segunda-feira, 23 de outubro de 2017

LIÇÃO 05 – A OBRA SALVÍFICA DE JESUS CRISTO - (Jo 19.23-30) 4º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 05 – A OBRA SALVÍFICA DE JESUS CRISTO - (Jo 19.23-30)
4º TRIMESTRE DE 2017

INTRODUÇÃO
Estudaremos nesta lição os quatro aspectos da obra salvífica de Jesus, a saber: substitutiva, redentora, reconciliadora e propiciatória; pontuaremos também os resultados desta grande obra salvadora; e por fim, veremos quais as condições para obra salvífica de Jesus na vida do homem apontando a “ordem da salvação” a partir do sinergismo bíblico.

I - ASPECTOS DA OBRA SALVÍFICA DE JESUS
A palavra “salvação” vem da tradução da expressão grega “soterion” que significa: “ser tirado de um perigo; livrar-se; escapar”. A Bíblia fala da salvação como libertação do perigo de uma vida sem Deus (At 26.18; Cl 1.13). A palavra “salvação”, também tem o sentido de “tornar ao estado perfeito”, ou “restaurar o que a Queda causou”. A salvação, portanto, é um dom de Deus (Rm 6.23) concedido por sua graça (Rm 5.15), e que se destina a todos os homens (Jo 3.16,17; Tt 2.11). Podemos considerar quatro significados principais para essa obra salvífica de Jesus. Notemos:

1.1 - A obra salvífica de Jesus foi substitutiva. Quando o homem caiu e se afastou de Deus, ficou em débito eterno para com Deus. O homem, por si só não poderia resolver seu problema ou pagar sua dívida diante de Deus, a não ser que um “substituto” fosse providenciado, o que está fora do alcance do homem conseguir. Essa atividade, dentro da Teologia, é chamada de “expiação vicária”, que pode ser entendida como “substituição penal” (2Co 5.14, 15,21). A Bíblia ensina que os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi “imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Lv 1.2-4; 16.20-22; 17.11; Is 53.6,12; Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 1.29; 11.50; Rm 5.6-8; 8.32; 2Co 5.14, 15, 21; Gl 2.20; 3.13; 1Tm 2.6; Hb 9.28; 1Pd 2.24) (RYRIE, 2017, p. 331).

1.2 - A obra salvífica de Jesus foi redentora. A redenção é um aspecto da morte de Cristo sobre a cruz, que é ligado ao pecado e restrito em seu significado. Como substituição tem o sentido de assumir a culpa, a redenção tem sentido de pagar essa culpa assumida. Ou seja, a redenção é aplicada no que diz respeito ao pecado e o débito que ele causa, que pode apenas ser pago com sangue (Hb 9.22 cf. Lv 17.11). Logo, para que o preço de pecado pudesse ser pago, era necessário derramamento de sangue de um cordeiro sem máculas (Jo 1.29; cf. Is 53.9; 1Pd 2.21-22). A ideia expressa nesse contexto é de prover liberdade através do pagamento de um resgate (Rt 3.9; Os 3.15; Is 43.3,10-14). Cristo é o Redentor da Raça humana e a ideia expressa é de comprar (Mt 13.44, 46; 14.15; Mc 6.36; Lc 9.13; cf. Gn 41.57, 42.5,7; Dt 2.6).“Por que fostes comprados por preço”. A ideia presente neste texto aponta para uma compra de alto valor (1Co 7.23). Assim, podemos concluir que essa compra implicou no pagamento de um preço alto (2Pd 2.1), que é o sangue do próprio Messias (Ap 5.9,10). Assim, por meio do pagamento, o redimido é desatado e está livre (CHAFER, 2010, vol.3, p. 99).

1.3 - A obra salvífica de Jesus foi propiciatória. Deus demonstra sua justa ira para com o pecado (Jo 3.36; Rm 1.18-32; Ef 2.3; 1Ts 2.16; Ap 6.16; 14.10,19; 15.1,7; 16.1; 19.15), de forma que, qualquer que seja a atitude desse Deus absolutamente Santo contra o pecado, é completamente justo e aceitável, pois, devido a seu caráter Santo, não pode deixar impune o mal, nem tão pouco fingir que ele não existe, ou que não tem importância. Contudo, em Cristo é providenciada uma oferta “propiciatória” e assim a ira de Deus contra o pecado é apaziguada (Rm 3.25; 1Jo 2.1-2; 4.10 cf. Êx 25.17-22; Lv 16.14.15) (CHAFER, 2010, p. 99).

