Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
LIÇÃO 04 – ALEGRIA, FRUTO DO ESPÍRITO; INVEJA,
HÁBITO DA VELHA NATUREZA (Jo 16.20-24) - 1º TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje, falaremos sobre a alegria - uma
das virtudes do fruto do Espírito contrastanto com a inveja como obra da carne;
iniciaremos trazendo a definição da palavra alegria; destacaremos quais os seus
aspectos; e, quais os resultados desta virtude na vida do crente. Veremos
também o significado da palavra inveja; quais os efeitos desta obra da carne;
e, por fim, quais os contrastes entre a inveja e a alegria.
I – DEFINIÇÃO DE ALEGRIA
De acordo com o Dicionário Exegético Vine (2002, p.
385) a palavra equivalente para alegria no grego é “chará” que significa:
“gozo, deleite, prazer, alegria” (Mc 4.16; At 12.14; Fp 2.29). Também no texto
grego aparece a palavra “agalliasis” indica uma alegria mais exultante e diz
respeito a: “exultação, alegria exuberante” (Lc 1.14,44; At 2.6; Hb 1.9; Jd
24). Existe ainda a expressão grega “euphrainô” que fala sobre: “alegrar, ficar
contente, estar feliz, regozijar-se, tornar-se alegre” (Lc 12.19;
15.23,24,29,32). A alegria é a segunda virtude que está classificada entre as
que o Espírito produz em nós em relação a Deus “Mas o fruto do Espírito é:
amor, gozo [...]” (Gl 5.22-a). A fonte da alegria do cristão é Cristo (Fp 3.1).
Ele a concede aos seus seguidores (Jo 15.11) pelo Espírito (Rm 14.17; I Ts
1.6). A alegria e o Espírito Santo andam juntos (Sl 16.11; At 13.52; I Ts
1.6).
II – CARACTERÍSTICA DA ALEGRIA COMO FRUTO DO
ESPÍRITO
2.1 - Alegria espiritual. A alegria do Espírito
contrasta com a alegria natural. Portanto, é uma alegria decorrente das coisas
espirituais, não materiais. A Bíblia mostra que essa alegria é: (a) fruto da
salvação (Sl 51.12; Is 12.3; 61.10; Lc 1.47); (b) da esperança da ressurreição
(Sl 16.9); (c) de possuir o nome escrito no Livro da Vida (Lc 10.20); (d) por
sofrer pelo nome de Cristo (I Pe 4.13); (e) pelo retorno de Cristo (Ap 19.7).
Beacon (2006, p. 75) afirma que “a alegria é a manifestação externa da paz
interna”.
2.2 - Alegria constante. Diferente da alegria
natural, a alegria como fruto do Espírito é permanente, duradoura, não
circunstancial. Jesus disse isso aos seus discípulos: “[...] vossa alegria
ninguém vo-la tirará” (Jo 16.20-22). O apóstolo Paulo que enfrentou diversas
dificuldades durante o exercício do seu ministério asseverou: “como
contristados, mas sempre alegres” (II Co 6.10). Por isso, mesmo tendo sido
açoitado e aprisionado junto com Silas em Filipos, o apóstolo orava e louvava
ao Senhor (At 16.22-25). Estando também encarcerado em Roma, Paulo exortou aos
cristãos filipenses: “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos”
(Fp 4.4). Paulo estava cheio de alegria por saber que, a despeito daquilo que
lhe viesse acontecer, Jesus Cristo estava ao seu lado (Fp 4.11-13).
2.3 - Alegria abundante. A alegria como fruto
além de ser espiritual e constante é também abundante. O Espírito Santo produz
alegria abundante no coração do salvo. No livro dos Atos dos Apóstolos, vemos
Lucas descrevendo que os convertidos gentios alegram-se grandemente (At 13.52),
a mesma intensidade de alegria sentiram os que ouviram a notícia da conversão
dos gentios (At 15.3). Paulo diz que os cristãos da Macedônia: “no meio de
muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria” (II Co 8.2).
Isto se deu quando os macedônios desejaram contribuir na assistência aos santos
de Jerusalém (II Co 8.3-5).
III – DEFINIÇÃO DO TERMO INVEJA
Segundo Champlin (2004, p. 355), a palavra
portuguesa “inveja” vem do latim, “invidere”, que significa “em” (contra) e
“olhar para”, ou seja, olhar para alguém com maus olhos, de modo contrário, com
base no ódio sentido contra esse alguém. O Dicionário Vine a define como sendo:
"um princípio ativo de hostilidade dirigido maliciosamente a outra
pessoa". Inveja é um misto de ódio, desgosto e pesar pelo bem e felicidade
de outrem; é o desejo violento de possuir o bem do próximo. No hebraico a
palavra “qinah” significa “inveja”. Essa expressão é aplicada por quarenta e
duas vezes no AT (Jó 5.2; Pv 14.30; Ec 4.4; Is 11.13; Ez 35.11). No grego é a
palavra “phithónos”. Esse vocábulo ocorre por nove vezes (Mt 27.18; Mc 15.10; Rm
1.29; Gl 5.21; Fl 1.15; 1Tm 6.4; Tt 3.3; Tg 4.5; 1 Pe 2.1).
IV – OS EFEITOS DA INVEJA
Nos Dez Mandamentos, a Bíblia usa o termo
"cobiçar", que é um sinônimo para "invejar" (Êx 20.17).
