segunda-feira, 30 de julho de 2018

LIÇÃO 06 – A DOUTRINA DO CULTO LEVÍTICO – (Lv 9.1-14) 3º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 06 – A DOUTRINA DO CULTO LEVÍTICO – (Lv 9.1-14)
3º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição das palavras doutrina e culto; pontuaremos a descrição dos elementos do culto levítico com suas características; analisaremos a doutrina do culto levítico e sua aplicação para a igreja; e por fim, estudaremos os principais elementos do culto cristão.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA DOUTRINA E CULTO
1.1 - Definição do termo doutrina. No AT, essa palavra ocorre principalmente como tradução do termo hebraico “leqah”, que significa: “o que é recebido” (Dt 32.2; Jó 11.4; Pv 4.2; Is 29.24). O termo doutrina segundo Houaiss (p. 1081) significa: “conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. A palavra doutrina significa ainda: “ensino ou instrução”; envolve também a ideia de crença, dogma, conceito ou princípio fundamental ou normativo por detrás de certos atos (CHAMPLIN, 2004, p. 228). No NT o termo deriva-se do grego “didache” (Mt 4.23; 9.35; Rm 12.7; 1Co 4.17; 1Tm 2.12), que expressa tanto o ato de ensino (sentido ativo) como aquilo que é ensinado (sentido passivo). Nesse sentido, a doutrina do culto Levítico tem a ver com os ensinamentos que o povo de Israel precisava aprender, em relação a sua forma, meios e propósitos, na adoração a Deus ().

1.2 - Definição do termo culto. Todas as palavras traduzidas na Bíblia pelo termo culto significam: “trabalho, serviço prestado a um superior, serviço prestado a Deus”. Segundo Houaiss (2001, p. 887), a palavra “culto” deriva do Latim, “cultu”, e significa: “adoração ou homenagem a Deus”. Etimologicamente, o termo indica: “honrar, cultivar, reverenciar respeitosamente […], é o conjunto de atitudes e ritos pelos quais se adora uma divindade […] veneração, reverência, admiração, paixão externa para com alguém” (CLAUDIONOR, 2006, p. 127). Os principais termos que descrevem o ato de “culto” na Bíblia são: “shachah” no hebraico significando: “inclinar-se, prostrar-se”, e no grego as expressões “latréia” e “proskyneo” significando respectivamente: “baixar-se para beijar, prostrar-se para adorar; reverenciar, prestar obediência, render homenagem”.

II – DESCRIÇÃO DOS ELEMENTOS DO CULTO LEVÍTICO
É quase impossível lermos o Pentateuco sem que não nos impressionemos pela estrutura que ganha o culto no judaísmo. Somente uma revelação divina, como a que foi dada a Moisés, justificaria a existência de tantos símbolos presentes na adoração hebraica. O culto levítico era extremamente ritualista, no entanto, era constituído de uma adoração enriquecedora. Notemos isso em alguns elementos do culto:

2.1 - Os ministrantes. Arão e seus filhos haviam obedecido às ordens de Deus quanto a consagração ao sacerdócio, assim sendo, estavam prontos para começar a servir ao Senhor no altar (Lv 9.1). Até esse ponto, era Moisés quem oferecia os sacrifícios (Lv 8.14-29), daqui em diante, Arão e seus filhos assumiram seu ministério sacerdotal (Lv 9.2-12). O capítulo 9 de Levítico é um referencial da adoração no AT, registra os primeiros sacrifícios públicos de Israel sob o regime do sacerdócio levítico. No capítulo 8, os sacrifícios foram oferecidos na ordenação de Arão e seus filhos, mas o povo ficou só observando; não participou. Agora, os sacerdotes começam de fato o ministério de mediação (Lv 9.15-23) (BEACON, 2010, p. 275 – acréscimo nosso). Os levitas se aposentavam do serviço aos 50 anos de idade, embora continuassem dando assistência (mas sem realizar serviço braçal) aos jovens sucessores (Nm 8.23-26).

2.2 - Os sacrifícios. O ministério mediador de Arão começa quando Moisés o ordena a tomar um bezerro sem defeito, de dois anos, como oferta pelo pecado, e um carneiro para um holocausto, e sacrificá-los diante do SENHOR. Estes dois animais deviam ser oferecidos em prol de Arão e o sacerdócio, e é significante que eram ofertas pelo pecado (Lv 9.7,8,10). A oferta pelo pecado precede naturalmente o holocausto, e indica o modo segundo o qual Deus deseja que os adoradores se aproximem dEle. Antes de mais nada havia a necessidade de purificação do pecado, de tal modo que o transgressor pudesse ficar limpo diante de Deus (Lv 8.14-17; cf. Êx 29.10-14).

2.3 - A liturgia. Um outro ponto que deve ser considerado a respeito do culto a Deus descrito em Levítico, é a sua liturgia; a palavra liturgia advém do grego “leiturgia”, que quer dizer: “serviço divino”, usada frequentemente no contexto de serviço religioso (Lc 1.23; 2Co 9.12; Fp 2.17,30; Hb 8.6; 9.21), podendo ser dito de forma prática que é: “culto público oficiado por uma igreja; um ritual”. Andrade destaca ainda que, liturgia é: “a forma pela qual um culto público é conduzido” (2006, p. 255). Um outro ponto evidente em Levítico, é que o Deus vivente não é uma imagem impotente à qual os homens prestam culto segundo suas ideias, a sua maneira. Somente Ele é quem determina os requisitos (Lv 9.7,10,16), segundo os quais lhe é possível habitar com seu povo (Êx 25.8).

III – A DOUTRINA DO CULTO LEVÍTICO E SUA APLICAÇÃO PARA A IGREJA
O culto no AT apresenta princípios que são perfeitamente aplicáveis a Igreja. Vejamos:

3.1 - O culto cristão é teocêntrico. O culto deve ser realizado dentro de critérios instituídos pelo próprio Deus, bem como ser composto por elementos fixados na Bíblia (Sl 115.1). A luz das Escrituras, o crente aprende que o culto ao Deus verdadeiro não deve ser maculado com o uso de imagens de escultura (Êx 20.4-6), nem deve usar linguagem deselegante em suas mensagens (1Tm 4.12; Tt 2.7,8), que tal culto se torna vão quando mesclado com ensinamentos que não passam de regras inventadas por homens (Mt 15.8,9; Cl 2.20-23). O Deus trino deve ser o alvo exclusivo da adoração, não podendo o louvor dos adoradores ser dirigido a nenhum outro (Mt 4.10). É no culto que o nome de Deus é exaltado em cânticos e orações, com a força que decorre da união de vozes, pensamentos e corações (Sl 34.3).

3.2 - O culto cristão é ordeiro. A adoração deve partir do íntimo do indivíduo, sendo verdadeira e sincera (Jo 4.24). O culto deve ocorrer num ambiente marcado por decência e ordem, onde o crente que cultua deve ter a alma mergulhada em reverência e santo temor: “[…] pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade” (Hb 12.28) e o culto genuíno deve ser oferecido a Deus por meio de um mediador, o qual é Jesus Cristo (Ef 2.18; 1Tm 2.5). O culto realizado na presença do Senhor, precisa ser marcado por decência e ordem: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co 14.40),“[…] pois o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.29).

