Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência
das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor
Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO
07 – RUTE, UMA MULHER DIGNA DE CONFIANÇA (Rt 1.11,14-18)
2º
TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta
lição teremos a oportunidade de aprender sobre caráter e dignidade com Rute,
uma das mais destacadas mulheres na Bíblia; pontuaremos algumas informações
importantes sobre o livro que leva o seu nome; veremos alguns aspectos pelos
quais, seu caráter se torna um exemplo; e por fim, elencaremos algumas ações de
Deus em seu benefício como recompensa por suas virtudes.
I
– DEFINIÇÕES DE DIGNIDADE E CONFIANÇA
1.1
- Dignidade. Segundo Aurélio (2010, p. 678) significa: “qualidade moral que
infunde respeito; consciência do próprio valor; honra, autoridade, nobreza,
título que confere ao indivíduo uma posição graduada, autoridade moral,
honestidade, respeitabilidade, decência, decoro”.
1.2
- Confiança. Já a palavra confiança é: “segurança de procedimento, crédito, boa
fama, bom conceito das pessoas de retidão, familiaridade, crença na retidão
moral, no caráter e na lealdade de uma outra pessoa” (FERREIRA, 2010, p. 521).
II
– INFORMAÇÕES SOBRE RUTE
2.1
- Informações literárias. O livro de Rute pertence aos livros do AT chamados de
“Megilloth” ou “cinco rolos” (Cantares de Salomão, Rute, Lamentações,
Eclesiastes e Ester); lidos respectivamente em cinco ocasiões especiais durante
o ano no calendário festivo de Israel, sendo o livro de Rute lido na festa da
Colheita (Pentecostes). Sobre a autoria do ainda que existe uma tentativa de
vários estudiosos de atribuir ao profeta Samuel, mas o autor é considerado
anônimo. Apenas dois livros na Bíblia levam nomes de mulheres, o de Ester e o
de Rute.
2.2
- Informações históricas. Os eventos históricos no livro de Rute aconteceram
antes do estabelecimento da monarquia em Israel. “Nos dias em que julgavam os
juízes […]” (Rt 1.1). O livro pontua uma fome que se instaurou não somente por
causas naturais, mas porque nesse período dos juízes o povo de Israel diversas
vezes naufragou na fé dando as costas para Deus adorando aos ídolos e vivendo
de forma desregrada (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1; 17.6). Deus puniu o
seu povo como havia prometido (Dt 28.15-68). A história de Rute no entanto,
brilha como um holofote em uma era de escuridão vivida pela nação, que nesse
período estava em declínio espiritual e moral (Jz 21.25).
2.3
- Informações biográficas. Rute cujo nome quer dizer “amizade”, era oriunda da
terra de Moabe localizada no planalto, ao leste do Mar Morto e povoada pelos
descendentes do fruto de um relacionamento incestuoso de Ló com uma de suas
filhas (Gn. 19.36,37). Os moabitas eram, às vezes, chamados de “povo de Camos”,
devido à sua adoração a essa divindade pagã. A jovem moabita se casou com
Malom, filho mais velho de Elimeleque e Noemi (Rt 1.1-4; 4.10); ficando
posteriormente viúva, à semelhança de sua sogra e também a Orfa (Rt 1.4,5).
III
– ASPECTOS DO CARÁTER DE RUTE
Apesar
de sua origem pagã a vida da jovem moabita foi profundamente marcada, não
apenas pelas dificuldades enfrentadas, mas, principalmente pela sua experiência
pessoal com Deus, que pode ser refletida através dos traços de seu caráter,
notemos alguns:
3.1
- Altruísmo (Rt 1.14). Um dos traços do caráter de Rute era o amor para com o
próximo, nesse caso, à sua sogra. A despeito da tentativa de Noemi em fazê-la
voltar para a casa de sua mãe (Rt 1.8), com o argumento de não ter nada para
lhe oferecer (Rt 1.11,12); Rute revela seu amor altruísta, ou seja, sem
interesses pessoais, quando nos diz o texto: “[…] porém Rute se apegou a ela”
(Rt 1.14). A sua amizade não era uma relação utilitarista e conveniente. Seu
amor não era apenas de palavras, mas de fato e de verdade (1Jo 3.18). Embora a
morte do seu marido tenha cortado os laços dela com a família de Noemi pelas
normas da sociedade, Rute escolhe ficar com ela voluntariamente; esse ato
reflete uma abnegação notável, a ponto de pôr a perder a própria felicidade. O
altruísmo de Rute é a expressão do verdadeiro amor que Paulo descreveu:“[…] não
procura seus interesses” (1Co 13.5); é o amor sacrificial que tem como o maior
exemplo Cristo Jesus (Rm 5.6-8); é o amor que devemos ter para com todos (Jo
13.34; 1Co 10.33; 16.14; 1Ts 3.12; 1Jo 4.21; 2Pe 1.7). Como disse o apóstolo
Paulo: “Ninguém busque seu próprio interesse, e sim o de outrem” (1Co 10.24).
