segunda-feira, 15 de julho de 2019

LIÇÃO 03 – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO - (Gl 5.16-22,25) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 03 – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO - (Gl 5.16-22,25)
3º TRIMESTRE DE 2019


INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre o cuidado que se deve ter com a alma e o espírito dentro da mordomia cristã; destacaremos a natureza tricotômica na constituição do ser humano; pontuaremos também a distinção entre a alma e o espírito à luz das Escrituras; e por fim, ressaltaremos o que a Bíblia ensina sobre o destino da alma e do espírito.

I – A NATUREZA TRICOTÔMICA DO SER HUMANO
À luz das Escrituras, entendemos que o ser humano é constituído de três partes, uma material e duas imateriais (1Ts 5.23; Hb 4.12), essa doutrina é chamada de tricotomia ou seja, o homem tem uma constituição tríplice. Vejamos:

1.1 - Corpo. O corpo é o invólucro do espírito e da alma (Gn 35.18; Dn 7.15), a parte física da constituição humana, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal (2Co 4.16; 1Pd 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente mau e insignificante, pois como crentes, ele é templo do Espírito Santo (1Co 3.16,17; 6.19). A importância do corpo também pode ser vista no fato de que Deus o ressuscitará conforme o seu soberano cronograma escatológico (1Co 15.42).

1.2 - Alma. A expressão alma em hebraico é: “néfesh”, ocorre por 754 vezes no AT. Conforme Gn 2.7 deixa claro, seu significado primário é “possuidora da vida”. Biblicamente entende-se que a alma é: a sede do apetite físico (Nm 21.5); das emoções (Sl 86.4); dos desejos tanto bons quanto ruins (Ec 6.2; Pv 21.10); das paixões (Jó 30.25), do intelecto (Sl 139.4), é o centro afetivo (Ct 1.7), volitivo (Jó 7.15) e, moral (Gn 49.6) da vida humana (SILVA (Org), 2017, p. 80 – grifo nosso). A palavra alma é um termo que está no grupo de palavras conhecidas como polissêmicas, ou seja, uma mesma palavra que possui vários significados de acordo com o contexto em que ela aparece. Por esse motivo é aplicada frequentemente a:

(a) animais (Gn 1.20,24,30; 9.12,15,16; Ez 47.9),
(b) o sangue como algo que é essencial à existência física (Gn 9.4; Lv 17.10-14; Dt 12.22-24)
(c) a sede do apetite físico (Nm 21.5; Dt 12.15,20,21; 23.24; Jó 33.20; Sl 78.18; 107.18; Ec 2.24; Mq 7.1);
(d) origem das emoções (Jó 30.25; Sl 86. 4; 107.26; Ct 1.7; Is 1.14);
(e) associada com a vontade e com a ação moral (Gn 49.6; Dt 4.29; Jó 7.15; Sl 24.4; 25.1; 119.129,167),
(f) um indivíduo ou pessoa (Lv 7.21; 17.12; Ez 18.4), ou então é usada com um sufixo pronominal para denotar o próprio “eu” (Jz 16.16; Sl 120.6; Ez 4.14) (DOUGLAS, 2007, p. 39).

No NT o termo equivalente é: “psiché” possuindo o mesmo significado e características (Ef 6.6; Fp 1.27; Cl 3.23; Rm 11.3; 16.4; 1Co 15.45; 2Co 1.23; Fp 2.30; 1Ts 2.8), se referindo a parte imaterial do ser humano, sendo ela tanto cognitiva quanto emotiva, podendo tanto relacionar-se com o sagrado (Rm 7.25), quanto com as impurezas do pecado (Rm 8.7 – ARA) (BRUNELLI, 2016, p. 52 – acréscimo nosso).

