segunda-feira, 28 de maio de 2018

LIÇÃO 10 – ÉTICA CRISTÃ E VIDA FINANCEIRA - (1 Cr 29.10-14; 1 Tm 6.8-10) 2º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543
LIÇÃO 10 – ÉTICA CRISTÃ E VIDA FINANCEIRA - (1 Cr 29.10-14; 1 Tm 6.8-10)
2º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
A Bíblia deixa claro que o dinheiro não é mau, mas adverte quanto ao uso correto que devemos fazer dele. Nesta lição trataremos um pouco deste assunto; destacando ainda o que Jesus falou a respeito do dinheiro e das posses; pontuaremos sobre a importância da economia; e, ainda como fazermos uso do dinheiro de forma sábia.

I – A BÍBLIA E O DINHEIRO
O dinheiro em si não representa pecado algum, pois todas as coisas pertencem a Deus, inclusive as riquezas (Ag 2.8). Ele mesmo pode enriquecer alguém (1 Sm 2.7; Pv 10.22). A questão é o uso que se faz do dinheiro ou a perspectiva que o crente tem em relação a ele. Vejamos:

1.1 - A Bíblia adverte quanto a fonte do dinheiro. Todos necessitamos de dinheiro para nos mantermos. No entanto, a Bíblia faz severas exortações quanto a forma correta de obtê-lo. Vivemos em dias extremamente difíceis, onde a corrupção tem sido a prática mais comum entre as pessoas. No Brasil, o “jeitinho brasileiro” é uma frase que alude a desonestidade, e tem sido praticado com o intuito de utilizar de meios desonestos para obter lucros ou vantagens. Devemos ter cuidado quanto a fonte daquilo que pode nos proporcionar dinheiro, riquezas e bens (Pv 11.1; 20.10; Am 2.6). A Bíblia condena por exemplo: o furto (Êx 20.15; Dt 5.19); o suborno (Pv 17.23; Dt 16.19; Mt 26.15); a prostituição (Dt 23.18); mercadejar com os dons ou com o evangelho (2 Rs 5.15,16; At 8.18-22; 1 Tm 6.5; 2 Pe 2.3). O proverbista nos diz: “a riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará” (Pv 13.11). Não vale tudo para se possuir algo. Lembremos dos princípios cristãos da licitude (1 Co 6.12-a), conveniência (1 Co 6.12-b), edificação (1 Co 10.23), e, da glorificação a Deus (1 Co 10.31). Devemos ajuntar pelo trabalho honesto e digno que não viole nenhum princípio bíblico (Sl 128.2; Ec 2.24; 5.18; Ef 4.28).

1.2 - A Bíblia adverte quanto ao uso do dinheiro. Possuir bens e ter dinheiro é bom, e a riqueza em si não é má. O que fazemos com ela pode sim transformar-se em algo danoso. Os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos deixam claro que os bens materiais se não forem administrados com sabedoria, para benefício próprio, da obra de Deus e do próximo se constituem num tropeço que poderá impedir o possuidor de entrar no Reino do Céus (Mc 10.23; Lc 6.24; 1 Jo 2.15; Tg 5.1). Nabal, um rico fazendeiro do AT, negou-se ajudar a Davi quando este precisou (1 Sm 25.8-12); o filho pródigo gastou a herança do Pai com o pecado (Lc 15.14,30); outro rico que vestia-se de púrpura, enquanto Lázaro jazia a sua porta comendo migalhas (Lc 16.19-21); o rico insensato se preocupou apenas com o seu bem-estar material e esqueceu da sua alma (Lc 12.16-20). Jó, foi um exemplo de alguém que procurou aliviar o sofrimento alheio com suas posses (Jó 29.13). 1.3 A Bíblia adverte quanto ao apego ao dinheiro. De fato, a Bíblia condena o amor ao dinheiro, dizendo que é a “raiz de toda espécie de males” (1 Tm 6.10) e não a aquisição dele (Ef 4.28; 1 Ts 4.11). Condena também a confiança nas riquezas (Sl 49.6,7; 52.7; 62.10; Pv 11.28; Jr 9.23; Mc 10.24; 1 Tm 6.17). Vejamos algumas práticas nocivas em relação as riquezas:

MALES
1. Avareza
2. Orgulho
3. Egoísmo

SIGNIFICADO
1. Excessivo e sórdido apego ao dinheiro
2. Conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba
3. Amor excessivo ao bem próprio, sem consideração aos interesses alheios

REFERÊNCIAS
1. Pv 15.27; Lc 12.15; Rm 1.29; Ef 5.3; Cl 3.5; Hb 13.5
2. Dt 32.15; Pv 21.4; Jr 9.23; Dn 4.29,30
3. 1 Sm 25.1-11; Lc 12.16-21; 2 Tm 3.4

II – JESUS E O DINHEIRO
A cultura judaica dos dias de Jesus acreditava que riqueza era um sinal de um favor especial de Deus, e que aqueles que a possuíam deveriam ser tratados com deferência (GONÇALVES, 2011, p. 76). Todavia, Jesus explicou que é difícil entrar um rico no Reino dos céus (não impossível, mas difícil) (Mt 19.24). Abaixo destacaremos alguns ensinamentos de Cristo sobre as riquezas:

-Não devemos buscar as riquezas como prioridade, mas o reino dos céus (Mt 6.33);
-Não devemos colocar o coração nas coisas materiais, mas nas espirituais (Mt 6.19-21; Lc 12.34);
-Não devemos ganhar o mundo às custas da alma (Mt 16.26; Mc 8.36);
-Devemos manter uma perspectiva eterna e juntar tesouros no céu “onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19-21);
-Devemos ser ricos para com Deus e não apenas financeiramente (Lc 12.21);
-Devemos ter cuidado com a sedução das riquezas, pois elas podem sufocar a palavra semeada no coração (Mt 13.22; Mc 4.19; Lc 8.14);
-Devemos ter a nossa vida centrada em Deus e não nas coisas (Mt 6.25-34);
-Devemos estar satisfeitos com aquilo que temos (Pv 30.7-9; 1 Tm 6.8).

III – A BÍBLIA E A ECONOMIA
A palavra “economia” segundo o Houaiss significa: “gerenciamento de uma casa, especificamente das despesas domésticas” (HOUAISS, 2001, p. 1097). Um dos aspectos do fruto do Espírito é o domínio próprio (Gl 5.22) que também pode ser traduzido por equilíbrio. Este equilíbrio deve estar presente em todas as áreas da nossa vida, inclusive na financeira. Batista (2018, p. 148) nos diz que: “a saúde financeira não depende de quanto ganhamos, mas de como gastamos o que ganhamos”. Notemos o que a Bíblia nos orienta quanto a economia:

3.1 - Evitemos o desperdício. Nunca devemos comprar o que não necessitamos, e nem gastar além do que ganhamos. Deus não se alegra com o desperdício. Quando Deus mandou que sacrificassem o cordeiro da Páscoa, se a família fosse pequena deveria agregar-se a outra, para que comessem juntas, a fim de não estragar comida (Êx 12.1-4). Na ocasião que enviou o maná para o povo de Israel, os orientou, através de Moisés, que apenas recolhessem a porção diária, o tanto quanto podia comer (Êx 16.14-18). Jesus quando multiplicou pães e peixes, ordenou depois que a multidão comeu, que as sobras fossem recolhidas: “Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca” (Jo 6.12).

