Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
02 – O NASCIMENTO DE UM LÍDER PROFÉTICO EM ISRAEL - (1 Sm 1.20-28)
4º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos rapidamente
sobre a biografia de Samuel; veremos seu triplo ofício; pontuaremos os três
níveis das consagrações de Samuel; e por fim, notaremos como ele nos deixou o
exemplo de obediência e submissão a Deus e aos homens.
I – QUEM FOI
SAMUEL
1.1 - O nome
de Samuel. Para o significado exato do nome Samuel existem
várias alternativas sugeridas pelos intérpretes. As principais são: “ouvido por Deus”,
“aquele que provém de Deus”, “nome de Deus” e “prometido ou dado por Deus”. Pela
vocalização do nome em hebraico “Shemu’el” sugere-se o significado de “nome de
Deus” e, sem dúvida, isso está certo.
1.2 - Local
do nascimento de Samuel. De acordo com o livro de Samuel, Ramá
(nome abreviado de Ramataim-Zofim) foi o lugar do nascimento (1Sm 1.19), da
residência (1Sm 7.17) e sepultamento (1Sm 25.1) (CHAMPLIN, 2001, p. 1125 –
grifo nosso). A cidade de Ramataim-Zofim estava situada na região montanhosa de
Efraim, distando ao norte de Jerusalém aproximadamente 24 quilômetros. Samuel
era de Ramataim-Zofim, palavra que do hebraico é “vigilante em dupla altura” ou
então “cumes gêmeos de Zofim”. Esse local é descrito como sendo a terra do
nascimento da família de Samuel, e dele mesmo. Um detalhe importante pode ser
dito sobre essa localidade: ela será o lugar permanente de Samuel. Vale dizer
que somente aqui é que aparece a completude dessa localidade, sendo que em
outras passagens bíblicas vem apenas o primeiro nome: Ramá. Assim, pode-se crer
que Zofim vem para fazer distinção entre outras regiões que também eram
denominadas de Ramá, que quer dizer cume (1Sm 7.17), nela Samuel nasce, morre e
é sepultado (1Sm 25.1) (GOMES, 2018, p. 28 – grifo e acréscimo nosso).
1.3 - A
família de Samuel. Elcana do hebraico “criado ou adquirido
de Deus” era levita descendente de Coate (1Cr 6.26,33-38), e estava habitando
na terra de Efraim (1Cr 6.22-30). Os coatitas eram encarregados do serviço nas
coisas santíssimas (Nm 4.4). Temos que ter sempre em mente que Elcana era um
levita, mas efraimita somente por causa de sua residência (BEACON, 2005, p.
179). Samuel irá atuar como sacerdote porque era de origem levita também (1Cr
6.66,33,34) (GOMES, 2018, p. 29 – grifo nosso). A mãe de Samuel era Ana e seu
nome vem do hebraico “Hannah” que significa: “graciosa, benevolência ou
“favor”. Algumas tradições judaicas atribuem a Ana sete filhos por influência
do cântico de 1 Samuel 2.5. O registro bíblico, entretanto, fala somente em
cinco filhos além de Samuel, totalizando seis. Ou seja, Samuel tinha três
irmãos e duas irmãs (CHAMPLIN, 2001, p. 1133 – grifo nosso).
1.4 - A
linhagem de Samuel. A genealogia de Elcana mencionada até a
quarta geração passada, pode ser uma indicação de sua posição na sociedade,
embora nada mais se conheça sobre as pessoas ali citadas. Elcana é um nome
recorrente na lista dos descendentes de Coate (1Cr 6.22-30). E, em 1 Crônicas
6.66,33,34, apresenta Samuel como um levita. Vale assinalar o seguinte:[…]
Belém é também chamada de Efrata no AT (Gn 36.15,19; Rt 4.11; Mq 5.2) e
efraimita [...] pode indicar um membro da tribo de Efraim ou um belemita [...]
havia ligações entre os levitas de Belém e os da região montanhosa de Efraim
(Jz 17.7-12; 19.1-21). Se Elcana teve algum vínculo de parentesco com pessoas
de Belém, seria natural que seu filho Samuel voltasse ali para oferecer
sacrifício (1Sm 16.2,5), embora a família tivesse se reunido mais
frequentemente em Siló no santuário de Efraim (BALDWIN apud GOMES, 2018, p. 29
– grifo nosso).
II - OS
OFÍCIOS DE SAMUEL
2.1 - Samuel
atuou como profeta. Nessa função de profeta, Samuel deu a
sentença para a casa de Eli (1Sm 3.1-18), ungiu Saul e Davi (1Sm 10.1; 16.13),
reprovou Saul por desobediência (1Sm 13.13; 15.22,23), encorajou a Davi (1Sm
19.18), e escreveu a história dos atos de Deus em Israel (1Cr 29.29).
