Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
05 – SANTIDADE AO SENHOR – (Lv 20.1-10)
3º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Nesta
lição estudaremos a definição etimológica da palavra santidade, bem como seu
conceito exegético; veremos a santidade na vida do sumo sacerdote, em Israel e
no livro de Levítico; pontuaremos a Trindade como base da santidade na Bíblia,
e por fim, concluiremos mostrando a natureza da santidade.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA SANTIDADE
1.1
- Definição etimológica. No AT o adjetivo “santo” e seus derivativos ocorrem
mais de 900 vezes na Bíblia (TYNDALE, 2015, p. 1656), o livro inteiro de
Levítico, é devotado ao assunto desta palavra, ficando clara a importância dada
pelas Escrituras a esta doutrina. A palavra no hebraico para santidade
significa: “cortar, separar”. Basicamente santidade é: “o corte para separação”.
Pode-se dizer ainda que santidade é: “o estado de corte e separação do que é
impuro; é a característica do que é consagrado exclusivamente a Deus” (Lv
20.24-26). O princípio de corte ou separação no AT é aplicado em termos gerais
em relação a Deus (Lv 19.2), a objetos (Êx 30.28,29), e a pessoas (Lv 8.12).
Levítico tem o objetivo singular de convocar o povo de Deus para a santidade
pessoal (Lv 20.26). A palavra “santo” é usada em Levítico mais do que nos
outros livros da Bíblia. Embora em Levítico o termo seja utilizado mais para
coisas e lugares, é também empregado para descrever o Senhor e, com certa
frequência, o povo do Senhor é instruído a ser santo (Lv 11.44; 19.2; 20.7)
(ELISSEN, 2010, pp. 38,39 – acréscimo nosso).
1.2
- Definição exegética. No AT o conceito de santidade é expresso por três
palavras principais: O verbo qadash aparece com o sentido de “separar,
consagrar, santificar”. Na primeira ocorrência do termo em Gênesis 2.3
significa “declarar algo santo, estado daquele que é reservado exclusivamente
para Deus” (Êx 13.2; 20.8). O substantivo “qodesh” tem o significado de
“separação, consagração, santidade”. É empregada para descrever tanto o que é
separado para o serviço exclusivo a Deus (Êx 30.31), quanto o que é usado pelo
povo de Deus (Is 35.8; Êx 28.2, 38). Já o adjetivo “qadosh” é o vocábulo mais
difundido entre os estudantes das Escrituras Sagradas e aponta para o que é:
“santo, sagrado” (HOLLOMAN, 2003, p. 25).
II
- O LIVRO DE LEVÍTICO E A SANTIDADE
O
livro de Levítico servia de uma espécie de código de santidade, com inúmeras
leis pessoais, rituais e cerimoniais, cuja finalidade é promover e tipificar a
santidade. Ali são tratadas todas as questões de moralidade prática e pessoal,
e não apenas questões cerimoniais. Lendo Levítico espera-se que o povo de Deus
seja honesto e veraz (Lv 19.11,36), respeitoso aos seus pais (Lv 19.3),
respeitoso aos idosos (Lv 19.32), tratando os servos com justiça e equidade (Lv
19.13), amando ao próximo (Lv 19.33,34), mostrando-se generoso para com os
pobres (Lv 19.10,15), ajudando aos fisicamente incapacitados (Lv 19. 14),
mostrando-se sexualmente puro (Lv 18.1-30; 20.1-21) e evitando as superstições
(Lv 19.26,31; 20.6).
2.1
- O Sumo sacerdote e a santidade. Ouro na Bíblia sempre fala de pureza e
santidade, nas vestimentas sacerdotais da Antiga Aliança com toda sua
tipologia, vamos encontrar um símbolo da Santidade de Deus (Êx 40.13; Lv
16.4,32). O Sumo Sacerdote “kohen gadol” além de roupas especiais, deveria ter
sempre uma lâmina (uma testeira como uma espécie de arco ou tiara) de ouro puro
na testa, com a inscrição “Santidade ao Senhor” do hebraico “Qodesh Elohim” por
cima da mitra (um tipo de chapéu), atada com um cordão azul, exatamente como
Deus ordenou a Moisés (Êx 28.36; 39.30-31) para lembrar Arão de seu chamado à
santidade. Essa coroa era usada todos os dias pelo Sumo Sacerdote que devia
levar uma vida de acordo com o que estava escrito nela. Uma vez por ano, no Dia
do Perdão “Yom Kippur”, ele entrava no Santíssimo para orar por ele mesmo e por
toda a nação.
