Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
09 – O PERIGO DA INDIFERENÇA ESPIRITUAL - (Mt 21.28-32)
4º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos o contexto e o objetivo que o Mestre amado contou esta parábola;
pontuaremos seus personagens e quem eles representam; analisaremos qual o
contraste entre os dois filhos; e por fim, estudaremos o que Jesus quis ensinar
com esta parábola.
I
- UMA PARÁBOLA DISTINTA
Em
Mateus 21.28-32 encontramos a “parábola dos dois filhos”. Esta parábola possui
as seguintes características:
(a)
Ela consta somente no evangelho conforme Mateus;
(b)
têm apenas três versículos;
(c)
foi pronunciada na última visita de Cristo a Jerusalém, antes de Sua morte; e,
(d)
tem o intuito de enfatizar que Deus chama a todos os homens para a salvação, no
entanto, cabe aos homens aceitarem tal chamado (Mt 21.32).
Vejamos
algumas outras informações sobre esta parábola:
1.1
- Contexto. Em Mateus 21 encontramos o registro da entrada triunfal de Jesus
sobre um jumentinho, na famosa cidade de Jerusalém, para cumprir o que dele
estava escrito (Zc 9.9; Mt 21.4,5). A multidão louvou ao Mestre trazendo
consigo ramos de árvores que espalhavam pelo chão junto com as suas próprias
vestes e diziam: “[…] Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do
Senhor. Hosana nas alturas!” (Mt 21.9-b). Esta parábola está estreitamente
conectada com o relato imediatamente precedente em relação a atitude das
autoridades para com João Batista (Mt 21.23-27). Jesus questionou porque eles
não reagiram a mensagem de arrependimento pregada pelo profeta (Mt 21.32).
1.2
- Objetivo. O principal objetivo da parábola é mostrar como os publicanos e as
meretrizes, que não professavam crê no Messias e do Seu reino, ainda assim
aceitavam a doutrina e se sujeitavam à disciplina de João Batista, o precursor
de Jesus (Mt 3.5,6), ao passo que os sacerdotes e os anciãos, que estavam
cheios de expectativas do Messias, e pareciam muito dispostos a estar de acordo
com o que Ele determinava, desprezaram João Batista, e foram contrários aos
desígnios da missão de Jesus (Mt 3.7-10; 21.32; Mc 1.5). A parábola tem um
outro alcance; os gentios, que eram desobedientes, tendo sido, por muito tempo,
filhos da ira (Ef 2.3); porém, quando o Evangelho lhes foi pregado, eles se
tornaram obedientes à fé, enquanto os judeus, que diziam: “eu vou, Senhor”,
faziam boas promessas (Êx 24.7; Js 24.24), mas não iam; eles somente
“lisonjeavam a Deus com os seus lábios” (Sl 78.36,37).
II
- OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
2.1
- O Pai (Mt 21.28). O pai desta parábola é uma representação perfeita da pessoa
de Deus como nosso amado Pai (Sl 103.13; Ef 1.5; Gl 4.4,5; Rm 8.15-17; Jo 1.12;
2 Co 6. 18; Rm 8.15; 23; Gl 4.6; Hb 12.6; Hb 6.12; 1Pe 1.3,4; Hb 1.14). O
status de filhos traz-nos privilégios como:
(a)
tratar a Deus como Pai nas nossas orações: “Pai nosso, que estás nos céus […]”
(Mt 6.9);
(b)
ter o testemunho do Espírito acerca da nossa salvação, o qual clama “Aba, Pai”
(Rm 8.15,16); e,
(c)
sermos amados por ele: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que
fôssemos chamados filhos de Deus […]” (1Jo 3.1); “Amados, agora somos filhos de
Deus…” (1Jo 3.2).
2.2
- O primeiro filho (Mt 21.28,29). Os publicanos e as meretrizes de quem se
esperava pouca religiosidade são representados pelo primeiro filho na parábola
(Mt 21.31,32). Eles não prometiam nenhum bem, e aqueles que os conheciam não
esperavam deles nada de bom; ainda assim, muitos deles foram transformados:
“Mas, depois, arrependendo-se, foi” (Mt 21.29-b ver ainda Lc 7.29,30). Estes
impuros representavam também o mundo gentílico; pois, os judeus, em geral,
classificavam os publicanos junto com os pagãos; e os pagãos eram
representados, pelos judeus, como meretrizes, e homens nascidos de prostituição
(Jo 8.41).