3.2 - Planejemos os nossos gastos. Jesus deixou claro que o crente só deve iniciar um empreendimento depois de planejar e ter a certeza de que vai conseguir concluí-lo (Lc 14.28-32). Ainda que neste texto ele estivesse falando sobre a responsabilidade em segui-lo, tal princípio é perfeitamente útil para as demais áreas da vida, inclusive a financeira.

3.3 - Economizemos o máximo. Dentro das possibilidades, o crente deve ter uma reserva financeira, visando dias maus que possam lhe sobrevir. Esse princípio fica evidente na administração de José na terra do Egito (Gn 41.33-35). Para que se consiga isso, são necessários equilíbrio e sabedoria por parte do servo de Deus (Pv 12.24; 25.28).

IV – FAZENDO USO DO DINHEIRO DE FORMA SÁBIA
4.1 - Provisão familiar. É responsabilidade do pai ser o provedor do lar (Gn 3.19; Sl 128.1,2), podendo, se necessário, ser auxiliado pela esposa (Gn 2.18; Pv 31.24). A Bíblia também orienta que os pais devem preocupar-se com o futuro dos filhos (Pv 19.14); como também com o bem estar dos demais parentes, quando necessário (Êx 20.12; Mt 15.3-6; 1 Tm 5.8).

4.2 - Contribuir com a obra de Deus. A palavra dízimo significa: “décima parte de uma importância ou quantia”. O Dízimo, então, é uma oferta entregue voluntariamente à obra de Deus, constituindo-se da décima parte da renda do adorador. É um ato de fé, amor e devoção àquele que tudo nos concede. A prática do dízimo está registrada antes da Lei (Gn 14.18-20; 28.18-22); na Lei (Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29); nos livros poéticos (Pv 3.9); proféticos (Ml 3.10); nos evangelhos (Mt 23.23); e, nas epístolas (1 Co 9.9-14).

4.3 - Pagar as contas pontualmente. É necessário que sejamos cumpridores dos nossos compromissos financeiros. Comprar e não pagar é um ato típico daqueles que não temem a Deus (Hc 2.6,7; Rm 1.31). Fomos chamados para fazer a diferença como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14). Nossas atitudes honestas levam os homens a glorificar a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).

4.4 - Ajudar ao próximo. Atender ao pobre e ao necessitado é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3). Nos dias da igreja primitiva, a igreja não só pregava o evangelho, mas também, atendia aqueles que necessitavam de socorro material (Gl 2.9,10). Paulo ensinou claramente que além do sustento pessoal devemos nos preocupar em aliviar o sofrimento alheio “[...] trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade” (Ef 4.28). Ser generoso e solidário também é um dever do cristão (Hb 13.2; Tg 2.14-17; 1 Jo 3.17,18).

CONCLUSÃO
A Bíblia não condena a aquisição de dinheiro e bens, desde que seja de forma lícita. Ela nos instrui também que tudo aquilo que possuímos deve honrar a Deus, deve ser para nosso sustento e para aliviar o sofrimento do próximo.

REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GONÇALVES, José. A prosperidade à luz da Bíblia. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

LIÇÃO 09 – ÉTICA CRISTÃ E PLANEJAMENTO FAMILIAR - (Gn 1.24-31) 2º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
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Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 09 – ÉTICA CRISTÃ E PLANEJAMENTO FAMILIAR - (Gn 1.24-31)
2º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição abordaremos um dos assuntos relevantes para o desenvolvimento da relação matrimonial; será destacado o que se entende como planejamento familiar, tanto no âmbito secular como na ética cristã; indicaremos algumas finalidades desse planejamento e métodos existentes para que ele seja possível; elencaremos também, algumas concepções erradas sobre o assunto; e por fim, pontuaremos considerações à luz da Bíblia sobre planejamento familiar.

I – O QUE É PLANEJAMENTO FAMILIAR
Um dos temas mais intrigantes do ponto de vista cristão na relação matrimonial, é o de planejamento familiar. Isso se dá muito provavelmente, pelo fato de que a Bíblia refira-se à procriação (Gn 1.27,28), e não trate diretamente sobre o planejamento familiar. Vejamos então algumas considerações sobre esse importante e controverso assunto.

1.1 - Conceito secular. Segundo Houaiss (2001, p. 2232) planejamento é: “ato ou efeito de planejar; determinação de um conjunto de procedimentos, de ações, visando a realização de determinado projeto”. Quanto a planejamento familiar, Houaiss ainda informa, que essa expressão tornou-se usual a partir de 1930, e que se refere a: “esquema que regula o número de nascimento dos filhos de um casal e que envolve diferentes métodos […]”. Assegurado pela Constituição Federal e também pela Lei n° 9.263, de 1996, o planejamento familiar é: “um conjunto de ações que auxiliam o casal que pretende ter filhos e também quem prefere adiar o crescimento da família”.

1.2 - Na perspectiva da ética cristã. Planejamento familiar no âmbito da ética cristã, diz respeito a decisão equilibrada e em comum acordo entre o casal, quanto ao número de filhos que querem e podem criar, educando-os de forma digna; levando em conta a realidade de cada família e considerando os princípios exarados das Escrituras. No contexto cristão, quanto a essa decisão, podemos afirmar que o casal deve buscar direção divina por meio da oração e submeter-se à orientação do Espírito Santo (Sl 37.5; Pv 15.22; Is 55.8,9).

II – FINALIDADES DO PLANEJAMENTO FAMILIAR NA ÉTICA CRISTÃ
O planejamento familiar na Ética Cristã, pode ser resumido basicamente em dois propósitos. Vejamos a seguir:

2.1 - Evitar a gravidez irresponsável. Gerar filhos é uma ordenança de Deus para toda a humanidade seja antes ou após Queda (Gn 1.28; 9.1; Jr 29.6), sendo parte integrante do projeto divino para perpetuação da raça humana, a quem fez a sua imagem e semelhança (Gn 1.26); no entanto, incorrem em erro aqueles que, pela falta de planejamento, procriam em demasia e não conseguem prover o suficiente e indispensável para os filhos. Desse modo, a paternidade irresponsável torna-se culpada pelas mazelas a que sua prole estará exposta durante toda a vida (BAPTISTA, 2018, p. 111).

2.2 - Escolher o momento oportuno para a chegada dos filhos. Visando proporcionar um melhor ambiente para a chegada dos filhos, através do planejamento familiar, o casal poderá decidir em alguns casos, o momento em que isso deve acontecer (Ec 3.1,2a), para que seja proporcionado uma melhor qualidade de vida para os filhos e satisfação dos pais por exercerem uma paternidade responsável. Deus como exemplo supremo de paternidade, em seu projeto salvífico para a humanidade, planejou o momento exato que seu Filho Jesus deveria nascer (Gl 4.4); Jesus consequentemente elogiou a atitude sábia dos que decidem por realizar um grande empreendimento de forma planejada e de maneira prudente (Lc 14.28-32).