1.4 - A obra salvífica de Jesus foi reconciliadora. A ideia de reconciliação é completamente neotestamentária, e só pode ser real por meio da Obra de Cristo. A reconciliação é necessária pelo fato de que o homem sem salvação vive em uma relação de inimizade e hostilidade com Deus (Rm 5.9,10; 2Co 5.18-21), e, como inimigo de Deus está plenamente passível de sofrer a manifestação de sua Ira. Vemos que Deus propõe uma resolução para esse problema por meio da morte do Senhor Jesus. Assim, fomos aproximados a Deus, pois Cristo mudou completamente nosso estado anterior de inimizade e substituiu por um de Justiça e de completa harmonia com Deus (Rm 11.15; 2Co 5.18-21; Ef 2.16; Cl 1.20-21). 

II - RESULTADOS DA OBRA SALVÍFICA DE JESUS
Diante dos principais significados da Obra de Cristo a nosso favor é necessário demonstrar que tal Obra tem consequências diretas àqueles que são beneficiados por ela. Vejamos:

2.1 - Justificação. Do grego “dikaiosis”, significa “declarar justo”. A expressão “justificar” carrega o sentido de declarar justo diante de Deus o pecador. Isso não significa que uma pessoa, ao ser declarada justa, seja absolutamente sem falhas, mas que a partir desse momento ela é posicionalmente justa, ou livre de culpa do pecado. “A justificação é o pronunciamento do juiz justo de que o homem em Cristo é justificado; mas esta justiça é uma questão de relacionamento, e não de caráter ético”. A Justificação é um empreendimento do próprio Deus, e aparece como um ato da livre graça de Deus, pela qual Ele perdoa todos os nossos pecados, e nos aceita como justos à sua vista, somente pela justiça de Cristo, imputada a nós, e recebida pela fé somente. É notório que existe uma ligação entre a Justificação e a Lei, por conseguinte com um Juiz, pois Deus não é apenas o legislador, mas o Justo Juiz (2Tm 4.8; Tg 5.9). Logo, o sentido forense da expressão está completo. Diante do Juiz, o justificado tem acesso pela fé a esta graça (Rm 5.2; 9.30), desfruta de um relacionamento de paz com Deus (Rm 5.1) e implica na demonstração de uma conduta concernente com a Nova Posição (Rm 6.7; Tg 2.24) (LADD, 2000, p. 414).

2.2 - Regeneração. Deriva-se do grego “palingenesia” e significa: “gerar novamente” ou “nascer de novo”. É o milagre que acontece na vida daquele que recebe a Cristo, tornando-se participante da vida e da natureza divina. Através da regeneração, ou novo nascimento como também é conhecida, o homem passa a desfrutar de uma nova vida espiritual (Jo 3.1-8; Tt 3.5; 2Pd 1.4; 1Jo 5.11) e torna-se uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). O resultado da regeneração é a mudança de condição – de servo do pecado e do Diabo para filho de Deus (Jo 1.12,13; 3.3; Tt 3.5).

2.3 - Santificação. Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão. Santificação é o estado de ser separado permanentemente para Deus, e aflora desde a cruz, onde Deus, em Cristo, nos comprou e nos conduziu para Ele (At 20.28; 26.18; Hb 10.10). Santificação implica em renovação moral (Rm 8.13; 12.1-2; 1Co 6.11, 19-20; 2Co 3.18; Ef 4.22-24; 1Ts 5.23; 2Ts 2.13; Hb 13.20-21). O conceito correto de santificação repousa sobre uma tensão muito grande: É uma obra da graça de Deus, mas exige busca pessoal do cristão. Uma ênfase demasiada no primeiro lado dessa tensão, conclui-se que a santificação é passiva. Da mesma sorte, uma ênfase demasiada no segundo lado dessa tensão, a santificação passa a ser encarada com um grau meritório, e fruto apenas do esforço humano, o que é impossível. Por isso, deve-se admitir que a santificação é uma obra sobrenatural (1Ts 5.23; Ef 5.26; Tt 2.14; Hb 13.20, 21) da qual o cristão participa ativamente (Gl 5.16,25; Fp 2.12,13; Rm 8.13; 12.1,2,9,16,17).