2.3
- O segundo filho (Mt 21.30). O segundo filho é representado por muitos da
nação judaica quando ao ser proclamada a Lei no monte Sinai, pela voz de Deus,
se comprometeu a obedecer e disseram: “Tudo o que o Senhor tem falado faremos
[…]”, porém não fizeram (Êx 19.8; 24.3,7; Dt 5.27). Eles faziam uma profissão
especial da religião; ainda assim, quando o reino do Messias lhes foi trazido,
pelo batismo de João, eles o desprezaram (Mt 3.7-10), deram-lhe as costas e lhe
rejeitaram (Jo 1.11; Lc 19.14; At 13.46). Por causa do seu orgulho, eles não
procuravam seguir a Deus e a Cristo. Por isso, o filho que disse: “Eu vou,
senhor”, e não foi, revelou perfeitamente o caráter dos judeus fariseus (Lv
26.41; Dt 10.16; Jr 4.4; 6.10; Ez 44.9; At 7.51; Hb 4.7).
III - CONTRASTES
ENTRE OS DOIS FILHOS
É
digno de nota, nesse contexto, que esses publicanos e prostitutas arrependidos
haviam dito: “não queremos”, mas depois se arrependeram, e então creram. Ao
contrário, os líderes religiosos dos judeus, homens considerados como bem
familiarizados com a Lei de Deus e que exteriormente se conduziam de uma forma
tal como se estivessem dizendo constantemente: “sim, Senhor, fazemos tudo
quanto requeres de nós, e faremos tudo quanto queres que façamos”, porém não
faziam. Era acerca deles que Jesus declararia: “Dizem sim, e não fazem” (Mt
23.3 ver Êx 19.8; 32.1; Is 29.13). Notemos então alguns aspectos representados
por estes dois filhos. Vejamos:
O
PRIMEIRO FILHO
Foi
convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.28)
Disse
ao pai que não ia, mas foi (Mt 21.29)
Mostrou-se
rude, mas foi sincero (Mt 21.29-b)
Mostrou
arrependimento (Mt 21.29-c)
O
SEGUNDO FILHO
Foi
convocado pelo pai para trabalhar (Mt 21.30-a)
Disse
ao pai que ia, mas não foi (Mt 21.30-b)
Mostrou-se
flexível, mas foi falso (Mt 21.30-b)
Não
mostrou arrependimento (Mt 21.32)
IV
- O QUE JESUS QUIS ENSINAR COM ESTA PARÁBOLA
4.1
Dizer “não” e viver o “sim” é uma prova de arrependimento (Mt 21.29). Quanto ao
primeiro filho as suas ações foram melhores que as suas palavras, e o seu
final, melhor que o seu começo. Vemos aqui a feliz mudança de ideia, e da
conduta do primeiro filho, depois de pensar um pouco: “Mas, depois,
arrependendo-se, foi”. Observemos que há muitas pessoas que no início dizem
“não”, são teimosas, e pouco promissoras, mas que posteriormente se arrependem
e se corrigem, “e caem em si” (Lc 15.15.17), como diz o provérbio popular:
“Antes tarde do que nunca”. Observemos que quando ele se arrependeu, ele foi;
este é um “fruto digno de arrependimento” (Mt 3.8). A única evidência do
arrependimento da nossa resistência anterior é concordar imediatamente e partir
para o contrário; e então, o que passou será perdoado, e tudo ficará bem.
Aquele que disse ao seu pai, face a face, que “não faria o que ele lhe pedia”,
merecia ser atirado para fora de casa e deserdado; mas o nosso Pai “espera para
ter misericórdia”, e, apesar das nossas antigas tolices, se nos arrependermos e
nos corrigirmos, Ele irá nos aceitar de uma forma bastante favorável (Pv
28.13). É muito melhor lidar com alguém que, na prática, será melhor que a sua
palavra, do que com alguém que não será capaz de cumprir o que prometeu.
