Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
10 – DEVERES CIVIS, MORAIS E ESPIRITUAIS - 2º TRIMESTRE DE 2016
(Rm 13.1-8)
INTRODUÇÃO
Neste
capítulo 13 de Romanos, o apóstolo Paulo trata de três tópicos importantes
sobre as responsabilidades do crente para com as autoridades civis (Rm 13.1-7);
para com o próximo (Rm 13.8-10) e para com sua vida pessoal (Rm 13.11-14).
Paulo escreveu esta seção visando o ambiente sociopolítico das igrejas que se
reuniam em casas romanas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e
políticas que confrontavam os cristãos em Roma. O apóstolo não pretendia
apresentar uma teoria geral de relacionamento Igreja-Estado. Sua intenção era
mostrar que, assim como Deus ordenou toda a criação, devemos manter em ordem a
comunidade social e política.
I
- DEFINIÇÃO DA PALAVRA AUTORIDADE
Paulo
menciona “autoridades superiores” em Romanos 13.1 referindo-se ao Estado, com
seus representantes oficiais. O termo do grego “exousia” significa “autoridade”
e aparece 102 vezes no NT e destas 4 vezes só no capítulo 13 de Romanos com o sentido,
neste contexto, de “governantes civis”. O princípio da autoridade constituída,
ou delegada, vem de Deus, e por isso o crente tem o dever de se submeter a ela
(Jo 19.10,11; Rm 13.1,2; Tt 3.1; 1Pd 2.13,14,17,18). Este mesmo sentido é
mostrado no AT, onde é mostrado que nenhum governante exerce autoridade fora do
domínio de Deus (Pv 8.15,16; Dn 2.21; 4.17,25,32; 5.21; Is 45.1-7) (GONÇALVES,
2015, p. 71 – acréscimo nosso). “A autoridade é, em primeiro plano, o poder
efetivo de fazer algo; em segundo lugar, o direito de exercer tal poder; e, em
última análise, é o poder político, síntese do direito e do poder” (LOPES,
2010, p. 424).
II
- A SUBMISSÃO AS AUTORIDADES E OS LIMITES
Em Romanos 13 o apóstolo Paulo vai
falar sobre a “origem” da autoridade (Rm 13.1), em segundo lugar, a “natureza”
da autoridade (Rm 13.4,5), e em terceiro lugar, a “finalidade” da autoridade
(Rm 13.3,4). Paulo ensina que o crente deve respeitar e se submeter às
autoridades legitimamente constituídas. Porém, isso não significa que ele deva
concordar com o pecado daqueles que estão em uma posição de liderança (Dn
6.1-10). A desobediência civil só se justifica no caso de conflito entre a lei
humana e a lei divina, onde o cristão, em razão da sua consciência para com
Deus se submete a “sofrer” as consequências por este ato (At 4.19; 5.29; 1Pd
2.19-21). Há um limite básico para a obediência do cristão ao governo: ele tem
que obedecer a Deus antes que ao homem. “Se o Estado exige aquilo que Deus
proíbe, ou então proíbe o que Deus ordena, então, como cristãos, nosso dever é
claro: resistir, não sujeitar-nos, desobedecer o Estado a fim de obedecer a
Deus (1Rs 21.3; Dn 3.18; 6.12; Mc 12.17; At 4.19; 5.29; Hb 11.23)” (STTOT apud
LOPES, 2010, p. 424). Quando pessoas corruptas alcançam o poder, pervertem a
instituição de Deus, contribuindo para a injustiça, a violência, a exploração,
a desordem e a corrupção (Pv 29.2; 28.12,28) (CABRAL, 2005, p.139).
III
- O CRENTE E SEUS DEVERES CIVIS
O salvo deve ser sempre um bom cidadão. A
finalidade espiritual da obediência às autoridades, do cumprimento dos deveres
civis, é “taparmos a boca dos ignorantes que falam mal do Evangelho” (1Pe
2.15). O cristão não pode ser revolucionário, isso não quer dizer que se
acomode à maldade e à injustiça. Em Romanos capítulo 13 Paulo escreveu esta
seção visando o ambiente sociopolítico das igrejas. Ele tinha plena consciência
das realidades sociais e políticas que confrontavam os crentes em Roma. O
apóstolo queria evitar a anarquia e, consequentemente, uma perseguição desnecessária,
pois, o princípio de governo e da autoridade provém de Deus, então fica
estabelecido que os cristãos, ao invés de insubordinarem-se devem ser, ao
contrário, os melhores cidadãos. E quais são seus deveres? Vejamos:
3.1
- Devemos honrar e obedecer as autoridades. Deus autoriza a existência do
governo civil e manda os cristãos obedecerem, pois fazendo isso mostramos que
amamos ao Senhor (Ec 8.2; 1Pd 2.13). Temos uma responsabilidade de sujeição (Rm
13.1-7), e o cristão deve obediência às autoridades de sua pátria (Rm 13.1; Jr
29.7). Essa obediência não se deve originar do temor a elas, mas sim da própria
consciência (Rm 13.5), que reconhece ser a obediência a elas da vontade de Deus
(1Pd 3.15-17; Tt 3.1; 1Pd 2.13,14). A honra que se deve às autoridades é o
respeito, a dignificação, o enobrecimento das autoridades por todos os cristãos
é para vivermos uma vida tranquila (1Tm 2.1,2). É pecado o trato desdenhoso,
zombeteiro, de deboche e de desprestígio para com as autoridades.