3.3 - O culto cristão é reverente. O culto ao Senhor não deve ser um momento para a realização de danças, homenagens a este ou aquele indivíduo, apresentações humorísticas (Ef 5.4), supostos exorcismos e para inúmeras outras práticas carentes de amparo bíblico (1Co 14.40). Em lugar dessas coisas, o culto a Deus deve ser constituído essencialmente de pregação, oração, louvor e dádivas (Ef 2.21,22; 1Pe 2.5). O levantar as mãos durante os cânticos não é prática comum nas igrejas mais tradicionais. Não obstante, esse gesto esteja presente na Bíblia associado ao juramento (Gn 14.22,23; Dn 12.7; Ap 10.5,6), à oração (Sl 28.2; 77.2; 88.9; 141.2; Lm 2.19; 3.41,42; 1Tm 2.8) e ao louvor (Ne 8.6; Sl 63.4; 134.2). Sabe-se também que levantar as mãos é uma expressão física que simboliza o desejo de alcançar a Deus (Sl 143.6), o seu perdão, o seu favor ou os seus ensinos (Sl 119.48).

IV - OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO CULTO CRISTÃO
São cinco os principais elementos do culto cristão. Passaremos a abordá-los mais detalhadamente. Notemos:

4.1 - Louvor. A música não pode ser esquecida durante o culto (Ef 5.19), e a sua execução não pode ser desequilibrado ao ponto do culto ser afetado em seu conteúdo (Ef 5.19; Cl 3.16). Tanto no AT como no NT a música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jo 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25). Não é por acaso que o maior livro da Bíblia é um hinário (Salmos). É no culto que a plenitude espiritual dos adoradores se expressa em salmos, hinos e ações de graça (Ef 5.18-20). A música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva (Nm 10.1-10; Jz 7.22; Jó 38.7; Ef. 5.19; 1Tm 3.16; At 16.25).

4.2 - Leitura Bíblica. É no culto verdadeiramente cristão que o alimento espiritual é distribuído aos crentes por meio da pregação da Palavra viva que nutre, vivifica, ensina e admoesta (Mt 4.4; 1Co 14.26; 2Tm 3.16). A leitura do texto bíblico deve ocupar o lugar de destaque no culto, onde os crentes portando suas Bíblias acompanharão a leitura (At 17.11). O salmista amava a lei do Senhor e desejava estar na casa do Senhor para aprender (Sl 27.4; 119.18,92), e nenhum crente instruído e maduro duvida da centralidade da pregação na vida da igreja de Deus (1Tm 4.13; 1Ts 2.13). Encontramos diversos exemplos da leitura das Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo testamento: (Nm 24.7; Dt 31.26; Ne 8.8; 9.3; Js 8.34,35; 2Cr 34.14-21; Lc 4.14-21).

4.3 - Oração e contribuição. Diversos textos das Sagradas Escrituras incentivam o crente a orar (1Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17). A Bíblia está cheia de exemplos de oração e Jesus foi o nosso maior exemplo. As ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador. Devemos dar a Deus parte daquilo que dEle recebemos (Êx 23.15; 2Co 9.7). A contribuição no culto é bíblica e deve ser oferecida tanto pelos ricos como pelos pobres (Mc 12:41-44). Um culto sem ofertas é um culto antibíblico, pois as ofertas representam a expressão de gratidão do cultuador, pois a contribuição no culto é bíblica (Mc 12.41-44).

4.4 Pregação. A pregação é a parte central do culto cristão, sem ela o culto fica sem brilho e objetivo, pois é através dela que a fé é gerada (Rm 10.14-17; Gl 3.2); é a vontade de Deus, que todos se arrependam e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (Ez 18:23; At 17:30; 1Tm 2:4). Se observarmos atentamente os pregadores do NT notaremos os pontos essenciais da mensagem evangelística: Morte e ressurreição de Cristo (At 2.23-32; 3.13-15;10.37-41); arrependimento (At 2.38; 3.19); salvação (At 2.40); fé (At 3.16); ressurreição (At 3.26); julgamento (At 10.42) e perdão dos pecados mediante a fé (At 10:43). Lamentavelmente, em muitos púlpitos evangélicos estas mensagens estão cada vez mais escassas.

CONCLUSÃO
Um dos maiores privilégios do cristão é poder cultuar a Deus. Enquanto muitos estão cultuando aos ídolos, temos o privilégio de cultuar e adorar ao Único e Verdadeiro Deus, o Criador de Todas as coisas. Devemos entender que o nosso culto, quer seja individual ou coletivo, deve ser oferecido a Ele com decência e ordem (Rm 12.1; 1Co 14.40). Que possamos, então, com todo fervor, devoção e reverência, oferecermos o nosso culto racional ao Senhor.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

LIÇÃO 05 – SANTIDADE AO SENHOR – (Lv 20.1-10) 3º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 05 – SANTIDADE AO SENHOR – (Lv 20.1-10)
3º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos a definição etimológica da palavra santidade, bem como seu conceito exegético; veremos a santidade na vida do sumo sacerdote, em Israel e no livro de Levítico; pontuaremos a Trindade como base da santidade na Bíblia, e por fim, concluiremos mostrando a natureza da santidade.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA SANTIDADE
1.1 - Definição etimológica. No AT o adjetivo “santo” e seus derivativos ocorrem mais de 900 vezes na Bíblia (TYNDALE, 2015, p. 1656), o livro inteiro de Levítico, é devotado ao assunto desta palavra, ficando clara a importância dada pelas Escrituras a esta doutrina. A palavra no hebraico para santidade significa: “cortar, separar”. Basicamente santidade é: “o corte para separação”. Pode-se dizer ainda que santidade é: “o estado de corte e separação do que é impuro; é a característica do que é consagrado exclusivamente a Deus” (Lv 20.24-26). O princípio de corte ou separação no AT é aplicado em termos gerais em relação a Deus (Lv 19.2), a objetos (Êx 30.28,29), e a pessoas (Lv 8.12). Levítico tem o objetivo singular de convocar o povo de Deus para a santidade pessoal (Lv 20.26). A palavra “santo” é usada em Levítico mais do que nos outros livros da Bíblia. Embora em Levítico o termo seja utilizado mais para coisas e lugares, é também empregado para descrever o Senhor e, com certa frequência, o povo do Senhor é instruído a ser santo (Lv 11.44; 19.2; 20.7) (ELISSEN, 2010, pp. 38,39 – acréscimo nosso).

1.2 - Definição exegética. No AT o conceito de santidade é expresso por três palavras principais: O verbo qadash aparece com o sentido de “separar, consagrar, santificar”. Na primeira ocorrência do termo em Gênesis 2.3 significa “declarar algo santo, estado daquele que é reservado exclusivamente para Deus” (Êx 13.2; 20.8). O substantivo “qodesh” tem o significado de “separação, consagração, santidade”. É empregada para descrever tanto o que é separado para o serviço exclusivo a Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo povo de Deus (Is 35.8; Êx 28.2, 38). Já o adjetivo “qadosh” é o vocábulo mais difundido entre os estudantes das Escrituras Sagradas e aponta para o que é: “santo, sagrado” (HOLLOMAN, 2003, p. 25).

