Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 09 – A NOVA
VIDA EM CRISTO - 2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 12.1-12)
INTRODUÇÃO
A partir do
capítulo 12 da Epístola aos Romanos, Paulo passa de uma exposição doutrinária
para uma exposição prática, a fim de transformar a doutrina cristã em ação.
Quando uma pessoa é alcançada pelo poder do evangelho, ela deve ter uma vida
consagrada diante de Deus; e, como consequência seu relacionamento diante do
mundo, da igreja e dos seus opositores devem ser condizentes com a nova vida em
Cristo.
I
– A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A DEUS
O apóstolo roga aos cristãos romanos
que se consagrem ao Senhor, apoiando o seu pedido no amor que Ele tem por nós.
Paulo utiliza-se aqui da linguagem do “sacrifício” remetendo-nos ao AT. Em
Levítico, são listados quatro tipos de sacrifícios (Lv 1.3-17; 2.1-16; 3.1-17;
4.1-5; 5.14-16). Todos estes sacrifícios podem ser reduzidos a somente dois:
(a)
o primeiro, abrangendo aqueles sacrifícios oferecidos antes da reconciliação e
os que visavam obtê-la; e,
(b)
o segundo, os sacrifícios oferecidos depois da reconciliação e para celebrá-la.
Isto
aponta para uma verdade bem clara no NT. O sacrifício pelo pecado foi efetuado
por Cristo (Gl 1.4; 2.20; Ef 5.2,25; I Tm 2.6; Tt 2.14; Hb 9.14); o sacrifício
por gratidão pela absolvição é feita pelo pecador redimido. “O sacrifício da
expiação oferecido por Deus na pessoa do seu Filho agora deveria encontrar a
sua resposta no crente no sacrifício de uma completa consagração e de uma
íntima comunhão” (BEACON apud GODET, 2006, p. 158).
1.1
- O cristão a oferta de gratidão (Rm 12.1). Paulo apela aos cristãos Romanos,
que tenham a consciência que, antes seus corpos que eram servos do pecado para
a morte, agora, que foram comprados por Cristo, devem ser consagrados a Ele
“[...]apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional”. “O termo grego para apresentar usado por
Paulo em Romanos 12 é 'parastesai'. Em Rm 6.13,16,19, ele é traduzido como
entregar e também apresentar, e é usado para expressar a ideia de colocar o
corpo à disposição de Deus ou do pecado dependendo da nossa escolha (2 Co 4.14;
11.2; Ef 5.27; Cl 1.22, 28)” (BEACON, 2006, p. 159 – acréscimo nosso).
ASPECTOS
DO SACRIFÍCIO DO CRENTE
Vivo:
O sacrifício do corpo do cristão é descrito como “vivo” em contraste com os
sacrifícios realizados na Antiga Aliança cuja vida era tirada antes de ser
apresentada sobre o altar (Lv 1.5- 9). Antes da nossa conversão oferecíamos os
membros do nosso corpo ao pecado (Rm 6.12-14). Agora, na Nova Aliança,
oferecemos nosso corpo como sacrifício vivo a Deus (Rm 12.13-b).
Santo:
A palavra “santo” quer dizer “separado”. Em suas epístolas, o apóstolo Paulo
sempre exortou as igrejas sobre a necessidade e o dever de terem uma vida
santificada, ou seja, separada do pecado e consagrada a Deus (Rm 6.19,22; 12.1;
I Co 1.30; 6.11; I Ts 4.3-7; II Ts 2.13; I Tm 2.15; II Tm 2.21).
Agradável:
Segundo Aurélio (2004, p. 71) a palavra “agradável” quer dizer: “aprazível,
deleitável”. A Bíblia nos orienta a agradarmos a Deus (Ef 5.10; Cl 1.10; I Ts
4.1; II Tm 2.4). “Nenhum culto é agradável a Deus quando é unicamente interior,
abstrato e místico; nossa adoração deve expressar-se em atos concretos de
serviço manifestados em nosso corpo” (LOPES apud STOTT, 2010, p. 399). Confira:
(Mt 5.16; Hb 13.16).
