Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
12 – ESPERANDO, MAS TRABALHANDO NO REINO DE DEUS - (Mt 25.14-30)
4º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, estudaremos a parábola dos talentos onde veremos a motivação, a natureza
e o propósito que levou Jesus a contá-la; pontuaremos os principais elementos
desta parábola e seus significados; bem como, estudaremos algumas lições para a
vida da igreja.
I
– CONSIDERAÇÕES SOBRE A PARÁBOLA DOS TALENTOS
Num
sentido mais profundo e espiritual, para a Igreja, os talentos representam os
Dons de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, que são capacitações ou
manifestações especiais do Espírito Santo agindo no crente para o progresso da
obra de Deus na Terra (1Co 12.6; 28; Rm 12.6-8; Ef 4.11). Vejamos a motivação,
a natureza e o propósito desta parábola:
1.1
- Motivação da parábola. A Parábola dos Talentos está localizada na narrativa
bíblica logo após a Parábola das Dez Virgens. Ela pertence a uma série de
exortações de Jesus em relação a Sua segunda vinda. Esse discurso de Jesus
ficou conhecido como sermão escatológico.
1.2
- A natureza da parábola. Esta foi a última parábola proferida por Jesus e
juntamente com a parábola das dez virgens fazem parte do sermão escatológico de
Jesus, iniciado em Mateus 24 e proferido no monte das Oliveiras (Mt 24.3). Ela
é semelhante à parábola das minas, que foi apresentada alguns dias antes em
Jericó (Lc 19.11-27). A parábola anterior das virgens destacou a necessidade de
se estar alerta e preparado (Mt 25.1-13), já a dos talentos enfatizam a
necessidade do serviço fiel durante a sua ausência.
1.3 - Propósito da parábola.
Esta parábola é semelhante à parábola das minas (Lc 19.11-28). Em ambas, algum
dinheiro é confiado aos servos. Foi narrado o que aconteceu a três deles: os
dois primeiros são elogiados e o terceiro é condenado. Mas as diferenças
superam as semelhanças, de modo que as duas devem ser consideradas como
parábolas diferentes, proferidas em diferentes ocasiões. No texto de Mateus, o
Senhor dá a um servo cinco talentos, a outro dois e ao terceiro um (Mt 25.15),
ao passo que no texto de Lucas ele dá uma mina a cada um dos dez servos (Lc
19.13). As quantias são diferentes, e assim também as recompensas. Ainda assim
as duas parábolas transmitem o mesmo ensino, que é o da importância de ser fiel
no serviço (BEACON, 2010, p. 171).
II
– PRINCIPAIS ELEMENTOS DA PARÁBOLA E SEUS SIGNIFICADOS
2.1
- O homem que partiu para fora da terra. Na parábola dos talentos, o homem rico
representa Jesus que é o dono e proprietário absoluto de todas as pessoas e
coisas, e de uma maneira especial, da Sua igreja; nas Suas mãos, Ele tem todas
as coisas. Jesus aqui se retrata como sendo “um homem que, partindo para fora
da terra” (Mt 25.14) prevendo a sua ascensão aos céus. Quando o senhor voltou,
ele ajustou contas com eles (Mt 25.19). O texto grego diz, literalmente, “ele
se reuniu com eles para fazer as contas”, isto é, ele “ajustou as contas” com
eles. A mesma expressão é usada em Mateus 18.23, onde é traduzida como “fazer
contas”. Provavelmente o passado contábil de Mateus, como coletor de impostos,
se reflete em seu uso desta expressão de negócios “synairo logon” (BEACON,
2010, p. 171).
2.2
- Os servos fiéis. Os dois primeiros homens contaram que tinham dobrado os
talentos que lhes haviam sido dados (Mt 25.20,22). Em resposta, o senhor disse
exatamente as mesmas palavras de elogio aos dois servos. A recompensa que ele
tinha prometido se baseava em fidelidade, não em habilidade. É extremamente
significativo que os dois servos tenham sido elogiados por serem bons e fiéis
(Mt 25.21,23), e não por serem capazes e inteligentes. Aqui estão duas virtudes
honestas e sólidas que todos nós podemos ter. Estas são as duas únicas coisas
que Deus requer de qualquer pessoa, que ela seja boa de caráter e fiel no
serviço (BEACON, 2010, p. 171).