III – MÉTODOS DE PLANEJAMENTO FAMILIAR E A ÉTICA CRISTÃ
Diante dos propósitos legítimos do planejamento familiar, tal decisão não deve ser considerada pecado, desde que seja por meios lícitos e convenientes (1Co 6.12; 10.23,31). Em nossos dias devido ao avanço da medicina, tem sido colocado à disposição dos casais, vários tipos de métodos para limitar ou adiar a chegada de filhos, no entanto, o simples fato de uma tecnologia estar disponível não significa necessariamente que, em termos éticos, é permissível utilizá-la. Antes, é essencial considerar como as opções disponíveis se alinham com os princípios bíblicos que devem nortear o processo de decisão. Vejamos alguns dos mais conhecidos e, sobretudo, os que se alinham a Ética Cristã:

3.1 - Métodos naturais e de barreira. Os métodos naturais têm como base a fertilidade da mulher, ou seja, dias do mês chamados “dias férteis”, onde é possível haver a gravidez. Quanto a esse método, que pode ser controlado através de uma tabela (método de Ogino-Knaus), não há conflito com a ética cristã. Um problema porém, em relação a esse método, decorre da irregularidade dos ciclos menstruais de certas mulheres (RENOVATO, 2002, p. 66). Já o método de barreira tem por objetivo impedir que os espermatozóides consigam chegar ao óvulo e fecundá-lo, empregando-se os seguintes artefatos: (a) preservativo (masculino ou feminino); (b) Espermicida (formato de cremes e spray que imobilizam os espermatozóides); e, (c) Dispositivo intrauterino (DIU), pequeno objeto em forma de T ou espiral, colocado no interior do útero, que impede ao óvulo fecundado a sua respectiva implantação no útero. É considerado abortivo por interromper o processo de gravidez, nesse caso, trata-se de técnica condenada pelas Escrituras por atentar contra a inviolabilidade da vida (BAPTISTA, 2018, p.105). Diante disso destacamos que outros métodos como prostaglandinas e a pílula do dia seguinte, por serem também abortivos, definitivamente devem ser repudiados.

3.2 - Métodos fisiológicos e os irreversíveis. Os anticoncepcionais orais e injetáveis pertencem o grupo dos métodos hormonais (fisiológicos), que embora não firam a ética cristã, mas, por possuírem efeitos colaterais (náuseas, sonolências, etc), devem ser utilizados com prescrição médica. Recomendando-se ainda que seja utilizado por necessidade e não por vaidade (Mc 2.17). Quanto aos métodos irreversíveis estão a laqueadura ou ligação tubária no caso de mulheres, e no caso dos homens a vasectomia; ambos por serem de naturezas irreversíveis devem ser feito com bom senso, de forma refletida e em comum acordo entre os conjunges e com indicação de um médico.

IV – FALSAS CONCEPÇÕES SOBRE PLANEJAMENTO FAMILIAR
A falta de entendimento sobre este tema, tem resultado em conceitos equivocados. Dentre eles, destacamos alguns:

4.1 - Fere o princípio da procriação. Os que se opõe ao planejamento familiar e aos métodos aconselháveis de limitação de filhos, argumentam que se Deus deu a ordem: “[…] crescei e multiplicai-vos […]” (Gn 1.28), não é certo limitar o número de filhos e a mulher deve ter o máximo que puder. Contrariando essa ideia, a mulher não é fértil todos os dias. O Criador agraciou a mulher com apenas três dias férteis a cada mês, indicando que ela não tem o dever de gerar filhos a vida toda (BAPTISTA, 2018, p.110). Devemos considerar ainda, que Deus não exigiu do homem o tamanho de sua família, e ainda que a quantidade da prole seja uma condição especial para cumprimento da vontade divina. Portanto, quando nasce um filho, são três; quando nascem dois filhos, são quatro pessoas a mais no lar e na terra, e assim por diante (RENOVATO, 2002, p. 58). Destacamos ainda que algumas pessoas poderão ter muitos filhos como Jacó (Gn 35.23-26; 34.1), outras terão poucos como Zacarias e Isabel (Lc 1.13), e outras não terão nenhum, pelos motivos mais variados (Gn 20.18).

4.2 - É condenável pelas Escrituras, por causa do exemplo de Onã. Nesse caso bíblico relata-se que Er era casado com Tamar e morreu sem deixar descendentes. Então, Judá, seu pai, ordenou ao seu segundo filho, Onã, que tomasse a viúva para suscitar com ela descendência ao seu irmão (Gn 38.7,8). Porém, diz o texto que Onã “toda vez que possuía a mulher do seu irmão, derramava o sêmen no chão para evitar que seu irmão tivesse descendência” (Gn 38.9b, NVI). Realizava ele o que hoje é chamado de “coito interrompido”, considerado no texto como um mal pelo qual o Senhor o matou (Gn 38.10). Contudo, o castigo de Onã não se deu pelo fato de ele usar um método contraceptivo — aliás, um dos menos eficazes, mas pela sua postura egoísta por saber que “a descendência não seria sua” (Gn 38.9a, NVI) (BAPTISTA, 2018, p. 108). O caso específico da recusa de Onã em suscitar descendência para seu irmão, não pode ser usado para estabelecer uma regra contra os contraceptivos, por várias razões. Primeiramente, sua desobediência não era ao mandamento geral (Gn 1.28) para ter filhos, mas, sim, à responsabilidade específica de um irmão sobrevivente no sentido de suscitar descendência para seus parentes (Dt 25.5) (GEISLER, 2006, p. 160).

4.3 - Viola o propósito do sexo no casamento, que é a procriação. Outro argumento usado por aqueles que se opõem aos métodos artificiais de planejamento familiar, é que o propósito básico do sexo (procriação), é impedido pelos contraceptivos; a procriação é, obviamente, o propósito básico do sexo no casamento, no entanto, não é o único. Precisamos levar em consideração que o ato conjugal também foi criado para proporcionar prazer ao casal (Pv 5.15-18; Ec 9.9), e se Deus estabeleceu que o sexo unifique e satisfaça, além de multiplicar, logo, não há razão porque alguma forma de controle de nascimento não possa ser exercida a fim de promover estes outros propósitos do casamento, sem produzir filhos (GEISLER, 2006, p. 159 - acréscimo nosso).

V – CONSIDERAÇÕES BÍBLICAS SOBRE PLANEJAMENTO FAMILIAR
Embora a Bíblia não trate diretamente sobre o assunto de planejamento familiar, podemos fazer as seguintes afirmações:

5.1 - Filhos são bençãos do Senhor. No Antigo e Novo Testamento a concepção é tida como um dom de Deus (Gn 4.1; 29.31; 30.22; Jz 13.3; 1Sm 1.5; Sl 113.9; 128.3; Is 54.1), de modo que ter filhos é considerado sagrado, uma benção divina “Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127.3), e uma família numerosa sinal de benevolência do Altíssimo e sinônimo de felicidade “Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava” (Sl 127.5; ver Gn 33.5,6).