II - O LIVRO DE LEVÍTICO E A SANTIDADE
O livro de Levítico servia de uma espécie de código de santidade, com inúmeras leis pessoais, rituais e cerimoniais, cuja finalidade é promover e tipificar a santidade. Ali são tratadas todas as questões de moralidade prática e pessoal, e não apenas questões cerimoniais. Lendo Levítico espera-se que o povo de Deus seja honesto e veraz (Lv 19.11,36), respeitoso aos seus pais (Lv 19.3), respeitoso aos idosos (Lv 19.32), tratando os servos com justiça e equidade (Lv 19.13), amando ao próximo (Lv 19.33,34), mostrando-se generoso para com os pobres (Lv 19.10,15), ajudando aos fisicamente incapacitados (Lv 19. 14), mostrando-se sexualmente puro (Lv 18.1-30; 20.1-21) e evitando as superstições (Lv 19.26,31; 20.6).

2.1 - O Sumo sacerdote e a santidade. Ouro na Bíblia sempre fala de pureza e santidade, nas vestimentas sacerdotais da Antiga Aliança com toda sua tipologia, vamos encontrar um símbolo da Santidade de Deus (Êx 40.13; Lv 16.4,32). O Sumo Sacerdote “kohen gadol” além de roupas especiais, deveria ter sempre uma lâmina (uma testeira como uma espécie de arco ou tiara) de ouro puro na testa, com a inscrição “Santidade ao Senhor” do hebraico “Qodesh Elohim” por cima da mitra (um tipo de chapéu), atada com um cordão azul, exatamente como Deus ordenou a Moisés (Êx 28.36; 39.30-31) para lembrar Arão de seu chamado à santidade. Essa coroa era usada todos os dias pelo Sumo Sacerdote que devia levar uma vida de acordo com o que estava escrito nela. Uma vez por ano, no Dia do Perdão “Yom Kippur”, ele entrava no Santíssimo para orar por ele mesmo e por toda a nação.

2.2 - Israel e a santidade. O povo de Israel devia santificar-se para o Senhor (Êx 19.6; Lv 11.44; 19.2;Dt 7.6; 14.2,21; 2Cr 29.5), tomando-se uma nação santa (Êx 19.6; Lv 20.26); um povo santo (Is 62.12; 63.18; Dn 12.7); uma raça santa (Ed 9.2; Is 6.13); uma comunidade de santos (Sl 16.3; 34.9); um reino de santos (Êx 19.6), uma congregação santa (Nm 16.3), o culto era santo (Lv 23.2), os sacerdotes eram santos (Lv 8.12,13), suas vestimentas eram santas (Lv 16.4,32), as ofertas eram santas (Lv 22.12), as festas eram santas (Lv 23.2,4), a terra de Canaã era santa (Êx 3.5; 15.13), o acampamento de Israel era santo (Lv 10.4); a cidade de Jerusalém era santa (Ne 11.1), a convocação era santa (Êx 12.16); o descanso era santo (Gn 2.3; Êx 16.23); havia dias santos (Ne 8.11); as ofertas eram santas (Lv 2.3;10); o monte de Sião era santo (Sl 99.9; Is 11.9); os profetas eram santos (Lc 1.70; At 3.21; 2Pe 1.21), o tabernáculo e o templo eram santos (Êx 38:24; Lv 1.17,18; 1Cr 29.3; Sl 5.6) e as coisas contidas no tabernáculo e no templo eram santas (Êx 29.38; 30:27; 40:10; Nm 5.9; 1Sm 21.4; 1R 7.51; 2Cr 29.33).

III – A TRINDADE COMO BASE DA SANTIDADE NA BÍBLIA
Santidade é expressamente atribuída nas Escrituras, a cada pessoa da Trindade, ao Pai (Jo 17.11), ao Filho (At 4.30), e ao Espírito Santo (Sl 51.11; Is 63.10; Jo 14.26). Vejamos:

3.1 - A santidade do Pai. A Bíblia mostra-nos que o próprio Deus é santo (Lv 20.26; 1Sm 2.2; 6.20; Jo 17.11; 1Pe 1.15). Ele é a essência absoluta da santidade, pois ela é perfeita e inspiradora (Sl 99.3). A santidade de Deus fala acerca de sua “excelência moral”, bem como do fato de que ele está livre de todas as imperfeições (Hc 1.13), ela é incomparável (Êx 15.11; 1Sm 2.2), é exibida em seu caráter (Sl 22.3; Jo 17.11), em Seu Nome (Is 29.23; 57.15; Ez 36.23), em Suas Palavras (Sl 60.6), em suas obras (Sl 145.17) e em seu reino (Sl 47.8; Mt 13.41). Sua santidade deve ser imitada (Lv 11.44; 1Pe 1:15,16), magnificada (ls 6.3; Ap 4.8), requer um serviço santo (Js 24.19; Sl 93.5) e uma vida santa (Hb 12.14).

3.2 - A santidade do Filho. Cristo é pioneiro no caminho que conduz à salvação (Hb 2.10). Aquele que é santo conduz o seu povo à santidade. Em doze trechos do NT o Filho é descrito como santo. Em nove dessas vezes, é empregado o termo grego “hagios” (Mc 1.24; Lc 1.35; 4.34; Jo 6.69; At 3.14; 4.27,30; 1Jo 2.20). Cristo foi prometido como o santo Filho de Deus (Lc 1.35). Até um demônio, em Cafarnaum, reconheceu que Cristo é o Santo de Deus (Mc 1.24; Lc 4.24). Ele é o Santo por meio de quem os crentes são ungidos (1Jo 2.20). Ele é o Senhor das igrejas, e também aquele que é santo e verdadeiro (Ap 3.7). Foi escolhido para a sua missão messiânica pelo Pai, por causa de sua santidade superior (Hb 1.9). Foi tentado, mas não revelou nenhuma falha moral (Hb 4.15).

3.3 - A santidade do Espírito Santo. O nome Espírito Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma hagios”. Assim como Deus é santo (1Pe 1.16) e Jesus é santo (At 2.27), o Espírito também o é (Sl 51.11; Is 63.10,11; Mt 1.18,20; 3.11; Lc 1.35; Jo 14.26; 1Ts 4.7-8). É chamado de Espírito Santo porque Sua obra principal é a santificação (Jo 3.5-8, 16.8; Rm 15.16; 1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.1,2). Um adjetivo muito comum, para indicar o Espírito de Deus, é “santo”, e no AT este título ocorre três vezes (Sl 51.11; Is 63.10,11). Porém, no NT, a expressão “Espírito Santo” ocorre por mais de 90 vezes. Para algumas referências neotestamentárias sobre o Espírito Santo é Ele quem batiza (Mt 3.11); quem enche e santifica a Igreja (At 2.4); quem derrama o amor de Deus em nosso coração (Rm 5.5); é o nosso Mestre (1Co 2.13); somos o templo que Ele santifica (1Co 3.17); Ele é o inspirador das Santas Escrituras (2Pe 2.21); e nos ajuda em oração (Jd 20).

