Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
LIÇÃO 06 – PACIÊNCIA: EVITANDO AS DISSENSÕES (Tg 5.7-11) - 1º TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição refletiremos sobre a paciência como virtude do fruto do Espírito,
notaremos sua importância à vida do autêntico servo de Deus nas mas
diversas áreas, e por fim, veremos algumas exortações bíblicas sobre a
motivação que temos, em cultivar a longanimidade.
I
– A PACIÊNCIA E O SEU SIGNIFICADO
1.1
- Definição do termo. Do grego “makrothumia” também traduzido por
“longanimidade”. É a junção de “makros” que significa “grande ou longo” e
“thumos” que quer dizer “ânimo ou disposição” (BARCLAY, 1988 p. 88). Essa
palavra grega aponta para a grande paciência, para a grande tolerância, para a
persistência em não se deixar arrebatar pelas emoções fortes. De acordo com
Champlin (2004, p. 904), há catorze ocorrências dessa palavra grega no Novo
Testamento (Rm. 2.4; 9.22; 2 Co 6.6; Gl. 5.22; Ef 4.2; Cl 1.11; 3.12; 1Tm 1.16;
2 Tm. 3.10; 4.2; Hb. 6.12; Tg. 5.10; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.15).
1.2
- Como atributo Divino. A longanimidade ou paciência como atributo de
Deus, refere-se ao Seu autocontrole com relação a Sua justa ira diante da
rebelião e do pecado (Êx 34.6; Nm 14.18; SI 85.3; 86.15; 103.8; 145.8; Jn 4.2;
Rm 2.4; 1 Tm 1.16; 1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9). “Um Deus que é santo deve punir o
pecado, no entanto, sua natureza amorosa retarda essa punição para dar tempo ao
pecador de se arrepender e abandonar o pecado” (1Tm 1.16; 1Pe 3.20). Devemos
observar, porém, que, embora a paciência de Deus não conheça limites com
relação à Sua profundidade (Rm 5.20), Seu comprimento e largura são limitados
(Gn 6.3; Rm 11.22-a) (TYNDALE, 2015, p.1101).
1.3
- Como fruto do Espírito. A paciência como fruto do Espírito, trata-se da
virtude gerada por Ele no crente, proporcionando a habilidade de suportar, de
forma graciosa, uma situação insuportável e resistir, com paciência, o
irresistível (2 Co 6.6). Segundo Gilberto (2004, p. 46) “A paciência como fruto
do Espírito, capacita o crente a exercer o autodomínio (conter-se ou
refrear-se) diante da prova. Não é precipitado em acertar as contas ou punir
[…] Todos estes aspectos da longanimidade são parte do processo que nos
conforma à imagem de Cristo” (2 Co 3.18; Cl 3.10; 2 Pe 1.5-8). Por meio dessa
virtude, o cristão tem condições de manter o equilíbrio em meios as provações e
diante das afrontas, sem alimentar o sentimento de vingança, antes entregando tudo
nas mãos do Senhor (Rm 12.19). “[...] Longanimidade é o amor sofrendo ou
suportando” (OLIVEIRA, 1987, p. 140).
II
– A IMPORTÂNCIA DA PACIÊNCIA NA VIDA CRISTÃ
O
que tem longanimidade é longânimo, do hebraico “erek appayim”, que quer dizer
“lento em irar-se”, e literalmente, essa expressão significa “comprido de
nariz ou comprido de rosto”, e veio a ser associada à idéia de irar-se com
dificuldade (talvez devido ao fato de que é no rosto que a pessoa mostra suas
emoções fortes, pelo que, a fisionomia seria indicadora dessas emoções) ou
então, como outros têm sugerido, o nariz é um indicador da ira, visto que a
pessoa respira forte ou mesmo resfolega, quando excitada pela ira (CHAMPLIN,
2004, p. 904). Vejamos a importância de possuir a paciência:
2.1
- No relacionamento interpessoal. As primeiras qualidades do fruto do
Espírito – amor, alegria e paz – são ingredientes essenciais de nossa vida
espiritual interior, de nossa relação pessoal com Deus; os três seguintes
começando com a paciência ou longanimidade, são manifestações exteriores do
amor, da alegria e da paz em nossas relações com as pessoas à nossa volta
(GILBERTO, 2004, p. 76). Sobre a importância da longanimidade destacamos: (a) O
apóstolo Paulo expressa aos Colossenses o desejo de que eles tenham essa
qualidade (Cl 1.9-11); (b) uma das características do autêntico cristão (Cl
3.12); (c) deve ser exercitada com todos (1 Ts 5.14); (d) virtude
imprescindível para o ministério do ensino (2 Tm 4.2); (e) pacifica as intrigas
(Pv 15.18).
2.2
- Prevenindo contra a dissenção. Sobre a dissenção, já temos visto ser uma
das obras da carne listadas pelo apóstolo Paulo aos gálatas. Do grego
“dichostasia”, significa “sedição, rebelião”, e também “posicionar-se uns
contra os outros”; trata-se daquele sentimento que só pensa no que é seu, e não
também no que é dos outros (LOPES, 2011, p. 245). Na igreja que estava em
Corinto, Paulo faz uma incisiva advertência sobre esse sentimento presente
entre os irmãos; apesar de ser uma igreja fervorosa onde havia manifestações diversas
dos dons espirituais (1Co 1.7) contudo, o apóstolo os chama de crentes carnais
e não de espirituais (1Co 3.1). “A rivalidade, motivada por egoísmo, só pode
resultar em divisões que destroem a unidade da igreja. Aqui, Paulo não está
falando de diferenças fundamentadas em crenças sinceras; ele está preocupado
com divisões ocasionadas por motivos errados, cuja procedência é determinada
pela natureza pecaminosa”. (BEACON, 2006, p.72). Uma vez que havia
dissensões no seio da igreja trazendo partidarismo (1Co 1.10-12; 3.1-4) como
também prejuízo à liturgia do culto (1Co 11.17-21); para corrigir esses e
outros erros, o apóstolo reafirma a necessidade de possuir o “fruto do
Espírito” caracterizado pela sua principal virtude o amor (1Co 13.1-7).