1.3 - Espírito. Cerca de 400 vezes o AT usa a palavra: “ruah”, que é derivada de um verbo que significa: “respirar” ou “soprar”. O substantivo pode ser traduzido como: “sopro” (Sl 18.15), “vento" (Gn 8.1) ou “espirito”. No NT a palavra grega “pneuma”, ligada ao verbo que quer dizer: “soprar” ou “respirar”, pode significar: “sopro” (2Ts 2.8), ou “vento” (Jo 3.8), porém mais frequentemente como “espírito”, associado a Deus ou ao homem ou a outros seres espirituais (TENNEY, 2008, p. 534). Sobre o espírito como sendo a parte imaterial do homem a Bíblia no diz que:

(a) o espírito do homem é despertado (Ed 1.1,5) ou perturbado (Gn 41.8);
(b) ele se alegra (Lc 1.47) ou é quebrantado (Êx 6.9);
(c) prontifica-se (Mt 26.41) ou é endurecido (Dt 2.30),
(d) o homem pode ser paciente em espírito (Ec 7.8), soberbo ou humilde de espírito (Mt 5.3),
(e) há necessidade de ter autodomínio (Pv 25.28) e,
(f) é por meio dele que se adora ao Senhor (Jo 4.23,24) é o centro da devoção a Deus (1Co 14.15).

II – A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
O significado e características entre a alma e espírito são bem parecidos, devido a essa similaridade alguns são levados a confundir as duas substâncias. Em geral os escritores bíblicos, especialmente os do AT, não se preocuparam em distinguir o espírito da alma; esta distinção hoje conhecida, ocorre pela revelação progressiva de Deus no NT. Sobre a distinção entre alma e espírito assim afirma Andrade (2006, p. 40 – grifo nosso): “O homem é composto por uma parte material e outra imaterial. Quando esta encontra-se em relação com Deus, recebe a designação de espírito; e, quando em relação com o mundo físico, a alma. Quando as palavras são distinguidas em significados, a alma olha para a terra, o espírito, para o céu. A alma é o homem em seus relacionamentos espirituais e imortais. Todavia, os dois não podem ser separados, mas constituem juntos o ser imaterial do homem”. O Pr. Eurico Bergstën (2007, p. 130) lembra que: “A alma é a parte que orienta a vida do corpo e estabelece o contato com o mundo em redor, enquanto o espírito é a parte do homem que lhe oferece a possibilidade de relacionamento com Deus”. Sendo destacando que: “apesar da similaridade entre a alma e o espírito, eles são distintos entre si, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser humano, o homem interior” (Ef 3.16; 2Co 4.16; 1Ts 5.23; Hb 4.12) (SILVA (Org), 2017, p. 79 – grifo nosso).

III – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO
A respeito da mordomia da alma e do espírito o apóstolo Paulo adverte: “[…] e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). Paulo destaca a responsabilidade que devemos ter, em cuidar também da parte imaterial do nosso ser, ao usar o termo “conservados”, em grego a palavra é: “têreo” que quer dizer: “atender cuidadosamente, tomar conta de, guardar, manter, reservar”, apontando para a atitude pessoal do crente quanto ao cuidado da parte espiritual. Vejamos como:

3.1 - Priorizando as necessidades da alma. Assim como o corpo tem necessidades, a alma também. A alma tem sede de Deus (Sl 42.1; 63.1). Jesus advertiu quanto a preocupação exagerada com as coisas materiais em detrimento da alma, dizendo: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26). Aos que ignoram esta verdade serão surpreendidos como foi o rico insensato: “[…] Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20). Sendo assim, devemos priorizar as necessidades da alma: “Pois a vida (psiché) é mais do que o alimento [...]” (Lc 12.23).

3.2 - Conservando a alma saudável. Uma vez que na alma está a sede das emoções do ser humano é de suma importância que ela seja mantida com saúde. O cristão cuidadoso, sabendo que partes tão importantes da sua vida estão centradas na alma, aprende a administrar bem seus sentimentos e emoções a fim de não se deixar levar por impulsos descontrolados (Hb 12.15; Gl 5.18-23), crendo e submetendo-se a Palavra de Deus (Hb 10.39; Fp 4.6; Pv 19.16).