2.2
- Israel e a santidade. O povo de Israel devia santificar-se para o Senhor (Êx
19.6; Lv 11.44; 19.2;Dt 7.6; 14.2,21; 2Cr 29.5), tomando-se uma nação santa (Êx
19.6; Lv 20.26); um povo santo (Is 62.12; 63.18; Dn 12.7); uma raça santa (Ed
9.2; Is 6.13); uma comunidade de santos (Sl 16.3; 34.9); um reino de santos (Êx
19.6), uma congregação santa (Nm 16.3), o culto era santo (Lv 23.2), os
sacerdotes eram santos (Lv 8.12,13), suas vestimentas eram santas (Lv 16.4,32),
as ofertas eram santas (Lv 22.12), as festas eram santas (Lv 23.2,4), a terra
de Canaã era santa (Êx 3.5; 15.13), o acampamento de Israel era santo (Lv
10.4); a cidade de Jerusalém era santa (Ne 11.1), a convocação era santa (Êx
12.16); o descanso era santo (Gn 2.3; Êx 16.23); havia dias santos (Ne 8.11);
as ofertas eram santas (Lv 2.3;10); o monte de Sião era santo (Sl 99.9; Is
11.9); os profetas eram santos (Lc 1.70; At 3.21; 2Pe 1.21), o tabernáculo e o
templo eram santos (Êx 38:24; Lv 1.17,18; 1Cr 29.3; Sl 5.6) e as coisas
contidas no tabernáculo e no templo eram santas (Êx 29.38; 30:27; 40:10; Nm
5.9; 1Sm 21.4; 1R 7.51; 2Cr 29.33).
III
– A TRINDADE COMO BASE DA SANTIDADE NA BÍBLIA
Santidade
é expressamente atribuída nas Escrituras, a cada pessoa da Trindade, ao Pai (Jo
17.11), ao Filho (At 4.30), e ao Espírito Santo (Sl 51.11; Is 63.10; Jo 14.26).
Vejamos:
3.1
- A santidade do Pai. A Bíblia mostra-nos que o próprio Deus é santo (Lv 20.26;
1Sm 2.2; 6.20; Jo 17.11; 1Pe 1.15). Ele é a essência absoluta da santidade,
pois ela é perfeita e inspiradora (Sl 99.3). A santidade de Deus fala acerca de
sua “excelência moral”, bem como do fato de que ele está livre de todas as
imperfeições (Hc 1.13), ela é incomparável (Êx 15.11; 1Sm 2.2), é exibida em
seu caráter (Sl 22.3; Jo 17.11), em Seu Nome (Is 29.23; 57.15; Ez 36.23), em
Suas Palavras (Sl 60.6), em suas obras (Sl 145.17) e em seu reino (Sl 47.8; Mt
13.41). Sua santidade deve ser imitada (Lv 11.44; 1Pe 1:15,16), magnificada (ls
6.3; Ap 4.8), requer um serviço santo (Js 24.19; Sl 93.5) e uma vida santa (Hb
12.14).
3.2
- A santidade do Filho. Cristo é pioneiro no caminho que conduz à salvação (Hb
2.10). Aquele que é santo conduz o seu povo à santidade. Em doze trechos do NT
o Filho é descrito como santo. Em nove dessas vezes, é empregado o termo grego
“hagios” (Mc 1.24; Lc 1.35; 4.34; Jo 6.69; At 3.14; 4.27,30; 1Jo 2.20). Cristo
foi prometido como o santo Filho de Deus (Lc 1.35). Até um demônio, em
Cafarnaum, reconheceu que Cristo é o Santo de Deus (Mc 1.24; Lc 4.24). Ele é o
Santo por meio de quem os crentes são ungidos (1Jo 2.20). Ele é o Senhor das
igrejas, e também aquele que é santo e verdadeiro (Ap 3.7). Foi escolhido para
a sua missão messiânica pelo Pai, por causa de sua santidade superior (Hb 1.9).