IV – A NATUREZA DA SANTIDADE
A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb 12.14-a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14-b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes sentidos. Notemos:

4.1 - Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv 11.44; Lv 19.1, 2; Lv 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pe 1.15-16).

4.2 - Santidade é separação. A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18); portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).

4.3 - Santidade é consagração. No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se acham no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6. 16b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).

4.4 - Santidade é dedicação. Santificação inclui tanto a separação “de”, como dedicação “a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao serem separados do pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina, e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o pensamento de que esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no sentido especial de serem sua propriedade (2Co 6. 17,18).

4.5 - Santidade é purificação. Embora o sentimento primordial de “santo” seja separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2Co 7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade. A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv 11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).

CONCLUSÃO
Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e “sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de viver” (1Pe 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo em 1Coríntios 10.31.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOLLOMAN, H. O poder da santificação. CPAD.
JONES, Landon. O Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
WYCLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

LIÇÃO 04 – A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES - (Lv 13.1-6) 3º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 04 – A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES - (Lv 13.1-6)
3º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
A presente lição falará sobre o sacerdote, uma importante figura do AT; pontuaremos detalhadamente suas múltiplas tarefas; veremos que o sacerdote levítico é uma figura do ministério pastoral na função de liderança e das atribuições que lhe foram dadas por Deus.

I – QUEM ERA O SACERDOTE
Em português, “sacerdote” vem do latim sacer, “sagrado”, “consagrado” (CHAMPLIN, 2004, p. 13). Eram os descendentes diretos de Arão que, normalmente, desempenhavam o ofício superior do sacerdócio. Os sacerdotes eram ordenados a seu ofício e às suas funções mediante um elaborado ritual (Êx 29; Lv 8). Era preciso ser homem sem defeito físico (Lv 21.16-21). Devia casar-se com uma mulher de caráter exemplar (Lv 21.7). Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar coisas imundas (Lv 21.1; 22.5). Eles usavam vestimentas especiais, em sinal de seu ofício, e cada peça de seu vestuário ao que se presume, tinha significados simbólicos (Êx 29; Lv 8). Eram sustentados mediante dízimos, primícias do campo, primogênito dos animais e porções de vários sacrifícios (Nm 18).

II – AS MÚLTIPLAS TAREFAS DO SACERDOTE LEVÍTICO
O sacerdote levítico tinha diversas funções. Vejamos algumas:

2.1 - Função docente. A função original de um sacerdote era dar instruções por inspiração divina (Ne 8.1-8; Ez 44.23). Ele devia ensinar com a Lei: “A lei da verdade esteve na sua boca”; com a sua própria vida: “e a iniquidade não se achou nos seus lábios; andou comigo em paz e em retidão”; e, conduzir o povo no caminho do Senhor: “e da iniquidade converteu a muitos” (Ml 2.6). As pessoas deveriam buscar o conhecimento da Lei, pela boca do sacerdote “porque ele é o mensageiro do SENHOR dos Exércitos” (Ml 2.7). Em seus dias, o rei Josafá, restituiu aos sacerdotes e levitas a função docente de ensinar ao povo a Lei do Senhor (2 Cr 17.8-9).

2.2 - Função cerimonial. Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite; e arrumavam os pães da proposição a cada sábado (Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lv 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (Lv 6.10,11); ofereciam sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); abençoavam o povo após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais (Lv 25.9).

2.3 - Função clínica. Inspecionavam os imundos quanto à lepra (Lv 13 e 14). Era dever do sacerdote determinar a presença de lepra e dar instruções relativas ao tratamento da impureza. Esta seção apresenta informação sobre a forma de o sacerdote identificar a lepra no corpo humano (Lv 13.1-46), numa peça de roupa (Lv 13.47-59) e numa casa (Lv 14.33-48). Pelo visto, a lepra na roupa era um tipo de mofo ou fungo. Se o sacerdote diagnosticasse prontamente que o caso é lepra, o indivíduo é de imediato declarado imundo (Lv 13.3). Se o sacerdote tem dúvidas, ele fecha o indivíduo por sete dias (Lv 13.4). Se a praga não se espalhasse nos sete dias, o indivíduo ficaria fechado por outros sete dias (Lv 13.5). Se a doença não se espalhasse, o sacerdote o declararia limpo. O homem lavaria as suas vestes e seria limpo (Lv 13.6). Se a pústula na pele se estendesse grandemente, o sacerdote o declararia leproso (Lv 13.7,8). Se houvesse alguma vivificação da carne viva, o sacerdote o declararia leproso (Lv 13.10,11). Tornando a carne viva e mudando-se em branca, ou se a praga se tornasse branca, seria declarado limpo (Lv 13.16,17). Quando curou o leproso, Jesus ordenou-lhe que se apresentasse ao sacerdote (Mt 8.1-4) orientando a cumprir a exigência de Levítico (Lv 14.3,10).

2.4 - Função cível. Administravam o juramento que uma mulher deveria fazer quando acusada de adultério (Nm 5.15-31). A questão aqui não se tratava de adultério comprovado, pois leis concernentes a esta condição eram claras e prescreviam a pena de morte (Lv 20.10). Este regulamento relacionava-se com situações em que não se podia comprovar a infidelidade (Nm 5.13,29) ou em que a conduta da esposa despertava suspeitas (Nm 5.14). O sacerdote não poderia julgar precipitadamente, mas orientado por Deus procurar a solução para este problema (Nm 5.16).

2.5 - Função penal. O sacerdote agia como juiz, uma consequência de suas respostas a questões legais (Êx 33.7-11). Agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto aos casos apresentados (Dt 17.8-12; 19.17). Os sacerdotes eram reconhecidos como os principais servidores judiciais: “Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi; pois o SENHOR teu Deus os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do SENHOR; e pela sua palavra se decidirá toda a demanda e todo o ferimento” (Dt 21.5).

2.6 - Função mediadora. O sacerdote tinha como função principal representar o homem diante de Deus, com dons e sacrifícios (Êx 28.38; 30.8; Hb 5.1; 8;3). Isto ele fazia continuamente por meio dos sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44), e no Dia da Expiação (Lv 16.1-34; Nm 29.7-11). Ele também representava Deus diante do povo, quando este queria consultar ao Senhor, deveriam ir ao sacerdote que usando Urim e Tumim lhes fazia saber a vontade divina (Nm 27.21; Dt 33.8). Esses objetos eram pequenos seixos, guardados no peitoral das vestes sumo sacerdotais de Israel. Um deles indicava “sim”, e o outro, “não”. Ao que se presume, o sumo sacerdote metia a mão no peitoral, e tirava uma das pedras. Isso determinava o “sim”, e outro, “não” a qualquer pergunta importante que se fizesse (Js 7.14; 14.2; 18.6; 1 Sm 14.42; 1 Cr 6.54; 1 Cr 35.7,8; 26.13) (CHAMPLIN, 2004, p. 271).

