Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
06 – A MORDOMIA DA ADORAÇÃO - (Jo 4.19-26)
3º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a definição do termo adoração e seu conceito bíblico; pontuaremos
o que é adoração segundo a Bíblia; veremos alguns elementos da verdadeira
adoração; e por fim, elencaremos as características da genuína adoração.
I – DEFINIÇÃO DE
ADORAÇÃO
1.1 - Definição do termo. A palavra
portuguesa “adoração, adorar” é derivada do latim: “adoratione, adorare” que
significa:“ato de adorar, reverenciar com muito respeito, render culto,
reconhecimento outorgado ou devido a alguém, prestar homenagem ou respeito”
(TENNEY, pp. 101,102). Uma das palavras usadas no AT relacionada a adoração, é
o termo hebraico “shahâ” traduzido por: “prostrar-se, curvar-se ou
inclinar-se”, refere-se ao ato de um indivíduo inclinar-se diante de uma
autoridade (Gn 18.2,7; 19.1; 37.5,7,8; Êx 34.8; Rt 2.10; 1Sm 24.8), nesses
casos, o ato de inclinar-se é um sinal de respeito e honra e não adoração no
sentido de culto. Quando “shahâ” se refere à adoração que é oferecida a Deus,
pode indicar um ato individual ou coletivo (Gn 22.5; Jó 1.20; Sl 29.2), e sua
tradução literal seria: “beijar a mão ou o chão diante de”. O fato de que esta
palavra ocorre mais de 170 vezes na no AT mostra sua importância (VINE, 2002.
p. 31). Essa palavra também quer dizer: “veneração elevada que se presta a
Deus, reconhecendo-lhe a soberania sobre o universo” (ANDRADE, 2006, p. 33).
1.2 - Conceito bíblico. Adoração em seu
sentido bíblico é a expressão máxima de obediência e reverência ao Senhor. É o
ato de reverenciar e obedecer a Deus (VINE, 2002, p. 31). O verbo grego
empregado no NT é “proskyneo” e significa: “homenagear e reverenciar”. É o
reconhecimento direto a Deus, da sua natureza, atributos, caminhos e
reivindicações, quer pela saída do coração em louvores e ações de graças, quer
por ações feitas em tal reconhecimento (VINE, 2002, p. 375). No mundo
religioso, o termo adoração, é usado para a “devoção reverente, serviço ou
honra prestada a Deus, quer pública quer individual” (Gn 24.26; 2Sm 12.20; Sl
66.4) (DYRNESS, apud JONES, pp. 269,270). A rigor, segundo as Escrituras, o
adorador não é, necessariamente, um músico ou cantor, mas um servo do Senhor, que
reconhece, ao mesmo tempo, a sua própria pequenez e a grandeza do Todo-poderoso
(Jn 1.9; At 16.14).
II – O QUE É ADORAÇÃO
SEGUNDO A BÍBLIA
2.1 - Adorar é um ato de
rendição a Deus. Nas línguas bíblicas, o sentido do termo adoração é
“chegar-se a Deus de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de
glorificá-lo”. Adorar é um ato de total rendição, gratidão e exaltação jubilosa
a Deus (Sl 95.6; 2Cr 29.30; Mt 2.11). É o Espírito Santo que habilita o crente
a adorar com profundidade e temor a Deus (Jo 4.23,24; Ef 5.18,19; 1Co 14.15; At
10.46; Fp 3.3).
2.2 - Adorar é um ato de
serviço a Deus. O servir a Deus tem relação direta com o adorá-lo (Mt
4.10; Ap 2.19). O serviço que fazemos para Deus por amor e gratidão é uma forma
de adoração. Em 2 Coríntios 9.12, a palavra adoração é traduzida por “serviço”.
A oferta apresentada como gratidão a Deus, para o sustento de sua obra, é um
ato de adoração (2Co 9.7-12). O termo também é empregado em Filipenses 2.17,30,
descrevendo o “serviço da fé”, isto é, o esforço pessoal empreendido pelo servo
de Cristo a favor de sua obra. Portanto, essa palavra tem uma relação direta
com o culto que fazemos a Deus, seja no serviço da adoração, contribuição
financeira ou realização da obra do Senhor (Mt 4.10; Jo 16.2; Hb 9.9; Ap 2.19).
