Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
08 – ENCONTRANDO O NOSSO PRÓXIMO – (Lc 10.25-37)
4º TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Nesta
lição será abordada uma das mais conhecidas parábolas contadas por Jesus: “a
parábola do bom samaritano”; veremos algumas considerações importantes para a
compreensão da mensagem central desta narrativa; pontuaremos também alguns
aspectos do amor verdadeiro, ilustrados na atitude do samaritano; e por fim,
destacaremos o que a Bíblia diz sobre o amor ao próximo.
I
– CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO
A
parábola do bom samaritano é mais uma das narrativas do Senhor Jesus,
encontrada apenas no registro do evangelista Lucas. Embora exista uma passagem
semelhante (Mt 22.34-40; Mc 12.28-31), porém, há diferenças, notavelmente na
cronologia e no fato de que nos demais o resumo é dado por Jesus, mas aqui na
passagem em apreço pelo intérprete da lei. Notemos ainda outras informações:
1.1
- A motivação do anúncio da parábola. Enquanto Jesus ensinava, levantou-se um
doutor da lei, fazendo uma pergunta cujo propósito era colocar o Senhor à
prova, ou seja, em uma situação embaraçosa: “[…] um certo doutor da lei,
tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lc
10.25); isto quer dizer que sua pergunta não foi feita sinceramente mas, para
fazer com que Jesus não conseguisse responder à altura, e que tivesse uma
oportunidade de se colocar em superioridade. Para corrigir tal atitude bem como
mostrar, qual deve ser a conduta dos seus seguidores, a saber, fazer o bem a
todas as pessoas, o Mestre conta esta famosa parábola do bom samaritano (Lc
10.25-37).
1.2
- Personagens principais. Nesta parábola alguns personagens são mencionados
especificamente. Vejamos:
1.2.1
- Um homem que descia de Jerusalém para Jericó (Lc 10.30). Jericó estava
situada a cerca de vinte e sete quilômetros a noroeste de Jerusalém, estando a
cerca de mil metros abaixo desta cidade, de modo que em uma viagem como a deste
homem seria necessário enfrentar uma descida bastante íngreme. Era um caminho
que corria entre desfiladeiros rochosos com curvas imprevistas que o faziam um
lugar ideal para os salteadores (BARCLAY, sd, p.120 – acréscimo nosso). Sobre o
homem ferido não se tem qualquer informação, além dos acontecimentos de sua
jornada. Seu nome não é informado, nem mesmo a sua raça é declarada: “[…]
descia um certo homem de Jerusalém para Jericó” (Lc 10.30-a). No entanto, a
implicação da história é que ele era judeu, visto que, grande parte da essência
e da força da história dependem deste fato. Embora tenha uma atenção especial
no texto, ele não é a figura central, de modo que ele faz simplesmente o papel
do próximo.
1.2.2
- Um sacerdote (Lc 10.31). Um grande número de sacerdotes viviam em Jericó e
subiam até Jerusalém quando chegava o seu período de servir no Templo. Este
sacerdote, em particular, poderia vir, do Templo ao término do seu período de
uma semana de serviços. Sendo assim, ele provavelmente passou para o outro lado
da estrada para evitar a profanação cerimonial, o que interferiria em suas
funções sacerdotais por algum tempo (Nm 19.11; Lv 21.1). De qualquer forma,
alguma outra coisa era mais importante para ele do que a vida de um homem mesmo
a vida de um semelhante judeu: “[…] descia pelo mesmo caminho certo sacerdote;
e, vendo-o, passou de largo” (BEACON, 2006, p. 414).
1.2.3
- Um levita (Lc 10.32). Os levitas ajudavam os sacerdotes executando os
serviços necessários no Templo (Nm 1.47-54). Qualquer que fosse o motivo que
levou a ambos, o sacerdote e o levita, a passarem pelo seu semelhante judeu sem
ajudá-lo, a ênfase é a mesma: o que importa é o que lhes faltou, e não o motivo
pelo qual não agiram. Eles estavam quase (se não inteiramente) desprovidos de
amor pelo seu próximo: “E, de igual modo, também um levita, chegando àquele
lugar e vendo-o, passou de largo”.
