Igreja Evangélica Assembleia de Deus em
Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543
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LIÇÃO 05 – A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL - (At 9.31; 1 Co 1.1,2; Hb 10.24,25)
3º TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a definição da palavra Igreja; pontuaremos a diferença entre a
igreja invisível e a visível; falaremos sobre a sua mordomia e as suas
ordenanças; analisaremos a sua tríplice missão; e por fim, estudaremos sobre o
modelo bíblico da mordomia da igreja.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA IGREJA
A
Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017, p. 120) define que: “A palavra
‘igreja’ significa, literalmente, ‘chamados para fora’ e era usada para
designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’ dos cidadãos de uma localidade na
antiguidade grega”. O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo
prefixo “ek”, “a partir de, dentro de” ou “para fora de”; e, “klesis”, que
significa: “chamada, convocação, convite”. Literalmente quer dizer “chamados
para fora”. O termo ainda é usado para designar um “grupo local de cristãos”
(Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a Igreja universal à qual todos os servos de
Cristo em todos os tempos estão ligados (At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). Podemos
dizer que a Igreja do Senhor Jesus foi fundada durante o seu ministério (Mt
16.18), e inaugurada no dia de Pentecostes (At 2) (BERGSTÉN, 2005, p. 214).
II
- DIFERENÇAS ENTRE IGREJA UNIVERSAL E IGREJA LOCAL
A
Igreja é um organismo vivo invencível (Mt 16.18), santo, dinâmico e ligado à
cabeça que é Cristo (Ef 1.22, 23). A igreja, portanto, vive em duas dimensões:
espiritual e social. Na dimensão espiritual, a igreja é universal (invisível),
um organismo vivo, o corpo místico de Cristo; mas na esfera social, ela é local
(visível), uma organização, um ajuntamento de pessoas ligadas a um sistema de
crenças. Vejamos a diferença entre elas:
2.1 - Igreja universal ou invisível. A igreja universal ou invisível consiste de
todos os discípulos de Cristo em todo o mundo e em todos os tempos. Somente
Deus pode contar e identificar precisamente seus “primogênitos arrolados nos
céus” (Hb 12.23).
Algumas
vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo o
povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa estar. Jesus falou da
igreja deste modo: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja […]” (Mt 16.18; 1Co 3.11). Paulo falou da igreja,
neste mesmo sentido universal, quando escreveu: “[…] Cristo é o cabeça da
Igreja […]” (Ef 5.23). A Igreja invisível não é um edifício construído com
blocos e cimento, mas, um edifício construído com pedras vivas (1Pd 2.5). Estas
“pedras vivas” são chamadas de santos e membros da família de Deus (Ef
2.19-22).
A
Bíblia a descreve como um corpo (Rm 12.4-5; 1Co 12.12-27; Cl 1.18,24; Ef 5.23).
2.2 - Igreja local ou visível. Uma igreja local consiste de cristãos que se
reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (At 2.41;
4.4; 8.1; 9.31; Rm 16.1,14,15; 1Co 16.19; Cl 4.15). Frequentemente, a palavra
igreja é usada para descrever uma congregação local ou assembleia de santos em
um determinado lugar geográfico: “[…] à igreja de Deus que está em Corinto […]”
(1Co 1.2); “E, se ele não os atender, dize-o à igreja [...]” (Mt 18.17); “[…]
saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16.5). A igreja
pertence ao Senhor, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (At 20.28;
1Co 1.2; 10.32; Gl 1.13; 1Tm 3.5,15). Jesus derramou seu sangue para comprar a
igreja (At 20.28). Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16.16) e Jesus falou
de sua “própria igreja” (Mt 16.18).