III – O SACERDOTE LEVÍTICO UMA FIGURA DO MINISTÉRIO PASTORAL
No hebraico, “raah”, palavra que figura por setenta e sete vezes, tem o sentido de pastor (Gn 49.24; Êx 2.17,19; Nm 27.17; 1 Sm 17.40; Sl 23.1; Is 13.20; Jr 6.3; 23.4; 25.34-36; 31.10; Ez 34.2-10,12,23; Am 1.2; 3.1; Zc 10.2,3; 11.3,5,8,15,16; 13.7) (CHAMPLIN, 2004, p. 104). Muitas passagens, no AT, se referem aos líderes do povo de Deus como pastores que agem sob a supervisão de Deus (Nm 27.17; 1 Rs 22.17). No NT, o pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. Assim como o sacerdote é “o anjo do Senhor” (Ml 2.7) para Israel; o pastor é “o anjo da igreja” (Ap 2.1). Cabe ao pastor velar pelas ovelhas, como quem tem de dar conta delas (Hb 13.17).

3.1 - A necessidade de um pastor para a igreja. Assim como era necessário na Antiga Aliança um sacerdote sobre o povo de Israel, o pastor é essencial ao propósito de Deus para sua igreja (At 20.28). O NT nos ensina que embora a igreja seja chamada de “sacerdócio real”, dentre o povo, Deus escolheu pessoas e lhes deu dons de liderança: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11). A igreja que deixar de ter pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do Espírito (1 Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de Satanás e do mundo (At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os padrões do evangelho serão abandonados (2 Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1 Tm 4.6,14-16; 6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2 Tm 4.4). Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da piedade (1 Tm 4.6,7).

3.2 - O pastor e as suas muitas atribuições. Sua missão é múltipla e polivalente. Um pastor de verdade tem que agir como ensinador (2 Tm 4.2), conselheiro (2 Co 8.10), pregador (1 Co 2.2), evangelizador (Mt 28.19), missionário (At 15.35), profeta (1 Tm 4.1), juiz de causas complexas (At 15.1-31), fazer às vezes de psicólogo, conciliador (Fp 4.2; Fl 1.10-19), administrador eclesiástico dos bens espirituais e de recursos humanos sob seus cuidados, na igreja local (1 Co 4.1; Tt 1.3; Tt 1.5); é administrador de bens materiais ou patrimoniais; gestor de finanças e recursos monetários, da igreja local (1 Co 16.1-7; 2 Co 9.1-14). Algumas outras atribuições do pastor são:

a) Cuidar da sã doutrina e refutar a heresia (Tt 1.9-11);
b) Ensinar a Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5);
c) Ser um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8); e,
d) Esforçar-se no sentido de que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2).

Sua tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem dentro da igreja. Pastores são ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo 10.11-16; 1 Pe 2.25; 5.2-4).

3.3 - Os pastores mestres. O ensino, acompanhado do evangelismo, faz parte da original Grande Comissão de Cristo à sua igreja (Mt 28.20). Tanto os apóstolos como os profetas eram mestres, e nenhum pastor pode ser um verdadeiro pastor se não for apto para ensinar (1 Tm 3.2,11). É interessante destacar que a frase “pastores e mestres” em Efésios 4.11 no original grego não consta o artigo “e”, razão pela qual alguns supõem que isso salienta uma única “categoria” - pastores e mestres seriam aspectos da mesma função. Inferimos que o pastor também deve ser mestre, pois boa parte do seu trabalho é o ensino (CHAMPLIN, 2005, p. 601 – grifo nosso).

CONCLUSÃO
Deus separou a tribo de Levi para as tarefas no templo. E, dessa tribo separou a família de Arão para exercer o sacerdócio, função esta que tinha diversas atribuições e que prefigura o ministério pastoral no NT. Deus, por meio de Cristo, providenciou pastores a fim de liderar, instruir e edificar a Sua igreja aqui na terra.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais: servindo a Deus e aos homens com o poder extraordinário. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

LIÇÃO 03 – OS MINISTROS DO CULTO LEVÍTICO – (Lv 8.1-13) 3º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO 03 – OS MINISTROS DO CULTO LEVÍTICO –  (Lv 8.1-13)
3º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta presente lição veremos que Deus escolheu a tribo de Levi, para exercer o serviço sagrado na Antiga Aliança; destacaremos também, fatos importantes relacionados a consagração de Arão e seus filhos, para o ofício do culto levítico, e por fim, descreveremos suas principais funções como ministros de Deus e a devida aplicação para a vida cristã.

I – A NOMEAÇÃO DA TRIBO DE LEVI PARA O MINISTÉRIO DO CULTO LEVÍTICO
De acordo com Houaiss (2001, p. 1928) ministros são: “aqueles que executam os desígnios de outrem; aqueles que, na religião exercem um ofício, uma função, como administrar os sacramentos”. Os filhos de Levi antes de serem santificados para o ministério levítico eram uma tribo secular; mas, foram separados pelo Senhor para exercer as funções no Tabernáculo (Nm 1.50,51,53; 18.2-4,6; 1 Cr 15.2). Vejamos quais foram as funções que o Senhor delegou:

1.1 - Levitas. Por haverem sido resgatados da morte na noite da Páscoa, os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus (Êx 13.1,2), mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos divinamente como substitutos dos filhos mais velhos de cada família (Nm 8.17-19; ver 3.5-13). Deus separou para isto os três filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari (Nm 26.57).

1.2 - Sacerdotes. A palavra sacerdote que no hebraico é “kohen”, e de acordo com Champlin (2004, p.13), esse termo em português, vem do latim “sacer”, e que quer dizer: “sagrado, consagrado”, e se refere ao ministro divinamente designado na Antiga Aliança, cuja função principal era representar o homem diante de Deus (Êx 28.38; 30.8). Antes do êxodo, o chefe de cada família ou o primogênito, desempenhava o papel de sacerdote familiar; mas, os ritos do tabernáculo e a exigência de observá-los com exatidão tornaram necessária a instituição de um sacerdócio dedicado ao culto divino. Para esta importante função, Deus escolheu Arão e seus filhos (Êx 28.1). A vocação sacerdotal era hereditária, de modo que os sacerdotes podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus (Nm 18.2,7,8).

1.3 - Sumo sacerdote. O primeiro sumo sacerdote escolhido por Deus em favor de Israel foi Arão (Hb 5.1-4). Ele era o filho mais velho do levita Anrão e de Joquebede (Êx 6.20; Nm 26.59), e irmão de Moisés e Miriã, sendo três anos mais velho que o Legislador (Êx 7.7). Sua esposa era chamada Eliseba (Êx 6.23). Com ela Arão teve quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar (1 Cr 24.1). O sumo sacerdote era o principal entre os sacerdotes. Em hebraico ele é chamado de “kohen gadol”, que quer dizer: “grande sacerdote”. Somente ele entrava uma vez por ano no Lugar Santíssimo para expiar os pecados da nação israelita, no Dia da Expiação (Êx 30.10; Lv 16.34).

