segunda-feira, 29 de julho de 2019

LIÇÃO 05 – A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL - (At 9.31; 1 Co 1.1,2; Hb 10.24,25) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 05 – A MORDOMIA DA IGREJA LOCAL - 
(At 9.31; 1 Co 1.1,2; Hb 10.24,25)
3º TRIMESTRE DE 2019


INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra Igreja; pontuaremos a diferença entre a igreja invisível e a visível; falaremos sobre a sua mordomia e as suas ordenanças; analisaremos a sua tríplice missão; e por fim, estudaremos sobre o modelo bíblico da mordomia da igreja.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA IGREJA
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017, p. 120) define que: “A palavra ‘igreja’ significa, literalmente, ‘chamados para fora’ e era usada para designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’ dos cidadãos de uma localidade na antiguidade grega”. O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo prefixo “ek”, “a partir de, dentro de” ou “para fora de”; e, “klesis”, que significa: “chamada, convocação, convite”. Literalmente quer dizer “chamados para fora”. O termo ainda é usado para designar um “grupo local de cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a Igreja universal à qual todos os servos de Cristo em todos os tempos estão ligados (At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). Podemos dizer que a Igreja do Senhor Jesus foi fundada durante o seu ministério (Mt 16.18), e inaugurada no dia de Pentecostes (At 2) (BERGSTÉN, 2005, p. 214).

II - DIFERENÇAS ENTRE IGREJA UNIVERSAL E IGREJA LOCAL
A Igreja é um organismo vivo invencível (Mt 16.18), santo, dinâmico e ligado à cabeça que é Cristo (Ef 1.22, 23). A igreja, portanto, vive em duas dimensões: espiritual e social. Na dimensão espiritual, a igreja é universal (invisível), um organismo vivo, o corpo místico de Cristo; mas na esfera social, ela é local (visível), uma organização, um ajuntamento de pessoas ligadas a um sistema de crenças. Vejamos a diferença entre elas:

2.1 - Igreja universal ou invisível. A igreja universal ou invisível consiste de todos os discípulos de Cristo em todo o mundo e em todos os tempos. Somente Deus pode contar e identificar precisamente seus “primogênitos arrolados nos céus” (Hb 12.23).
Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa estar. Jesus falou da igreja deste modo: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja […]” (Mt 16.18; 1Co 3.11). Paulo falou da igreja, neste mesmo sentido universal, quando escreveu: “[…] Cristo é o cabeça da Igreja […]” (Ef 5.23). A Igreja invisível não é um edifício construído com blocos e cimento, mas, um edifício construído com pedras vivas (1Pd 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas de santos e membros da família de Deus (Ef 2.19-22).
A Bíblia a descreve como um corpo (Rm 12.4-5; 1Co 12.12-27; Cl 1.18,24; Ef 5.23).

2.2 - Igreja local ou visível. Uma igreja local consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (At 2.41; 4.4; 8.1; 9.31; Rm 16.1,14,15; 1Co 16.19; Cl 4.15). Frequentemente, a palavra igreja é usada para descrever uma congregação local ou assembleia de santos em um determinado lugar geográfico: “[…] à igreja de Deus que está em Corinto […]” (1Co 1.2); “E, se ele não os atender, dize-o à igreja [...]” (Mt 18.17); “[…] saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16.5). A igreja pertence ao Senhor, e é, muitas vezes, chamada “a igreja de Deus” (At 20.28; 1Co 1.2; 10.32; Gl 1.13; 1Tm 3.5,15). Jesus derramou seu sangue para comprar a igreja (At 20.28). Paulo falou de “igrejas de Cristo” (Rm 16.16) e Jesus falou de sua “própria igreja” (Mt 16.18).

