terça-feira, 14 de junho de 2016

LIÇÃO 12 – COSMOVISÃO MISSIONÁRIA (Rm 15.20-29) - 2º TRIMESTRE DE 2016

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 12 – COSMOVISÃO MISSIONÁRIA - 2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 15.20-29)

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra cosmovisão, estudaremos como o apóstolo Paulo encarava a obra missionária, pontuaremos o pioneirismo missionário do apóstolo na igreja primitiva, falaremos sobre a estratégia missionária de Paulo e suas motivações missionárias.

I – DEFINIÇÃO DE COSMOVISÃO MISSIONÁRIA
A palavra “cosmovisão” vem da junção de duas palavras, uma do grego “kosmos” que significa “mundo” e a outra do latim “visio” que é significa “visão”. Cosmovisão é aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida, ou seja, é o modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade em sua volta (ANDRADE, 2006, p. 118). Em nosso caso, quando evangelizamos, cumprimos com a cosmovisão cristã missionária.

II - PAULO E A OBRA MISSIONÁRIA
2.1 - O apóstolo Paulo e a missão (Rm 15.16). Paulo expõe o que estava em seu coração que era o desejo de levar o evangelho da graça de Deus a terras ainda não alcançadas (Rm 15.14-22). O apóstolo usa termos técnicos para apresentar seu “ministério sacerdotal”. Ele se autodenomina de um liturgo do grego “leitourgos” (aquele que exerce a função de sacerdote). “Paulo considera sua obra missionária como sendo um ministério sacerdotal quando oferece os seus convertidos gentios como um sacrifício vivo a Deus” (STOTT apud LOPES, 2010, pp. 471,472). “Cada alma que ganhamos para Cristo é uma oferta de sacrifício que oferecemos a Deus para a sua glória” (WIERSBE apud LOPES, 2010, pp. 471,472).

2.2 - O apóstolo Paulo e o agente capacitador da missão (1Co 2.1-4). O ministério missionário de Paulo foi marcado pela atuação do Espírito Santo. A obra não é feita pela capacidade humana, pois, não há movimento missionário que se sustente sem a participação efetiva do Espírito do Senhor. A obra é de Cristo, o poder vem de Cristo; Paulo foi apenas o instrumento, e não o agente. As credenciais de um ministério autêntico são dadas pelo Espírito Santo.

2.3 - O apóstolo Paulo e o território da missão (Rm 15.20-22). O apóstolo dos gentios começou a epístola aos romanos falando de missões (Rm 1.14-17), e concluiu falando da mesma forma (Rm 15.20-29). Nestes versículos Paulo sente que suas atividades missionárias nas regiões da Grécia, Macedônia e Ásia Menor, já foram completadas quando informa aos romanos que pregou o evangelho desde Jerusalém até ao Ilírico. Um mapa da época nos permite ver que esses eram os pontos extremos do mundo alcançado por Paulo. Agora, ele precisava ampliar a esfera do seu projeto missionário, pois não queria pregar onde outros já tivessem pregado (Rm 15.20,21) (CABRAL, 2005, p.146).

2.4 - O apóstolo Paulo e a cobertura espiritual da missão (Rm 15.30-32). Paulo contava com o apoio da Trindade no seu projeto missionário. Ele via com muita seriedade a obra missionária e por isso rogou que os crentes que “lutassem em oração com ele”. A palavra “combatais” significa: “lutar junto com alguém”, trazendo um sentido de uma luta espiritual na oração. Missões envolvem conflito espiritual e muitas vezes lágrimas. Todavia, missões são marcadas também por satisfação espiritual e alegria (Sl 126.5,6).