3.2
- Determinação (Rt 1.18). Outra virtude notável dessa jovem moabita é a sua
convicção; diante da insistência de Noemi Rute se mostra resoluta, mesmo vendo
que Orfa tenha se despedido e voltado para Moabe (Rt 1.15), e tendo também como
um fator o pessimismo de Noemi a respeito de seu futuro; ainda assim, Rute
persiste em ficar ao lado da sua amada sogra (Rt 1.14,16). Sua determinação não
estava apenas no âmbito afetivo, mas, também em suas convicções religiosas,
pois estava decidida a abandonar os deuses de Moabe tornado-se seguidora do
Deus de Israel “[…] o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt
1.16). Esta determinação ainda é ressaltada ao se dispor em ir ao campo colher
espigastrazendo provisão para ela e sua sogra (Rt 2.1,7,17,18). Foi com firme
propósito que Daniel deu testemunho de sua fé em Babilônia (Dn 1.8); essa é a
atitude necessária de quem está envolvido na obra de Deus (1Co 15.58); de quem
visa a recompensa divina (Hb 6.11; 10.35,36); e de quem espera a vinda de Jesus
(Tg 5.7,8).
3.3
- Submissão (Rt 2.2,7,10). De acordo com Aurélio submissão quer dizer: “Ato ou
efeito de submeter-se. Disposição para aceitar uma condição de dependência”
(2004, p. 1885). Submissão é outro aspecto do caráter de Rute; sua humildade é
revelada ao se submeter à sua sogra, pedindo autorização para ir ao campo; ao
pedir permissão para colher as espigas ao encarregado dos segadores, mesmo
sendo um direito concedido às viúvas (Dt 24.19); como também ao receber o favor
de Boaz “Então ela caiu sobre o seu rosto, e se inclinou à terra; e disse-lhe:
Por que achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma
estrangeira?” (Rt 2.10). O apóstolo Paulo nos ensina que a submissão voluntária
derivada do amor deve ser:
(a)
a base dos relacionamentos domésticos (Ef 5.21,22,25; Cl 3.18-21);
(b)
necessário como um meio evangelístico (1Pe 3.1);
(c)
no trato com os líderes (Tt 3.1; Hb 13.17; 1Pd 2.13-15);
(d)
como também com os liderados (1Pe 2.18);
(e)
nos relacionamentos interpessoais (1Pe 5.5),e
(f)
com Deus (Hb 12.9; Tg 4.7).
3.4
- Digna de confiança. As muitas qualidades de Rute abriram portas por onde ela
passava. Suas virtudes foram percebidas pelos trabalhadores, que sabendo de sua
origem étnica não lhe fez objeção, deixando ela colher as espigas (Rt 2.7);
pelo próprio Boaz que lhe concedeu certos privilégios, devido ao conhecimento
que tinha de seu comportamento (2.11-16). A fama de Rute precedeu a sua chegada
a Belém, de modo que todos testificavam do seu bom caráter “[…] pois toda a
cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rt 3.11). A confiança é conquistada
a partir das qualidades positivas de uma pessoa. O profeta Eliseu recebeu
guarida em suas viagens a serviço de Deus, ao ter seu caráter santo destacado
(2Rs 4.9,10). O patriarca José ainda que acusado injustamente, teve sua vida
poupada por Potifar, sabendo este do caráter puro do jovem hebreu (Gn
39.19,20).
