Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
05 – PAZ DE DEUS: ANTÍDOTO CONTRA AS INIMIZADES (Ef 2.11-17) - 1º TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição definiremos teologicamente a palavra paz; pontuaremos as três dimensões
da paz; estudaremos como viver a verdadeira paz com Deus, com o próximo e consigo;
e por fim, conceituaremos a palavra inimizade e mostraremos como a inimizade
pode ser vencida na Bíblia.
I
- A INIMIZADE NA BÍBLIA
1.1
- Definição de inimizade. Inimizade significa: “aversão, antipatia, desafeição,
ser contrário, sentimento de não gostar de alguém”. No grego, a palavra
inimizade é “echthra” e esse vocábulo serve para identificar três tipos de
inimizade. a) inimizade para com Deus (Rm 8.7; Tg 4.4); b) inimizade entre as
pessoas (Mt 5.21-26; Lc 23.12); e c) hostilidade entre grupos (Rm 1.14; Ef
2.14-16). A inimizade, em geral é resultado da soberba, por isso, o Senhor
abomina o coração altivo (Pv 6.16,17). As inimizades são produto da carne, de
uma natureza pecaminosa (1Co 1.10-13). Em Gálatas, Paulo apresenta a inimizade,
as contendas e as disputas como obras da carne (Gl 5.20). A palavra inimigo vem
do latim “inimicu”, onde “in” significa “não” e “amicus” quer dizer amigo,
logo, inimigo quer dizer: “não amigo, alguém adverso, contrário e hostil”
(GOMES, 2016, p. 65 – acréscimo nosso).
1.2
- A inimizade é muito mais que falta de amizade. É ódio, aversão, malquerença e
rancor profundo, como também uma paixão que impele uma pessoa a causar ou
desejar mal a alguém. Como obra da carne que é, “echthra” é o antônimo exato de
“ágape”, que é um aspecto do fruto do Espírito (Lc 6.27, 35; Rm 12.14; Gl
5.22). Enquanto o amor predispõe a mente e o coração de uma pessoa para exercer
abnegadamente a benignidade e a bondade em favor do próximo (1Co 13.1-7), a
inimizade é uma atitude mental hostil que provoca e afronta outras pessoas,
desejando e fazendo de tudo para prejudicá-las.
1.3
- O pecado de inimizade é grave e típicos de uma vida não regenerada (Rm
8.1-2,5-6,8; Gl 5.16-26; Cl 3.1-11). Esses pecados implicam na perda da
comunhão com Deus e com o próximo (Mt 5.21-26; Gl 5.19-21; 1Jo 2.9-11; 3.14-16;
Ap 21.8; 22.15). A solução para evitarmos a inimizade é produzirmos o fruto do
Espírito (Gl 5.22-26) e seguirmos a seguinte recomendação bíblica: “Portanto,
como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão,
bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem
as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes
perdoou” (Cl 3.12-13 – Nova Versão Internacional – NVI). O apóstolo ainda diz: “Se
o teu inimigo tiver fome, alimenta-o; se ele tiver sede, dá-lhe algo para
beber... Não te deixes vencer pelo mal, porém, persiste em vencer o mal com o
bem” (Rm 12.20, 21).
1.4
- A inimizade é exatamente o oposto do amor (1Jo 2.9, 4.8, 5.1). Os cristãos têm
que amar seus inimigos, e não podem imitar o ódio do mundo (Mt 5.46-48). A
inimizade já causou incalculável número de tragédias no mundo e em diversos
lugares é possível observar conflitos e mais conflitos. Os cristãos, conforme
Atos dos apóstolos, deixaram os exemplos de um estilo de vida caracterizado
pela união, amizade e solidariedade (At 2. 44,45; 4. 32). Jesus declarou: “Todo
reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida
contra si mesma não subsistirá” (Mt 12.25) (GOMES, 2016, p. 65).