1.2.4
- Um samaritano (Lc 10.33). Os samaritanos eram descendentes de casamentos
mistos de judeus nos dias do cativeiro; eles inventaram sua própria adoração,
uma forma mista de judaísmo e paganismo (2Rs 17.22-31; Ed 4.1,2), com um templo
próprio no monte Gerizim (Jo 4.20-23); eram considerados impuros pelos judeus
(2Rs 17.29; Mt 10.5; Jo 4.9). Por isso, os samaritanos eram odiados pelos
judeus e, evidentemente, a maioria dos samaritanos tinha um sentimento similar
pelos judeus (Jo 4.9; 8.48). O importante é que um homem que não tinha nenhuma
razão especial para ajudar este judeu e quase toda a motivação racial para não
ajudá-lo, foi movido de compaixão por um ser humano que estava sofrendo. Embora
esse ser humano pertencesse a uma raça odiada, ele parou e o ajudou, fazendo
por ele o máximo que podia. É muito importante destacarmos os verbos que
aparecem na atitude do samaritano mostrando seu grande amor pelo próximo:
“chegou, viu, moveu, aproximou, atou, aplicou, pôs, levou, cuidou, deu, pagou”
(Lc 10.33-35). Um caso interessante sobre os samaritanos é o relato dos 10
leprosos curados quando apenas um voltou reconhecendo a graça de Deus, e este,
era um samaritano (Lc 17.11-19).
1.3 - Propósito da parábola. Nenhum outro
segmento dos ensinos de Jesus sofre tanto nas mãos de alguns intérpretes como
as parábolas. Muitos abordam essa passagem usando o método alegórico, esse,
entretanto, não é o método correto de se interpretar uma parábola. O texto
mostra nitidamente que ao escriba que queria pegar Jesus em contradição com as
minúcias da Lei, é surpreendido pela responsabilidade da graça: “[…] amarás ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. […]
respondeste bem; faze isso, e viverás” (Lc 10.27,28). O doutor da Lei queria
manter a discussão em nível teórico e filosófico, mas o Senhor o conduz ao campo
prático do amor e da ação em benefício do próximo: “Disse, pois, Jesus: Vai, e
faze da mesma maneira” (Lc 10.37). A parábola do bom samaritano destaca a
verdade de que compaixão e cuidado são intrínsecas à fé salvadora e à
obediência a Cristo. Amar a Deus deve ser também amar ao próximo: “Mas um
samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o, moveuse de íntima
compaixão” (Lc 10.33).
II
– CARACTERÍSTICAS DO AMOR VERDADEIRO ILUSTRADO NO BOM SAMARITANO
2.1
- Altruísta. Segundo o dicionário (2001, p. 171) a palavra altruísta, quer
dizer: “sentimento de quem põe o interesse alheio acima do próprio”, ou seja,
uma pessoa altruísta está mais preocupada com o interesse do próximo do que com
o seu. O samaritano colocou sua agenda pessoal em segundo plano para servir.
Ele “[…] ia de viagem […]” (Lc 10.33), tudo ficou para trás: viagem, negócios,
perigo de assaltantes, para salvar aquele homem agonizante. Notemos até que
ponto o samaritano ajudou o judeu:
(a)
Ele lhe prestou um imediato socorro emergencial;
(b)
Ele o levou para uma hospedaria, onde o homem poderia receber os cuidados
necessários enquanto convalescia;
(c)
Ele pagou a conta antecipadamente; e
(d)
Ofereceu mais assistência caso fosse necessária.
Ele
não negligenciou nenhum tipo de ajuda que pudesse prestar. Assim sendo,
altruísmo é acima de tudo, uma demonstração de amor, pois, o amor não busca os
seus interesses (1Co 13.5; Fp 2.4).
2.2
- Empático. Um sentimento que fica evidenciado no samaritano é a empatia, ou
seja, “a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar
da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias” (Lc 6.31).