II – A CERIMÔNIA DE CONSAGRAÇÃO SACERDOTAL
Três coisas importantes ocorreram nesta consagração: sacrifícios de animais, purificação e unção dos sacerdotes, como veremos a seguir:
2.1 - Os animais que foram sacrificados (Lv 8.2). Três animais foram sacrificados durante a cerimônia de consagração:

O novilho. Arão e seus filhos colocaram as mãos sobre a cabeça do novilho que foi degolado à porta da tenda, como oferta pelo pecado (Lv 8.14-17; cf. Êx 29.10-14). Esse sacrifício purificava o sacerdote no caso de haver cometido algum pecado involuntário que poderia desqualificá-lo para representar o povo diante de Deus (Lv 4.3- 12). A imposição de mãos apontava para a transferência dos pecados do sacerdote para o novilho (Lv 4.4,15,24,29,33; 16.21,22). Este ato e oferta já apontavam para o sacrifício substitutivo de Cristo (Is 53.5; Jo 1.29; Gl 3.13; Hb 13.11-13).

O primeiro carneiro. Esta oferta simbolizava consagração total ao Senhor, e não um sacrifício pelo pecado (Lv 8.18-21; cf. Êx 29.15-18). Arão e seus filhos impuseram as mãos sobre a cabeça do carneiro, não para transferência de pecado, pois já foi realizada na ocasião da morte do novilho (Êx 29.10-14), e sim, para oferecerem a si mesmo, como oferta agradável ao Senhor (Lv 8.21). Depois que o animal foi degolado, seu sangue foi espalhado sobre o altar, então ele foi partido e suas entranhas e suas pernas lavadas (Êx 29.16,17; Lv 8.21). Esta lavagem apontava para a pureza daquele que estava sendo representado, ou seja, Arão e seus filhos.

O segundo carneiro. Era chamado de “carneiro da consagração” (Lv 8.22; cf. Êx 29.22). Neste sacrifício, também teve imposição de mãos sobre o carneiro (Êx 29.19). Depois que o carneiro foi degolado, o sangue foi colocado:

(a) sobre a ponta da orelha direita de Arão e seus filhos, simbolizando que o sacerdote era alguém que deveria estar preparado para ouvir tudo que o Senhor ordenasse, a fim de cumprir suas ordens;
(b) sobre o dedo polegar da mão direita. Tendo em vista que as mãos são instrumentos de ação, simbolizava que o sacerdote deveria estar pronto a realizar tudo que Deus lhe ordenasse; e,
(c) sobre o dedo polegar do pé direito, mostrando que o sacerdote deveria andar pelos caminhos que o Senhor lhe ordenasse. O resto do sangue era espalhado sobre o altar (Êx 29.19-23).

2.2 - Arão e seus filhos foram lavados com água (Lv 8.6). Esta lavagem cerimonial dos sacerdotes com água simbolizava a pureza que devia caracterizar o serviço sacerdotal, bem como a Palavra de Deus, como fonte de purificação (Sl 119.9,11; Jo 13.10; 17.17). Como Deus é santo (Lv 11.44,45; 19.2; 20.7; Is 48.17; 1 Pe 1.16), os sacerdotes deveriam estar limpos tanto no ato da consagração como no exercício do seu ofício (Êx 30.19-21). Caso contrário, eles estariam impuros para cumprir suas obrigações diante do Senhor. Semelhantemente, todos nós, como reino sacerdotal e nação santa (1 Pe 2.9), necessitamos estar limpos, para nos achegar a Deus (Jo 15.3; 2 Co 7.1; Ef 5.26). O escritor aos hebreus diz: “Cheguemonos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa” (Hb 10.22).

2.3 - Arão e seus filhos ungidos por Moisés (Lv 8.12,30). No AT, reis e sacerdotes recebiam a unção com óleo antes de exercerem suas respectivas funções (Êx 28.41; Nm 35.25; 1 Sm 10.1; 12.3,5; 2 Sm 1.14,16; 1 Rs 1.39,46; 19.16). A unção de um sacerdote lhe conferia um ofício vitalício (Lv 7.3; 4.3; 8.12-30; 10.7). Além dos sacerdotes, o tabernáculo e seus utensílios também foram ungidos (Êx 30.26-29; 40.9; Lv 8.10). O azeite simboliza o Espírito Santo; pois, ninguém pode realizar um serviço espiritual para Deus, sem a unção do Espírito. O próprio Jesus foi ungido pelo Espírito (Is 60.1-3; Lc 4.18,19; Hb 1.9).

III – ATIVIDADES DOS MINISTROS DO CULTO LEVÍTICO E SUA APLICAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
Mais de um terço das referências feitas aos sacerdotes do AT são encontradas no Pentateuco. Com aproximadamente 185 referências, o livro de Levítico pode, de forma muito acertada, ser chamado de manual dos sacerdotes (WYCLIFFE, 2010, p. 1714 – grifo nosso). Vejamos algumas das principais atividades dos ministros da Antiga Aliança:

3.1 - Levitas. No sentido mais estrito, o termo levitas designa todos os descendentes de Levi que ocuparam oficios subordinados ao sacerdócio, a fim de distingui-los dos descendentes de Arão, que eram os sacerdotes (Êx 6.25; Lv 25.32; Js 21.3,41.); assim, destacamos que todos os sacerdotes eram levitas; mas nem todos os levitas eram sacerdotes (Nm 8.24- 26) (CHAMPLIN, 2004, p. 793). Todavia, em um outro sentido, o termo levitas aponta para aquele segmento da tribo de Levi, que foi separado para o serviço do santuário, e que atuava subordinado aos sacerdotes (Nm 8.6; Ed 2.70; Jo 1.19). Os levitas eram portanto, ajudantes no ministério sacerdotal (Nm 3.5-9). Suas obrigações eram as mais variadas, algumas até manuais, como de limpeza, arranjo e arrumação no templo (Nm 4.1-19). Semelhantemente, o cristão como membro do corpo de Cristo, tem a sua devida utilidade, desenvolvendo os mais variados trabalhos na obra do Senhor (1Co 12.14-18), e ainda, que da mesma forma que Israel sendo chamado por Deus de reino sacerdotal (Êx 19.6); mas, dentre os hebreus separou uma tribo para exercer o sacerdócio, a Igreja também é chamada de sacerdócio real (1Pd 2.9), e que dentre os crentes o Senhor separou uns para a obra do ministério (Ef 4.11,12).

3.2 - Sacerdotes. Os sacerdotes deviam queimar incenso, cuidar do castiçal e da mesa dos pães da proposição, oferecer sacrifícios no altar e abençoar o povo (Nm 5.5-31); bem como ensinavam a Lei de Deus (Lv 10.11; Ne 8.7,8; Ez 44.23). Eles ministravam sobretudo, como mediadores entre o povo e Deus (Êx 12.12,29,30), fazendo expiação pelos seus próprios pecados e pelo pecado da nação (Êx 29.33; Hb 9.7,8). Essas muitas atribuições apontavam para a pessoa e obra de Cristo (Hb 2.17,18; 4.14-16; 5.1-4; 7.11), como também, por meio dele, todo crente é constituído sacerdote para o serviço de Deus (1Pd 2.9; Ap 1.6; 5.10; 20.6). Esse sacerdócio de todos os crentes abrange o seguinte: (a) todos os crentes têm acesso direto a Deus, através de Cristo (Jo 14.6; At 4.12; Ef 2.18); (b) todos os crentes têm a obrigação de viver uma vida santa (1Pe 1.14-17; 2.5,9); (c) todos os crentes devem oferecer “sacrifícios espirituais” a Deus (Cl 3.16; Hb 13.15; 1 Pe 2.5); (d) todos os crentes devem interceder e orar uns pelos outros (Cl 4.12; 1 Tm 2.1; Ap 8.3); e, (e) todos os crentes devem proclamar a Palavra e orar pelo bom andamento dela (At 4.31; 1 Co 14.26; 2 Ts 3.1).