5.2 - Não gerar filhos por motivos egoístas é pecado. Deixar de gerar filhos não caracteriza desobediência a uma norma que é “geral”, e não “específica”. Não gerar filhos não é pecado desde que os motivos alegados não atentem contra a soberania divina. Do contrário, os solteiros e os viúvos (1 Co 7.8), os eunucos (Mt 19.12) e os casados estéreis (Lc 23.29) estariam em pecado. E, se fosse pecado não procriar, até a privação sexual voluntária, autorizada nas Escrituras, estaria em contradição (1 Co 7.5). Desse modo, gerar ou não filhos, bem como o fator multiplicador, depende da vontade e do projeto do Senhor para cada família (BAPTISTA, 2018, p.110). Evitar que uma vida inicie é diferente de tirar uma vida (1Co 7.17).

5.3 - O planejamento deve ser subordinado à direção divina. Lembremos mais uma vez que planejar não é pecado. Um erro no entanto, está na presunção em não pedir a aprovação divina sobre esse quesito (Tg 4.13-15). O casal cristão deve aconselhar-se com Deus para qualquer decisão a ser tomada (Tg 1.5; 1Jo 5.14), para o bem-estar da família (1Tm 5.8). Nossas motivações devem ser apresentadas ao Senhor em oração e devem ser desprovidas de vaidade e de egoísmo (Tg 4.2,3).

CONCLUSÃO
Os filhos são bençãos do Senhor e não devem ser evitados por razões egoísticas e utilitaristas. As famílias, porém, que se preocupam em planejar, são mais bem-sucedidas na criação e no sustento de seus filhos.

REFERÊNCIAS
RENOVATO, Elinaldo. Ética Cristã: Confrontando as Questões Morais do Nosso Tempo. CPAD
BAPTISTA, Douglas. Valores Cristãos: Enfrentando as Questões de Morais de Nosso Tempo. CPAD
GEISLER, Norman. Ética Cristã: Alternativas e Questões Contemporâneas. VIDA NOVA.
http://www.brasil.gov.br/saude/2011/09/planejamento-familiar/ acessado em: 19/04/18.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

LIÇÃO 08 – ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE - 2º TRIMESTRE DE 2018 (1 Co 7.1-16)


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 08 – ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE - (1 Co 7.1-16)
2º TRIMESTRE DE 2018 

INTRODUÇÃO
Uma das características do presente século é a promiscuidade e a perversão sexual. Diariamente, as famílias são bombardeadas por orientações sexuais ilícitas e estímulos à práticas sexuais antibíblicas, principalmente através da mídia. Por isso, faz-se necessário estudarmos sobre a sexualidade à luz da Bíblia. Veremos nesta lição: a definição do termo sexualidade; que o sexo foi criado por Deus; que o ato conjugal deve estar restrito ao casamento; os propósitos do sexo; quais são as práticas sexuais ilícitas, e por fim, destacaremos os princípios bíblicos para o ato conjugal.

I - DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS “SEXUALIDADE” E “SEXO”
O dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 2563) define a palavra sexualidade como: “qualidade do que é sexual. O conjunto dos fenômenos da vida sexual externos ou internos, determinados pelo sexo do individuo”. A expressão “sexo” ainda pode ser usada como referência aos órgãos sexuais ou à prática de atividades sexuais. À luz da Bíblia, sexo são “as características internas e externas, que identificam e diferenciam o homem da mulher” (Gn 1.27).

II – O SEXO FOI CRIADO POR DEUS
A nossa confissão de fé (2017, p. 203) diz que a diferenciação dos sexos visa à complementariedade mútua na união conjugal (1Co 11.11), essa complementariedade mútua é necessária à formação do casal e a procriação. Rejeitamos o comportamento pecaminoso […] bem como qualquer configuração social, que se denomine família, cuja existência se fundamente em prática, união ou qualquer conduta que atente contra a monogamia e a heterossexualidade consoante o modelo estabelecido pelo Criador e ensinado por Jesus (Mt 19.6). Quando criou o ser humano, a Bíblia revela que Deus os fez sexuados: (Gn 1.27). A bênção do Senhor estava sobre aquele casal heterossexual (Gn 1.28). O sexo dentro do casamento não se constitui pecado, pois a Bíblia nos revela que foi Deus quem o criou (Ec 9.9; Pv 5.15-19; Hb 13.4). Logo, a natureza do sexo em si não é pecaminosa nem má, como acreditam e defendem alguns de forma equivocada (1Tm 4.1-3). O sexo fez parte da constituição física e emocional do ser humano, desde o momento da sua criação (Gn 1.27). Assim, à luz das Sagradas Escrituras não é correto ver o sexo como coisa imoral, feia ou suja, pois Deus não fez nada ruim (Gn 1.31).

III – A RELAÇÃO SEXUAL ESTÁ CIRCUNSCRITA AO CASAMENTO
3.1 - No Antigo Testamento. No plano original divino, a ordem de crescer e multiplicar-se foi dada a um casal (Gn 1.28). As páginas veterotestamentárias nos mostram claramente que somente nesta condição o ato conjugal é aceito e aprovado por Deus (Gn 2.24); pois, é por meio do casamento que marido e mulher tornam-se “uma só carne”, segundo a vontade de Deus (Gn 2.24 comparar Mc 10.7). Portanto, os prazeres físicos e emocionais normais, decorrentes do relacionamento conjugal fiel, são ordenados por Deus e por Ele honrados (Pv 5.15-19).

3.2 - No Novo Testamento. O NT preservou as atitudes judaicas do AT quanto ao sexo. Jesus condenou não só as práticas sexuais fora do casamento, como também o “simples” olhar com intenção impura para uma mulher (Mt 5.2-32). O apóstolo Paulo, de igual forma, ensinou aos crentes de Corinto como eles deveriam se portar quanto ao sexo (1Co 7.1-40). Aos casados, o apóstolo orienta que pratiquem o ato sexual regularmente (1Co 7.3), e só abstenham de desfrutar do ato conjugal com finalidades espirituais, como dedicar-se à oração, por exemplo, por um espaço de tempo combinado entre o casal, a fim de não se exporem às tentações de Satanás, inclusive, ao adultério (1Co 7.5). E, aos solteiros, Paulo afirmou que aqueles que não puderem conter-se, ou seja, controlar-se, que se casem, a fim de evitar as tentações e possam praticar o ato sexual licitamente (1Co 7.9; Hb 13.4).

