Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
05 – A OBRA SALVÍFICA DE JESUS CRISTO - (Jo 19.23-30)
4º TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Estudaremos
nesta lição os quatro aspectos da obra salvífica de Jesus, a saber:
substitutiva, redentora, reconciliadora e propiciatória; pontuaremos também os
resultados desta grande obra salvadora; e por fim, veremos quais as condições
para obra salvífica de Jesus na vida do homem apontando a “ordem da salvação” a
partir do sinergismo bíblico.
I
- ASPECTOS DA OBRA SALVÍFICA DE JESUS
A
palavra “salvação” vem da tradução da expressão grega “soterion” que significa:
“ser tirado de um perigo; livrar-se; escapar”. A Bíblia fala da salvação como
libertação do perigo de uma vida sem Deus (At 26.18; Cl 1.13). A palavra
“salvação”, também tem o sentido de “tornar ao estado perfeito”, ou “restaurar
o que a Queda causou”. A salvação, portanto, é um dom de Deus (Rm 6.23)
concedido por sua graça (Rm 5.15), e que se destina a todos os homens (Jo
3.16,17; Tt 2.11). Podemos considerar quatro significados principais para essa
obra salvífica de Jesus. Notemos:
1.1
- A obra salvífica de Jesus foi substitutiva. Quando o homem caiu e se afastou
de Deus, ficou em débito eterno para com Deus. O homem, por si só não poderia
resolver seu problema ou pagar sua dívida diante de Deus, a não ser que um
“substituto” fosse providenciado, o que está fora do alcance do homem
conseguir. Essa atividade, dentro da Teologia, é chamada de “expiação vicária”,
que pode ser entendida como “substituição penal” (2Co 5.14, 15,21). A Bíblia
ensina que os sofrimentos e a morte de Cristo foram vicários por todos os
homens, pois Ele tomou o lugar dos pecadores, e que a culpa deles lhes foi
“imputada” e a punição que mereciam foi transferida para Ele (Lv 1.2-4;
16.20-22; 17.11; Is 53.6,12; Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 1.29; 11.50; Rm 5.6-8;
8.32; 2Co 5.14, 15, 21; Gl 2.20; 3.13; 1Tm 2.6; Hb 9.28; 1Pd 2.24) (RYRIE,
2017, p. 331).
1.2
- A obra salvífica de Jesus foi redentora. A redenção é um aspecto da morte de
Cristo sobre a cruz, que é ligado ao pecado e restrito em seu significado. Como
substituição tem o sentido de assumir a culpa, a redenção tem sentido de pagar
essa culpa assumida. Ou seja, a redenção é aplicada no que diz respeito ao pecado
e o débito que ele causa, que pode apenas ser pago com sangue (Hb 9.22 cf. Lv
17.11). Logo, para que o preço de pecado pudesse ser pago, era necessário
derramamento de sangue de um cordeiro sem máculas (Jo 1.29; cf. Is 53.9; 1Pd
2.21-22). A ideia expressa nesse contexto é de prover liberdade através do
pagamento de um resgate (Rt 3.9; Os 3.15; Is 43.3,10-14). Cristo é o Redentor
da Raça humana e a ideia expressa é de comprar (Mt 13.44, 46; 14.15; Mc 6.36;
Lc 9.13; cf. Gn 41.57, 42.5,7; Dt 2.6).“Por que fostes comprados por preço”. A
ideia presente neste texto aponta para uma compra de alto valor (1Co 7.23).
Assim, podemos concluir que essa compra implicou no pagamento de um preço alto
(2Pd 2.1), que é o sangue do próprio Messias (Ap 5.9,10). Assim, por meio do
pagamento, o redimido é desatado e está livre (CHAFER, 2010, vol.3, p. 99).
1.3
- A obra salvífica de Jesus foi propiciatória. Deus demonstra sua justa ira
para com o pecado (Jo 3.36; Rm 1.18-32; Ef 2.3; 1Ts 2.16; Ap 6.16; 14.10,19;
15.1,7; 16.1; 19.15), de forma que, qualquer que seja a atitude desse Deus
absolutamente Santo contra o pecado, é completamente justo e aceitável, pois,
devido a seu caráter Santo, não pode deixar impune o mal, nem tão pouco fingir
que ele não existe, ou que não tem importância. Contudo, em Cristo é
providenciada uma oferta “propiciatória” e assim a ira de Deus contra o pecado
é apaziguada (Rm 3.25; 1Jo 2.1-2; 4.10 cf. Êx 25.17-22; Lv 16.14.15) (CHAFER,
2010, p. 99).
1.4
- A obra salvífica de Jesus foi reconciliadora. A ideia de reconciliação é
completamente neotestamentária, e só pode ser real por meio da Obra de Cristo.