3.3 - Sumo sacerdote. O sumo sacerdote estava encarregado de certos deveres especiais, que só ele podia cumprir, como oficiar no dia da expiação, entrando no Santo dos Santos com esse propósito uma vez no ano: “[…] só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo” (Hb 9.7). Também estava obrigado a observar regras, acima dos israelitas comuns (Lv 22.8); como também, oferecia sacrifícios pelos pecados de ignorância do povo (Lv 22.12-16). No NT todos os crentes, têm acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (Hb 8.1). Visto haver acesso pessoal a Deus, por meio de Cristo, não há necessidade da intermediação de nenhuma casta sacerdotal (Hb 10.19-22).

CONCLUSÃO
O Senhor nomeou Arão e seus descendentes para exercerem o sacerdócio, o que na verdade é uma figura do eterno e perfeito sacerdócio de Cristo, o qual através do seu sacrifício nos abriu o caminho de acesso a Deus tornando cada salvo um sacerdote.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
WYCLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

LIÇÃO 02 – A BELEZA E A GLÓRIA DO CULTO LEVÍTICO - (Lv 9.15-24) 3º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 02 – A BELEZA E A GLÓRIA DO CULTO LEVÍTICO -  (Lv 9.15-24)
3º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição etimológica e exegética da palavra “culto”; pontuaremos a tipologia do culto levítico com a pessoa de Jesus; analisaremos os princípios de adoração no AT, e por fim, estudaremos as verdades espirituais das cinco ofertas do livro de Levítico na vida da Igreja.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA CULTO
1.1 - Definição etimológica. Segundo Houaiss (2001, p. 887), a palavra “culto” deriva do Latim, “cultu”, e significa: “adoração ou homenagem a Deus”. Etimologicamente, o termo latino envolve em sua raiz a expressão “colo, colere”, que indica: “honrar, cultivar, reverenciar respeitosamente […], é o conjunto de atitudes e ritos pelos quais se adora uma divindade […] veneração, reverência, admiração, paixão externa para com alguém”. Os reformadores ortodoxos definiram culto como: “a maneira correta de honrar a Deus”. Ou seja, é: “uma tributação voluntária de louvores e honra ao Criador” (CLAUDIONOR, 2006, p. 127).

1.2 - Definição exegética. Os principais termos que descrevem o ato de “culto” na Bíblia são “shachah” no hebraico significando: “inclinar-se, prostrar-se” (Is 66.22), e no grego existem duas expressões que são respectivamente “latréia” e “proskyneo” significando “baixar-se para beijar, prostrar-se para adorar; reverenciar, prestar obediência, render homenagem” (Jo 4.24; Ap. 4.3-11). O culto é o momento da adoração que tributamos a Deus o melhor que temos e marca o encontro do Senhor com os seus adoradores (Êx 25.8). Na prática cristã, o culto é o encontro do homem com Deus, que pode ser praticado individualmente ou de forma coletiva (Mt 6.6; 16.25; At 2.46; 5.42).

II - PRINCÍPIOS DE ADORAÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO
É claro que a adoração do AT estava carregada de coisas que foram postas “até ao tempo oportuno da reforma” (Hb 9.10). “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados” (Hb 9.11), o que estava envelhecido e prestes a desaparecer, passou (Hb 8. 13), mas a tudo subjaz alguns princípios atemporais que queremos observar. Notemos:

2.1 - A adoração deve ser verdadeira. No AT Deus devia ser adorado do mais profundo do coração (Abel e sua fé), e não religiosamente apenas (Caim e seus frutos). Os profetas condenavam veementemente o formalismo religioso (1Sm 15.22). A aparência vazia é recusada (Dt 6.5; Is 1.10-17; 58; Ml 1.7,8), e a retidão do povo é exigida (Am 5. 24-27). O culto no AT era centralizado em Deus, que reivindica e espera isso de seu povo (Gn 8.20; 35.11, 14; Êx 3.18; 5.1; 2Cr 7.3; Ne 8.6).

2.2 - A Adoração deve ser só a Deus. O texto áureo do povo de Israel, os Dez Mandamentos, começa com a ordem expressa: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). A idolatria, o ato de colocar qualquer coisa no lugar, ou ao lado de Deus é expressamente condenada (Êx 20.4-6; 1Rs 13.1; 14.7;18; Am 4.15; Os 8.1; Mq 5.13).

2.3 - A adoração deve ser sacrificial. O princípio do sacrifício: substituição pelo pecado, ou oferta pacifica está estabelecido no culto do AT. Ninguém se aproximava de Deus a seu bel prazer, o sacerdote era o intermediário para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo, bem como ofertas de adoração (Lv 1-6). O grande cume da adoração nacional era o Dia da Expiação nacional (Lv 16), onde o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, oferecendo um sacrifício por ele, e depois no Propiciatório (a tampa da Arca da Aliança), oferecia um sacrifício pelo pecado nacional. O caminho entre o altar do holocausto e o altar do incenso (adoração) era salpicado com o sangue do sacrifício. Sem o sangue do holocausto ninguém chegaria ao altar do incenso. Este belo símbolo mostra que a adoração tem que ser sacrificial. Deus só aceita adoração de quem já foi lavado (Hb 10.22).

2.4 - A adoração deve ser reverente. Moisés quando teve uma visão de Deus na sarça foi advertido que até as sandálias tirasse (Êx 3.1-5). No Sinai, o povo na presença de Deus não podia se aproximar do monte, e o temor tomou conta de todos (Êx 19. 16-25; 20.18-19). No Tabernáculo e no Templo só os sacerdotes oficiavam e o manuseio dos objetos era para ser feito com o máximo de cuidado. A presença de Deus sempre resulta em temor e prostração (1Rs 18. 38-39; 2Cr 7.1-3; Sl 95. 6; Is 6. 1-5). O adorador ao aproximar-se da Majestade divina deve fazer sabendo onde está pisando, ali é lugar sagrado (Ec 5. 1-20).

2.5 - A adoração deve ser alegre. A reverência não exclui alegria. Não se pode confundir reverência com morte, formalismo, frieza. O culto no Antigo Testamento tinha muita movimentação, festa. O povo tocava, cantava, e se alegrava na presença de Deus (2Sm 6; Sl 95. 1-7; 100; 150). Os Levitas eram encarregados da execução do canto e de tocar os instrumentos (1Cr 15.16; 16.4-6; 2Cr 5. 12-14). O culto deve ser celebrativo, e exultante.

2.6 - A adoração deve ser respeitada. Todo povo tinha o dever de atender as “santas convocações” de Deus para coletivamente se unirem em adoração (Lv 23). Do mesmo jeito que a adoração particular tinha importância na vida deles, a adoração coletiva, no Tabernáculo ou Templo, não poderia ser descuidada. Uma não eliminava a outra. Quanto mais contrito com sua família o homem fosse, mais deveria se unir aos outros na adoração.