2.2 - Samuel
atuou como juiz. Samuel se tornou, no sentido exato do
termo, o maior e último juiz de Israel (1Sm 7.15-17). Como os juízes de
outrora, ele conduziu o povo em batalhas exercendo este ofício (ZUCK apud
GOMES, 2018, pp. 29,30).
2.3 - Samuel
atuou como sacerdote. Quando era menino Samuel usava o éfode
feito de linho, o sinal de sacerdócio (1Sm 2.18; 3.1; 2Sm 6.14). É
significativo, portanto, que Eli tenha dado ao menino Samuel uma estola de
linho (éfode), o que o identificava com o um sacerdote, e não com o mero levita
que executava trabalhos manuais: “Samuel, porém, ministrava perante o Senhor,
sendo ainda menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho” (1Sm 2.18 -
ARA). A estola de linho era usada pelos sacerdotes, mas não pelos levitas em
geral (1Sm 22.18; 2Sm 6.14). D. L. Moody diz que esta estola sacerdotal era uma
vestimenta usada pelos sacerdotes menos graduados, os levitas juízes e pessoas
importantes, com propósitos religiosos (2Sm 6.14) (MOODY, sd, p. 10). Já a
túnica, elaborada com grande cuidado por Ana que ela trazia de ano em ano, era
uma espécie de sobretudo do hebraico “me'îl”, além de fazer parte de uma veste
sacerdotal (1Sm 2.19 ver Êx 28.4). O Talmude diz que tal peça podia ser
confeccionada pela mãe de um sacerdote […] E é provável que o exemplo dado pela
túnica de Ana tenha aberto precedente para tal prática (CHAMPLIN, 2001, p. 1133
– grifo nosso). Como sacerdote Samuel liderou na adoração do Senhor no lugar
alto em uma das cidades benjaminitas (1Sm 9.11-24), praticou o papel sacerdotal
de sacrificar e ensinar (1Sm 7.9; 6.13-15; 13.8-14; 10.17-27; 12.1-25;
16.1-3;), e o próprio Deus testificou do seu sacerdócio (1Sm 3.35) (ZUCK apud
GOMES, 2018, pp. 29,30 – grifo e acréscimo nosso).
III – AS
ETAPAS DAS CONSAGRAÇÕES DE SAMUEL
3.1 - A
dedicação de Samuel desde o ventre de sua mãe. Samuel
foi dedicado a Deus por sua mãe como parte de um voto que ela fez antes dele
nascer. O nascimento de Samuel foi fruto de uma promessa feita por sua mãe,
Ana, que fez um voto com Deus, prometendo que seu filho seria um nazireu deste
o ventre (1Sm 1.11). A Bíblia nos diz que o nazireado já é possível desde o
ventre materno: “Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja
cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o
ventre [...]” (Jz 13.5). Nazireu vem do hebraico “nazir” derivado de “nazar”
que significa: “separar; consagrar; abster-se”. Vem ainda da palavra “nezer”
que significa: “diadema; coroa de Deus” (Nn 6.3-6). Em virtude desta
consagração, tanto a mãe, durante a gravidez, como o futuro nazireu deviam
abster-se de certos alimentos, de bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e
tocar em cadáveres. Este voto podia ser feito tanto por um homem como por uma
mulher (Nm 6.1-21).
3.2 - A
dedicação de Samuel na sua infância. Mesmo quando criança, Samuel
recebeu sua própria túnica, uma vestimenta normalmente reservada a um sacerdote
enquanto ministrava diante do Senhor na tenda da congregação em Siló, onde a
arca da aliança era mantida (1Sm 2.18; 3:3). Sem dúvida, Ana contou a seu
esposo, sobre seu voto, pois sabia que, de acordo com a lei mosaica, o marido
poderia anular o voto da esposa caso não concordasse com ele (Nm 30). Como
levita, nazireu, profeta e juiz, Samuel serviria fielmente ao Senhor e a Israel
e ajudaria a dar início a uma nova era na história de seu povo. As mães
israelitas costumavam desmamar os filhos aos 3 anos de idade: “[…] E era o
menino ainda muito criança” (1Sm 1.24-c) (CHAMPLIN, 2001, p. 1129). Sem dúvida,
durante esses anos preciosos, Ana ensinou o filho e o preparou para servir ao
Senhor […] Quando Elcana e Ana apresentaram o filho ao Senhor, Ana lembrou a
sacerdote Eli que ela era a mulher que havia orado pedindo um filho três anos
ante (1Sm 1.24-27) (WIERSBE, 2010, p. 203).