III - PAULO E O PIONEIRISMO MISSIONÁRIO DA IGREJA PRIMITIVA
Paulo foi, sem sombra de dúvidas, o maior missionário da igreja de todos os tempos. Ele plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor. Em toda a parte, seu objetivo era pregar o evangelho (Rm 15.20). Destacaremos a seguir aqui alguns pontos importantes de seu pioneirismo. Vejamos:

3.1 - Paulo e os limites de sua ação missionária (Rm 15.19-b). Paulo vai desde o extremo Oriente, em Jerusalém, até ao Ocidente, ao Ilírico. Seguindo a rota do sol, seu caminho o conduziu do leste para o oeste, até a costa do mar Adriático. A indicação deve sugerir a marcha triunfal do evangelho do Oriente ao Ocidente e o sentimento de que tudo o que jaz a leste de Roma já havia sido atingido. Essa região da Ilíria se situava na costa ocidental do mar Adriático, na Macedônia, e corresponde aproximadamente à Albânia e à parte sul do que era a antiga Iugoslávia (LOPES, 2010, pp. 477,478).

3.2 - Paulo e a filosofia de sua ação missionária (Rm 15.20,21). Paulo se considerava um desbravador de trilhas para o evangelho, um missionário pioneiro, um plantador de igrejas e seu chamado era para lançar os fundamentos (1Co 3.10), sua vocação era semear (1Co 3.6). Paulo como um plantador de igrejas, sua prioridade era não passar onde outros haviam já trabalhado, entendendo assim, a necessidade de levar a mensagem aos não alcançados.

3.3 - Paulo e a abrangência do seu ministério (Rm 15.16). O ministério de Paulo era voltado aos gentios. O próprio Deus o capacitou e o conduziu nessa direção (2Tm 4.17). Seu chamado de conduzir os gentios à obediência realizou-se por palavras e obras, pois ele pregava e fazia (Rm 15.18). Foi assim o próprio ministério de Cristo: ele fazia e ensinava (At 1.1).

IV - PAULO E A ESTRATÉGIA MISSIONÁRIA
4.1 - Paulo mantinha bases de apoio (At 14.26 28; 18.22, 23). Paulo entendia que o missionário deveria ter uma base forte e ao fim de cada viagem ele sempre voltava a Antioquia para prestar seus relatórios. Para ele a conexão entre as orações da igreja e o sucesso das missões era necessidade vital. Paulo gastava tempo significativo nestas visitas de volta, pois sabia da importância disto. Quando ele estava planejando prosseguir até a Espanha para anunciar o evangelho, escreveu uma carta e enviou aos crentes da cidade de Roma para pedir-lhes o apoio, ou seja, para serem sua nova base (Rm 15.15-24).

4.2 - Paulo pregava em lugares específicos (Rm 15.18,19). Quando examinamos estes textos podemos notar dois elementos que resumem o trabalho missionário de Paulo. Primeiro, ele direcionou seu esforço particularmente ao mundo não judaico (v. 18). Segundo, ele limitou seu trabalho principalmente à área geográfica do mundo Romano onde outros ainda não haviam atuado (v. 19), sua missão se concentra nas quatro províncias mais populosas e próspera da sua época, a saber: Galácia, Ásia, Macedônia e Acaia. Em sua ótica Paulo não se via pregando em todos os lugares, o que seria humanamente impossível, mas estabelecendo Igrejas em lugares estratégicos, de modo que o evangelho se espalharia pelas principais cidades e vilarejos.

4.3 - Paulo e sua pregação nas sinagogas (At 13.5,14; 14.1; 17.1 2, 10; 18.4, 19). Paulo seguia o princípio de “primeiro ao judeu...” (Rm. 1.16), assim sua estratégia era frequentar as sinagogas nas cidades por onde passava. Havia um costume de se convidar um rabino que estivesse de visita para dar uma “palavra de exortação” (At 13.15). Assim, Paulo aproveitava essa cortesia e a platéia presente de judeus, prosélitos e gentios para pregar o evangelho de Cristo.