Sobre ele nos é dito: “[…] vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lc 10.33). O
samaritano nem procurou saber quem era o necessitado a sua frente, sua religião
ou mesmo a sua nação; agiu como que o que se passava fosse com ele mesmo ou um
dos seus. Quando temos este amor de Deus servimos bem a todos, servimos bem à
obra do Senhor, sem interesse em qualquer recompensa (Mt 7.12 ver ainda Lv
19.18; Mt 22.40; Rm 13.8,10). A ajuda deve ser prática, e não deve consistir
simplesmente em sentir pena da pessoa (Tg 2.14-17). É provável que o sacerdote
e o levita sentiram algum tipo de dó pelo ferido, mas não fizeram nada. A
compaixão, para ser verdadeira, deve gerar atos (Tg 2.26; 1Jo 3.17,18).
2.3
- Imparcial. Quando o doutor da Lei perguntou a Jesus: “quem é o meu próximo”
(Lc 10.29), Jesus contou-lhe então a parábola do bom samaritano, demonstrando
que o verdadeiro amor não faz acepção de pessoas (Tg 2.1,8,9); pois, o homem
que havia sido assaltado e espancado não foi ajudado pelo sacerdote e nem pelo
levita, mas, foi socorrido por um samaritano, que não olhou para sua
nacionalidade (Lc 10.25-37). Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos são os dois maiores mandamentos na Lei (Mt 22.34-40; Mc
12.28-34; Lc 10.25-27). A acepção de pessoas é uma atitude contrária à lei do
amor (At 10.4; Rm 2.11; Ef 6.9; Tg 2.9), por isso, devemos amar a todos (Gl
6.10; 1Ts 3.12), inclusive nossos inimigos (Mt 5.44; Lc 6.27,35). “O amor não
faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10).
Qualquer pessoa que está em necessidade é nosso próximo, nossa ajuda deve ser
tão ampla como o amor de Deus (Jo 3.16).
III
– EXORTAÇÕES BÍBLICAS SOBRE O AMOR AO PRÓXIMO
3.1
- Uma evidência do novo nascimento. João deixa bem claro que é impossível dizer
que conhecemos a Deus, ou seja, que nascemos de novo, se não amarmos ao
próximo. Ele diz: “Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do
diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de
Deus. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem
não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1Jo
3.10; 4.20). É pelo amor ao próximo que demonstramos que somos nascidos de
Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer
que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4.7). Em outras palavras, o
apóstolo está afirmando que, se não amamos, é porque não conhecemos a Deus, ou
seja, não somos nascidos dEle (Por mais que entendamos que uma pessoa não
regenerada também possa amar seu próximo, pois mesmo depois da Queda, ainda
existe, mesmo que manchada, a imagem de Deus nela). Que esta lição sirva de
motivação e estímulo para amarmos a Deus e ao próximo.
3.2
- Um mandamento. Amar ao próximo é o segundo mandamento na Lei (Mt 22.35-40). E
o apóstolo João reitera este mandamento, quando diz: “E o seu mandamento é
este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos
outros, segundo o seu mandamento” (1Jo 3.23). Em outra ocasião um doutor da Lei
perguntou a Jesus: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus
disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes
dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.35-40). Portanto,
amar não é apenas uma opção, e sim, um mandamento.
3.3
- Caracteriza o autêntico cristão. O amor deve ser a marca distintiva dos
seguidores de Cristo. Por isso, como cristãos, nossa responsabilidade não é
apenas ensinar ou pregar sobre o amor, mas, acima de tudo, praticar o amor no
nosso dia a dia. Jesus disse: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos,
se vos amardes uns aos outros”. (Jo 13.35). Quem afirma ser cristão, mas tem o
coração insensível diante do sofrimento e da necessidade dos outros, demonstra
cabalmente que não tem em si a vida eterna (Mt 25.41-46; 1Jo 3.16-20).
CONCLUSÃO
Que
cada cristão seja um “bom samaritano” no sentido bíblico; que cada servo de
Deus seja uma bênção para seu próximo. O amor ao próximo da parte de Deus
abrange todos os homens, sem qualquer distinção de raça, língua e
nacionalidade. Neste particular mais uma vez Jesus é o nosso modelo (Jo 13.15).
REFERÊNCIAS
BARCLAY,
William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
HOWARD, R.E,
et al. Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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