2.4 - Adoção. Adoção era ordinariamente de homens jovens de bom caráter, que se tornavam os herdeiros e mantinham o sobrenome dos ricos sem filhos. Porém, o NT proclama a adoção corteza de Deus a pessoas de mal caráter para se tornar os herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo (Rm 8.15,17; Gl 3.26, 27; 4.5,6; 1Jo 3.1). Em uma cerimônia legal, ao filho adotado era concedido todos os direitos de um filho natural. Não existe dignidade suficiente no homem que o faça merecer tão graciosa obra da salvação (Ef 1.5; Gl 4.5; Rm 8.15) (ENNS, 1998, p. 35). Segundo Hendriksen, a adoção vai ainda um pouco além, pois: “ela outorga não apenas um novo nome, um novo status legal e uma nova relação familiar, mas também uma nova imagem, a imagem de Cristo (Rm 8.29)”. O adotado não tem nenhum mérito pela escolha do “adotador” pois a soberania divina exclui com eficácia qualquer mérito (Gl 3.26; 4.4-7). O status de adotado pertence a todos que recebem o Cristo por livre escolha (Jo 1.12). Adoção e regeneração acompanham um ao outro como dois aspectos da salvação (Jo 1.12-13) (FOULKES, sd, p. 41).

2.5 - Glorificação. Do grego “endoxazo” significa: “ato ou efeito de glorificar”. No plano da salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua alma (Rm 8.17). No plano da salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua alma . O texto de ouro de nossa glorificação encontra-se em 1João 3.2, que diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”. A Glorificação é o estágio final da salvação e é aplicado a todos os salvos incondicionalmente (1Co 15.51-54).

III - ETAPAS PARA A OBRA SALVÍFICA DE JESUS
A salvação é um processo de sinergismo, do grego “syn” (união, junção) e “ergía” (unidade de trabalho), que significa um trabalho realizado em conjunto. Da perspectiva da doutrina da salvação é a afirmação de que Deus e o homem “cooperam” para a salvação. Existe um amplo fundamento bíblico em favor do sinergismo, ou seja, de que Deus e homem cooperam para a salvação pessoal, ou seja, que dádiva (Deus) e esforço (homem) estão presentes. As Escrituras apresentam a fé, o arrependimento e a conversão como condições da salvação (Mc 16.16; At 2.38; 3.19; 16.31; 22.16). A “ordo salutis” (ordem de salvação) é o nome latino que se dá a organização lógica e cronológica. Vejamos o significado de cada uma delas:

3.1 - Fé. No hebraico significa “buscar refúgio”, é um ato de crer e confiar (Rt 2.12), se apoiar (Sl 56.3), esperar (Jó 35.14). Já no Novo Testamento, a fé é a “condição estabelecida por Deus a todos aqueles que se aproximam de Deus”. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Fé é um dom de Deus (Rm 12.3, 2Pd 1.1), e no lado humano a fé é produzida pela Palavra de Deus (Rm 10.14,17; Jo 5.47; At 4.4). “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).

3.2 - Arrependimento. É a forma de perceber e depois mudar de mente ou propósito. No grego “metanóia” significa uma mudança de ideia, é ter a tristeza pelo ato de pecar, buscando arrepender-se e com o esforço de não mais praticá-lo.“Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.32). Arrependimento era a mensagem dos profetas no AT (Dt 30.10; 2Rs 17.13), também foi o ponto alto da pregação de João Batista (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15), de Jesus Cristo (Mt 4.17; Lc 13. 3,5), dos apóstolos (Mc 6.12; At 2.38; 3.19). O arrependimento é definitivamente uma ordem a todos os homens (At 2.38; 3.19; 17.30).

3.3 - Conversão. É o ato de abandonar o pecado, buscando viver uma vida de regeneração e transformação pelo Poder de Deus. “Testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.21). A Salvação foi planejada por Deus Pai (Ap 13.8 e 1Pd 1.18-20), o Filho consumou-a (Jo 19.30 e Hb 5.9), e o Espírito Santo aplicou ao pecador (Jo 3.5; Tt 3.5 e Rm 8.2), e tudo por graça (Ef 2.8).

CONCLUSÃO
A obra salvífica de Cristo custou um alto preço ao nosso Senhor – seu próprio sangue derramado na cruz. Sua obra nos garante a salvação porque foi uma oferta completa, perfeita e definitiva. Por causa dessa entrega de amor, temos a garantia da vida eterna e, antecipadamente, podemos desfrutar, neste mundo, dos benefícios dessa salvação. 

REFERÊNCIAS
GILBERTO, A., et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HORTON S. M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
STAMPS, D. C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
RYRIE, Charles. Teologia Básica. Mundo Cristão.

CHAFER, Lewis Sperry, Teologia Sistmática. Hagnos.

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