Deus elencou a inveja como um dos pecados mais graves por saber do seu efeito
destrutivo (Dt 5.21). A inveja está entre as obras da carne que atingem o nosso
próximo (Gl 5.22). Segundo Champlin, (2004, p. 355) "a inveja é uma das
maiores demonstrações de mesquinharia humana, causada pela queda no pecado. Os
invejosos chegam a fazer campanhas de perseguição contra suas vítimas, as
quais, na maioria das vezes, não têm qualquer culpa por haverem despertado tal
sentimento nos invejosos. Geralmente os mal-sucedidos têm inveja dos
bem-sucedidos. Essa é uma tentativa distorcida para compensar pelo fracasso,
glorificando ao próprio "eu" e procurando enxovalhar a pessoa
invejada". Analisemos alguns efeitos destruidores deste malígno
sentimento:
4.1 - A inveja pode adoecer. A respeito da inveja, o
escritor de Provérbios nos faz diversas exortações (Pv 3.31; 24.1,19; 27.4). A
mais severa dela nos diz que: "a inveja é podridão para os ossos" (Pv
14.30). Dentre as muitas atribuições dos ossos, uma delas é a de sustentação do
corpo. Quando o proverbista afirma que a inveja é a "podridão dos
ossos" significa que ela é uma espécie de câncer que começa sutilmente
destruindo o homem por dentro. Segundo Aurélio (2004, p. 165), o verbo
"apodrecer" quer dizer: "putrefazer", palavra geralmente
usada para descrever um corpo morto em estado de decomposição. Portanto, a
inveja é um sentimento nocivo que faz mal principalmente aquele que o abriga em
seu coração.
4.2 - A inveja pode matar. Caim, foi a primeira
pessoa descrita na Bíblia que foi atingida pela inveja e por suas
consequências. O homicídio cometido por ele nasceu deste sentimento que nutria
por seu irmão Abel (Gn 3.4,5). Saul quando viu que Davi era melhor guerreiro
que ele, intentou algumas vezes matá-lo (I Sm 18.7-11). Os irmãos de José, por
muito pouco, não o executaram (Gn 37.11,18). Ainda assim o venderam para o
Egito e lá ele poderia ter morrido (Gn 37.28,28; 39.19-20). Jesus também foi
vítima da inveja dos grupos religiosos de sua época, que não satisfeitos com a
graça que Jesus tinha das multidões, eles procuraram matá-lo (Mt 27.18; Mc 15.10).
4.3 - A inveja pode impedir o homem de entrar no céu.
Dentre os muitos males que a inveja pode causar, o pior deles é o de banir o
homem para sempre da presença de Deus. Na lista de vícios elencados por Paulo
em Gálatas 5.22, a inveja está entre aqueles que o apóstolo diz: "os que
cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus" (Gl 5.21). Evidentemente
que Paulo está falando para aqueles que vivem na prática deste pecado e não
estão dispostos a arrepender-se e abandoná-lo.
V – O CONTRASTE ENTRE A INVEJA E A ALEGRIA
INVEJA
Obra da carne (Gl 5.21)
Tem origem em Satanás (Is 14.12-15; Ez 28.12-19)
Se entristece com a alegria alheia (Gn 26.14)
Adoece (Pv 14.30; Sl 73.21)
Reclama pelo que não tem (I Sm 8.5
Pode levar a morte (Rm 1.32; Gl 5.21-a)
É temporária (I Jo 2.16)
ALEGRIA
Fruto do Espírito (Gl 5.20)
Tem origem em Deus (Sl 16.11; Hb 1.9)
Alegra-se com os que se alegram (Rm 12.15)
É teurapêutica (Pv 17.22)
Agradece pelo que tem (Fp 4.11-13)
Leva à vida (Rm 14.17)
É permanente (Jo 16.22; Jd 1.24)
VI – RESULTADOS DA ALEGRIA
6.1 - Um rosto radiante. O proverbista nos diz que:
“o coração alegre aformoseia o rosto [...]” (Pv 15.13). Isto significa dizer
que os sentimentos interiores da pessoa são expressos no rosto ou pelas
atitudes. O cristão cheio de alegria do Senhor exibirá e comunicará essa
alegria na aparência exterior. Beacon (2006, p. 75) diz que “o cristão
basicamente infeliz é uma contradição. O Reino de Deus é caracterizado por
alegria, junto com justiça e paz” (Rm 14.17).
6.2 - Um cântico de louvor. Quando o Espírito Santo
produz no crente a virtude da alegria, seu coração se enche de gratidão e sua
boca de intenso louvor (Sl 45.1; Ef 5.19; Cl 3.16; Tg 5.13). Zacarias louvou a
Deus pelo cumprimento da promessa de Deus em sua vida (Lc 1.64-79); Maria
alegrou-se pelo fato de ter sido escolhida para ser a mãe do Salvador e
agradeceu com cântico (Lc 2.46-55); Simeão e Ana louvaram a Deus pela vinda do
Messias (Lc 2.29-32).
6.3 - A força divina. As tribulações da vida tendem a
nos trazer desânimo e tristeza (Jo 16.33), no entanto, a alegria como fruto do
Espírito traz ânimo e renova as forças do crente (Ne 8.10). Quando Jesus
anunciou aos seus discípulos que iria dexá-los a reação foi de imensa tristeza
(Jo 16.16-20). No entanto, Ele prometeu que o Pai enviaria outro Consolador e não
o deixaria órfãos (Jo 14.16). A palavra "Consolador"
("parácleto", no grego) significa alguém chamado para ficar ao lado
de outrem, com o propósito de ajudá-lo em qualquer eventualidade. Ele nos
assiste nas nossas fraquezas (Rm 8.26).
CONCLUSÃO
Como cristãos, devemos diariamente nos despir das
práticas pertencentes a velha vida e nos vestirmos da nova vida, do novo homem,
criado em justiça e santidade. Evitemos a inveja e conservemos a alegria do
Espírito que é espiritual, constante e abundante.
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