III – A TIPOLOGIA DO CULTO LEVÍTICO COM A PESSOA DE JESUS
A tipologia de Jesus no livro de Levítico está nas cinco ofertas que aparecem neste livro:

a) holocausto (Lv 1.1-17; 6.8-13);
b) oferta de manjares (Lv 2.1-16 e 6.14-23),
c) oferta pacífica (Lv 3.1-17; 7.11-34),
d) oferta pelo pecado (Lv 4.1-35), e,
e) oferta pela culpa (Lv 5.14-19).

Ali, Deus, deu as instruções sobre o cerimonial de Levítico que representa todos os detalhes da obra de Jesus Cristo na cruz. As cinco ofertas são descritas nos capítulos 1 a 7 de Levítico e explicam tudo que foi realizado no Calvário. Há quem diga que não existe nenhum livro do AT que nos faça melhor compreender o NT que o de Levítico. Não há em toda a Bíblia nenhum livro que nos conduza mais diretamente à cruz que o de Levítico. Ele é chamado por alguns de o “Evangelho do Antigo Testamento”. Vejamos a tipologia com o sacrifício de Cristo:

3.1 - A oferta de holocausto tipificava o sacrifício de Cristo. A primeira oferta descrita em Levítico é o holocausto (Lv 1.3-5). O termo hebraico é “Olah”, que significa “fazer subir”. O sentido geral da oferta é que ela subia para Deus como cheiro suave e era totalmente queimada. Em Levítico 1.3-5 observa-se: “sacrifício queimado e voluntário” para que fosse aceito. As exigências de Deus quanto aos animais que eram aceitos para os sacrifícios estão reiteradas em Levítico 22.18-20-25 e indicam que estes sacrifícios deveriam ser “fisicamente perfeitos” apontando para perfeição de Cristo. Em Levítico 1.8-9, fala das ofertas queimadas de aroma agradável. São assim chamadas porque tipificam Cristo em Suas próprias perfeições e em Sua devoção afetuosa para com a vontade do Pai.

3.2 - A oferta de animais tipificava a obediência perfeita de Cristo. O novilho que é um “tipo” de Cristo como servo paciente e sofredor (Hb 12.2,3), obediente até a morte (Is 53.1-7; At 8.32-35), as aves são naturalmente símbolos da inocência (Is 38.14, 59.11, Mt 23.37, Hb 7.26), e estão associados com a pobreza (Lv 5.7; 12.8), pois Ele por amor a nós se tornou pobre (Lc 9.58).Esse caminho voluntário para a pobreza começou quando se esvaziou de Sua glória e terminou no sacrifício através do qual nos tornamos ricos (2Co 8.9; Fp 2.6-8, Jo 17.5).

3.3 - A oferta de manjares tipificava o sofrimento perfeito de Cristo. Muitas são as características dessas ofertas (Lv 2.1-16; 6.14,23). Para se obter uma farinha de qualidade, era necessário um esmagamento do trigo. Isto faz lembrar o sofrimento de Jesus na cruz. O fogo usado nesta oferta descreve a prova de seu sofrimento até a morte (Mt 27.45,46, Hb 2.18) e o incenso aponta para a fragrância de sua vida diante de Deus. A ausência de fermento neste sacrifício tem a ver com sua atitude para com a verdade (Jo 14.6). O azeite que era colocado por cima aponta para unção do Espírito Santo (Jo 1.1-32, 6.27), e o sal explicita a pungência da verdade de Deus àquilo que impede a ação do fermento e simboliza a eterna e incorrupta aliança com Deus.

3.4 - A oferta pacíficas tipificava a paz de Cristo. O termo “pacífico” traduzido é “shelami” do verbo “shalom” e significa “ser completo, estar em paz, fazer paz”. Por outro lado, podia reafirmar a comunhão com Deus. Era a festa de comunhão daqueles que andavam em harmonia com o Senhor, e com o próximo. Em Cristo, Deus e o pecador se encontram em paz. Toda a obra de Cristo em relação a paz do crente está aqui tipificada (Lv 3.1-17, 7.11-33). A oferta pacífica representa a comunhão com Deus, pois Cristo trouxe a paz (Cl 1.20), proclamou a paz (Ef 2.17), e Ele é a própria paz do cristão (Ef 2.14).

3.5 - A oferta pelo pecado tipificava a substituição de Cristo. A oferta pelo pecado simboliza Cristo levando o pecado do homem (Lv 4.1-35), isto é, Cristo ocupando absolutamente o lugar do pecador (Is 53; Sl 22, Mt 26.28, 1Pe 2.24), Ele foi “feito pecado pelo pecador”. As ofertas pelo pecado são expiatórias, substitutivas e eficazes (Lv 4.12,29,35). A oferta pelo pecado é queimada fora do arraial e tipifica o aspecto da morte de Cristo fora da cidade.

IV - AS CINCO OFERTAS DE LEVÍTICO E A APLICAÇÃO COM A IGREJA
4.1 - A oferta queimada (Lv 1.1-17). Esta representa a consagração total, pois o adorador voluntariamente oferecia esta oferta e todo o animal que ele sacrificasse era consumido no altar. Tudo pertence a Deus, e devemos estar dispostos a dar tudo a ele.Paulo se refere a isso como um “sacrifício vivo” (Rm 12.1).

4.2 - A oferta de alimentos (Lv 2.1-16). Esta oferta era oferecida a Deus em gratidão por suas bênçãos. Esta deveria ser das primícias. Esta oferta ilustra a importância de retribuir a Deus com um coração de gratidão pela vida que Ele nos deu.

4.3 - A oferta de sacrifício pacífico (Lv 3.1-17). Esta deveria ser colocada sobre as cinzas do holocausto. Ela repousava sobre o trabalho do sacrifício feito anteriormente. Podemos ter paz com Deus somente porque Jesus voluntariamente se entregou a Deus na cruz (Rm 5.1 comparar Is 53.7).

4.4 - A oferta pelo pecado (Lv 4.1 - 5.13). Este era para o pecado que foi cometido na ignorância. Era para cobrir o pecado não intencional. Quando nos aproximamos de Deus, precisamos ser lembrados de que na melhor das hipóteses nós ainda somos pecadores diante de Deus e que a nossa única base para a aproximação com ele é através do sacrifício de Jesus Cristo (Hb 10.19,20).

4.5 - A oferta pela culpa (Lv 5.14 - 6.7). Esta oferta era para pecados específicos que foram cometidos intencionalmente. A diferença entre esta e a oferta pelo pecado é que essa exigia a restituição. Não se pode, com razão, adorar se abrigamos pecado em nossa vida, ou mesmo pecado confessado que não foi feito corretamente.

CONCLUSÃO
O Antigo Testamento mostra o povo de Deus adorando a Deus por um reconhecimento de seu pecado, uma confiança em Sua graça, e uma apreciação por Sua bondade, e isso retrata como a nossa adoração deve ser hoje.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
KESSLER, N. O culto e suas formas. CPAD.

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