segunda-feira, 29 de julho de 2019

LIÇÃO 05 – A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL - (At 9.31; 1 Co 1.1,2; Hb 10.24,25) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 05 – A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL - 
(At 9.31; 1 Co 1.1,2; Hb 10.24,25)
3º TRIMESTRE DE 2019


INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra Igreja; pontuaremos a diferença entre a igreja invisível e a visível; falaremos sobre a sua mordomia e as suas ordenanças; analisaremos a sua tríplice missão; e por fim, estudaremos sobre o modelo bíblico da mordomia da igreja.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA IGREJA
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017, p. 120) define que: “A palavra ‘igreja’ significa, literalmente, ‘chamados para fora’ e era usada para designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’ dos cidadãos de uma localidade na antiguidade grega”. O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo prefixo “ek”, “a partir de, dentro de” ou “para fora de”; e, “klesis”, que significa: “chamada, convocação, convite”. Literalmente quer dizer “chamados para fora”. O termo ainda é usado para designar um “grupo local de cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a Igreja universal à qual todos os servos de Cristo em todos os tempos estão ligados (At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). Podemos dizer que a Igreja do Senhor Jesus foi fundada durante o seu ministério (Mt 16.18), e inaugurada no dia de Pentecostes (At 2) (BERGSTÉN, 2005, p. 214).

II - DIFERENÇAS ENTRE IGREJA UNIVERSAL E IGREJA LOCAL
A Igreja é um organismo vivo invencível (Mt 16.18), santo, dinâmico e ligado à cabeça que é Cristo (Ef 1.22, 23). A igreja, portanto, vive em duas dimensões: espiritual e social. Na dimensão espiritual, a igreja é universal (invisível), um organismo vivo, o corpo místico de Cristo; mas na esfera social, ela é local (visível), uma organização, um ajuntamento de pessoas ligadas a um sistema de crenças. Vejamos a diferença entre elas:

2.1 - Igreja universal ou invisível. A igreja universal ou invisível consiste de todos os discípulos de Cristo em todo o mundo e em todos os tempos. Somente Deus pode contar e identificar precisamente seus “primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12.23).
Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa estar. Jesus falou da igreja deste modo: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja […]” (Mt 16.18; 1Co 3.11). Paulo falou da igreja, neste mesmo sentido universal, quando escreveu: “[…] Cristo é o cabeça da Igreja […]” (Ef 5.23). A Igreja invisível não é um edifício construído com blocos e cimento, mas, um edifício construído com pedras vivas (1Pd 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas de santos e membros da família de Deus (Ef 2.19-22).
A Bíblia a descreve como um corpo (Rm 12.4-5; 1Co 12.12-27; Cl 1.18,24; Ef 5.23).

2.2 - Igreja local ou visível. Uma igreja local consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (At 2.41; 4.4; 8.1; 9.31; Rm 16.1,14,15; 1Co 16.19; Cl 4.15). Frequentemente, a palavra igreja é usada para descrever uma congregação local ou assembleia de santos em um determinado lugar geográfico: “[…] à igreja de Deus que está em Corinto […]” (1Co 1.2); “E, se ele não os atender, dize-o à igreja [...]” (Mt 18.17); “[…] saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16.5). A igreja pertence ao Senhor, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (At 20.28; 1Co 1.2; 10.32; Gl 1.13; 1Tm 3.5,15). Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja (At 20.28). Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16.16) e Jesus falou de sua “própria igreja” (Mt 16.18).

III – A MORDOMIA DA IGREJA E SUAS ORDENANÇAS
Jesus deixou claro que seus discípulos deveriam dentro de sua mordomia batizar os crentes e celebrar a Ceia do Senhor (Mt 28.19; 26.29). Estas duas ordenanças da Igreja: (batismo e ceia) só podem ser exercidas biblicamente em comunidades (congregações) organizadas como ensina a Bíblia Sagrada. Vejamos:

3.1 - O batismo em águas como uma mordomia da igreja (Mt 28.19; Mc 16.16). Os discípulos saíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordem recebida (Mc 16.20; At 2.41; 8.12; 10.47). A igreja batizava as pessoas que se arrependiam (At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (At 2.41; 8.12), os que criam em Jesus (Mc 16.16; At 8.12,37; 18.8: 16.33,34), e as pessoas que já eram discípulos (At 19.1-6). Observamos, assim, que não existe na Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas (BERGSTÉN, 2016, p. 242). Os candidatos eram imersos totalmente nas águas (At 8.38; Mt 3.16; Jo 3.23). O batismo era sempre ministrado após a experiência da salvação, nunca antes. Ninguém era batizado para ser salvo mas porque já era salvo (Mt 5.18,19). O batismo bíblico é: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Assim, torna-se impossível afirmar, pelo que se lê em Atos 2.38; 8.16; 10.48 e 19.5, que os apóstolos batizavam apenas em nome de Jesus. Essas passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por Jesus (BERGSTÉN, 2016, p. 243).

3.2 - A santa ceia como uma mordomia da igreja (Mt 26.26,28; Mc 14.22; Lc 22.19; 1Co 10.16,17; 11.24-26). Podemos dizer que a ceia é: a) um memorial: Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico: “fazei isto em memória de mim” (1Co 11.25); b) um ritual de aliança: Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue (Gn 14.18); por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a “aliança no seu sangue”; c) um ritual de comunhão: No tempo apostólico, as ceias eram também chamadas de “ágapes” ou “festas de amor” (Jd 12), o que reflete parte de seu propósito, e, d) um ritual de consequências espirituais: Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é alvo do juízo (1Co 11.27-32; 10.16,17).