A reconciliação é necessária pelo fato de que o homem sem salvação vive em uma
relação de inimizade e hostilidade com Deus (Rm 5.9,10; 2Co 5.18-21), e, como
inimigo de Deus está plenamente passível de sofrer a manifestação de sua Ira.
Vemos que Deus propõe uma resolução para esse problema por meio da morte do
Senhor Jesus. Assim, fomos aproximados a Deus, pois Cristo mudou completamente
nosso estado anterior de inimizade e substituiu por um de Justiça e de completa
harmonia com Deus (Rm 11.15; 2Co 5.18-21; Ef 2.16; Cl 1.20-21).
II - RESULTADOS
DA OBRA SALVÍFICA DE JESUS
Diante dos principais significados da Obra de Cristo
a nosso favor é necessário demonstrar que tal Obra tem consequências diretas
àqueles que são beneficiados por ela. Vejamos:
2.1
- Justificação. Do grego “dikaiosis”, significa “declarar justo”. A expressão
“justificar” carrega o sentido de declarar justo diante de Deus o pecador. Isso
não significa que uma pessoa, ao ser declarada justa, seja absolutamente sem
falhas, mas que a partir desse momento ela é posicionalmente justa, ou livre de
culpa do pecado. “A justificação é o pronunciamento do juiz justo de que o
homem em Cristo é justificado; mas esta justiça é uma questão de
relacionamento, e não de caráter ético”. A Justificação é um empreendimento do
próprio Deus, e aparece como um ato da livre graça de Deus, pela qual Ele
perdoa todos os nossos pecados, e nos aceita como justos à sua vista, somente
pela justiça de Cristo, imputada a nós, e recebida pela fé somente. É notório
que existe uma ligação entre a Justificação e a Lei, por conseguinte com um
Juiz, pois Deus não é apenas o legislador, mas o Justo Juiz (2Tm 4.8; Tg 5.9).
Logo, o sentido forense da expressão está completo. Diante do Juiz, o
justificado tem acesso pela fé a esta graça (Rm 5.2; 9.30), desfruta de um
relacionamento de paz com Deus (Rm 5.1) e implica na demonstração de uma
conduta concernente com a Nova Posição (Rm 6.7; Tg 2.24) (LADD, 2000, p. 414).
2.2
- Regeneração. Deriva-se do grego “palingenesia” e significa: “gerar novamente”
ou “nascer de novo”. É o milagre que acontece na vida daquele que recebe a
Cristo, tornando-se participante da vida e da natureza divina. Através da
regeneração, ou novo nascimento como também é conhecida, o homem passa a
desfrutar de uma nova vida espiritual (Jo 3.1-8; Tt 3.5; 2Pd 1.4; 1Jo 5.11) e
torna-se uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). O resultado da regeneração é a
mudança de condição – de servo do pecado e do Diabo para filho de Deus (Jo
1.12,13; 3.3; Tt 3.5).
2.3
- Santificação. Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos
renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer
cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão. Santificação é o estado
de ser separado permanentemente para Deus, e aflora desde a cruz, onde Deus, em
Cristo, nos comprou e nos conduziu para Ele (At 20.28; 26.18; Hb 10.10).
Santificação implica em renovação moral (Rm 8.13; 12.1-2; 1Co 6.11, 19-20; 2Co
3.18; Ef 4.22-24; 1Ts 5.23; 2Ts 2.13; Hb 13.20-21). O conceito correto de
santificação repousa sobre uma tensão muito grande: É uma obra da graça de
Deus, mas exige busca pessoal do cristão. Uma ênfase demasiada no primeiro lado
dessa tensão, conclui-se que a santificação é passiva. Da mesma sorte, uma
ênfase demasiada no segundo lado dessa tensão, a santificação passa a ser
encarada com um grau meritório, e fruto apenas do esforço humano, o que é
impossível. Por isso, deve-se admitir que a santificação é uma obra
sobrenatural (1Ts 5.23; Ef 5.26; Tt 2.14; Hb 13.20, 21) da qual o cristão
participa ativamente (Gl 5.16,25; Fp 2.12,13; Rm 8.13; 12.1,2,9,16,17).
2.4
- Adoção. Adoção era ordinariamente de homens jovens de bom caráter, que se
tornavam os herdeiros e mantinham o sobrenome dos ricos sem filhos. Porém, o NT
proclama a adoção corteza de Deus a pessoas de mal caráter para se tornar os
herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo (Rm 8.15,17; Gl 3.26, 27; 4.5,6; 1Jo
3.1). Em uma cerimônia legal, ao filho adotado era concedido todos os direitos
de um filho natural. Não existe dignidade suficiente no homem que o faça
merecer tão graciosa obra da salvação (Ef 1.5; Gl 4.5; Rm 8.15) (ENNS, 1998, p.
