Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO
04 – A DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL - (1 Sm 2.22-25; 3.10-14)
4º
TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a definição do termo degenerar; pontuaremos a corrupção moral e
espiritual de Israel; estudaremos sobre a mensagem de juízo para Israel vinda
da parte de Deus; e por fim, analisaremos o castigo divino a nação por causa de
sua degeneração.
I
– DEFINIÇÃO DO TERMO DEGENERAR
1.1
- Definição do verbo degenerar. O verbo “degenerar” significa: “mudar para um
estado ou condição qualitativamente inferior; declinar, estragar. Mudar para
pior; ocasionar ou adquirir maus hábitos ou práticas; corromper-se; deturpar;
apodrecer; depravar; estragar” (HOUAISS, 2001, p. 928). Enquanto a palavra
regenerar fala de uma mudança para melhor, degenerar é uma mudança para pior; é
um movimento regressivo e não progressivo. A degeneração é entendida como a
alteração de algo. É mudar para uma condição ou estado de inferioridade. Lendo
Jeremias 2.21, o texto usa a palavra degenerado em relação a Israel como povo
de Deus, pois de uma vide excelente vieram a ser uma planta amarga. Esse é o
sentido de “pikrían” que aparece na Septuaginta (versão da Bíblia do hebraico
para o grego) […]. Na Vulgata Latina (versão da Bíblia do grego para o latim)
aparece como adjetivo “právus” para referir-se a algo disforme, defeituoso,
depravado (GOMES, 2019, p. 67 – grifos nosso).
II
– A DEGENERAÇÃO MORAL E ESPIRITUAL DE ISRAEL
2.1
- Situação do povo. O período dos juízes que se estende até aos dias de Samuel,
foi um período de oscilações espirituais na vida do povo de Israel. Quando
estavam em paz e prosperidade davam as costas para o Senhor e adoravam os
ídolos (Jz 2.11; 3.7,12; 4.1; 6.1; 10.6; 13.1), quando se viam em aperto
clamavam ao Deus verdadeiro (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6; 10.10). A idolatria estava
enraizada no meio do povo escolhido (1Sm 7.3,4).
2.2
- Situação dos líderes. Deus nomeou homens a fim de que eles pudessem conduzir
o povo de Israel nos caminhos e na vontade do Senhor. No entanto, quando os
líderes se desviavam o prejuízo era ainda maior. Vejamos como estava os líderes
no período inicial do livro de 1 Samuel:
2.2.1
- Eli era conivente com os erros de seus filhos. Eli Era descendente de Arão e
Itamar, tornou-se sumo sacerdote no centro da adoração em Siló. Eli esteve a
frente do povo como juiz e sacerdote por pelo menos quarenta anos (1Sm 4.18), e
viveu até aos 98 anos de idade (1Sm 4.15). Seu nome significa: “O Senhor é
exaltado”, e a despeito da confiança e da fé que ele tinha no Senhor, ele não
foi bem sucedido na formação de sua família. Seus dois filhos, que eram
sacerdotes, pecavam contra o Senhor, no entanto, Eli se restringiu apenas a uma
repreensão verbal e nada mais (1Sm 2.22-26). Eli não honrou o seu chamado e
estimou mais os filhos do que a Deus (1Sm 2.28,29). Eli foi:
a)
um pai ausente, que não tinha tempo para os filhos (1Sm 4.18);
b)
um pai omisso, que não abriu os olhos para ver os sinais de perigo dentro do
seu lar (1Sm 2.22-24; 29-34; 3.11-12,17-18);
c)
um pai conivente (1Sm 2.29; 3.13); e,
d)
um pai passivo ao fatalismo (1Sm 3.18).