IV
– A RECOMPENSA DE DEUS PARA RUTE
A
virtude nunca fica sem recompensa. Quem semeia ainda que com lágrimas, colhe
seus frutos com alegria (Sl 126.5,6). Quem semeia com fartura, com abundância
faz a sua colheita (2Co 9.6) (LOPES, 2007 p. 82). Rute chegou em Belém como uma
viúva estrangeira, sem perspectiva aparente, no entanto, Deus cumpriu na
íntegra a palavra dita por Boaz (Rt 2.12). Vejamos algumas ações de Deus em
benefício de Rute:
4.1
- Dirigiu seus passos. Ao tomar a iniciativa em ir em busca do necessário pra o
sustento dela e de sua sogra, Rute sem saber está sendo guiada pela mão
invisível de Deus “[…] por casualidade entrou na parte que pertencia a Boaz, o
que era da família de Elimeleque” (Rt 2.3 – ARA). Por trás de um aparente
acaso, Deus revela sua providência graciosa “[…]quanto a mim, o SENHOR me guiou
no caminho” (Gn 24.27). “A vida é composta por dois andares. No andar de baixo,
pensamos que as coisas acontecem por casualidade, mas, no andar de cima, temos
a garantia de que as mãos de Deus dirigem o nosso destino” (SCHAEFFER apud
LOPES, 2007, p. 70). “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para
o bem daqueles que amam a Deus […]” (Rm 8.28).
4.2
- Restaurou a honra familiar. Ao voltar do campo após o encontro com Boaz, Rute
conta as boas novas à sua sogra que, da condição de amargurada passou à
abençoada, mostrando a mudança no coração de Noemi (Rt 2.20), isso ocorre em
virtude de uma nova esperança, Boaz é um dos remidores da família. Como pode
ser visto, o parente resgatador poderia salvar os familiares da pobreza e
dar-lhes um recomeço (Lv 25.25-34). Quando Rute contou a Noemi o que Boaz havia
dito, a esperança de Noemi se fortaleceu ainda mais, pois as palavras de Boaz
revelaram seu amor por Rute e seu desejo de fazê-la feliz. Após um extenso
período de perdas, chega o momento da restauração “[…] o choro pode durar uma
noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5-b). A chegada de Rute no campo,
deu a Boaz a oportunidade inicial de tornar-se seu benfeitor e abriu o caminho
para que se casasse com ela no sistema do levirato, retirando toda a vergonha
que repousava sobre a família de Noemi (Dt 25.5,6; Rt 3 e 4).
4.3
- Incluída na genealogia de Jesus. O Livro de Rute começa com três funerais,
mas termina com um casamento. O primeiro capítulo registra um bocado de choro,
mas o último traz superabundância de alegria (WIERSBE, 2006, p. 192). Rute
recebeu do Senhor a capacidade para conceber (Rt 4.13). O menino foi motivo de
grande alegria para família e vizinhos, em especial sua avó Noemi (Rt 4.14-16).
O nome “Obede” significa “servo”. Obede foi o pai de Jessé, avô de Davi, e
ancestral do Senhor Jesus (Rt 4.17,21,22; 1Cr 2.12; Mt 1.5; Lc 3.32). Ao ser
incluída na árvore genealógica do Messias, Rute passou também a ser uma figura
no Antigo Testamento, que aponta para o valor universal da obra redentora de
Jesus Cristo. Revelando a verdade que a participação no reino vindouro de Deus
é determinada não por sangue ou nascimento, mas por ajustarmos a vida à vontade
do Senhor mediante a obediência que vem pela fé (Rm 1.5).
CONCLUSÃO
Apesar
de todas as calamidades à sua volta, nada impediu de Rute demonstrar seu
caráter notável, como resultando de sua fé depositada no Deus de Israel, que a
fez triunfar como recompensa por sua fidelidade. Como Rute, devemos nos
posicionar como autênticos servos de Deus e revelando nosso caráter como
cristão.
REFERÊNCIAS
Comentário
Bíblico Beacon: Josué a Rute. Vol. 02. CPAD
LOPES,
Hernandes Dias. Comentário Expositivo Rute. HAGNOS.
STAMPS,
Donal C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
WIERSBE,
Warren W. Comentario Biblico Espositivo do Antigo Testamento. PDF
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