III
– A MORDOMIA DA IGREJA E SUAS ORDENANÇAS
Jesus
deixou claro que seus discípulos deveriam dentro de sua mordomia batizar os
crentes e celebrar a Ceia do Senhor (Mt 28.19; 26.29). Estas duas ordenanças da
Igreja: (batismo e ceia) só podem ser exercidas biblicamente em comunidades
(congregações) organizadas como ensina a Bíblia Sagrada. Vejamos:
3.1 - O batismo em águas como uma mordomia da igreja (Mt 28.19; Mc 16.16). Os
discípulos saíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordem
recebida (Mc 16.20; At 2.41; 8.12; 10.47). A igreja batizava as pessoas que se
arrependiam (At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (At 2.41;
8.12), os que criam em Jesus (Mc 16.16; At 8.12,37; 18.8: 16.33,34), e as
pessoas que já eram discípulos (At 19.1-6). Observamos, assim, que não existe
na Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas (BERGSTÉN, 2016,
p. 242). Os candidatos eram imersos totalmente nas águas (At 8.38; Mt 3.16; Jo
3.23). O batismo era sempre ministrado após a experiência da salvação, nunca
antes. Ninguém era batizado para ser salvo mas porque já era salvo (Mt
5.18,19). O batismo bíblico é: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo” (Mt 28.19). Assim, torna-se impossível afirmar, pelo que se lê em Atos
2.38; 8.16; 10.48 e 19.5, que os apóstolos batizavam apenas em nome de Jesus.
Essas passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por
Jesus (BERGSTÉN, 2016, p. 243).
3.2 - A santa ceia como uma mordomia da igreja (Mt 26.26,28; Mc 14.22; Lc 22.19;
1Co 10.16,17; 11.24-26). Podemos dizer que a ceia é: a) um memorial: Lugar
algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo
e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa
claro o caráter simbólico: “fazei isto em memória de mim” (1Co 11.25); b) um
ritual de aliança: Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de
aliança de sangue (Gn 14.18); por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era
a “aliança no seu sangue”; c) um ritual de comunhão: No tempo apostólico, as
ceias eram também chamadas de “ágapes” ou “festas de amor” (Jd 12), o que
reflete parte de seu propósito, e, d) um ritual de consequências espirituais:
Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é
abençoado ou é alvo do juízo (1Co 11.27-32; 10.16,17).
IV
– A MORDOMIA DA IGREJA E A SUA TRÍPLICE MISSÃO
4.1 - A mordomia da igreja na adoração. Aqui está o papel número um do povo de
Deus: oferecer-lhe sacrifícios vivos e agradáveis (1Pd 2.5). É no desempenho de
seu papel adoradores que a Igreja encontra sua missão em nível de maior
transcendência. A Igreja executa o seu verdadeiro sacerdócio quando ela entra
nos Santo dos Santos a fim de ministrar adoração à santidade e à majestade do
Criador (Jo 4.24).
4.2 - A mordomia da igreja na evangelização. Em se tratando especificamente da
evangelização, há cinco textos onde o Senhor Jesus comissiona seus discípulos
para esta sublime tarefa, são eles: (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo
20.21,22 e At 1.8). Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho,
seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude.
Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio
à sociedade. Acerca dessa tarefa podemos asseverar que a igreja: (a) existe
para evangelizar (1Pe 2.9); (b) é ordenada a evangelizar (Mt 28.19; Mc 16.15);
(c) se realiza evangelizando (At 4.20; 5.40-42); e, (d) só pode continuar a
existir se evangelizar (At 2.41; 4.4; 5.14,42).
4.3 - A mordomia da igreja em relação na comunhão. Uma marca de suma importância
entre o povo de Deus é a marca relacional (At 2.44-47). O NT usa a palavra
“koinonia” para expressar a maneira como os cristãos se relacionam uns com os
outros. Viver esse amor uns para com os outros, nos caracteriza como
verdadeiros filhos de Deus e é evidência de que nascemos de novo, uma vez que
ser cristão é buscar vivenciar e manifestar o caráter do Salvador enquanto
andamos juntos (1Jo 4.7-11).