1.5
- As inimizades quebram a unidade da igreja (Ef 4.1-6). As inimizades causam
muitos outros problemas e hostilidades de todas as formas, tais como as
divisões, iras, etc. Ela destrói relacionamentos e leva pessoas a fazerem
coisas cruéis. Ela alimenta ódio, brigas, vingança e muitos outros pecados
contra outras pessoas. Jesus nos ensina a perdoar e a viver em paz com outras
pessoas. Ele nos ajuda a ver nossos inimigos como pessoas que também precisam
dele, pessoas que devemos amar (Lc 6.27-35). O amor vence a inimizade e
conserta relacionamentos (Mc 12.30,31; Rm 12.19-21; Cl 1.23). O amor sempre
vence: “Amai a vossos Inimigo… Bendizei o que vos maldizem… Fazei bem aos que
vos odeiam… Orai pelos que vos maltratam…Para que sejais filhos do Pai que
estás nos céus” (Mt 5.44,45). Aqui está todo o escopo do ensino de Jesus sobre
o amor cristão. Não é amar por amar. Não é ingenuidade. É amor consequente, que
tem um objetivo sublime a ser alcançado.
II – DEFINIÇÃO DA PALAVRA PAZ
2.1 - Definição de paz. Segundo o dicionário Aurélio, paz significa: “ausência de
lutas, de guerras, de violências ou pertubações sociais, tranquilidade pública,
concórdia, harmonia” (FERREIRA, 2004, p. 1514). O termo hebraico para paz é
“shalom” que pode significar: “unidade, descanso, feliz, tranquilo, quieto”
(GRAHAM apud GOMES, 2016, p. 60). O termo grego é “eirene” que nos dá a ideia
de “harmonia, acordo, descanso, quietude”. Espiritualmente falando, paz é uma
cultivação (fruto) do Espírito (Gl 5.22) que produz um estado de tranquilidade
e quietude interior que não depende de circunstâncias externas (Is 32.17-19; Sl
4.8). Paulo diz que Cristo é a fonte da nossa paz (Lc 16.33; Jo 14.27; Ef
2.14-18; Is 9.6) (ZUCK, 2008, p. 347).
III
- AS TRÊS DIMENSÕES DA PAZ
A
paz concedida por Cristo é uma virtude que afasta o pânico, anula a ansiedade,
traz ao coração perturbado a serenidade e nos faz descansar em meio ao
sofrimento e às provações da vida (SI 23.4; Jo 14.27; 16.33; 20.19, 21,26). O
mundo vive sem paz porque é habitado por pessoas que vivem dominadas pela
natureza pecaminosa (Tg 4.1). De acordo com as Escrituras, a paz possui três
dimensões. Notemos:
3.1
- A paz com Deus. “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus,
por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1,2 ver Cl 1.19,20). A paz com Deus só é
possível mediante a justificação pela fé (Gl 2.16; Rm 1.17). Pois o pecador, em
seu estado de pecado, encontra-se em inimizade com Deus, visto que o pecado é
uma violação da vontade de Deus (Tg 4.4). Porém, quando o mesmo se arrepende,
aceitando a Jesus como seu único e suficiente Salvador, automaticamente ele é
reconciliado com Deus (Rm 5.1). Somos chamados não só a ter paz com Deus por
Jesus Cristo, mas também para sermos pacificadores, reconciliando outras
pessoas com Deus, de forma que elas também possam obter a paz com Deus (Mt
5.9).
3.2
- A paz de Deus. “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um
corpo, domine em vossos corações...” (Cl 3.15). O apóstolo Paulo ainda diz: “E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento...”. Esta é a paz interior que
Jesus nos deu pelo Espírito Santo (Jo 14.26,27; Rm 15.13). A paz interior
substitui a raiva, a ira, a culpa e a preocupação. Sem a “paz com Deus” não
pode haver a “paz de Deus”.
3.3
- A paz com os homens. “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com
todos os homens” (Rm 12.18 ver Ef 4.1-3). Fomos conclamados a seguir a paz e,
na medida do possível, ter paz com todos os homens (Sl 34.14; Mt 5.9; Rm 12.18;
1Co 7.15; Hb 12.14; 1Pe 3.11). A paz, como fruto do Espírito Santo é,
primeiramente, ascendente, para Deus; depois, interior, para nós mesmos; e,
finalmente, exterior, para nosso semelhante (1Pe 3.11). Sigamos o exemplo de
Isaque que para evitar um conflito desnecessário com Abimeleque, preferiu cavar
outro poço (Gn 26.19-22); e de nosso maior mestre, Jesus, que é o príncipe da
paz (Is 9.6). Mesmo na noite em que foi preso injustamente por opositores
armados, Jesus mostrou amor por seus inimigos. Nessa ocasião, Jesus estabeleceu
um princípio importante que guia seus verdadeiros seguidores até hoje. Pedro
escreveu: “Cristo sofreu por vós, deixando-vos um modelo para seguirdes de
perto os seus passos... Quando sofria, não ameaçava, mas encomendava-se a Deus”
(1Pd 2.21,23).