IV – A MORDOMIA DA IGREJA E A SUA TRÍPLICE MISSÃO
4.1 - A mordomia da igreja na adoração. Aqui está o papel número um do povo de Deus: oferecer-lhe sacrifícios vivos e agradáveis (1Pd 2.5). É no desempenho de seu papel adoradores que a Igreja encontra sua missão em nível de maior transcendência. A Igreja executa o seu verdadeiro sacerdócio quando ela entra nos Santo dos Santos a fim de ministrar adoração à santidade e à majestade do Criador (Jo 4.24).

4.2 - A mordomia da igreja na evangelização. Em se tratando especificamente da evangelização, há cinco textos onde o Senhor Jesus comissiona seus discípulos para esta sublime tarefa, são eles: (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22 e At 1.8). Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho, seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude. Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Acerca dessa tarefa podemos asseverar que a igreja: (a) existe para evangelizar (1Pe 2.9); (b) é ordenada a evangelizar (Mt 28.19; Mc 16.15); (c) se realiza evangelizando (At 4.20; 5.40-42); e, (d) só pode continuar a existir se evangelizar (At 2.41; 4.4; 5.14,42).

4.3 - A mordomia da igreja em relação na comunhão. Uma marca de suma importância entre o povo de Deus é a marca relacional (At 2.44-47). O NT usa a palavra “koinonia” para expressar a maneira como os cristãos se relacionam uns com os outros. Viver esse amor uns para com os outros, nos caracteriza como verdadeiros filhos de Deus e é evidência de que nascemos de novo, uma vez que ser cristão é buscar vivenciar e manifestar o caráter do Salvador enquanto andamos juntos (1Jo 4.7-11).

V - O MODELO BÍBLICO DA MORDOMIA DA IGREJA PRIMITIVA
Na contemporaneidade tem surgido um movimento heterodoxo chamado de “desigrejados” que podemos definir este grupo como os “sem igreja”. Eles não são filiados a qualquer instituição convencional de culto religioso cristão e são contrários a qualquer tipo de liderança. Os desigrejados defendem que a fé cristã pode ser exercida fora da comunhão da Igreja com o seguinte lema: “Jesus, sim; Igreja, não”. No entanto, a Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns […]” (Hb 10.25). Notemos a necessidade de uma Igreja local e qual o seu modelo bíblico:

5.1 - Na mordomia da igreja existe hierarquia. A hierarquia ministerial é uma doutrina do NT (1Co 12.28-31; Ef 4.8-11). O sistema de congregações ligadas a uma matriz (igreja sede) já era instituído desde os dias apostólicos (Mt 16.18; Mc 3.13-19); por conta disso, ninguém mandava em si mesmo e fazia o que bem entendia, mas respeitava e adequava-se às decisões dos apóstolos e dos anciãos guiados pelo Espírito do Senhor (At 15.22,23). Além do quê, os apóstolos eram os responsáveis pela separação dos diácono, dos presbíteros ou dos pastores (1Tm 4.14; At 14.23; 6.1-7; 20.28; 1Tm 5.22).

5.2 - Na mordomia da igreja existe liturgia. A igreja de Cristo é composta por crentes de todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições, adoração e etc (At 2.46,47; 1Co 14.6; 6:1-6; 13.1-2; Ef 4.11-12; Hb 13.17; 1Co 16.1; Rm 15.26; 2Co 9.1-13; Hb 7.8; Lc 11.42). A Igreja é o Corpo de Cristo (Cl 1.24; Ef 1.22-23; 4.12). Assim como o corpo não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem a cabeça, Jesus Cristo (Ef 5.23; Cl 1.18). Discípulos de Jesus são membros do corpo (Rm 12.4-5; 1Co 12.12-27; Ef 3.6; 4.16; 5.30).

5.3 - Na mordomia da igreja existe liderança. Desde o AT o Senhor instituiu homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). A liderança ministerial não existe com a pretensão de um ser melhor que o outro, mas para o Altíssimo manter a ordem (Hb 13.7; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17). O próprio Jesus constitui homens para a liderança do ministério: “E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores […]” (Ef 4.11-13 ver At 20.24,28, Jo 21.17). Paulo ainda disse: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja […]” (1Co 12.27,28). Segundo o modelo do NT os pastores representam os fiéis e hão de dar conta do rebanho: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles […]” (Hb 13.17).

5.4 - Na mordomia da igreja existe obra social. Na igreja primitiva, era comum, não só a pregação do evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37; 6.1-6). Diversas vezes houve coletas entre os irmãos com o objetivo de socorrer aos santos que estavam enfrentando dificuldades (Rm 15.25-27; 1Co 16.1-4; 2Co 8; 9; Fp 4.18,19).
Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da Judeia (At 11.28-30). Paulo afirma que recebeu recomendações de Tiago, Cefas e João, “as colunas”, para que se lembrassem dos pobres, e ele mesmo diz que procurou fazer com diligência (Gl 2.10). Diversas vezes, ele dedicou-se a recolher ajuda para os pobres da igreja de Jerusalém (Rm 15.25,26; 1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4). Paulo ensinava a igreja sobre o dever de contribuir (1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4; 9.2).

CONCLUSÃO
,p>Concluímos que a mordomia na igreja local abrange muitas ordenanças e tarefas. Precisamos saber a nossa vocação é perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. Portanto, sejamos um mordomo fiel na igreja em que congregamos.

REFERÊNCIAS
CABRAL, E. Mordomia cristã. RJ: CPAD, 2003.
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Maturidade Cristã. RJ: CPAD, 1987.
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Mordomia Cristã: Servindo a Deus com excelência. RJ: CPAD, 2003.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
RENOVATO, Elinaldo. Tempos, Bens e Talentos. RJ: CPAD, 2019,
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2010.

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