IV – PROPÓSITOS DO SEXO SEGUNDO A BÍBLIA
Além da Bíblia ensinar que o ato conjugal deve ser praticado dentro do casamento, ela também mostra quais os propósitos pelos quais Deus criou o sexo. Vejamos as principais:

4.1 - Procriação. Sem dúvida alguma, o primeiro propósito do ato sexual é a reprodução humana (Gn 1.28; 9.1; Sl 127.3). A procriação é o ato criador de Deus, através do homem. Para tanto, o Senhor dotou o homem de capacidade reprodutiva, instituindo o matrimônio e a família (Gn 2.21-24). No AT, a “lua de mel” para o soldado durava um ano, com o fim de proporcionar ao casal a possibilidade da procriação (Dt 24.5). Quando os fez macho e fêmea, Deus tinha o propósito de tornar possível a reprodução do gênero humano (Gn 1.28-a), visto que dois iguais não se reproduzem, por isso a prática homossexual é vista na Bíblia como uma abominação (Lv 18.22); e, algo antinatural (Rm 1.26,27). Portanto, “o princípio da heterossexualidade estabelecido na criação, continua a ser parte integrante do plano de Deus para o casamento”.

4.2 - Satisfação. O ato conjugal também foi criado para proporcionar prazer ao casal. A Bíblia diz: “Bebe água da tua fonte, e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam as tuas fontes por fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade” (Pv 5.15-18). O sábio exorta os cônjuges a desfrutarem do sexo, sem ao menos mencionar os filhos. Neste capítulo, o homem é incentivado a valorizar a união conjugal honesta e santa, exaltando a monogamia, a fidelidade e o prazer (Ec 9.9; Ct 4.1-12; 7.1-9).

V – PRÁTICAS SEXUAIS REPROVADAS PELA BÍBLIA
Já vimos que o sexo foi criado por Deus com propósitos elevados, saudáveis e benéficos para o ser humano. No entanto, desde a Queda, o sexo e a sexualidade têm sido deturpados de modo irresponsável (Rm 1.24-27). Abaixo elencaremos algumas práticas sexuais reprovadas pelas Escrituras:

5.1 - Fornicação. Relação sexual entre pessoas não casadas. A Bíblia restringe o ato sexual apenas aos casados. Portanto, praticá-lo antes do casamento se constitui em transgressão (Gl 5.19-21; Ef 5.3; Cl 3.5).

5.2 - Adultério. Relação sexual de um homem casado com uma mulher que não é a sua esposa, ou vice-versa. Prática condenada pela Bíblia Sagrada (Êx 20.14; Dt 5.18; Mt 5.27; Rm 13.9). A Escritura fala da união monossomática (mono = um) + (soma = corpo). Este é mais um mistério da união sexual dentro do casamento: “serão ambos uma carne” (Gn 2.24). A expressão em destaque diz respeito a um nível de relacionamento tão íntimo entre um casal, ao ponto de fazerem com que o marido e a esposa tornem-se uma só pessoa, de tal forma que beneficiando ou afetando um, logo se atingirá o outro (Ef 5.28-b).

5.3 - Homossexualidade. Atração erótica entre pessoas do mesmo sexo. Considerada pela Bíblia uma das perversões mais chocantes. Por isso, é por ela condenada (Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-25; Rm 1.25-27; 1Co 6.9; 1Tm 1.9,10). A Bíblia apresenta a união heterossexual (heteros = diferente) + (sexual = sexo). O relacionamento conjugal só é possível entre um homem e uma mulher, ou seja, entre um macho e uma fêmea (Gn 1.27). Qualquer união sexual fora desse padrão se constitui violência ao plano original divino (Lv 18.22; Dt 23.17).

5.4 - Perversões. Nas Escrituras Sagradas encontramos severas reprovações quanto a perversões sexuais, tais como: masturbação (Mt 5.27; Rm 6.13,19; 1Co 6,13,15,18; Gl 5.19; Ef 5.3); zoofilia (sexo com animais) (Lv 18.23); estupro (Gn 34.2,7; 2Sm 13.12); incesto (sexo entre familiares próximos) (Lv 18.7-19; 1Co 5.1); pedofilia (sexo com crianças) (Ef 4.19-22; Gl 5.19-21); práticas sexuais fora do padrão natural criado por Deus (1Co 6.19,20; 1Pe 3.7); sexting (sexo virtual) (Ef 5.3, 4; Cl 3.5).

VI - PRINCÍPIOS BÍBLICOS PARA O ATO CONJUGAL
Além de falar de que Deus criou o sexo e que este deve ser praticado por pessoas devidamente casadas, a Bíblia também orienta sobre quais os princípios para o ato conjugal. A palavra “princípio” significa: “o que serve de base para alguma coisa; ditame moral; regra, lei preceito” (HOUAISS, 2001, p. 2299). Vejamos alguns:

6.1 - Princípio do amor. Ao contrário do modo de vida das pessoas que não conhecem a Palavra de Deus e praticam o sexo por mero prazer, o cristão é orientado a praticar o ato conjugal motivado pelo amor: “O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido” (1Co 7.3). Benevolência e amor andam juntos (1Co 13.4).

6.2 - Princípio do respeito. O ato sexual entre cristãos deve ser feito com respeito, pois o amor “não se porta com indecência” (1Co 13.5). O marido deve honrar o corpo da esposa, e a esposa o corpo do marido, como nos ensina o apóstolo Pedro (1Pe 3.7). Portanto, o cônjuge não pode ser forçado a fazer sexo quando não quer e não pode, principalmente a mulher, em casos específicos, tais como: período de menstruação (Lv 18.19,20), quando a gravidez requer mais cuidado, nem no período pós-parto até certo mês, e, por fim, em casos de doença.

6.3 - Princípio da alegria e prazer. O ato conjugal não deve ser praticado com tristeza ou insatisfação; mas, com alegria, pois é um momento de prazer mútuo entre os cônjuges. A recomendação do sábio é clara: “alegra-te com a mulher da tua mocidade” (Pv 5.18). Embora este não seja o único objetivo do casamento, não podemos negar que seja um dos principais (Pv 5.18; Ec 9.9). Deus criou os seres humanos sexuados (macho e fêmea) para lhes proporcionar a bênção do prazer conjugal (Gn 1.26,27; Hb 13.4).

6.4 - Princípio do relacionamento. Deus instituiu o casamento também para que o homem tivesse com quem se relacionar plenamente. O texto sagrado nos mostra que através do matrimônio Deus tinha em mente proporcionar ao homem e a mulher um relacionamento de forma:

(a) Física: “e apegar-se-á à sua mulher”;
(b) Sexual: “e serão ambos uma carne”; e
(c) Emocional: o homem que “estava só” (Gn 2.1) agora tinha alguém para dirigir seu afeto (Gn 2.23).

CONCLUSÃO
O sexo foi criado por Deus (Gn 1.28). Mas, o propósito de Deus é que o sexo seja praticado dentro do casamento, entre marido e mulher. Os cônjuges devem desfrutar dessa bênção dada por Deus, que é o ato conjugal, desde que esteja dentro dos princípios bíblicos.