III – A MORDOMIA DA IGREJA E SUAS ORDENANÇAS
Jesus deixou claro que seus discípulos deveriam dentro de sua mordomia batizar os crentes e celebrar a Ceia do Senhor (Mt 28.19; 26.29). Estas duas ordenanças da Igreja: (batismo e ceia) só podem ser exercidas biblicamente em comunidades (congregações) organizadas como ensina a Bíblia Sagrada. Vejamos:

3.1 - O batismo em águas como uma mordomia da igreja (Mt 28.19; Mc 16.16). Os discípulos saíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordem recebida (Mc 16.20; At 2.41; 8.12; 10.47). A igreja batizava as pessoas que se arrependiam (At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (At 2.41; 8.12), os que criam em Jesus (Mc 16.16; At 8.12,37; 18.8: 16.33,34), e as pessoas que já eram discípulos (At 19.1-6). Observamos, assim, que não existe na Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas (BERGSTÉN, 2016, p. 242). Os candidatos eram imersos totalmente nas águas (At 8.38; Mt 3.16; Jo 3.23). O batismo era sempre ministrado após a experiência da salvação, nunca antes. Ninguém era batizado para ser salvo mas porque já era salvo (Mt 5.18,19). O batismo bíblico é: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Assim, torna-se impossível afirmar, pelo que se lê em Atos 2.38; 8.16; 10.48 e 19.5, que os apóstolos batizavam apenas em nome de Jesus. Essas passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por Jesus (BERGSTÉN, 2016, p. 243).

3.2 - A santa ceia como uma mordomia da igreja (Mt 26.26,28; Mc 14.22; Lc 22.19; 1Co 10.16,17; 11.24-26). Podemos dizer que a ceia é: a) um memorial: Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico: “fazei isto em memória de mim” (1Co 11.25); b) um ritual de aliança: Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue (Gn 14.18); por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a “aliança no seu sangue”; c) um ritual de comunhão: No tempo apostólico, as ceias eram também chamadas de “ágapes” ou “festas de amor” (Jd 12), o que reflete parte de seu propósito, e, d) um ritual de consequências espirituais: Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é alvo do juízo (1Co 11.27-32; 10.16,17).

IV – A MORDOMIA DA IGREJA E A SUA TRÍPLICE MISSÃO
4.1 - A mordomia da igreja na adoração. Aqui está o papel número um do povo de Deus: oferecer-lhe sacrifícios vivos e agradáveis (1Pd 2.5). É no desempenho de seu papel adoradores que a Igreja encontra sua missão em nível de maior transcendência. A Igreja executa o seu verdadeiro sacerdócio quando ela entra nos Santo dos Santos a fim de ministrar adoração à santidade e à majestade do Criador (Jo 4.24).

4.2 - A mordomia da igreja na evangelização. Em se tratando especificamente da evangelização, há cinco textos onde o Senhor Jesus comissiona seus discípulos para esta sublime tarefa, são eles: (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22 e At 1.8). Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho, seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude. Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Acerca dessa tarefa podemos asseverar que a igreja: (a) existe para evangelizar (1Pe 2.9); (b) é ordenada a evangelizar (Mt 28.19; Mc 16.15); (c) se realiza evangelizando (At 4.20; 5.40-42); e, (d) só pode continuar a existir se evangelizar (At 2.41; 4.4; 5.14,42).

4.3 - A mordomia da igreja em relação na comunhão. Uma marca de suma importância entre o povo de Deus é a marca relacional (At 2.44-47). O NT usa a palavra “koinonia” para expressar a maneira como os cristãos se relacionam uns com os outros. Viver esse amor uns para com os outros, nos caracteriza como verdadeiros filhos de Deus e é evidência de que nascemos de novo, uma vez que ser cristão é buscar vivenciar e manifestar o caráter do Salvador enquanto andamos juntos (1Jo 4.7-11).