2.3
- Um remédio contra ansiedade. De acordo com Andrade (2006, p.49) a
ansiedade é: “Aflição, inquietação, preocupação. Estado de angústia que induz o
ser humano a projetar, no futuro, perigos irreais, nascidos, via de regra, das
interrogações do dia-a-dia”. A ansiedade tem sido responsável por grande parte
dos problemas espirituais e emocionais de muitos crentes. Segundo Lopes (2007,
p. 229): “A ansiedade é a maior doença do século. De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são
vítimas da ansiedade”. Em função disso, o Senhor Jesus adverte: “Não vos
inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si
mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34). O ansioso geralmente antecipa os
problemas. A ansiedade produz o sofrimento antecipadamente; a ansiedade esgota
as forças antes do problema chegar; por essa e outras razões precisamos da
paciência como remédio para a alma (Fp 4.6; 1Pe 5.7).
III
– EXORTAÇÕES À PACIÊNCIA
No
último capítulo da sua epístola, o apóstolo Tiago pontua ricas recomendações e
exortações a respeito de diversos assuntos, entre eles está a paciência
necessária ao cristão. Destaquemos algumas delas:
3.1
- A segunda vinda de Cristo, uma motivação à paciência (Tg 5.7-9). É
importante destacar que a segunda vinda de Cristo é mencionada três vezes nessa
passagem, por certo, com o objetivo de animar os irmãos a cultivarem a
longanimidade ao terem em vista a bendita esperança da volta de Jesus (Tt
2.13). Ao ter essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para
continuarmos sendo pacientes (Tg 5.8); não menos importante, Tiago lembra que a
atitude inversa à vontade de Deus, ou seja, o crente não ser longânimo, será
julgada (Tg 5.9).
3.2
- Exemplos de paciência, uma referência a ser seguida (Tg 5.10,11). Para
encorajar os seus leitores ao exercício da paciência, o apóstolo faz alusão a
figuras e personagens que servem de modelo a serem seguidos. Vejamos:
3.2.1
- O lavrador. Uma das atividades que mais exige paciência, com certeza, é
de agricultor, isso se dá por razões conhecidas, pois, nenhuma planta cresce da
noite pra o dia, pelo fato de o lavrador não controla as condições climáticas,
etc. Na Palestina, o grão é plantado no outono e recebe a chuva temporã no
final de outubro. Ele recebe a chuva [...] serôdia em março e abril, pouco
antes de estar maduro. Durante todo esse tempo, o agricultor espera
pacientemente pela colheita (BEACON, 2006, p.191). Por essa razão Tiago retrata
o cristão como um “agricultor espiritual” à espera da colheita espiritual. A
razão da sua paciência é sua esperança confiante na colheita, a ceifa faz a
espera valer a pena (Tg 5.7). “Porque a seu tempo ceifaremos, se não
desfalecermos” (Gl 6.9). “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso
coração” (Tg 5.8). Nesse exemplo a paciência é sinônimo de perseverança em
aguardar pelos resultados (Hb 10.36-38).
3.2.2
- Os profetas. Chamados para serem porta-voz de Deus, geralmente em
períodos marcados por crises diversas, foram perseguidos e alguns mortos por
sua fidelidade; perseguição essa, denunciada por Estevão diante do Sinédrio: “A
qual dos profetas não perseguiram vossos pais? até mataram os que anteriormente
anunciaram a vinda do Justo [...]” (At 7.52). Os profetas são exemplos de
pessoas que suportaram as mais diferentes dificuldades de forma resoluta, para
proclamar a verdade de Deus, servindo de referência conforme ensinou o Senhor
Jesus: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e,
mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e
alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim
perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5.11,12).
3.2.3
- O patriarca Jó. Lembrado como exemplo de piedade (Ez 14.14,20), cuja
integridade foi atestada pelo próprio Deus (Jó 1.1; 2.3). O patriarca por meio
das aflições que enfrentou e venceu, tornou-se também um exemplo daqueles que
por meio da perseverança e paciência, alcançam as bençãos do Senhor (Jó
42.10-17). Por meio desses exemplos Tiago deseja estimular os leitores a serem
pacientes em momentos de aflições. Como um lavrador, esperamos a colheita
espiritual, pois os frutos glorificarão a Deus; à semelhança dos profetas,
testemunhamos apesar das perseguições; e como Jó, esperemos o Senhor cumprir
seu propósito amoroso, sabendo que jamais causará qualquer sofrimento
desnecessário na vida de seus filhos (Rm 8.28).
CONCLUSÃO
Concluímos
que ter paciência é uma necessidade de todo cristão, diante das diversas
situações a que estão submetidos, como também nos tornar capazes de suportar
e saber agir pacientemente, para conservação da unidade cristã evitando as
divisões.
REFERÊNCIAS
BARCLAY,
William. As obras da carne e o fruto do Espírito. VIDA NOVA.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS
LOPES,
Hernades dias. Comentário Expositivo Gálatas. HAGNOS
OLIVEIRA,
Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia.CPAD
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
TYNDALE,
Dicionário Bíblico. GEOGRÁFICA
Nenhum comentário:
Postar um comentário