REFERÊNCIAS
ARÉVALO, Waldir Moreno. O sexo que Deus criou. MPT.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
CRUZ, Elaine. Sócios, Amigos e Amados. CPAD.
DANIELS, Robert. Pureza Sexual. CPAD.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

LIÇÃO 07 – ÉTICA CRISTÃ E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS – (1 Co 15.35-45) 2º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 07 – ÉTICA CRISTÃ E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS –  (1 Co 15.35-45)
2º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Na presente lição falaremos sobre a prática da doação de órgãos, destacando sua importância e necessidade; faremos algumas considerações sobre este procedimento cirúrgico; trataremos de alguns tipos de transplantes sob a perspectiva da ética cristã; e, por fim, pontuaremos quais os princípios bíblicos que devem motivar o cristão a doação.

I – INFORMAÇÕES SOBRE A PRÁTICA DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
A Medicina evoluiu muito, nos últimos anos. O ramo do transplante de órgãos tão recente da medicina vem comprovar o formidável progresso das ciências biofisiológicas. Certo médico afirmou que: “a medicina evoluiu muito mais nos últimos cinquenta anos do que nos cinquenta séculos que nos precederam” (BERNARD apud ANDRADE, 2015, p. 122). A doação de órgãos e tecidos consiste na remoção de órgãos e tecidos do corpo de uma pessoa que recentemente morreu (doador cadáver) ou de um doador voluntário (doador vivo), com o propósito de transplantá-lo ou fazer um enxerto em outras pessoas vivas. A doação pode ser de órgãos (rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão) ou de tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical).

1.1 - A importância da doação de órgãos. A doação de órgãos é importante, porque pode proporcionar as pessoas que recebem a reparação de algum órgão lesado, concedendo-lhes qualidade de vida e em última instância salvando suas vidas. Apenas um único doador pode salvar até 10 pessoas ou mais.

1.2 - A necessidade da doação de órgãos. A cada ano que se passa, cresce o número de necessitados de transplante de algum órgão. A carência de doadores de órgãos é um grande obstáculo para os transplantes no Brasil. A quantidade ainda é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. Muitas vezes, a falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 64 mil pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos, e as maiores listas de espera aguardam doações de rim, fígado e pâncreas (BAPTISTA, 2018, p. 104).

II – CONSIDERAÇÕES SOBRE A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
A legislação brasileira sobre doação de órgãos nº 10.211 no capítulo 2 artigo 3º diz que: “a retirada post mortem (pós morte) de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”. No caso de doadores vivos, o artigo 9 parágrafo 3º diz que “só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora”. Vejamos algumas considerações sobre a doação de órgãos:

2.1 - A doação de órgãos em nada compromete os princípios bíblicos. Embora a Bíblia não trate diretamente da doação de órgãos, pois este ramo da medicina é bastante recente, não há um indício bíblico que o reprove. Pelo contrário, o mandamento de “amar o próximo como a si mesmo” (Mt 19.19; Rm 13.9; Gl 5.14), se encaixa perfeitamente nesse ato de autodoação em prol de outrem. Observemos a disposição da igreja na Galácia de se doar em prol do apóstolo Paulo, por causa da sua enfermidade, evidenciando isso: “[…] Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis” (Gl 4.15-b). João diz que, motivados pelo amor de Cristo “devemos dar a vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16-b). Portanto, “o gesto altruísta de doar órgãos retrata a essência do cristianismo” (BAPTISTA, 2018, p. 104).

2.2 - Ninguém é forçado a doar seus órgãos. Ninguém deve ser forçado ou coagido a doar seus órgãos, e nenhum órgão deve ser retirado sem a permissão do doador. Ninguém tem o direito de fazer a doação de órgãos de outra pessoa contra a vontade do doador. Para o cristão é preciso destacar que aquele que decide em sua consciência doar seus órgãos faz muito bem, mas aquele que por algum motivo não se dispõe a fazer, não peca por isso. Lembremos do princípio de Romanos 14 que diz: “aquele que faz não condene aquele que não faz, porque o que faz, faz para Deus como também o que não faz, não faz para Deus”.

III – TIPOS DE TRANSPLANTES E A ÉTICA CRISTÃ
3.1 - O transplante de órgãos artificiais. Não há nenhuma objeção quanto ao transplante de órgãos artificiais. Assim como já se utiliza ligas metálicas na recuperação de fraturas graves, já é possível substituir alguns órgãos lesados do corpo humano por artefatos eletrônicos. A máquina de hemodiálise substitui os rins; os respiradores eletrônicos os pulmões; e, o coração artificial vem suprindo de forma razoável o seu papel nas intervenções cirúrgicas. O uso de bengalas, óculos, pernas e braços mecânicos dentre outros tem suprido algumas carências humanas. É interessante afirmar que Jesus não condenou recorrer aos médicos, a fim de tratar-se (Mt 9.12). “Logo, é perfeitamente ético buscar o desenvolvimento de órgãos artificiais” (ANDRADE, 2015, p. 136).

3.2 - A doação de sangue. Embora não haja nenhum caso na Escritura de transfusão de sangue, não vemos nenhum mandamento bíblico que a reprove. Observamos também nessa prática voluntária um gesto de amor e serviço ao próximo, algo que foi ensinado pelo Senhor Jesus: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35-b). A única reprovação bíblica se dá quanto a ingestão de sangue, ou seja, utilizá-lo como alimento. Esta proibição é válida tanto no AT quanto no NT (Gn 9.4; Lv 3.17; 7.26,27; At 15.20). “A transfusão de sangue é um dos cinco procedimentos médicos mais realizados em todo o mundo” (BAPTISTA, 2018, p. 105).

3.3 - As células-tronco. O corpo humano possui dois tipos de células-tronco: as embrionárias e as adultas. O transplante de células-tronco em órgãos lesados seria capaz de dar origem a células saudáveis, regenerar tecidos e curar as lesões. As células-tronco adultas são encontradas principalmente na medula óssea, placenta e cordão umbilical. As células-tronco embrionárias são encontradas no blastocisto (4 a 7 dias após a fecundação do embrião) e têm a capacidade de se transformar em qualquer uma das 216 diferentes células do corpo humano (BATISTA, 2018, pp. 105,106). O problema ético que engloba as células-tronco embrionárias é a necessidade de matar/descartar o embrião para poder fazer a replicação desejada, pois elas se formam, após a fusão dos gametas masculino e feminino. Mesmo na fase de gestação da “substância ainda informe”, Deus se importa com a criança e a está moldando (Sl 78.5-6; 139.13-16; Jó 31.15; Jó 10.8,11). Embora, os cientistas já façam uso das células-tronco embrionárias na pesquisa, visando obter a cura de algumas doenças degenerativas, “entendemos que isso afronta a sacralidade da vida, pois o embrião é um novo ser humano, programado pelas leis da biologia, para se desenvolver com sua individualidade” (RENOVATO, 2008, p. 276).

IV – PRINCÍPIOS BÍBLICOS ENVOLVIDOS NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Embora a Bíblia não fale diretamente a respeito da doação de órgãos, entendemos que tal atitude revela os mais nobres princípios cristãos. Vejamos alguns:

4.1 - Um ato de amor. Teologicamente o amor é a “virtude que nos constrange a buscar, desinteressada e sacrificialmente, o bem de outrem” (ANDRADE, 2006, p. 42). É a palavra que representa o cristianismo (Jo 13.35). É o amor a Deus e ao próximo que deve levar-nos a auto doação (Lv 19.18; Jo 15.13; Gl 5.14; 1 Jo 3.16; 1 Jo 4.10,11).

