Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
06 – A TEOLOGIA DE ELIFAZ: SÓ OS PECADORES SOFREM - (JÓ 4.1-8; JÓ
15.1-4;22.1-5)
4º
TRIMESTRE DE 2020
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje, iremos estudar a teologia de Elifaz, o temanita; veremos também
os debates teológicos travados entre Jó e seus amigos. Analisaremos os
principais argumentos de Elifaz, que sustenta uma teologia errônea, afirmando
que o justo não pode sofrer. Por fim, veremos segundo a Palavra de Deus os
propósitos do sofrimento a qual o Justo pode ser submetido.
I
– INFORMAÇÕES SOBRE ELIFAZ
1.1
- Elifaz. É um nome que, em hebraico, traz um forte emblema: “Meu Deus é
forte”. Infere-se daí tenham sido seus pais gente de reconhecida piedade. [...]
Além de sua amizade com Jó, a única coisa que de Elifaz sabemos é a sua
procedência. Era originário de Temã que, segundo se pode apurar, ficava no
território que viria a ser ocupado pelos filhos de Edom. Alguns comentaristas
são de opinião de que esse diminuto reino não passava de um território
localizado no Norte da Arábia. O fato de haver Elifaz discursado em primeiro
lugar revela sua avançada idade e posição social. Talvez fosse até o regente de
Temã. Mostra-nos isto também que Jó era um homem bem relacionado. Entre os seus
amigos, reis e príncipes (ANDRADE, 2006 p. 135 - acréscimo nosso).
II
– OS DEBATES TEOLÓGICOS NO LIVRO DE JÓ
Os
discursos dos três amigos de Jó contêm elementos de verdades, mas devem ser
cuidadosamente interpretados no contexto. O problema dos amigos não se achava
tanto no que sabiam, mas, sim, no que não sabiam: o sublime propósito de Deus
ao permitir que Satanás esbofeteasse Jó (NVI, 2003, p. 815). Além disso, O
Senhor repreende a Elifaz e aos seus dois amigos porque não falaram de Deus
aquilo que era reto (Jó 42.7). Esta é razão pela qual devemos analisar os
discursos dos amigos segundo o contexto geral das Escrituras Sagradas.
2.1 - O livro de Jó é marcado pelos diálogos: dois deles entre Deus e Satanás (Jó 1.6 - 2.13) e mais dois entre Deus e Jó (Jó 38.1 - 42.6). E entre Jó e seus amigos (Jó 3.1 - 31.40), além de quatro discursos de Eliú (Jó 32.1 - 37.24). Esses diálogos, principalmente entre Jó e seus amigos, revelam a teologia que cada um deles sustentavam.
2.2
- A Teologia de Elifaz (Jó 4-5; 15; 22). Elifaz acreditava que o sofrimento
indicava pecado. Elifaz declara que o Senhor não permite que aconteçam
problemas ao inocente, querendo dizer que Jó deveria estar em pecado. “[...]
Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso
mesmo” (Jó 4.8). Com essas palavras Elifaz acusa Jó de pecado.
2.3
- A Teologia de Bildade. Bildade entendia que se há sofrimento, há pecado
oculto: “Acaso Deus torce a justiça? Será que o Todo-poderoso torce o que é
direito? Quando os seus filhos pecaram contra ele, ele os castigou pelo mal que
fizeram” (Jó 8.3-4). A argumentação de Bildade se resume da seguinte maneira:
Deus não pode ser injusto, logo Jó e sua família estão sofrendo por causa do
pecado. Então se houver um pedido por misericórdia o Senhor perdoaria a Jó (Jó
8.5,6).
2.4
- A Teologia de Zofar. Zofar compreendia que o justo não passa por Tribulação:
“[...] e te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em
eficácia; pelo que sabe que Deus exige de ti menos do que merece a tua
iniquidade” (Jó 11.6). O que está nas entrelinhas dessa afirmação de Zofar é a
sua convicção de que o sofrimento de Jó viera, de fato, em razão de um pecado
cometido (GONÇALVES, 2020, p. 139).
III
– A TEOLOGIA DE ELIFAZ
A
teologia de Elifaz como pode ser verificada nas suas palavras proferidas a Jó,
é uma teologia baseada na causa e efeito, ou seja, recompensa para os justos e
punição para os ímpios. É uma argumentação tão rígida que para Elifaz, o
inocente não pode sofrer nenhum dano, somente os pecadores passam por dores e
aflições. Notemos:
3.1
- Os homens colhem aquilo que semeiam (Jó 4.7-11). Elifaz sustentou uma
teologia de caráter retributiva; se Jó está sofrendo é devido algum mal que
fez: “Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os
sinceros destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam
o mal segam isso mesmo” (Jó 4.7,8). Em linhas gerais, defendia Elifaz: se
formos fiéis a Deus, e se lhe prestarmos a adoração que Ele nos requer, seremos
abençoados de tal forma, que nenhuma desventura nos atingirá. [...] Em
linguagem popular: um toma-lá-dá-cá. Ressaltava Elifaz contentarse Deus com um
relacionamento meramente comercial com o ser humano (ANDRADE, 2006 p. 137).