2.3
- O servo infiel. Os três servos são divididos em duas categorias: os fiéis e o
infiel. Os servos fiéis colocaram os talentos a serviço de seu senhor. O servo
infiel escondeu seu talento na terra. Em vez de usar a oportunidade, ele a
enterrou (Mt 25.18). O senhor condenou o servo egoísta, que não tinha feito nada,
dizendo que ele “era mau e negligente” (Mt 25.26). A última palavra significa:
“ineficiente, preguiçoso, indolente”. O homem que utiliza os seus muitos
talentos sempre ganha mais. Aquele que não os utiliza, os perde (Mt 25.29).
2.4
- O talento. Nesta parábola, os talentos têm um sentido figurado que
representam valores pessoais, aptidões naturais, oportunidades que Deus nos dá
para fazermos a sua obra, como autênticos mordomos. O talento era uma medida de
valor comparativamente bastante alto e tem seu nome proveniente do fato de que
é um peso de forma circular. Era a maior das unidades e era conhecido pelos
babilônicos como “biltu” e pesava cerca de 30 kg. A palavra “talento” vem do
grego “talanton” que significa: um peso, alguma coisa pesada (Ap 16.21) (MERRIL,
p. 962). Na Palestina também o talento não era uma moeda, mas sim, uma medida
de peso; de maneira que o valor do talento dependia se ele era de ouro (Êx
25.39), prata (Êx 38.27) ou cobre (Êx 38.29) cada um com seu próprio valor
equivalente (BARCLAY, 2010, p. 743). Um talento era o valor relativo a seis mil
denários, o que equivalia a seis mil dias úteis de trabalho ou vinte a trinta
anos de serviço dependendo do material do talento. (ROBERTSON, 2011, p. 209).
Um único talento era quase a renda de uma vida inteira e nos dias de hoje, um
talento de prata valeria algo em torno de seiscentos mil reais (CARSON, 2010,
p. 597).
III
- LIÇÕES DA PARÁBOLA DOS TALENTOS
Podemos
aplicar em nossas vidas várias lições presentes na Parábola dos Talentos.
Notemos:
3.1
- Deus não é injusto. Nosso Deus nos concede talentos de maneira igual: “[…]
chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus talentos” (Mt 24.14). Ele seria
injusto se confiasse a nós algo que não pudéssemos administrar (Rm 12.6-8). É
possível que o homem que recebeu menos achasse que esse único talento não era
muito importante. O talento fala de fidelidade e diligência no uso das aptidões
e capacitações ou manifestações espirituais especiais doadas a nós por Deus
para a execução de Sua obra na Terra (1Pe 4.10-11). A verdadeira fé expressa-se
pelas boas obras (Tg 2.22,23).
3.2
- Deus nos dá talentos conforme a nossa capacidade. Na parábola, os três homens
ganham quantidades diferentes de talentos segundo as suas capacidades: “A um
deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua
própria capacidade […]” (Mt 25.15). Apesar de talentos diferentes, todos
receberam talentos. Mesmo o que recebeu apenas um talento, recebeu algo
precioso e de muito valor e podia fazer esse talento frutificar. A fidelidade
no uso dos talentos é indispensável (1Co 4.2; 2Tm 2.2; 1Tm 3.2; Tt 1.9).