4.2 - Um ato de empatia. A palavra “empatia” segundo o Houaiss (2001, p. 1125) significa: “capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente [...]”. Quando alguém decide beneficiar outra pessoa doando seus órgãos, certamente é porque se coloca no lugar de outrem, entendendo a sua aflição, colocando-se a disposição para aliviar o sofrimento alheio. Tal virtude é exaltada pelas Escrituras (Jó 29.15; Mt 5.7; Rm 12.15; Lc 6.36; Ef 4.32; 1 Pd 3.8).

4.3 - Um ato de serviço ao próximo. A parábola do bom samaritano (Lc 10.30-37) destaca a verdade de que compaixão e cuidado para com o próximo é algo que devemos praticar até mesmo com aqueles que sequer nos conhecem, pois o amor para com o semelhante não faz distinção de pessoas (Dt 10.17; At 10.34; Rm 2.11; Tg 2.1,9).

4.4 - Um ato que glorifica a Deus. Embora sejamos salvos pela fé, independente das obras (Ef 2.8), as “boas obras” devem acompanhar aqueles que foram salvos (Ef 2.10). Jesus ensinou que a nossa luz deve resplandecer diante dos homens: “[...] para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16). O Pai é glorificado quando damos muito fruto: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (Jo 15.8).

CONCLUSÃO
Jesus ensinou que “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35-b). Doar ao necessitado é uma forma de colocar a fé em prática (Tg 2.14-17), e, a prática da doação de órgãos reflete os mais nobres princípios cristãos.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. As novas fronteiras da Ética Cristã. CPAD.
DOUGLAS, Baptista. Valores Cristãos: enfrentando as questões morais do nosso tempo. CPAD
GEISLER, Norman. Ética Cristã: opções e questões contemporâneas. VIDA NOVA.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Legislação Brasileira de Transplante de Órgãos. 2002.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

terça-feira, 1 de maio de 2018

LIÇÃO 06 – ÉTICA CRISTÃ E SUICÍDIO - (1 Sm 31.1-6) 2º TRIMESTRE DE 2018


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 06 – ÉTICA CRISTÃ E SUICÍDIO - (1 Sm 31.1-6)
2º TRIMESTRE DE 2018

INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre suicídio, assunto que recebe uma atenção especial dentro da Ética Cristã; veremos uma definição do termo e seu conceito básico; destacaremos algumas causas comuns que tem levado alguns a cometerem esse ato e suas falsas justificativas; será ressaltado sobre tudo, o que a Bíblia diz sobre esse assunto e qual a postura para se vencer esta terrível realidade social.

I – O QUE É SUICÍDIO
A palavra suicídio tem origem no âmbito secular, embora haja algumas versões da Bíblia onde encontramos a expressão como tradução dos termos gregos “apokteino”, que quer dizer: “matar o que seja de toda e qualquer maneira, destruir, punir com a morte” (Jo 8.22 – ARA); e, “anaireo”, que significa: “tirar do caminho, matar, assassinar um homem” (At 16.27 – ARA). O termo suicídio foi criado em 1651 pelo médico e filósofo inglês Walter Charleton (KAISER, 2016, p. 181), e significa basicamente: “O ato de tirar a própria vida de forma voluntária e intencional” (TYNDALE, 2015, p. 1726). De acordo com Durkheim sociólogo francês que escreveu o primeiro tratado sociológico sobre suicídio, diz que: “Pode se considerar suicídio todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que ela sabia que reproduziria este resultado” (DURKHEIM apud BAPTISTA, 2018, p. 88 – acréscimo nosso). Suicídio em termos práticos é assassinar a si mesmo, é dar fim a própria vida e isso de maneira consciente pelas mais variadas razões.

II – CAUSAS COMUNS E EXEMPLOS DA PRÁTICA DO SUICÍDIO NAS ESCRITURAS
Estudiosos na área tem destacado vários fatores ao se analisar pessoas que revelam comportamentos suicidas (fatores culturais, genéticos, psicossociais e ambientais) (BAPTISTA, 2018, p. 78); entre esses, dois motivos principais para o suicídio podem ainda ser destacado: o “heroísmo” e o desespero (ULRICH, 2009, p. 121 – acréscimo nosso). Nos casos encontrados na Bíblia sobre tirar a própria vida, na maioria das vezes a causa principal está vinculada ao fracasso espiritual, acompanhado de sentimentos como orgulho, frustração e desespero; vemos que seus protagonistas foram pessoas que deixaram de lado a voz do Senhor, e desobedeceram à sua Palavra. Vejamos:

-O exemplo de Abimeleque. Um dos filhos de Gideão, Abimeleque ordenou ao seu escudeiro que o traspassasse com uma espada, para que ninguém dissesse que ele havia morrido por uma mulher (Jz 9.50-56).
-O exemplo de Saul. Foi um rei fracassado, que deixou o Senhor, e foi em busca de uma médium espírita (1Sm 28.1-19; 31.1-4; 1Cr 10.13,14), e se suicidou para não morrer pelas mãos dos filisteus.
-O exemplo de Aitofel. Foi um conselheiro de Absalão, orgulhoso, que se matou por ver que sua palavra fora suplantada por outro (2 Sm 17.23).
-O exemplo de Zinri. Um rei sem qualquer temor de Deus, que usurpou o trono por traição e matança, e que por fim se matou, quando se viu derrotado pelo exército inimigo (1Rs 16.18,19).
-O exemplo de Judas Iscariotes. Após trair Jesus, foi dominado por um profundo remorso, e, em vez de pedir perdão ao Senhor, foi-se enforcar (Mt 27.5; At 1.18).

III – FALSAS JUSTIFICATIVAS PARA O SUICÍDIO
3.1 - Eliminação da dor pessoal. Os que advogam a favor do suicídio como eliminação da dor pessoal, procuram justificar tal ato como a única saída para as suas situações conflituosas. Diante do desespero, da falta de expectativa, etc, em todos esses casos dramáticos, o suicídio parece ser a única solução possível para a resolução de um grande problema, um pseudo ato redentor que acabaria com o pesadelo pessoal (At 16.27), no entanto, toda vida pertence a Deus, e apenas ele tem o direito de tomá-la (Dt 32.39; 2Rs 5.7). Sendo Ele o doador da vida (Jó 12.10), logo, é Deus quem controla a entrada do homem nesta terra (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4), é lógico também, que Deus controla a saída do homem desta vida, por essa razão ninguém tem o direito perante Deus, de cometer suicídio.