3.2
- Arrependimento em troca de bençãos (Jó 22.23,24). No terceiro discurso de
Elifaz, ele deixa transparecer uma visão puramente simplista e mercantil do
arrependimento: “[...] se te converteres ao Todo poderoso, serás edificado;
afasta a iniquidade da tua tenda. Então, amontoarás ouro como pó e ouro de
Ofir, como pedras dos ribeiros” (Jó 22.23,24). Elifaz está equivocado nesse aspecto;
nem sempre o arrependimento sincero resulta em prosperidade material. Homens
piedosos podem ser abandonados, perseguidos e maltratados por causa de sua fé,
o melhor exemplo disso está na galeria dos heróis da fé (Hb 11.32-38).
3.3
- Os pecadores sofrem nesta terra (Jó 15.17-35). Os amigos de Jó afirmavam, com
razão, que o orgulho humano (Jó 15.27; 20.6), a ambição pelas riquezas (Jó
15.28-29; 20.21-21) e a exploração dos pobres (Jó 20.19; 24.21) são pecados que
Deus castiga. Mas o seu erro consistia em pensar que esse castigo viria sempre
aqui na terra e que seria na mesma medida das ofensas praticadas (Jó 29-35)
(NTHL, 2012. p. 572). A Palavra de Deus assegura que o castigo dos ímpios não
está limitado a essa existência terrena; se não houver arrependimento sincero
diante Deus e abandono das práticas pecaminosas, resta para o homem o
sofrimento terrível (Mt 13.42,50; Mc 9.47,48; 25.30) e também eterno (Dn 12.2;
Mt 7.13; 25.46).
IV
– VERDADES QUE PODEMOS EXTRAIR DO SOFRIMENTO
4.1
- Há propósitos positivos do sofrimento. Se confiarmos em Deus, a dor e o
sofrimento pode servir alguns propósitos positivos, incluindo:
(a)
conseguir a nossa atenção;
(b)
permitir que Deus demonstre seu poder (Jo 9.1-3);
(c)
pôr à prova nossa integridade (Jó 2.1-3);
(d)
produzir perseverança e caráter (Rm 5. 3-5);
(e)
proporcionar disciplina (Hb 12.10,11);
(f)
eliminar o orgulho egoísta (2Co 12.7);
(g)
desenvolver maturidade (Tg 1.2-4);
(h)
edificar a fé (1Pd 1.3-7);
(i)
ajudar-nos a nos relacionar com Cristo e a sermos mais parecidos com Ele (Rm
8.28-29);
(j)
proporcionar oportunidade para servir e consolar outras pessoas (2Co 1.3-6);
(l)
modificar nossa perspectiva das coisas terrenas para as coisas eternas (2Co
4.17,18); e por fim,
(m)
fazer com que os rebeldes se convertam a Deus (1Co 5.1-5) (STAMPS, 2018, p.
629).
4.2
- No sofrimento adquirimos maturidade. As provações nos tornam maduros e
completos (Tg 1.4). Diversos personagens da Bíblia tiveram seu caráter moldado
pelas situações adversas que enfrentaram, a saber:
(a)
Abrão amadureceu na fé através circunstâncias difíceis pelas quais foi submetido
(Gn 12.1-3; 10-20; 22.1-18);
(b)
as aflições que José enfrentou o prepararam e o conduziram para o que Deus prometeu
(Gn 45.5-8); e,
(c)
o deserto e a escassez de alimentos serviram para moldar a nação de Israel (Dt
8.1-3).
Paulo
tinha essa consciência, por isso asseverou: “E sabemos que todas as coisas
contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
4.3
- O sofrimento é passageiro. Todos os sofrimentos e dificuldades deste tempo
presente – doenças, sofrimentos, dor, desapontamentos, injustiça, maus tratos,
angústias, perseguição e dificuldades de todo tipo – devem ser consideradas
insignificantes, quando em comparação com as bênçãos, os privilégios e a glória
que será dada aos seguidores de Cristo na eternidade: “Porque para mim tenho
por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a
glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Diante dos privilégios que
teremos no céu com o Senhor, o sofrimento do cristão é passageiros (Mt 5.12;
2Co 4.10; 2Co 4.17; Fp 3.20; 1Pd 4.13; 1Jo 3.1-2). Chegará um dia que Deus:
“limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem
clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap. 21.4).
CONCLUSÃO
Aprendemos
na lição de hoje, que a Teologia de Elifaz se resume em um falso raciocínio,
que o justo não pode sofrer; somente quem sofre são os pecadores. No entanto, a
palavra de Deus declara: “...no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu
venci o mundo”. O sofrimento faz parte da vida cristã (2 Tm 3.12), mas um dia
Deus enxugará todas as lágrimas (Ap 21.4).
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Correia. O problema do Sofrimento do Justo e o seu propósito. CPAD,
2011.
Bíblia
Sagrada. Almeida Corrigida Fiel. Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 2007
Bíblia
de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012
GONÇALVES,
Josué. A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: o sofrimento e a restauração
de Jó. CPAD, 2020.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal para Juventude. Rio de Janeiro: CPAD,
2018.
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