Foi tentado, mas não revelou nenhuma falha moral (Hb 4.15).
3.3
- A santidade do Espírito Santo. O nome Espírito Santo vem do hebraico “ruah
kadosh” e do grego “pneuma hagios”. Assim como Deus é santo (1Pe 1.16) e Jesus
é santo (At 2.27), o Espírito também o é (Sl 51.11; Is 63.10,11; Mt 1.18,20;
3.11; Lc 1.35; Jo 14.26; 1Ts 4.7-8). É chamado de Espírito Santo porque Sua
obra principal é a santificação (Jo 3.5-8, 16.8; Rm 15.16; 1Co 6.11; 2Ts 2.13;
1Pe 1.1,2). Um adjetivo muito comum, para indicar o Espírito de Deus, é
“santo”, e no AT este título ocorre três vezes (Sl 51.11; Is 63.10,11). Porém,
no NT, a expressão “Espírito Santo” ocorre por mais de 90 vezes. Para algumas
referências neotestamentárias sobre o Espírito Santo é Ele quem batiza (Mt
3.11); quem enche e santifica a Igreja (At 2.4); quem derrama o amor de Deus em
nosso coração (Rm 5.5); é o nosso Mestre (1Co 2.13); somos o templo que Ele
santifica (1Co 3.17); Ele é o inspirador das Santas Escrituras (2Pe 2.21); e
nos ajuda em oração (Jd 20).
IV
– A NATUREZA DA SANTIDADE
A
Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida santa por meio de
várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl 3.5-10). A
responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos
Hebreus (Hb 12.14-a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a necessidade de uma
vida santa é vista ao afirmar que: “[…] sem a santificação ninguém verá ao
Senhor” (Hb 12.14-b). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos
reflitam seu caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes sentidos.
Notemos:
4.1
- Santidade é uma ordem divina. Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a
santificação (Lv 11.44; Lv 19.1, 2; Lv 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o
propósito da nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus,
ser dedicado a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A
perfeita obra de Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus
(Rm 8.3-4; 1Pe 1.15-16).
4.2
- Santidade é separação. A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e
seu significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18);
portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado
de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou
um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa
separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).
4.3
- Santidade é consagração. No sentido de viver uma vida santa e justa, em
conformidade com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão
passa a viver em busca da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse
serviço. Sendo assim, Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis
de santidade que se acham no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão
de vida de um povo que busca a santificação é viver uma vida de consagração
(2Co 6. 16b). A santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente
(Pv 4.18; 2Co 3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb
12.14).
4.4
- Santidade é dedicação. Santificação inclui tanto a separação “de”, como
dedicação “a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao serem separados do
pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina, e consagrados à
comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é uma nação santa,
por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são santos por serem
especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm 8.6-26). A palavra
“santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o pensamento de que
esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no sentido especial de
serem sua propriedade (2Co 6. 17,18).
4.5
- Santidade é purificação. Embora o sentimento primordial de “santo” seja
separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus
age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele
participam de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e
puras (2Co 7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade.
A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no
AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv
11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a
vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).
CONCLUSÃO
Para
um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre “secular” e
“sagrado”, em certo sentido não são duas coisas diferentes. Ao viver para a
glória de Deus, a vida do servo de Deus em todos os aspectos deve ser marcada
pela santidade, como exorta o apóstolo Pedro: “[…] em toda a vossa maneira de
viver” (1Pe 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está
excluído desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e
beber, devem ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo
em 1Coríntios 10.31.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOLLOMAN,
H. O poder da santificação. CPAD.
JONES,
Landon. O Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
WYCLIFFE.
Dicionário Bíblico. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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