II
- A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO
Depois de rogar aos cristãos de Roma
sobre qual deveria ser a postura do servo de Deus diante dEle (Rm 12.1). Paulo
orienta-os também quanto ao procedimento destes diante do mundo (Rm 12.2). Para
o apóstolo, não bastava ser consagrado a Deus, senão houvesse demonstração
pública desta consagração. Precisamos manifestar a fé que abraçamos diante do
mundo. Mas, segundo Paulo, qual deveria ser a postura do cristão diante desta
era:
2.1
- O cristão não deve conformar-se (Rm 12.2-a). A palavra “conformar” segundo o
Aurélio (2004, p.522) significa: “adequar, moldar”. Segundo a Bíblia de Palavra
Chave (2009, p. 2416) a palavra conformar no grego “syschematidzo” significa:
“moldar de modo semelhante, isto é, em conformidade com o mesmo padrão”. O
apóstolo está exortando aos cristãos romanos a não se ajustarem ao modo corrupto
de viver do mundo. O termo mundo aqui refere-se ao mundo dos homens em rebelião
contra Deus, e assim caracterizado por tudo o que está em oposição a Ele.
Envolve os valores do mundo, seus prazeres, suas atividades e aspirações. “O
mundo tem uma fôrma. Essa fôrma é elástica e flácida. A fôrma do mundo é a
fôrma do relativismo moral, da ética situacional e do desbarrancamento da
virtude. O crente é alguém que não põe o pé nessa fôrma” (LOPES, 2010, p. 401).
2.2
- O cristão deve transformar-se (Rm 12.2-b). A Bíblia não só mostra o que
devemos evitar “não vos conformeis”, mas o que devemos praticar “mas,
transformai-vos”. A palavra “transformar” segundo Aurélio (2004, p. 3338)
significa: “dar nova forma, feição ou caráter”. Segundo a Bíblia de Palavra Chave
(2009, p. 2416) a palavra transformar no grego “metamorphoõ” significa: “mudar,
transfigurar, transformar”. A ideia do apóstolo é que ao invés de nos moldarmos
ao mundo, devemos nos transformar pela renovação da mente. Enquanto o diabo age
cegando a mente dos incrédulos (II Co 4.4) e o pecado obscurecendo (Ef 4.18). O
Espírito Santo age renovando o entendimento (Rm 12.2).
III
- A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A IGREJA
Quando
um homem é transformado pela ação do evangelho seus relacionamento são também
transformados. Segundo Lopes (2010, p. 398) “não podemos ter um relacionamento
vertical correto se os relacionamentos horizontais estão errados”. Paulo diz
como deve ser o comportamento dos salvos entre si, como veremos abaixo:
3.1
- Humildade (Rm 12.3). Segundo Aurélio, humildade significa: “ausência completa
de orgulho, rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”.
No presente versículo Paulo orienta os cristãos a serem humildes, combatendo
abertamente o sentimento nocivo de complexo da superioridade “não pense de si
mesmo além do que convém”. O próprio apóstolo diz que o que ele possui é pela
graça “Porque pela graça que me é dada”. A humildade está associada a uma
consciência de que tudo que temos ou somos vem do Senhor (Sl 24.1; I Cr 29.14).
Por isso, a Bíblia nos exorta a trilhar o caminho da humildade (Pv 15.33;
18.12; 22.4; Ef 4.2; Fp 2.3; Cl 3.12; I Pe 5.5).