4.2
- Dizer “sim” e viver o “não” é uma prova de hipocrisia (Mt 21.30). É
impressionante a quantidade de pessoas que dizem “sim” e vive o “não” (Tt
1.16). Existe uma abissal distância entre o discurso e a prática: “Não
procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt
23.3). O segundo filho mencionado disse melhor do que fez, prometeu ser melhor
do que provou ser; a sua resposta foi boa, mas as suas ações, más. Ele
professou uma obediência imediata: “eu vou”; ele não disse: “eu irei daqui a
pouco”, mas infelizmente ele ficou apenas na teoria e não partiu para prática.
Existem muitos que proferem boas palavras, e fazem boas promessas, que se
originam de boas motivações; porém, ficam apenas nisso, não vão mais além.
Dizer e fazer são duas coisas diametralmente diferentes e distintas, e há
muitos que dizem e nunca fazem o que prometem (Is 29.13; Ez 33.31). Muitos, com
a sua boca, até confessam, mas os seus corações vão em outra direção (Mt 15.8;
Mc 7.6). A prova de sinceridade não está nas palavras, mas nos atos (Mt 7.21).
As palavras não são de valor algum se não forem acompanhadas de atos
equivalentes: “Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” (Jo
13.17). Existe uma diferença categórica entre arrependimento (2Co 7.9), e
remorso como no caso de Judas (Mt 27.3).
4.3
- O “sim” e o “não” é uma prova do nosso caráter. O tempo vai dizer quem é quem
e revelará se o que dissemos condiz com o que somos. Às vezes o “não” honesto
hoje pode colocar o homem em uma posição de reflexão, de arrependimento e mais
tarde gerar mudanças movendo-o a prática de atitudes coerente com o “sim”. O
verdadeiro “sim” é aquele marcado pela consciência profunda do pecado,
arrependimento e conversão (Mt 21.31-32). Os publicanos e as meretrizes eram os
que inicialmente haviam virado as costas para Deus, mas se arrependeram e
creram; ao passo que os judeus fariseus que haviam pretensamente crido, no
fundo endureceram o coração e rejeitaram a oferta do Evangelho. Intenções
precisam ser acompanhadas por ações, pois a fé sem obras é morta (Tg 2.26), e o
arrependimento sem frutos não agrada a Deus (Mt 3.8).
4.4
- O “sim” e o “não” é uma questão de livre-arbítrio. Na história, os dois
filhos mudaram de ideia, um para pior e outro para melhor. O pecador pode se
arrepender e ser perdoado, e o justo pode se desviar e ser condenado (Ez
18.21-24). Por isso, é imprescindível permanecer firmes até ao fim (Hb 3.12-13;
4.11). O chamado do Evangelho é, na realidade, o mesmo para todos, e nos é
transmitido com o mesmo teor. Na parábola, o pai falou a mesma coisa para os
dois filhos e sua vontade para os dois foi a mesma. Deus deseja a salvação de
todos (1Tm 2.3-4). Como cada filho na parábola tomou sua própria decisão, nós
decidimos obedecer a Deus ou não. Os dois filhos receberam a mesma oportunidade:
“[…] Filho, vai trabalhar […] E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual
modo” (Mt 21.28,29). Jesus não lhes disse: “vós não podeis entrar no reino do
céu”; porém, mostrou que eles mesmos criavam o obstáculo que lhes embargava a
entrada (Mt 23.37-38). A porta ainda estava aberta para esses guias judeus; o
convite ainda era mantido.
CONCLUSÃO
Reino
de Deus é formado por pessoas que vão além das palavras, que entenderam seu
pecado, sua inadequação, arrependeram-se e se colocaram na direção do caminho
correto. De pessoas que aprenderam que o “não” não é o melhor caminho e se
prontificaram a viver o “sim”. Gente que aprendeu que o que agrada a Deus de
verdade é vida e não discurso; é ação e não promessas; é verdade prática e não
mentira poética: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e
realizar a Sua obra” (Jo 4.34), assim devemos servir ao Senhor.
REFERÊNCIAS
GILBERTO,
Antônio. Lições Bíblicas Maturidade Cristã. CPAD
HOWARD, R.E,
et al. Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
LOCKYER,
Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
WIERSBE,
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. GEOGRÁFICA.
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