Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 02 – DEUS, O PRIMEIRO EVANGELISTA (Gn 12.1-8) – 3º Trimestre de 2016
INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos que o Deus
verdadeiro se auto revela de forma dúplice: natural e sobrenatural. A revelação
natural se dá através da criação, da consciência e da história. Já a revelação
sobrenatural se deu através da Bíblia – a Palavra escrita e de Jesus – a
Palavra viva. O registro sagrado nos mostra que antes mesmo da Queda do homem,
Deus, na sua presciência já havia criado um meio pelo qual o redimiria. Em seguida,
no Éden, Ele fez a primeira proclamação profética evangelística anunciando a
Vinda do Redentor. Na ocasião em que se auto revelou a Abraão, proclamou-lhe o
evangelho, preanunciando que através da sua semente abençoaria todas as
famílias da terra. Esta profecia cumpriu-se quando da descendência abraâmica
suscitou Jesus, o Messias, o Salvador dos Judeus e dos gentios.
I – A AUTO REVELAÇÃO
DIVINA
Deus transmite o conhecimento de Si
próprio ao homem, ou seja, Ele se auto revela (Rm 1.20; 1 Cor 2.10). O homem só
pode conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se faz conhecido. Deus é,
antes de tudo, o sujeito que transmite conhecimento ao homem, e só pode
tornar-se objeto de estudo do homem na medida em que este assimila e reflete o
conhecimento a ele transmitido na revelação. Sem a revelação, o homem nunca
seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. A revelação divina se dá
pelo menos de duas formas:
1.1 – De forma natural. O método de revelação é natural
quando esta é comunicada por meio da natureza, isto é, por meio da criação
visível com suas leis e poderes ordinários. A revelação geral está arraigada na
criação, é dirigida ao homem na qualidade de homem, e mais particularmente à
razão humana, e acha seu propósito na concretização do fim da sua criação,
conhecer a Deus e assim desfrutar comunhão com Ele (Sl 19; At 14.17; Rm
1.19,20; 2.14,15; I Cor 2.10; Gn 6.1-17; 11.1-8; Dn 2,20,21).
1.1.1 – Na criação. A existência do universo e do homem
não pode ser obra do acaso e provam claramente a evidência de um criador,
dotado de inteligência e sabedoria. A própria natureza revela Deus (Sl 19; At
14.17; Rm 1.19,20).
1.1.2 – Na consciência. O homem dispõe de natureza moral,
isto é, sua vida é regulada por preceitos do bem e do mal. Ele é capaz de
discernir entre o certo e o errado e Deus se revela na consciência aprovando ou
reprovando seus atos. Quem criou, então, esses conceitos do bem e do mal? Deus,
o Justo Legislador (Rm 2.14,15). Podemos, portanto, concluir que o próprio
criador, que também é Legislador, idealizou uma norma de conduta para o homem e
deu-lhe condições de compreender esse padrão.
1.1.3 – Na história. A história da humanidade, o
surgimento e o declínio de povos e nações, o estabelecimento e a remoção dos
reis e dos imperadores, demonstram claramente a revelação de um Rei Soberano,
que governa o homem e o universo (Gn 6.1-17; 11.1-8; Dn 2.20,21).
1.2 - De forma
sobrenatural. O
método de revelação é sobrenatural quando é comunicada ao homem de maneira mais
elevada, sobrenatural, como quando Deus fala, quer diretamente, quer por
intermédio de mensageiros sobrenaturalmente dotados (Jr 1.4-8; Jz 6.12). A
revelação especial está arraigada no plano de redenção de Deus, é dirigida ao
homem na qualidade de pecador, pode ser adequadamente compreendida e assimilada
pela fé, e serve ao propósito de assegurar o fim para o qual o homem foi criado
a despeito de toda perturbação produzida pelo pecado. Em vista do plano eterno
de revelação, deve-se dizer que esta revelação especial não apareceu como um
pensamento posterior, mas estava na mente de Deus desde o princípio (Ap 13.8).