2.2.2
- Hofni e Finéias pecavam contra Deus. Os filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram
chamados por Deus para o sacerdócio (1Sm 1.3). No entanto, por causa do seu mau
comportamento, foram chamados de filhos de Belial: “Eram, porém, os filhos de
Eli filhos de Belial” (1Sm 2.12-a). Esta expressão hebraica é usada para
descrever pessoas desprezíveis e blasfemadoras do hebraico “gadaph” (Dt 13.13;
Jz 19.22; 1Sm 25.25; Pv 16.27). Paulo usa Belial “belliyya ́al” com o um
sinônimo de Satanás (2Co 6.15). É dito também que eles “não conheciam ao
SENHOR” (1Sm 2.12-b), ou seja, não possuíam qualquer conhecimento do verbo
hebraico “yadá” íntimo e pessoal de Deus. Vejamos quais foram os pecados destes
homens que os fizeram desprezíveis:
a)
Pecados de ordem cúltica (1Sm 2.12-17). A lei descrevia com precisão as porções
dos sacrifícios que pertenciam aos sacerdotes (Lv 3.3-5; 7.28-36; 10.12-15; Dt
18.1-5), mas os dois irmãos tomavam para si toda a carne que queriam e, ainda,
as partes de gordura que pertenciam ao Senhor (Lv 7.28-36). Chegavam até a
pegar a carne crua para assá-la e não ter de comê-la cozida. Eles “desprezavam
a oferta do Senhor” (1Sm 2.17) e “pisavam os sacrifícios do Senhor” (1Sm 2.29).
b)
Pecados de ordem moral (1Sm 2.22,23). Além dos pecados de ordem cúltica
(cerimonial), o registro bíblico também diz que os filhos de Eli cometiam
imoralidade sexual com alguns mulheres que ficavam a porta do templo.
c)
Pecados de ordem pessoal (1Sm 2.25). É forte a expressão “O Senhor os queria
matar”. Lendo os textos de Números 15.30, Josué 11.20, Provérbios 15.10, logo
se entende claramente o porque de Deus querer matar esses dois filhos de Eli. O
texto esclarece que eles se colocaram em rebeldia e oposição a Deus, visto que
esse é literalmente o sentido da expressão “filhos de Belial”. O procedimento
pecaminoso, imoral, corrupto, incluindo o sacrilégio, resultou de uma
deliberação própria dos filhos de Eli. Podemos dizer que sua rebelião foi algo
idiossincrático, ou seja, algo pessoal, interno, característico do
comportamento, do modo de agir ou da sensibilidade e individualidade de alguém
(Jz 21.25; 1Sm 2.17).
III
– A MENSAGEM DE JUÍZO PARA ISRAEL
Diante
do quadro caótico de grande parte do povo e da liderança de Israel, Deus falou
uma mensagem de juízo. Veio um homem de Deus a Eli e lhe revelou o que Deus
iria fazer para punir os transgressores. Notemos:
3.1
- Contra os sacerdotes. Na mensagem profética Deus lembrou a Eli o que ele
tinha feito de bom ao povo de Israel e ao próprio Eli chamando-o para exercer o
sacerdócio. No entanto, apesar desse tamanho privilégio Eli não deu o devido
valor a sua vocação e tratou com desdém as coisas sagradas (1Sm 2.27-29). Deus
prometeu punir Eli e seus descendentes, fazendo com que morressem precocemente
antes de completar a idade de exercerem o sacerdócio que era aos 30 anos (Nm
4.3,23,30,35,39,43,47; Lc 3.23). O homem de Deus profetizou a destruição da
família de sacerdotes de Eli por causa de sua desobediência ao Senhor (1Sm
2.31-33). Mais tarde esta mensagem foi confirmada por meio de Samuel (1Sm 3.11-14).
Como sinal do cumprimento desta mensagem, o homem de Deus disse que Hofni e
Finéias morreriam no mesmo dia (1Sm 2.34). O juízo também foi cumprido no
massacre em Nobe (1Sm 22.11-19), e quando a herança sacerdotal foi transferida
para a família de Zadoque no reinado de Salomão (1Rs 2.26,27,35).
3.2
- Contra o povo. Além de repreender o sacerdote Eli e seus filhos com uma dura
mensagem de juízo, o homem de Deus também disse o que aconteceria com o povo:
“E verás o aperto da morada de Deus, em lugar de todo o bem que houvera de
fazer a Israel” (1Sm 2.32).
IV
– O CASTIGO PELA DEGENERAÇÃO DA LIDERANÇA SACERDOTAL
4.1
- Escassez de manifestação. Samuel foi levantado em um tempo onde não havia
atividade profética, provavelmente porque havia poucos israelitas fiéis que
dariam ouvidos à Palavra de Deus: “[…] não havia visão manifesta” (1Sm 3.1).