3.2
- Equilíbrio (Rm 12.3; 4-8). Paulo aconselha os cristãos a serem equilibrados
no conceito que tem de si mesmos “antes, pense com moderação”, combatendo tanto
o complexo de superioridade quanto de inferioridade quando mostra que, embora
tenhamos diferentes dons, cada membro tem a sua importância no corpo de Cristo
(Rm 12.4,5). Se faz necessário entender que pertencemos uns aos outros,
ministramos uns aos outros e precisamos uns dos outros. Pois, no corpo de
Cristo há:
(a)
individualidade (Rm 12.5);
(b)
diversidade (Rm 12.4-6-a);
(c)
mutualidade (Rm 12.5); e,
(e)
utilidade (Rm 12.6-b; 8).
“Os
dons espirituais são instrumentos que devem ser usados para a edificação, não
brinquedos para a recreação nem armas de destruição” (LOPES apud WIERSBE, 2010,
p. 402).
3.3
- Amor (Rm 12.9-10). O amor é uma virtude que predispõe alguém desejar o bem de
outrem. É a palavra que representa o Cristianismo (Jo 13.35). É uma das
virtudes do fruto do Espírito (Gl 5.22). Portanto, deve estar presente em nosso
relacionamento com Deus e com o nosso próximo (Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.14),
como evidência de que o Espírito Santo está em nós (Rm 5.5).
3.4
- Hospitalidade (Rm 10.13). O Aurélio diz que a palavra hospitaleiro “é a
pessoa que dá hospedagem por bondade ou caridade”. As Escrituras revelam que a
hospitalidade deve se estender aos crentes e também aqueles que ainda estão no
mundo (Gl 6.10; Hb 13.2). “A hospitalidade é o amor expressado” (ZUCK, 2008, p.
402). Portanto, quem afirma ser cristão, mas tem o coração insensível diante do
sofrimento e da necessidade dos outros, demonstra cabalmente que não tem o amor
de Deus (Mt 25.41-46; I Jo 3.16-20).
IV
- A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS INIMIGOS
Seguindo o mesmo ensinamento do
Senhor Jesus Cristo, Paulo ensina que o evangelho produz uma transformação tão
grande na vida do pecador, ao ponto de orientá-lo a agir diferente até mesmo
com os seus opositores (Mt 5.44; Lc 6.27,35; Rm 12.14,17-20). Vejamos detalhadamente
o que nos diz o apóstolo:
4.1
- Abençoai os que perseguem (Rm 12.14). Os cristãos do primeiro século sofreram
grandes perseguições por causa da fé que abraçaram. Parece ser incoerente que
Paulo no presente versículo oriente os servos do Senhor a abençoar aqueles que
lhe fizeram agravo. Todavia, a orientação é abençoar até mesmo aqueles que nos
querem o mal (Mt 5.44).
4.2
- A ninguém torneis o mal com o mal (Rm 12.17; 18-20). Jesus ensinou que
devemos dar a outra face, ou seja, não retribuirmos as afrontas ou os males que
sofremos (Mt 5.39). Pagar o mal com o mal, devolver a agressão na mesma moeda,
não expressam a graça de Deus (Mt 5.46,47). O cristão não deve vingar-se porque
esta é uma atribuição exclusivamente divina (Rm 12.19). Segundo Lopes (2010, p.
414), “pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o mal com o mal é retribuição
humana. Pagar o mal com o bem é graça divina”.
4.3
- Tenham paz com todos quando possível (Rm 12.18). Neste presente versículo
vemos que a paz é imperativa, ou seja, a Escritura ordena que no que depender
de nós devemos ter paz com todos. Segundo o escritor aos hebreus, essa paz é
tão importante quanto a santidade (Hb 12.14).
CONCLUSÃO
Cada
cristão deve seguir a recomendação apostólica de Paulo, quanto a entrega do
corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Tal devoção deve resultar
numa postura consagrada em todas as áreas da nossa vida.
REFERÊNCIAS
APLICAÇÃO
PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. Vol. 02. CPAD.
HOWARD, R.E,
et al. Comentário Bíblico
Beacon. Vol 08. CPAD.
LOPES,
Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.
ZUCK,
Roy. Teologia do Novo Testamento. CPAD.
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