1.2.1 – Pela Palavra
escrita: a Bíblia. A
Bíblia é a revelação escrita de Deus ao homem, pois, através dela Deus se faz
conhecido (Jo 3.16). O conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras,
é posto à disposição da humanidade (Dt 8.3; Is 55.11; II Tm 3.16; Hb 4.12). Por
ela, conhecemos seus atributos comunicáveis e incomunicáveis, dentre outras
coisas (Sl 139.1-10; I Jo 4.8). Segundo o autor Antônio Gilberto (2004, p. 06),
“pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo.
Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem,
bem como do nosso modo de pensar.”
1.2.2 – Pela Palavra
viva: Jesus. A mais
completa forma de revelação especial de Deus encontra-se na encarnação de Jesus
Cristo. A encarnação significa que Deus veio plena e pessoalmente a esfera
humana, tornando-se acessível dos homens (Is 7.14; Jo 1.14). Jesus não era um
mero mensageiro trazendo uma mensagem sobre Deus. Ele era o próprio Deus em
forma humana. Na encarnação, Ele acrescentou a humanidade à sua divindade, sem
deixar de ser Deus (Fp 2.5-9). A Bíblia mostra que Jesus Cristo é:
a) a maior revelação de Deus (Hb 1.1);
b) a expressa imagem de Deus (Hb 1.3; Cl
1.15; e
c) nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade (Cl 1.19).
II – REVELAÇÃO DIVINA A
ABRAÃO
Abraão é um dos personagens mais
marcantes da história Bíblica. Era nativo da Caldeia. Por meio de Éber, estava
na nona geração depois de Sem, filho de Noé. Seu pai foi Terá que teve dois
outros filhos, Naor e Harã (Gn 11.11-32). Ele foi chamado por Deus para ser o
pai dos Judeus (Gn 12.1,2), povo de onde viria o Messias (Gn 12.3; Mt 1.1). A
revelação divina ao patriarca se deu de forma dúplice, em palavra e ato, como
veremos abaixo:
2.1
– Deus falou com Abraão (Gn 12.1). A
primeira forma da revelação divina a Abraão se deu de forma audível, como nos
mostra a Escritura: “Ora, o SENHOR disse
a Abraão [...]”. Deus é um ser que se comunica com o homem (Gn 1.29; 3.3;
6.13; 12.1-3; Êx 3.14). A expressão comunicar segundo o Aurélio significa:
“transmitir informação, dar conhecimento de, fazer saber” (FERREIRA, 2008, P.
513). Deus comunicou o que faria a Abraão e através dele. O Senhor prometeu-lhe
uma terra, uma grande nação através dos seus descendentes, e uma benção tal que
alcançaria todas as nações da terra (Gn 12.2,3).
2.2 – Deus apareceu a
Abraão (Gn 12.7). A
segunda forma da revelação divina a Abraão se deu de forma visível: “E apareceu o Senhor a Abrão [...]”.
Confira também (Gn 17.1; 18.1). Houve uma aparição, o que os teólogos chamam de
Teofania, que é a “manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos
sentidos humanos” (CABRAL, 2006, p. 339). Segundo Merril (2009, p. 89), no
chamado de Abraão pode-se ver algum indício da revelação por meio de visões e
sonhos. O Senhor, após ordenar que Abraão deixasse Ur e, depois Harã por uma
terra que mostraria a ele, apareceu para Abraão pela primeira vez em Siquém (Gn
12.7). A raiz “niphal” do verbo usado aqui “rã’ãh” sugere ao pé da letra que
Deus e fez visível. Não é declarado como ele é visto e, talvez, por visto
queira apenas se dizer que ele falou como em tempos anteriores. No entanto,
contra essa possibilidade está a ocorrência da mesma forma verbal em Gênesis
18.1, passagem na qual o Senhor aparece de forma tangível na pessoa do anjo do
Senhor que, na verdade, é igualado ao Senhor mesmo (Gn 18.10,13,17,20).