3.3 - Purificando-se das impurezas do espírito. A Declaração de Fé das AD (2017, p. 101 – grifo nosso) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2 Co 7.1). Por essa razão o apóstolo exorta: “[…] purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito [...]” (2Co 7.1). A impureza da carne inclui todas as formas de impurezas físicas, enquanto a impureza do espírito cobre as impurezas interiores da vida, motivações, desejos e pensamentos. As palavras carne e espírito não são usadas aqui no sentido técnico que Paulo faz dos princípios éticos opostos (Rm 8.1-11; Gl 5.16-24), mas na maneira popular da época, para abranger todas as facetas da existência de um homem (2Co 2.13; 7.5; 1Co 7.34; 1Ts 5.23). Todos os atos e atitudes que possam comprometer a singularidade da devoção deles à vontade de Deus devem ser completamente evitados (BEACON, 2006, p.442).

IV – O DESTINO DA ALMA E DO ESPÍRITO
Ao contrário do que muita gente pensa, a vida não termina na sepultura. Pelo contrário, após a morte, todos os seres humanos vão para o estado intermediário aguardar a ressurreição, para serem conduzidos ao seu destino eterno. Vejamos:

4.1 - Lugar de tomento para os ímpios. A respeito dos ímpios após a morte, a Bíblia assevera que irão ao lugar de tormentos onde aguardarão a ressurreição para o julgamento final (Lc 16.22,23; Ap 20.11,12). Apesar de alguns que pregam a aniquilação dos que morreram, a Bíblia afirma porém, que nem a alma nem o espírito são aniquilados (Mt 10.28; 1Pd 3.4). Também não é bíblica a doutrina que ensina que os que morrem tornam-se inconscientes, uma espécie de sono eterno. É fato que a Bíblia denomina de maneira metafórica a morte física como um sono (1Co 15.51; 1Ts 4.13). No entanto, ela também nos ensina que, quem “dorme” é o corpo, e não a alma e o espírito (Lc 16.20-25; Ap 6.9-11) . Logo, embora o corpo entre na sepultura, o espírito e a alma que se separou do corpo entra no Sheol, onde vive em estado completamente consciente (Is 14.9-11; Sl 16.10; Lc 16.23; 23.43; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9) (PEARLMAN, 2006, p. 297 – acréscimo nosso). O destino dos ímpios é estar ternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte (Sl 9.17; Ap 2.11; 20.10; 21.8).

4.2 - Lugar de descanso para os salvos. A Bíblia afirma que para Deus a morte dos santos é preciosa (Sl 116.15), visto que estes ao morrerem vão para o Paraíso lugar onde gozarão descanso (Lc 23.43; 2Co 5.8; Ap 14.13), consolação e felicidade (Lc 16.23,25). Por ocasião do Arrebatamento da Igreja, os justos que já morreram hão de ressuscitar, e se unirão aos vivos, que serão arrebatados (1Co 15.51-53; 1Ts 4.13-18). Eles serão conduzidos ao céu, onde participarão do Tribunal de Cristo (Rm 10.14; 2Co 5.10; Ap 22.12) e da celebração das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Depois, voltarão com Jesus à Terra, para participarem do Milênio (Ap 19.11-14; 20.1-6). Após o Milênio, habitarão na Nova Jerusalém (Ap 21,22), onde estarão, por toda eternidade, na presença do Deus Trino (Jo 14.1-3; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 21.3); e estarão livres de todo sofrimento, pois, ali não haverá mais morte, nem clamor, nem dor (Ap 21.4); nem coisa alguma que contamine (Ap 21.8,27; 22.15).

CONCLUSÃO
A mordomia da alma e do espírito deve ser observada criteriosamente, uma vez que Deus pedirá contas desta administração e as sua implicações tem consequências eternas.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais. Vol 3. ACADÊMICO.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol 2. EDITORA CULTURA CRISTÃ.

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