3.3 - A
dedicação de Samuel na adolescência. Samuel teve uma infância e uma
juventude incomum. Logo muito cedo começou uma vida de serviço no tabernáculo
que ficava em Silo, a mais de 30 quilômetros de sua casa, em Ramá. O
historiador judeus Flávio Josefo
também conhecido pelo seu nome hebraico Yosef ben Mattityahu disse que Samuel,
por essa época, tinha 12 anos de idade (JOSEFO, 2007, p. 276). Aos 12 anos um
menino israelita se tornava “adulto para as coisas religiosas” como aconteceu
com Jesus (Lc 2.39). É nesta idade que Samuel vai ouvir a voz de Deus e o
Senhor vai se manifestar a ele confirmando o seu chamado (1Sm 3.4,10,11).
Samuel foi escolhido por Deus para mudar a história de seu povo (1Sm 3.21).
IV – SAMUEL
COMO EXEMPLO DE OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO
4.1 - Samuel
crescia diante de Deus e dos homens. Em alguns casos a maturidade
espiritual supera a maturidade física. Samuel crescia em estatura e no favor do
Senhor e “fazia-se agradável tanto para Deus como para homens” (1Sm 2.21;26).
Samuel crescia em Deus e quando crescemos em Deus, também crescemos diante dos
homens (1Sm 3.1;19). Samuel era aprendiz de Eli, mas acima de tudo aprendiz do
Senhor, pois o
próprio Deus testificou disso (1Sm 2.35). Naquela época as obrigações que um
aprendiz tinha era de
abrir as portas do Tabernáculo todas as manhãs (1Sm 3.15), limpar as mobílias
do templo, varrer o chão e etc. Aos poucos, a medida que crescia em Deus,
Samuel ajudava Eli nos holocaustos. Uma das maiores virtudes de Samuel era
servir a Deus em submissão.
4.2 - Samuel
aprendeu a servir em submissão e obediência. Hoje
muitos querem servir a Deus, querem ser “profetas”, mas não querem se submeter
as suas lideranças. Samuel poderia muito bem seguir o exemplo dos filhos de Eli
(1Sm 8.1-3) mas preferiu viver em submissão ao seu tutor. Muitos querem fazer a
obra de Deus, mas não se submetem em obedecer seus líderes. Na história dos
reis de Israel vemos que existiam homens que faziam o que era “reto a Deus”,
mas também os que fizeram o que era “mal perante ao Senhor”. Todos esses
responderam por seus atos. Deus permite que isso aconteça para ver a nossa
obediência e submissão. Para ver se realmente sabemos ouvir e seguir o nosso
chamado em obediência.
4.3 - Samuel
aprendeu ouvir o chamado de Deus. A vida de Samuel foi
caracterizada por ouvir o chamado de Deus (1Sm 3.3-10). Samuel seguiu o seu
chamado “ouvindo ao Senhor” e obedecendo sua palavra. Como um aprendiz e jovem
profeta faltava a Samuel experiência com Deus. Samuel veio a servir a Deus na
época da velhice de Eli (1Sm 2.22), e por isso, tinha dificuldade pois a referência
de ouvir a Deus não era clara por parte de Eli e seus filhos, que como
sacerdotes não eram exemplos. E Samuel aprendeu em sua própria experiência a
ouvir a voz de Deus e lhe obedecer.
4.4 - Samuel
um verdadeiro exemplo moral e espiritual. Tradicionalmente,
os filhos do sacerdote sucederiam o ministério do pai; no entanto, os filhos de
Eli, Hofni e Finéias, eram iníquos por serem imorais e mostrarem desprezo pela
oferta do Senhor (1Sm 2.17,22). Enquanto isso, Samuel continuou a crescer em
estatura e em favor do Senhor e dos homens (1Sm 2.26). Podemos aprender que
Samuel era mais que um profeta, um sacerdote ou juiz. Samuel era um líder
espiritual a ser seguido e imitado. Seus relacionamento com Deus fez com que
ele se tornasse referência a povo santo (Jr 15.1; At 3.24; 13.20). Por ter sido
fiel a Deus, o Senhor o fez juiz, sacerdote, profeta, conselheiro e intercessor
de Deus e dos homens. Um homem de Deus que desempenhava bem os papéis
atribuídos a Ele. Um homem que em nada tinha de dolo (1Sm 12.1-4).
CONCLUSÃO
Aprendemos com a vida de Samuel que é
possível servirmos a Deus fielmente mesmo em meio a uma geração corrompida e desviada, e
servos sal da terra e luz do mundo glorificando ao Senhor por meio de nossa
vida.
REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua
Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO, Flávio (Trad. Vicente
Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da
Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
WIERSBE Warren W. Comentário Bíblico
Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA, 2010
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