V
- O MODELO BÍBLICO DA MORDOMIA DA IGREJA PRIMITIVA
Na
contemporaneidade tem surgido um movimento heterodoxo chamado de “desigrejados”
que podemos definir este grupo como os “sem igreja”. Eles não são filiados a
qualquer instituição convencional de culto religioso cristão e são contrários a
qualquer tipo de liderança. Os desigrejados defendem que a fé cristã pode ser
exercida fora da comunhão da Igreja com o seguinte lema: “Jesus, sim; Igreja,
não”. No entanto, a Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa
congregação, como é costume de alguns […]” (Hb 10.25). Notemos a necessidade de
uma Igreja local e qual o seu modelo bíblico:
5.1 - Na mordomia da igreja existe hierarquia. A hierarquia ministerial é uma
doutrina do NT (1Co 12.28-31; Ef 4.8-11). O sistema de congregações ligadas a
uma matriz (igreja sede) já era instituído desde os dias apostólicos (Mt 16.18;
Mc 3.13-19); por conta disso, ninguém mandava em si mesmo e fazia o que bem
entendia, mas respeitava e adequava-se às decisões dos apóstolos e dos anciãos
guiados pelo Espírito do Senhor (At 15.22,23). Além do quê, os apóstolos eram
os responsáveis pela separação dos diácono, dos presbíteros ou dos pastores
(1Tm 4.14; At 14.23; 6.1-7; 20.28; 1Tm 5.22).
5.2 - Na mordomia da igreja existe liturgia. A igreja de Cristo é composta por
crentes de todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias,
ministérios, lideranças, coletas, contribuições, adoração e etc (At 2.46,47;
1Co 14.6; 6:1-6; 13.1-2; Ef 4.11-12; Hb 13.17; 1Co 16.1; Rm 15.26; 2Co 9.1-13;
Hb 7.8; Lc 11.42). A Igreja é o Corpo de Cristo (Cl 1.24; Ef 1.22-23; 4.12). Assim
como o corpo não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem a
cabeça, Jesus Cristo (Ef 5.23; Cl 1.18). Discípulos de Jesus são membros do
corpo (Rm 12.4-5; 1Co 12.12-27; Ef 3.6; 4.16; 5.30).
5.3 - Na mordomia da igreja existe liderança. Desde o AT o Senhor instituiu
homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). A liderança ministerial
não existe com a pretensão de um ser melhor que o outro, mas para o Altíssimo
manter a ordem (Hb 13.7; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17). O próprio Jesus constitui homens
para a liderança do ministério: “E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores
[…]” (Ef 4.11-13 ver At 20.24,28, Jo 21.17). Paulo ainda disse: “Ora, vós sois
o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja
[…]” (1Co 12.27,28). Segundo o modelo do NT os pastores representam os fiéis e
hão de dar conta do rebanho: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles
[…]” (Hb 13.17).
5.4 - Na mordomia da igreja existe obra social. Na igreja primitiva, era comum,
não só a pregação do evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em
suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37; 6.1-6). Diversas vezes houve coletas
entre os irmãos com o objetivo de socorrer aos santos que estavam enfrentando
dificuldades (Rm 15.25-27; 1Co 16.1-4; 2Co 8; 9; Fp 4.18,19).
Paulo
e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém
uma oferta aos irmãos carentes da Judeia (At 11.28-30). Paulo afirma que
recebeu recomendações de Tiago, Cefas e João, “as colunas”, para que se
lembrassem dos pobres, e ele mesmo diz que procurou fazer com diligência (Gl
2.10). Diversas vezes, ele dedicou-se a recolher ajuda para os pobres da igreja
de Jerusalém (Rm 15.25,26; 1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4). Paulo ensinava a igreja
sobre o dever de contribuir (1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4; 9.2).
CONCLUSÃO
,p>Concluímos
que a mordomia na igreja local abrange muitas ordenanças e tarefas. Precisamos
saber a nossa vocação é perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua
Igreja. Portanto, sejamos um mordomo fiel na igreja em que congregamos.
REFERÊNCIAS
CABRAL, E. Mordomia cristã. RJ: CPAD,
2003.
Lições Bíblicas de Jovens e
Adultos: Maturidade Cristã. RJ: CPAD, 1987.
Lições Bíblicas de Jovens e
Adultos: Mordomia Cristã: Servindo a Deus com excelência. RJ: CPAD, 2003.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
RENOVATO, Elinaldo. Tempos, Bens e
Talentos. RJ: CPAD, 2019,
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia,
Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
ANDRADE, Claudionor Correa de.
Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2010.