3.2 - O suposto “suicídio” de Sansão. Há muitos que buscam amparar nas Escrituras a prática do suicídio, reportando-se ao exemplo do personagem enigmático Sansão, que teria tirado a própria vida, e ainda sim, ter seu nome arrolado na “galeria dos Hérois da Fé” (Hb 11.32). Para estes, esta é a maior prova de que Deus está de acordo com o suicídio. Entretanto, segundo Geisler (2015, pp. 131,147) “Sansão não teria cometido suicídio, ele sacrificou-se por seu povo, há portanto uma grande diferença; o que Sansão fez foi entregar a sua vida pelos outros - pelo seu povo e não um suicídio propriamente dito. O soldado que se atira sobre uma granada para salvar a vida de seus companheiros não está tirando a sua vida, não está se suicidando; ele está dando a sua vida pelos outros”. Ele morreu na luta contra os inimigos de seu país, tal como um soldado numa batalha perdida (Jz 16.30) (BEACON, 2012, p.145). Sendo assim, o ato de Sansão não deveria ser considerado como suicídio e sim com um sacrifício de guerra. Portanto, usar o exemplo de Sansão para justificar o suicida é apenas uma falsa conjectura (BAPTISTA, 2018, pp. 70,76).

IV – O SUICÍDIO À LUZ DA ÉTICA CRISTÃ
4.1 - Viola a sacralidade da vida humana. A vida é sagrada e somente Deus pode dar e tirá-la (Gn 2.7; Êx 20.13; Jo 10.18). Moisés pediu a Deus que tirasse a sua vida (Nm 11.15), o profeta Elias também fez o mesmo (1Rs 19.4) e da mesma forma o profeta Jonas (Jn 4.3). Nos momentos de grande desespero, esses nunca consideraram o suicídio como uma solução moralmente viável, embora tenham almejado que Deus tirasse suas vidas, não consideraram certo fazê-lo por si mesmos. Deus não os ouviu, pois a vida pertence a Ele, e não a nós. Ele sabe a hora em que a vida humana deve cessar, sendo soberano de toda a existência (Ec 3.1,2). Tirar a própria vida é, portanto, uma rejeição tanto da soberania de Deus sobre a vida quanto um ataque contra a santidade divina (GEISLER, 2010, p. 204).

4.2 - Viola o sexto mandamento do Decálogo. O princípio orientador das Escrituras, expresso no sexto mandamento do Decálogo: “Não matarás” (Êx 20.13; Dt 5.17), condena claramente tanto a eliminação da vida de outra pessoa, como também da própria. Apesar da insustentável justificativa por parte de alguns, o suicídio é reprovado à luz da Bíblia e os que a descumprem prestarão contas diante do Autor da vida (1Jo 3.15).

4.3 - Viola o propósito de Deus para vida do ser humano. Deus ao criar o ser humano, a coroa da criação, o fez à sua imagem e semelhança (Gn 1.27), sendo este objeto da bênção divina (Gn 1.28-a); estabelecendo princípios para vida humana (At 17.24-27), entre os quais, glorificar a Deus (1Co 6.20; Ef. 1.6). Somos propriedade de Deus, templo e morada do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19), portanto, devemos amar a Deus, ao próximo e a nós mesmos (Mt 22.38, 39; Mc 12.30,31; Lc 10.27). Não compete ao homem tirar sua vida, ao contrário, ele deverá fazer de tudo para protegê-la. Aos que assim não fazem, resta uma exortação: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá [...]” (1Co 3.17).

V – ATITUDES BÍBLICAS PARA EVITAR O SUICÍDIO
5.1 - Conviver positivamente com as tensões e angústias desta vida. A vida com Deus não nos isenta de enfrentarmos situações adversas (Jo 16.33; 1Pd 4.12); o patriarca Jó mesmo tendo perdido seu patrimônio, filhos e até a sua saúde (Jó 1.13-19; 2.7,8), e em momentos de grande pressão tenha dito que era melhor não ter nascido (Jó 3), e até pediu que Deus tomasse sua vida (Jó 6.8-9), no entanto, não procurou uma solução por meio do suicídio, antes, revelou sua fidelidade para com Deus (Jó 1.20-22), e expressou sua convicção na grandeza divina e que sua expectativa estava além da esfera física (Jó 19.25-27), nos ensinando que nossas aflições não devem ser motivos para recorremos ao suicídio.

5.2 - Crer e confiar na providência divina. A recomendação das Escrituras é lançar em Deus e não na morte, a nossa confiança (Sl 18.2; 42.5,11;91.2; 84.12; 125.1; Nm 1.7; Lm 3.25,26; 1 Pd 5.7). Devemos enfrentar os problemas com fé em Cristo Jesus, e ele nos ajudará (Jó 13.15; Sl 9.10; 37.5; Pv. 3.5; Is. 12.2; Mc 9.22-24). O apóstolo João exorta que é possível vencer através da fé: “[…] e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1Jo 5.4). Diante das crises que nos cercam é natural nos preocuparmos como será o nosso futuro; a orientação do nosso Salvador é que não devemos estar ansiosos, mas, entender o cuidado do Pai Celestial para com seus filhos (Mt 6.25-34); bem como devemos lembrar de que Deus suprirá as nossas necessidades (Sl 10.14; 68.10; 132.15). A este respeito disse o salmista: “Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo o fará”; “Descansa no SENHOR, e espera nele […]” (Sl 37.5,7b); “caminho”, no texto, significa a vida, os problemas e as decisões a tomar, que muitas vezes são conflitantes, mas, o cristão é exortado a descansar no Senhor, e não ficar aflito e ansioso com as lutas da vida, pois, Deus é o nosso “Jeová Jiré”, que provê todas as coisas essenciais de que necessitamos para uma vida digna, de acordo com a sua vontade.

5.3 - Manter a comunhão com a família e irmãos na fé. O suicídio geralmente resulta também de um alto nível de depressão, e esta por sua vez tem como característica o isolamento social (1Rs 19.3-4), e sabemos que todos estamos sujeitos a enfrentarmos momentos de perda, decepções, sentimentos de culpa, etc, que podem nos levar a ficar deprimidos, e nos tornarmos suscetíveis ao desejo pelo suicídio; em contra partida, a Bíblia nos ensina a importância da comunhão como forma de combater a tais sentimentos nocivos (Fp 2.1; Hb 10.25; 1Jo 1.7); sendo os crentes membros do mesmo corpo espiritual (Rm 12.5; 1Co 12.12,13), compartilhamos das necessidades uns dos outros (Rm 12.13), choramos com os que choram (Rm 12.15), e carregamos as cargas mutualmente (Gl 6.2).

CONCLUSÃO
A concessão da vida é de seu proprietário (Deus). Não é portanto da competência do homem decidir o momento em que a vida deve ser tirada. Só Deus tem o direito de determinar quando e como uma vida deve terminar.

REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Douglas. Valores Cristãos: Enfrentando as Questões de Nosso Tempo. CPAD.
BEACON. Comentário Bíblico Josué a Ester. Vol 2. CPAD.
Dicionário Bíblico Tyndale. GEOGRÁFICA.
GEISLER, N. HOWE, T. Manual de Dificuldades Bíblicas. MC.
KAISER, Jr. Walter. O Cristão e as Questões Éticas da Atualidade. VIDA NOVA
REIFLER, Hans Ulrich. A ética dos Dez Mandamentos. VIDA NOVA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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