V - O MODELO BÍBLICO DA MORDOMIA DA IGREJA PRIMITIVA
Na contemporaneidade tem surgido um movimento heterodoxo chamado de “desigrejados” que podemos definir este grupo como os “sem igreja”. Eles não são filiados a qualquer instituição convencional de culto religioso cristão e são contrários a qualquer tipo de liderança. Os desigrejados defendem que a fé cristã pode ser exercida fora da comunhão da Igreja com o seguinte lema: “Jesus, sim; Igreja, não”. No entanto, a Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns […]” (Hb 10.25). Notemos a necessidade de uma Igreja local e qual o seu modelo bíblico:

5.1 - Na mordomia da igreja existe hierarquia. A hierarquia ministerial é uma doutrina do NT (1Co 12.28-31; Ef 4.8-11). O sistema de congregações ligadas a uma matriz (igreja sede) já era instituído desde os dias apostólicos (Mt 16.18; Mc 3.13-19); por conta disso, ninguém mandava em si mesmo e fazia o que bem entendia, mas respeitava e adequava-se às decisões dos apóstolos e dos anciãos guiados pelo Espírito do Senhor (At 15.22,23). Além do quê, os apóstolos eram os responsáveis pela separação dos diácono, dos presbíteros ou dos pastores (1Tm 4.14; At 14.23; 6.1-7; 20.28; 1Tm 5.22).

5.2 - Na mordomia da igreja existe liturgia. A igreja de Cristo é composta por crentes de todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias, ministérios, lideranças, coletas, contribuições, adoração e etc (At 2.46,47; 1Co 14.6; 6:1-6; 13.1-2; Ef 4.11-12; Hb 13.17; 1Co 16.1; Rm 15.26; 2Co 9.1-13; Hb 7.8; Lc 11.42). A Igreja é o Corpo de Cristo (Cl 1.24; Ef 1.22-23; 4.12). Assim como o corpo não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem a cabeça, Jesus Cristo (Ef 5.23; Cl 1.18). Discípulos de Jesus são membros do corpo (Rm 12.4-5; 1Co 12.12-27; Ef 3.6; 4.16; 5.30).

5.3 - Na mordomia da igreja existe liderança. Desde o AT o Senhor instituiu homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). A liderança ministerial não existe com a pretensão de um ser melhor que o outro, mas para o Altíssimo manter a ordem (Hb 13.7; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17). O próprio Jesus constitui homens para a liderança do ministério: “E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores […]” (Ef 4.11-13 ver At 20.24,28, Jo 21.17). Paulo ainda disse: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja […]” (1Co 12.27,28). Segundo o modelo do NT os pastores representam os fiéis e hão de dar conta do rebanho: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles […]” (Hb 13.17).

5.4 - Na mordomia da igreja existe obra social. Na igreja primitiva, era comum, não só a pregação do evangelho, mas também a prática de ajudar aos pobres em suas necessidades (At 2.43-46; 4.34-37; 6.1-6). Diversas vezes houve coletas entre os irmãos com o objetivo de socorrer aos santos que estavam enfrentando dificuldades (Rm 15.25-27; 1Co 16.1-4; 2Co 8; 9; Fp 4.18,19).
Paulo e Barnabé, representando a igreja em Antioquia da Síria, levaram a Jerusalém uma oferta aos irmãos carentes da Judeia (At 11.28-30). Paulo afirma que recebeu recomendações de Tiago, Cefas e João, “as colunas”, para que se lembrassem dos pobres, e ele mesmo diz que procurou fazer com diligência (Gl 2.10). Diversas vezes, ele dedicou-se a recolher ajuda para os pobres da igreja de Jerusalém (Rm 15.25,26; 1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4). Paulo ensinava a igreja sobre o dever de contribuir (1Co 16.1-4; 2Co 8.1-4; 9.2).

CONCLUSÃO
,p>Concluímos que a mordomia na igreja local abrange muitas ordenanças e tarefas. Precisamos saber a nossa vocação é perseverar nela para servir melhor ao Senhor e à sua Igreja. Portanto, sejamos um mordomo fiel na igreja em que congregamos.

REFERÊNCIAS
CABRAL, E. Mordomia cristã. RJ: CPAD, 2003.
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Maturidade Cristã. RJ: CPAD, 1987.
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Mordomia Cristã: Servindo a Deus com excelência. RJ: CPAD, 2003.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
RENOVATO, Elinaldo. Tempos, Bens e Talentos. RJ: CPAD, 2019,
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2010.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

LIÇÃO 04 – A MORDOMIA DA FAMÍLIA - (Js 24.14,15; Ef 5.22-25,28) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 04 – A MORDOMIA DA FAMÍLIA - (Js 24.14,15; Ef 5.22-25,28)

3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos uma definição de família; destacaremos quais os propósitos de Deus ao criá-la; falaremos ainda sobre a mordomia da família cristã segundo a Bíblia; pontuaremos que o adversário tem atacado ferozmente esta instituição sagrada e o que devemos fazer para conservar a nossa família na presença de Deus.