2.3 - Adorar é um ato de
reverência a Deus. Deus é infinitamente sublime em majestade, poder,
santidade, bondade, amor e glória. Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com
toda reverência, fervor, zelo, sinceridade e dedicação (Hb 12.28,29). Portanto,
adoração e reverência são elementos inseparáveis em nosso culto a Deus. Adorar
é também exaltar e reconhecer que Deus é o Senhor, Criador de todas as coisas
(Sl 95.3-6). O apóstolo Paulo nos ensinou a louvarmos com cânticos espirituais
(Cl 3.16).Louvar a Deus com uma vida que não esteja em acordo com a sua Palavra
é o mesmo que oferecer fogo estranho ao Senhor.
2.4 - Adorar é um ato de
experiência interior. E sendo Deus infinito, há muitas maneiras de adorá-lo (Sl
95.6,7). A adoração a Deus, no qual vivemos, nos movemos e existimos, é, acima
de tudo, uma atitude interior do ser humano, imagem e semelhança do Criador (At
17.28). Faz parte da estrutura espiritual de quem crê, teme, ama e serve ao
Eterno, a necessidade interior de adorá-lo (Ef 1.6,12,14). A experiência pessoal
na adoração é algo que flui do coração grato (Ne 12.43).
III - ELEMENTOS DA
ADORAÇÃO
3.1 - A oração é um
elemento da adoração. A oração é um princípio de adoração e comunhão constante
com o Senhor que necessitamos para sermos vitoriosos e mantermos seguros que
Ele nos escuta sempre (Sl 3.4; 30.8; 120.1; Jn 2.2; Mt 6.6; 1Jo 5.14). O crente
deve estar confiante que Deus se importa com ele e sente profundamente as suas
aflições (Sl 34.18; Is 57.15). A Bíblia nos exorta a adorarmos a Deus
apresentando nossas queixas e ansiedades através da oração a fim de repousarmos
nEle (Sl 4.1; 18.6; Fp 4.6; 1Pd 5.7).
3.2 - O louvor é um
elemento da adoração. O verbo louvar deriva-se de “laudare” em latim, que é uma
declinação do verbo “laudo”. Segundo o dicionário, laudo é um parecer ou
documento descrevendo uma decisão. Quando louvamos alguém estamos dando um
parecer de que aquele alguém merece ser elogiado. Nosso Criador espera que
reconheçamos a grandeza dos seus feitos e entreguemos a Ele o nosso laudo de
louvor (Êx 15.11; Lv 22.29). No Evangelho de Lucas encontramos importantes
cânticos como: a) O cântico de Maria “magnificat” (Lc 1.46-55); b) O cântico de
Zacaria “benedictus” (Lc 1.68-79); c) O cântico dos anjos “Glória in excelsis
Deo” (Lc 2.13,14); e, d) O cântico de Simeão “nunc dimittis” (Lc 2.29-32). O
louvor é a expressão, a verbalização, a exteriorização, do que pensamos e
sentimos acerca do Senhor (Sl 108.1). O louvor não se limita ao cântico, mas
abarca tudo o que há em nós (Sl 103.1,2; 149.1) (WIERSBE 2010, pp. 226-227).
3.3 - A confissão de
pecados é um elemento da adoração. A Igreja tem um papel relevante no
que diz respeito à obra redentora de Jesus. A Igreja não salva, mas é através
dela que a salvação é difundida e recebida através da confissão de pecados e
arrependimento sincero. O crente, que foi salvo da condenação do pecado, deve
aqui viver em santidade prática, liberto do poder do pecado, e vencedor por
Cristo, mediante a fé (Hb 11.17-39).
3.4 - A pregação da
Palavra é um elemento da adoração. Em toda a Bíblia e principalmente no
livro dos Salmos encontramos belos hinos de adoração a Deus (Êx 15.1-19; Is
6.3; 12.1-6; Sl 23; 91; 139; Rm 11.33-36; Fp 2.6-11; 1Tm 3.16; Ap 4.8; 5.9,10).
Na
adoração e ministração da Palavra de Deus, a ignomínia do pecado é revelada e a
necessidade de salvação é demonstrada (Sl 51.10-12,17; 32.5-7). O homem sob o
poder do pecado não é capaz de avaliar o perigo eterno que aguarda aquele que é
escravo do pecado. Mas, uma vez remido e salvo do pecado, o crente deseja
adorar ao Senhor que o salvou (Sl 32.1,2; 34.15-22).
