrade (2006, p. 181) expiação quer dizer:
“Cancelamento pleno do pecado com base na justiça de Cristo, propiciando ao
pecador arrependido a restauração de sua comunhão com Deus”. Como afirma o
apóstolo João: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão
uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo
o pecado” (1 Jo 1.7). Vejamos ainda alguns conceitos a respeito da expiação:
1.1
- Conceito no Antigo Testamento. O verbo “expiar” refere-se ao sacrifício para
purificação e perdão dos pecados, cuja ideia é de cobrir com sangue: “porquanto
é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11) (SOARES, 2017, p. 61). Uma
derivação do termo em hebraico é “kipper”, que quer dizer: (a) cobrir, isto é,
perdoar o pecado (2Cr 30.18; Sl 65.4; 78.38; 79.9; Ez 16.63; Jr 18.23) e, (b)
obter perdão (Êx 32.30; Lv 4.26; 5.26; Nm 6.11; Ez 45.20; Dn 9.24). De forma
prática podemos afirmar que fazer expiação traz a ideia de unir duas partes que
haviam sido inimigas, em um relacionamento de paz e amizade (VAILATTI, 2016, p.
17).
1.2
- Conceito no Novo Testamento. O conceito de expiação no NT, está relacionado
basicamente a dois termos: “hilaskomai”, que significa: “propiciar, expiar,
conciliar” (GEISLER, 2010, p. 205), utilizado duas vezes (Lc 18.13; Hb 2.17),
e, “hilasmos”, que ocorre semelhantemente duas vezes como propiciação (1Jo 2.2;
4.10), onde é descrito a ação graciosa de Deus por meio da qual Ele remove a
culpa do pecador (VAILATTI, 2016, p. 17 – acréscimo nosso).
II
– A NECESSIDADE DA EXPIAÇÃO / SALVAÇÃO
2.1
- Universalidade do pecado. Há inequívocas declarações nas Escrituras que
indicam a pecaminosidade universal do homem (Sl 14.3; 143.2; Ec 7.20; Rm 3.1-12,
19, 20, 23; Gl 3.22; Tg 3.2; 1Jo 1.8, 10). Várias passagens ensinam que o
pecado é uma “herança” do homem desde a hora da sua concepção e seu nascimento,
e, portanto, está presente na natureza humana (Gn 6.5). A Bíblia é muito
explícita relativamente à extensão (universalidade) do pecado (Sl 51.5; Jó
14.4; Jo 3.6; Rm 5.12). Em Efésios 2.3 diz o apóstolo Paulo que os efésios
eram: “por natureza” filhos da ira, como também os demais”. Nesta passagem a
expressão “por natureza” indica uma coisa inata e original, em distinção
daquilo que é adquirido (Is 53.6). Então, o pecado é uma coisa da própria
natureza humana, da qual participam todos os homens e que os fazem culpados
diante de Deus (Is 59.16; Rm 5.12-14), por isso, que todos os homens se acham
sob condenação e necessitam da redenção (BERKHOF, 2000, p. 235).
2.2
- O caráter de Deus. O Deus que é Santo no sentido absoluto (Is 6.3), não
poderia agir com indiferença a respeito do pecado. Para Ele o pecado e o mal,
são intoleráveis: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal […]” (Hc
1.13), por Sua justiça exigiria um substituto perfeito para expiar a culpa em
nosso lugar (Is 53.5,6). Várias passagens falam da ira divina contra o pecado
(Rm 1.18; 2.5,8; 5.9; 9.22; 12.19; Ef 2.3; 5.6; Cl 3.6; 1Ts 1.10; 2.16; 5.9),
indicando que a santidade de Deus torna necessária a punição do pecado,
implicando assim, na necessidade de que a ira sobre o pecado, seja aplacada
através de um sacrifício perfeito e substitutivo (2Co 5.21).
2.3
- A incapacidade do homem. Devido à pecaminosidade humana (Rm 3.10-12), jamais
seria possível o homem atingir o padrão exigido por Deus: “Mas todos nós somos
como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia […]” (Is
64.6), para a expiação do pecado (Rm 3.19). Como afirma Rodman (2011, p.
307):“O homem é um pecador em escravidão. Ele é de fato escravo do pecado,
sujeito a seus ditames e incapaz de se libertar do seu domínio”; por essa
razão, Cristo Jesus, veio em forma humana com o propósito de fazer a
reconciliação entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus, e um só Mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço
de redenção […]” (1Tm 2.5,6; ver 2Co 5.19).
III
– FALSOS CONCEITOS SOBRE O ALCANCE DA SALVAÇÃO
3.1
- Restrito a um grupo seleto de pessoas. Os que advogam esse tipo de conceito,
afirmam de maneira equivocada que a morte de Jesus é expiatória a um número
limitado de pessoas, as quais seriam chamadas de: “os eleitos”; nesse caso Ele
não teria amado a todos com o mesmo amor, antes teria possibilitado a salvação
apenas a alguns e não a todas as pessoas, sendo portanto uma “expiação
limitada”. Tal afirmação não tem nenhuma sustentação bíblica, ainda que as
Escrituras afirmem ser verdade que Cristo tenha morrido pelas suas ovelhas (Jo
10.15), amigos (Jo 15.13), e igreja (Ef 5.25), em nenhum momento se é dito que
Ele morreu “somente ou apenas” por estes, da mesma forma que não se pode
inferir que Cristo morreu apenas por Paulo (Gl 2.20), por sinal, nesses textos
não aparecem em nenhum caso o termo grego “monos”, que quer dizer: “somente,
apenas” (VAILATTI, 2016, pp. 63,64), somando-se a isso a Bíblia diz em outros
lugares que Jesus morreu pelos ímpios (Rm 5.6), pelos pecadores (Rm 5.8), pelos
pecados do mundo inteiro (1Jo 2.1-2).