3.2
- O crente e suas obrigações com o governo. É pecado o tratamento desonroso que
muitos usam ao se referirem às autoridades. Anedotas, zombarias, xingamentos,
são naturais para o mundo, mas não para o cristão, que deve obedecer e honrar
as autoridades. Paulo mostra que o cristão é um cidadão de “dois mundos” e de
“duas ordens” e que a sujeição por parte dos cristãos às autoridades
governamentais deve-se primeiramente por razões de obediência. Então, podemos
dizer que:
a)
o cristão deve orar pelos funcionários do governo (Jr 29.7; 1Tm 2.1-2);
b)
deve pagar os impostos (Mt 22.21; Rm 13.6-7; Lc 20.19-26);
c)
deve obedecer o governo e suas leis desde que estas leis não firam os preceitos
bíblicos (At 4.19), e
d)
deve honrar o governo (Rm 13.7; 1Pe 2.17).
IV
- O CRENTE E SEUS DEVERES MORAIS
Paulo apresenta uma lista de ações que compõe
um estilo de vida aprovada por Deus. Notemos:
4.1
- Cumprir com os compromissos. O apóstolo aconselhou a não ficarem em débito
com ninguém: "A ninguém devais coisa alguma [...]" (Rm 13.8). Em
palavras atuais, significa que o crente deve ter o "nome limpo na
praça" . Não podemos dever nada a ninguém, exceto o amor (Rm 13.8). Amar o
próximo é uma obrigação moral que temos para com a raça humana.
4.2
- Pagar tributos e impostos. Um crente fiel paga seus impostos e nunca “burla”
a lei usando de falcatruas. “Por esta razão também pagais tributos, porque são
ministros de Deus [...] (Rm 13.6,7; Mt 22.21).
4.3
- Manter relações interpessoais sadias (Rm 13.9). O crente precisa obedecer
princípios morais estabelecidos por Deus, e isso fez o apóstolo ter interesse
em falar das relações interpessoais quando ele cita esses mandamentos.
4.4
- Deixar as obras das trevas (13.12b). A vida cristã é um campo de batalha e
não basta estarmos acordados, precisamos despojar-nos das obras das trevas. Não
é suficiente apenas tirarmos as vestes noturnas, precisamos vestir-nos das
armas da luz. Um soldado não vive de pijamas, ele se atavia com roupas próprias
para o combate.
4.5
- Andarmos como filhos da luz (Rm 13.13,14). Paulo lista aqui seis pecados, em
três pares, tratando da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos
relacionamentos. Paulo passa da vestimenta adequada ao comportamento
apropriado. A falta de controle próprio contradiz totalmente um comportamento
cristão decente (Gl 5.22; 1Tm 3.3; Tt 1.8).
4.6
- Amar o próximo (Rm 13.10). Paulo reforça o seu argumento sobre a lei do amor
citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo que " o cumprimento da lei é o
amor". O mandamento do amor sintetiza todos os outros preceitos que
promovem as relações (Rm 13.9). O mandamento do amor suplanta todos os 613
mandamentos da Torá. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30). “Um
novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a
vós...” (Jo 15.34). “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por
nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16; ver ainda 1Jo
4.20,21).
V
- O CRENTE E SEUS DEVERES ESPIRITUAIS
Podemos
enumerar alguns deveres que temos com o testemunho cristão. Vejamos:
5.1
- Glorificar a Deus (1 Pe 4.11). Todo cristão deve ter como principal objetivo,
glorificar a Deus (Rm 11.36; Ap 1.6).
5.2
- Edificar a Igreja (Ef 4.16). Todo cristão deve ter o objetivo de promover a
edificação do corpo de Cristo. Diversos textos das Escrituras nos ensinam este
princípio (Rm 14.19; 15.2; 1Co 14.12,26).
5.3
- Servir ao próximo (Mt 20.28). O cristão sempre exercerá sua obrigação
servindo ao próximo, atendendo suas necessidades físicas, emocionais, sociais e
espirituais (At. 2.42-47;Tg 2.14-17; Rm 12.13).
5.4
- Adorar a Deus (Jo 4.24; Rm 12.1). A palavra “adoração” significa “chegar-se a
Deus, de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo. Adorar é
um ato de total rendição, gratidão e exaltação a Deus”. Adorar a Deus é um
sublime ato de serviço a Deus (Sl 95.3-6; Hb 12.28,29).
5.5
- Evangelizar aos perdidos (Mc 16.15; At 1.8). A tarefa da Evangelização foi
entregue pelo Senhor Jesus à sua igreja. Todo cristão deve estar ocupado com
esta tarefa, com o objetivo de conduzir os pecadores a Cristo.
5.6
- Discipular aos noviços (Mt 28.18-20). O discipulado é uma ação conjunta com a
evangelização, pois não há como discipular sem evangelizar (2Tm 2.2).
CONCLUSÃO
Nesta
lição, vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio
social como espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado.
Devemos respeitar a ordem estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual
temos deveres para com o outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fp 3.20),
somos também cidadãos da Terra. Devemos investir nos relacionamentos
horizontais, mantendo sempre em mente que o salvo em Cristo não é uma ilha.
Precisamos uns dos outros.
REFERÊNCIAS
GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
CHAFER,
Lewis Sperry. Teologia Sistemática. CPAD.
CABRAL,
Elienai. Romanos: O evangelho da justiça de Deus. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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