Observamos o quanto o povo daquela época estava longe de Deus (Jz 21.25), as
pessoas faziam o que parecia bem aos seus olhos justamente por não terem
ensinamentos corretos, não havia dedicação e muito menos zelo pela Palavra do
Senhor, esqueceram dos princípios que um dia receberam. O estado espiritual do
povo era o mesmo que o do sacerdote “sem visão” (1Sm 3.2).
4.2
- Derrota nas batalhas. A punição pelos pecados de Eli e sua família aconteceu
de duas maneiras: a destruição quase total de uma família sacerdotal e a
humilhação de uma nação inteira. Mas ainda ficaram descendentes e parentes de
Eli, os quais, mais à frente foram mortos por Saul. Nessa ocasião o Tabernáculo
tinha sido transferido para Nobe, e o sumo sacerdote era Aimeleque, bisneto de
Eli. Por achar que este tinha ajudado Davi a fugir, Saul mandou matar ele e
todos os demais sacerdotes, em número de oitenta e cinco. Só escapou Abiatar
(1Sm 22.6-23), que mais tarde tornou-se sumo sacerdote, durante o reinado de
Davi, mas foi destituído por Salomão, cumprindo-se a profecia do homem de Deus
em Siló (1Sm 2.35,36; 4.2; 1Rs.2.27).
4.3
- Morte dos líderes. Houve diversos prenúncios da punição divina a Eli e seus
filhos, aos quais ele não deu a devida atenção, e por isso o desastre atingiu
não somente sua família, mas a todo o povo de Deus. O próprio Eli os avisou que
um pecado cometido contra o Senhor não permitiria intercessão (1Sm 2.22-25).
Depois Deus usou o menino Samuel para dizer a Eli que estava prestes a enviar
um castigo terrível sobre ele e seus filhos (1Sm 3.1-21). Eli respondeu a
Samuel: “Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos” (1Sm 2.18).
Cumprindo as profecias divinas, Eli, seus filhos e uma de suas noras, morreram
todos no mesmo dia (1Sm 4.12-22).
4.4
- A perda do ministério sacerdotal. Deus havia dado o sacerdócio a Arão e a
seus descendentes para sempre, e ninguém poderia tomar deles essa honra (Êx
29.9; 40.15; Nm 18.7; Dt 18.5 ). Porém, os servos de Deus não podem viver como
bem entendem e esperar que o Senhor os honre, “porque aos que me honram,
honrarei” (1Sm 2.30). O privilégio do sacerdócio continuaria sendo da tribo de
Levi e da casa de Arão, mas Deus o tomaria da linhagem de Eli (1Sm 2.36). No
tempo de Davi, havia pelo menos dois descendentes de Eleazar para cada
descendente de Itamar (1Cr 24.1-5), de modo que a família de Eli foi, aos
poucos, desaparecendo. Eli era descendente de Arão pela linhagem de Itamar, o
quarto filho de Arão, mas Deus abandonaria essa linhagem e se voltaria para os
filhos de Eleazar, o terceiro filho de Arão e seu sucessor com o sumo sacerdote
(ver 1Rs 2.26,27,35). Os nomes de Eli e de Abiatar não aparecem na lista de
sumos sacerdotes israelitas em 1Crônicas 6.3-15. Ao confirmar Zadoque com o
sumo sacerdote, Salomão cumpriu a profecia proferida pelo homem de Deus quase
um século e meio antes.
4.5
- A perda da arca do Senhor. A tragédia também atingiu toda a nação quando os
israelitas foram derrotados pelos filisteus, e estes tomaram a Arca da Aliança
(1Sm 4.11), símbolo da presença de Deus no meio do povo. Por isso, a mulher de
Finéias, que morreu ao saber da notícia e enquanto dava à luz um menino,
deu-lhe o nome de Icabode, que significa “Foi-se a glória de Israel” (1Sm 4.19-22).
CONCLUSÃO
Devemos
vigiar para não termos o mesmo final triste e penoso de Eli e seus filhos.
Precisamos fazer como Samuel fez, honrar ao Senhor e servi-lo com fidelidade.
REFERÊNCIAS
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: OBJETIVA, 2001.
JOSEFO,
Flávio (Trad. Vicente Pedroso). História dos Hebreus. RJ: CPAD, 2007.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1997.
TENNEY,
Merril C. Enciclopédia da Bíblia. SP: CULTURA CRISTÃ, 2010.
WIERSBE
Warren W. Comentário Bíblico Claro e Conciso AT – Históricos. SP: GEOGRÁFICA,
2010.
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