3.3
- Deus deseja que multipliquemos os talentos que nos dá. No acerto de contas
vemos que aquele senhor se alegra com os servos que multiplicaram o talento que
receberam, sem distinção. O que recebeu menos foi honrado do mesmo jeito que o
que recebeu mais. O que o senhor viu foi a fidelidade no uso daqueles talentos:
“Então, aproximando-se [..] Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel;
foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”
(Mt 25.20-21). Ao recebermos os talentos, em gratidão a Deus por ter depositado
em nós tamanha confiança, devemos aperfeiçoá-los a fim de que sejam uteis para
a expansão do reino (2Co 9.10; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6; Cl 2.19; Fp 1.9; 2Pe 1.5). O
resultado dos talentos que recebemos deve glorificar unicamente ao nosso
Senhor. Os dois homens que investiram o dinheiro receberam o mesmo elogio (Mt
25.21,23). O que fez a diferença não foi a porção, mas sim a proporção. Por isso
o senhor lhes confiou muito mais e a sua fidelidade deu-lhes uma capacidade
ainda maior de servir e de receber responsabilidades: “[…] Bem está, servo bom
e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei […]” (Mt 25.21).
3.4
- Deus nos cobrará pelo que fizermos com os talentos. Todos os três homens que
receberam talentos foram cobrados pelo que fizeram com eles: “E muito tempo
depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” (Mt 25.19).
Receber talentos é também receber responsabilidades (Rm 14.10; 1Co 3.10-15). O
último, apesar de ter apenas conservado o seu talento, recebeu dura cobrança
por não tê-lo multiplicado: “Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e
negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? […]
Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez” (Mt 25.26,28). Todos
compareceremos ante o tribunal de Cristo para dar contas dos nossos feitos, e
para receber a recompensa de acordo com o uso que fizermos dos nossos talentos
(Rm 14.10; 2Co 5.10; Ap 22.12).
3.5
- Nada do que temos é de fato nosso. Somos apenas depositários, não somos donos
dos talentos que recebemos (Jo 5.5; 2Co 3.5; Fp 2.13). Nossa função é
administrar e zelar por aquilo que Deus nos dá: “[…] e entregou-lhes os seus
talentos” (Mt 25.14). Ele é o dono dos talentos e continuará sendo, pois é Ele
quem nos dá tudo que temos (At 17.24, 25, 28; 1Co 15.10; 2Co 3.5). O que Jesus
quis ensinar nesta parábola é que Deus jamais exige do homem habilidades que
este não possui, mas exige que empregue a fundo as habilidades que tem (1Co
12.5-11). Os homens não são iguais quanto a seus talentos, mas podem ser iguais
em seu esforço e trabalho: “e a um deu cinco talentos, e a outro, dois e a
outro, um […]” (Mt 25.15). A parábola nos ensina que qualquer que seja o
talento que possuamos devemos entregá-lo para servir a Deus (1Tm 4.14).
3.6
- Receber talentos não significa ser aprovado por Deus. Algumas pessoas
confundem os talentos com a graça salvadora de Deus, ou pior, identificam a
administração dos talentos como sendo uma obra que pode conduzir alguém à
salvação. Definitivamente esse não é o princípio ensinado nesta Parábola. Os
talentos jamais servirão para absolver alguém no juízo vindouro: “devias,
então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o
que é meu com os juros” (Mt 7.27). Ninguém poderá apresentar a multiplicação
dos talentos que recebeu como um resultado meritório para a salvação eterna (Ef
2.8,9).
3.7
- Fomos comissionados pelo Senhor Jesus. Diz-nos que a recompensa do trabalho
bem-feito é mais trabalho. Aos dois servos que tinham atuado bem não se lhes
diz que se sentem a descansar sobre os louros. São dadas tarefas maiores e
responsabilidades mais sérias na obra do senhor (Jo 17.18,19). A recompensa do
trabalho não é o descanso e sim mais trabalho. A recompensa do Senhor (Sl
58.11; Lm 3.64; Os 4.9; 1Co 15.58)
CONCLUSÃO
A
ênfase da parábola está centrada na ideia de que os servos do Senhor precisam
trabalhar de forma diligente com os dons a eles confiados, pois serão
considerados responsáveis pelo Senhor quando Ele retornar: “Ora, além disso, o
que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (1Co
4.2).
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
CARSON,
D. A. O comentário de Mateus. SHEDD.
HOWARD, R.E,
et al. Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
MOODY,
D. L. Comentário Bíblico de Levítico. PDF.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TENNEY,
Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol. 4. VIDA NOVA.
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