IV
- COMO VIVER A VERDADEIRA PAZ
As
principais atividades do Espírito Santo ao desenvolver o fruto espiritual estão
entrelaçadas com a paz (Ap 1.4; 2Co 13.11; Rm 8.6). A paz é uma alegria que
sobrepuja a compreensão humana, pois independe das circunstâncias (Tg 1.2; 1Ts
1.6; Sl 126.5). Ela procede do coração de Deus para o coração do crente (Ne
8.10; Sl 51.12; Jo 15.11). Consiste num estado de graça que proporciona
comunhão com Deus, auto-aceitação e harmonia nas relações pessoais. A paz
proporcionada por Cristo nos dá condições de vivermos em paz com Deus
(vertical), com o próximo (horizontal) e de desfrutarmos da paz interior
(central). Vejamos cada uma delas:
4.1
- Vertical: Vivendo a paz com Deus. A paz que Jesus nos oferece é diferente da
paz ilusória que o mundo dá (Jo 14.27; 16.33). Essa paz cumpre o propósito mais
sublime do Senhor para o ser humano: restaurar a nossa paz com Deus (Rm 5.1).
Nosso Senhor Jesus é chamado o “Príncipe da Paz” (Is 9.6), a primeira mensagem
pregada depois que Ele nasceu foi de paz (Lc 2.14), quando enviou os primeiros
pregadores, ele os orientou a pregar a paz (Lc 10.5). Ele pregou a paz (Ef
2.14,17), e pela cruz fez-se mediador entre Deus e os homens, fazendo a paz
(1Tm 2.5).
4.2
- Horizontal: Vivendo a paz com os outros. Todos os que ‘seguem de perto os
passos de Jesus’ refletem sua disposição amorosa e bondosa. “E ao servo do
Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para
ensinar, paciente, corrigindo com mansidão os que registem...” (2Tm 2.24,25 ver
Tt 3.2). Quando estamos em Cristo, a paz com Deus é restaurada, e daí passamos
a ter harmonia uns com os outros na dimensão do amor de Deus que é derramado em
nossos corações (Rm 5.5). Essa paz supera qualquer obstáculo, não se enfraquece
quando não é correspondida e busca sempre suprir as deficiências humanas nos
relacionamentos (Mc 9.50; Rm 12.9-21; 1Ts 5.12,13). O crente que já recebeu a
paz de Deus, em seu coração precisa partilhar dessa paz com todos tornando-se
um embaixador da paz (Sl 133.1; Lc 6.27-35; 2Co 5.20). Quem já experimentou a
justificação e a reconciliação com Deus torna-se um pacificador (Gn 26.19-25;
Mt 5.44,9; Rm 12.18) (BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, 2003, p. 822).
4.3
- Central: Vivendo a paz com si mesmo. A paz interior é o resultado da promessa
de Deus em nós (Jo 14.27). É válido pensar nesses termos porque todos os nossos
atos externos procedem do coração (Pv 4.23). A paz interior, provinda de Deus
que excede a todo entendimento (CI 3.15), é o remédio contra toda a amargura,
todo o ressentimento e qualquer outra obra que o Inimigo tente para nos desviar
do propósito de Deus. Lembremo-nos de que essa paz que o Senhor nos dá é a
fonte de nossa alegria e o antídoto contra toda e qualquer ansiedade, medo,
depressão, etc (Fp 4.4-6). É pela paz e unidade em Cristo que o crente obtêm a
santidade e se conserva para a vinda do Senhor (1Ts 5.23; Hb 12.14). “O fruto
da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz” (Tg 3.18). A paz
interior é para aqueles que confiam no Senhor: “Tu conservarás em paz aquele
cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti” (Is 26.3).
CONCLUSÃO
O
ódio é vingativo, retaliatório, produzindo rancor e mágoa em relação às outras
pessoas. Além de causar dano às outras pessoas, é prejudicial para aquele que o
nutre no coração. Torna o homem amargurado e o corrói por dentro. Praticar essa
obra da carne é possuir as qualidades que produzem inimigos. Podemos ter
inimigos, mas eles não podem surgir por causa da nossa malfeitoria. Paulo
disse: “Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm
12.18).
REFERÊNCIAS
Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
GOMES,
Osiel. As obras da carne e o fruto do Espírito. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. CPAD.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. CPAD.
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