35). Segundo Hendriksen, a adoção vai ainda um pouco além, pois: “ela outorga
não apenas um novo nome, um novo status legal e uma nova relação familiar, mas
também uma nova imagem, a imagem de Cristo (Rm 8.29)”. O adotado não tem nenhum
mérito pela escolha do “adotador” pois a soberania divina exclui com eficácia
qualquer mérito (Gl 3.26; 4.4-7). O status de adotado pertence a todos que
recebem o Cristo por livre escolha (Jo 1.12). Adoção e regeneração acompanham
um ao outro como dois aspectos da salvação (Jo 1.12-13) (FOULKES, sd, p. 41).
2.5
- Glorificação. Do grego “endoxazo” significa: “ato ou efeito de glorificar”.
No plano da salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele
que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua alma (Rm 8.17). No plano da
salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele que recebe a
Cristo como Salvador e Senhor de sua alma . O texto de ouro de nossa
glorificação encontra-se em 1João 3.2, que diz: “Amados, agora somos filhos de
Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”. A
Glorificação é o estágio final da salvação e é aplicado a todos os salvos
incondicionalmente (1Co 15.51-54).
III
- ETAPAS PARA A OBRA SALVÍFICA DE JESUS
A
salvação é um processo de sinergismo, do grego “syn” (união, junção) e “ergía”
(unidade de trabalho), que significa um trabalho realizado em conjunto. Da
perspectiva da doutrina da salvação é a afirmação de que Deus e o homem
“cooperam” para a salvação. Existe um amplo fundamento bíblico em favor do
sinergismo, ou seja, de que Deus e homem cooperam para a salvação pessoal, ou
seja, que dádiva (Deus) e esforço (homem) estão presentes. As Escrituras
apresentam a fé, o arrependimento e a conversão como condições da salvação (Mc
16.16; At 2.38; 3.19; 16.31; 22.16). A “ordo salutis” (ordem de salvação) é o
nome latino que se dá a organização lógica e cronológica. Vejamos o significado
de cada uma delas:
3.1
- Fé. No hebraico significa “buscar refúgio”, é um ato de crer e confiar (Rt
2.12), se apoiar (Sl 56.3), esperar (Jó 35.14). Já no Novo Testamento, a fé é a
“condição estabelecida por Deus a todos aqueles que se aproximam de Deus”.
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
Fé é um dom de Deus (Rm 12.3, 2Pd 1.1), e no lado humano a fé é produzida pela
Palavra de Deus (Rm 10.14,17; Jo 5.47; At 4.4). “Porque pela graça sois salvos,
por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).
3.2
- Arrependimento. É a forma de perceber e depois mudar de mente ou propósito.
No grego “metanóia” significa uma mudança de ideia, é ter a tristeza pelo ato
de pecar, buscando arrepender-se e com o esforço de não mais praticá-lo.“Eu não
vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.32).
Arrependimento era a mensagem dos profetas no AT (Dt 30.10; 2Rs 17.13), também
foi o ponto alto da pregação de João Batista (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15), de Jesus
Cristo (Mt 4.17; Lc 13. 3,5), dos apóstolos (Mc 6.12; At 2.38; 3.19). O
arrependimento é definitivamente uma ordem a todos os homens (At 2.38; 3.19;
17.30).
3.3
- Conversão. É o ato de abandonar o pecado, buscando viver uma vida de
regeneração e transformação pelo Poder de Deus. “Testificando, tanto aos judeus
como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At
20.21). A Salvação foi planejada por Deus Pai (Ap 13.8 e 1Pd 1.18-20), o Filho
consumou-a (Jo 19.30 e Hb 5.9), e o Espírito Santo aplicou ao pecador (Jo 3.5;
Tt 3.5 e Rm 8.2), e tudo por graça (Ef 2.8).
CONCLUSÃO
A
obra salvífica de Cristo custou um alto preço ao nosso Senhor – seu próprio
sangue derramado na cruz. Sua obra nos garante a salvação porque foi uma oferta
completa, perfeita e definitiva. Por causa dessa entrega de amor, temos a
garantia da vida eterna e, antecipadamente, podemos desfrutar, neste mundo, dos
benefícios dessa salvação.
REFERÊNCIAS
GILBERTO,
A., et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HORTON
S. M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD.
STAMPS,
D. C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
RYRIE,
Charles. Teologia Básica. Mundo Cristão.
CHAFER,
Lewis Sperry, Teologia Sistmática. Hagnos.
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