4.4 - Paulo mantinha intercâmbio entre as igrejas (Rm 15.26). Para que a obra missionária seja realizada com excelência é necessário que haja planejamento. Paulo já havia estabelecido parcerias entre as igrejas. Aqui o intercâmbio é feito entre as igrejas da Macedônia, Acaia e a igreja de Jerusalém. Paulo enfatiza que as igrejas gentílicas são devedoras para com a igreja em Jerusalém a “igreja mãe”, visto que a bênção do evangelho de Cristo partiu de Jerusalém (Rm 15.27) (CABRAL, 2005, p.146).

4.5 - Paulo trabalhava sempre em equipe (At 12.25; 13.13; 15.40). Paulo em todas as suas viagens missionárias teve companheiros. Barnabé e João Marcos na primeira viagem, e Silas, depois Lucas e Timóteo na segunda. Para ele a pregação do evangelho exigia um esforço conjugado (1Ts 1.1). Paulo sempre se associou ao maior número de pessoas possíveis, basta observarmos quantos nomes aparecem em suas epístolas (2Co 1.19; 8.23; Cl. 4.14; At 19.22; Cl 4.7,10; At 20.4; Fl 2.20 22,25; Cl 2.7; At 18.2,3; Rm 16). Como vimos, Paulo deseja se associar aos crentes em Roma para poder alcançar a Espanha (Rm. 1.11,12) ele sabia que sozinho não conseguiria fazer quase nada.

V - PAULO E SUAS MOTIVAÇÕES MISSIONÁRIAS
5.1 - Paulo e os “últimos dias” (1Co 10.11). A primeira dessas convicções é que para Paulo, ele estava vivendo nos últimos dias de cumprimento em que os fins dos séculos haviam chegado. Ele estava persuadido de que a era escatológica, prometida pelos profetas havia raiado e que a plenitude do tempo havia se consumado (Gl 4.4; Ef 1.10), que o reino de Deus havia irrompido na pessoa de Cristo (2Co 6.2-b) e a nova criação tinha início (2Co 5.17). Paulo compreendia sua época como o início de um tempo em que Deus estava convergindo em Cristo todas as coisas (Ef 1.9,10).

5.2 - Paulo e a Igreja como “comunidade escatológica” (Ef 1.23). A segunda convicção do apóstolo Paulo era que as antigas promessas de Deus encontravam concretização histórica na Igreja de Cristo. Era na Igreja que a restauração de Israel, profetizada nas Escrituras do AT se consumava, era na Igreja que a plenitude dos gentios estava entrando. É por isso que ele fala da Igreja como sendo uma nova criação, feita de judeus e gentios (Ef 2.15; 4.24; Cl 3.10). Esse entendimento de Paulo sobre a Igreja como comunidade escatológica o levava a sair plantando igrejas locais no mundo de sua época.

5.3 - Paulo e a consciência do chamado divino para “edificar a igreja” (1Tm 3.15). A terceira convicção de Paulo era que Deus o havia chamado para edificar essa Igreja (1Co 3.9; Ef 2.21; 1Co 3.16; Ef 2.21). Paulo vê a Igreja como uma edificação cujo fundamento é o próprio Cristo (1Co 3.11), conceito que tem origem nas palavras do próprio Senhor Jesus (Mt 16.18). Paulo tinha consciência de que Cristo o havia chamado para ser um instrumento pelo qual essa edificação ocorreria.

CONCLUSÃO
Nessa lição, vimos uma das razões que levou o apóstolo a visitar a igreja de Roma. Não era apenas uma visita fortuita, mas algo planejado. O seu alvo era o estabelecimento de um ponto de apoio para seu empreendimento missionário. Para isso, Paulo usa esse espaço de sua Epístola para informar aos crentes em Roma das diretrizes tomadas para essa viagem. A igreja de Roma, que não tinha Paulo como seu fundador, teria a oportunidade de ver como trabalhava e apoiar aquele que foi, sem dúvida, o maior missionário da história.

REFERÊNCIAS
• CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. CPAD.
• PETERS, G. W. Teologia Bíblica de Missões. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• LOPES, Hernandes Dias. Comentário Exegético de Romanos. HAGNOS.
• ANDRADE, Claudionor C. de. Dicionário Teológico. CPAD.

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