IV – CARACTERÍSTICAS DA
VERDADEIRA ADORAÇÃO
4.1 - A verdadeira
adoração é teocêntrica. O verdadeiro louvor não pode ser antropocêntrico (homem no
centro), mas teocêntrico (Deus no centro). Como a Bíblia nos ensina a verdadeira
adoração é teocêntrica (2Cr 20.3,4,18,19,21; Mt 4.10), pois ela prioriza Deus e
não as nossas necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25). De acordo com o AT, a
adoração tem uma característica marcante que é a prostração reverente diante do
Senhor (Gn 24.26; Êx 12.27; 34.8,9; 2Cr 20.18; 29.29; Ne 8.6; Jó 1.20: Sl
95.6).
4.2 - A verdadeira
adoração é cristocêntrica. A adoração ao Pai está centrada na pessoa bendita de Jesus
Cristo. Nesse sentido, não é o ritualismo ou o simbolismo que pauta a adoração,
mas a pessoa de Jesus. Ele é o centro. Ele é o tudo. Ele é o nosso Salvador. O
louvor para o cristão só terá um verdadeiro sentido se este for endereçado a
Cristo, não existe outro que tenha esta preeminência. O louvor cristocêntrico é
aquele que reconhece em Cristo Jesus o centro da adoração. O Senhor Jesus
revelou ao apóstolo João que o conteúdo da adoração deve ser cristocêntrico (Ap
4.8,11; 5.9,12-14; 7.12; 19.1). Em Filipenses 3.17 o apóstolo “Paulo trata
agora de motivações; seja em ação, seja por palavras, tudo precisa ser feito em
nome de Cristo, com atitude”. Quando Cristo é o centro de nossa adoração o
louvor é utilizado para expressar exatamente isto. A Igreja primitiva aprendeu
logo cedo a exaltá-lo, e usar o momento de louvor no culto para evidenciar a soberania
de Cristo (BRUCE, 2010, p.2026).
4.3 - A verdadeira
adoração é ultracircunstancial. A verdadeira adoração vem do coração, não é só um ato
exterior. A adoração ao Senhor deve brotar de um coração pronto e agradecido
(Sl 57.7) que não adora apenas nos momentos de abundância e felicidade, mas
também nas horas de escassez e tristeza (At 16.25; Fp. 4.12,13; Hb 3.17). A
adoração genuína é ultracircunstancial (2Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja,
não se limita às circunstâncias favoráveis. A adoração ultracircunstancial é um
estado de consciência onde se reconhece simultaneamente a grandiosidade de Deus
e a efemeridade da condição humana (Jo 4.23). É a busca insaciável por mais da
pessoa de Deus, sem nenhum interesse alheio a esse fim. Não é fácil esquecer-se
das lutas e dificuldades que enfrentamos no nosso dia a dia, em que muitas
delas são embates tenebrosos contra o inimigo. Porém, crente que confia e
obedece ao Senhor aproveita estes momentos difíceis para adorar ao Senhor em
gratidão pelos grandes livramentos alcançados (Sl 18.3).
4.4 - A verdadeira
adoração é desinteressada. A verdadeira adoração deve partir do nosso desejo de fazer
tudo para que Deus seja glorificado (Sl 103.1-2). Uma das verdades mais
impressionantes que encontramos na Bíblia é que Deus procura os verdadeiros
adoradores (Jo 4.23), pois, existem aqueles que o adoram desinteressadamente,
na maioria das vezes estão em busca de algo de Deus e não em busca da presença
de Deus. Muitos cantam, mas não louvam nem adoram ao Senhor (Am 5.23; Is 29.13).
Adoração não deve ser mecanizada, ela deve ser do mais íntimo do coração.
Adoração que não é sincera não é adoração. só ritual sem valor (Jo 4.23). A
adoração se inicia no coração. É o amor a Deus expressado em louvor e
agradecimento. Adoração não é um sentimento sem expressão ou uma formalidade
vazia (Is 29.13; Mc 7.6,7).
CONCLUSÃO
Na
mordomia da adoração, precisamos saber que Deus não vê apenas o gesto exterior
como expressão de louvor, mas também a motivação do coração (1Sm 16.7). Com
base no Antigo e no Novo Testamento, a adoração é a veneração elevada que se
presta ao Deus único e Criador.
REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia,
Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS. 2002.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. RJ: CPAD. 1997.
· JONES, Landon. O Deus de Israel. Na
teologia do Antigo Testamento. SP: HAGNOS. 2018.
·
VINE, W. E.; UNGER, Merril F.; WHITE JR., William. Dicionário Vine. RJ:
CPAD, 2007.
· JEREMIAH, D. O desejo do meu coração. RJ:
CPAD, 2006.
· WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo. vol. 5. SP: GEOGRÁFICA, 2010.
· BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI. SP:
VIDA, 2010.
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