3.2
- Universalismo. Derivado da palavra “apokatastasis”, isto é, “restauração” (At
3.21); é a ideia de que ao final, todas as pessoas serão salvas […] um conceito
considerado herético e condenado no Concílio de Constantinopla no ano 553 d.C.
(GEISLER, 2010, p. 301). Os que defendem esse pensamento apelam para o Amor de
Deus, que é tão perfeitamente bom e perfeitamente soberano que não é possível
que Ele sofra a derrota de permitir que uma de Suas criaturas acabe sendo
punida eternamente (WILMINGTON, 2015, p. 603). Algo que deve ser considerado é:
“que Cristo provou a morte por cada homem (Hb 2.9), não significa
automaticamente que todos são libertos da morte eterna, a pena para o pecado,
em nenhum lugar a Bíblia diz isso. Os pecadores são convidados e instados a
virem a Cristo e crerem Nele. Essa é a responsabilidade do pecador, algo que
ele ‘deve fazer’ para ser salvo” (At 16.30) (HUNT, 2015, p. 429 – acréscimo
nosso); portanto, o conceito universalista não tem fundamentação nas Escrituras,
pois:
(a)
se opõe a justiça de Deus, que conforme sua natureza deve punir aos que vivem
em pecado e em rebelião contra Ele,(Rm 5.9; 9.22),
(b)
contradiz a condicionalidade da salvação, onde se deve crer para ser salvo (At
2.38; 16.31; Ef 2.8); e,
(c)
é contrário ao ensino bíblico acerca do Inferno que é um lugar de punição
eterna para Satanás e seus anjos, e a todos que morrerem na impiedade (Mt
25.41; Ap 20.10; 2Pd 2.4; Mt 10.28; 23.33; Ap 22.15).
IV
– A ABRANGÊNCIA UNIVERSAL DA SALVAÇÃO
4.1
- Pronunciada no Antigo Testamento. Desde o início, a proposta divina sempre
foi estender a bênção da salvação a todos os homens indiscriminadamente o que
deixou claro por meio da promessa feita a Abraão: “[…] e em ti serão benditas
todas as famílias da terra” (Gn 12.3; Gl 3.8). Na inclusão de estrangeiros na
celebração da Páscoa ou na adoração a Deus de uma maneira geral, por meio de
uma condição, a circuncisão (Êx 12.48; Nm 15.14; 2Cr 6.32). A provisão do AT
pelo pecado e salvação foi para todo o Israel, e não para um eleito especial
entre eles. A desobediência e a incredulidade foram as únicas barreiras que
separaram cada israelita da graça de Deus (2Cr 29.24; Ed 8.35; Ml 4.4) (HUNT,
2015, p. 425). Destacamos ainda Deus dando garantia e extensão de salvação a
todas as pessoas: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da
terra; porque eu sou Deus, e não há outro” (Is 45.22), como também na descrição
do alcance da ação messiânica: “Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares
as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei
para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra”
(Is 49.6; ver Is 53.6).
4.2
- Reafirmada no Novo Testamento. A vinda do Messias mostrou claramente que,
Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; 1Pd 1.17). Sua
graça alcança os judeus e os gentios (Rm 3.29; 9.24,30; Gl 3.14; Ef 3.6), não é
limitado a um grupo seleto de pessoas, pois as Escrituras afirmam que Jesus se
deu como resgate por todos (1Tm 2.6); e, que provou a morte por todos: “[…]
Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da
morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2.9) (ver
Jo 7.37; 1Tm 4.10; 2Pd 3.9; 1Jo 1.9 – 2.2; 4.14). Diante disso podemos afirmar
que:
(a)
a necessidade de salvação é universal: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar
os pecadores (1Tm 1.15), ou seja, por todas as pessoas, visto que todos são
pecadores (Rm 3.23; 5.12);
(b)
a salvação é universal: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois
é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e
também do grego” (Rm 1.16);
(c)
a expiação é universal (ilimitada): “[…] Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo” (Jo 1.29);
(d)
a graça é universal: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo
salvação a todos os homens” (Tt 2.11);
(e)
o amor é universal: “Porque Deus amou o mundo […]” (Jo 3.16); e, (f) o
evangelho é universal: “[…] Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura” (Mc 16.15); “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mt
28.19).
CONCLUSÃO
Apesar
da Queda da raça humana, Deus, por Sua maravilhosa graça decidiu soberanamente
salvar o homem caído em pecado, por meio de Jesus Cristo. Esta salvação alcança
a todos os homens indistintamente como prova do grande Amor de Deus (Jo 3.16).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
BERKHOF,
Louis. Teologia Sistemática. Editora Cultura Cristã.
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
HUNT,
Dave. Que Amor é este? A falsa representação de Deus no Calvinismo. REFLEXÃO.
RODMAN,
J. Williams. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. VIDA.
SILVA,
Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus.CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
WILLMINGTON,
Harold L. Guia de Willmington para a Bíblia. Vol. 01. ACADÊMICO.
VAILATTI,
Carlos, Augusto. Expiação Ilimitada. REFLEXÃO.
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