III – COMO DEUS SE
REVELA ATRAVÉS DE ABRAÃO
A importância do personagem
histórico Abraão, se dá pelo fato de que é com ele que se inicia o grande
projeto divino. O estudo da vida de Abraão reflete a história da existência da
igreja, porque todos os fatos relacionados com o patriarca e seu povo revelam
as nossas origens (Gl 3.6,7). O chamado de Abraão é o acontecimento mais
importante do AT. Aqui tem início a obra da redenção, pensada e profetizada
pelo próprio Deus (Ap 13.8; Gn 3.15).
3.1
– Deus revela-se como único e verdadeiro Deus (Gn 12.1). Deus chamou Abraão do politeísmo
(adoração a vários deuses) para o monoteísmo (adoração a um único Deus). Ur do
Caldeus, terra onde Abraão nasceu, foi uma das cidades-estados mais ricas já
desenterradas das culturas mais antigas do vale da Mesopotâmia. O deus-lua
Nanar era adorado ali, e um dos mais famosos reis de Ur foi Ur-Namu. Josué 24.2
declara que a família de Terá adorava ídolos” (BEACON, 2006, p. 57 – acréscimo
nosso). Portanto, Abraão não conhecia o verdadeiro Deus e não havia feito nada
para merecer conhecê-lo, mas, em sua graça, Deus o chamou.
3.2 – Deus revela-se
como aquele com o qual nos relacionamos pela fé (Hb 11.8-12). O relacionamento do patriarca Abraão
com Deus se deu pela fé. O apóstolo Paulo diz que ele é: “[...] pai de todos os que creem [...]” (Rm 4.11). Portanto, aqueles
que mantêm sua fé em Cristo, o descendente de Abraão (Gl 3.16), tornam-se
filhos de Abraão (Gl 3.6-9), assim como a multidão dos salvos pela fé tem
Abraão como seu pai (Rm 4.17-18).
3.3 – Deus revela-se
como o Deus que não faz acepção de pessoas (Gn 12.2). A promessa feita a Abraão estende-se
a judeus e gentios. Esta promessa não se estende apenas aos descendentes
naturais de Abraão, representados pelo “pó
da terra” (Gn 22.17b), mas também aos descendentes espirituais
representados pelas “estrelas do céu” (Gn
15.5).
3.4 – Deus revela-se
como aquele que justifica o homem pela fé (Gn 15.6). A justificação aparece pela primeira
vez na Bíblia num episódio com Abraão, quando ele acreditou nas promessas que
Deus lhe fez e sua fé foi-lhe imputada como justiça. Se apenas o cumprimento
pessoal da lei fosse necessário para a justificação do ser humano perante Deus,
ninguém seria salvo. No entanto, aqueles que creem no Senhor são justificados
pela fé em Cristo, que foi o sacrifício perfeito oferecido a Deus pelo perdão
dos pecados e resgate da humanidade. Esse sacrifício trouxe justificação e
satisfez as justas exigências de Deus. Assim, para aquele que confia em Cristo,
a fé lhe é imputada como justiça (Rm 3.23; 4.12; Gl 3.6).
CONCLUSÃO
Deus é o Deus que se auto revela.
Sua revelação foi progressiva e teve o seu ponto culminante em Cristo Jesus.
Ele veio da semente da mulher, e da descendência de Abraão, foi manifestado
para redimir a todos os homens independente de sua nacionalidade.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD
CABRAL,
Elianai. Abraão: as experiências de nosso pai na fé. CPAD
HOWARD, R.E, et
al. Comentário Bíblico
Beacon. Vol. 01. CPAD
MERRIL,
Eugene H. Teologia do Antigo Testamento. SHEED
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
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