I – DEFINIÇÃO DE FAMÍLIA
A nossa Declaração de fé (2017, p. 203) diz que: a família é uma instituição criada por Deus, imprescindível à existência, formação e realização integral do ser humano, sendo composta de pai, mãe e filho(s) - quando houver - pois o Criador, ao formar o homem e a mulher, declarou solenemente: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança e os fez macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27), demonstrando a sua conformação heterossexual. A diferenciação dos sexos visa à complementariedade mútua na união conjugal (1Co 11.11), essa complementariedade mútua necessária à formação do casal e à procriação. Reconhecemos preservada a família, quando, na ausência do pai e da mãe, os filhos permanecerem sob os cuidados de parentes próximos (Et 2.7,15; 1Tm 5.16). Rejeitamos o comportamento pecaminoso da homossexualidade por ser condenada por Deus nas Escrituras, bem como qualquer configuração social, que se denomine família, cuja existência se fundamente em prática, união ou qualquer conduta que atente contra a monogamia e a heterossexualidade consoante o modelo estabelecido pelo Criador e ensinado por Jesus (Mt 19.6).

II – OS PROPÓSITOS DE DEUS COM A FAMÍLIA
Deus criou a família com propósitos sublimes, para o indivíduo e para toda a humanidade. O Pr. Elinaldo Renovato no livro: “A família cristã e os ataques do inimigo” (2013, p. 08) pontua pelo menos quatro propósitos. Vejamos:

2.1 - Evitar a solidão. Quando Deus se propôs a criar a mulher, fez pensando em oferecer companhia ao homem (Gn 2.18; Pv 18.22). A mulher foi criada para ser a amável companheira do homem e sua ajudadora. Daí, ela ser participante da responsabilidade de Adão e com ele cooperar no plano de Deus para a vida dele e da família por meio do casamento.

2.2 - Bem-estar social. O homem é um ser gregário por natureza. A palavra “gregário” significa: “que tende a viver em bando” (HOUAISS, 2001, p. 1481). Ele sente a necessidade de viver em grupo, de socializar-se. Desde o princípio, Deus fez uma comunidade de “macho e fêmea” e lhes disse que multiplicassem a sua espécie em uma comunidade maior (Gn 1.27,28).

2.3 - Bem-estar emocional. Marido e mulher complementam-se em suas necessidades emocionais (Gn 2.23). Nos momentos alegres, compartilham seus sentimentos de felicidade (Pv 5.18). Nos momentos tristes ou difíceis, ajudam-se mutuamente, impulsionados pelo amor conjugal. Pais e filhos, vivendo em família, sentem-se mais seguros do que pessoas que vivem solitárias: “Deus faz que o solitário viva em família […]” (Sl 68.6).

2.4 - A multiplicação da espécie. Quando os fez macho e fêmea, Deus tinha o propósito de tornar possível a reprodução do gênero humano (Gn 1.28-a), visto que dois iguais não se reproduzem, por isso a prática homossexual é vista na Bíblia como uma abominação (Lv 18.22); e, algo antinatural (Rm 1.26,27). Portanto, “o princípio da heterossexualidade estabelecido na criação, continua a ser parte integrante do plano de Deus para o casamento” (KOSTENBERGER, 2011, p. 40 – acréscimo nosso).

III – A MORDOMIA DA FAMÍLIA CRISTÃ SEGUNDO A BÍBLIA
A Bíblia é o manual da família. Nela encontramos os preceitos e mandamentos divinos para os cônjuges, filhos, pais, a fim de que o lar funcione de forma ordeira e saudável. Notemos:

3.1 - Os deveres do esposo:
· Amar a esposa (Ef 5.25-30; Cl 3.19);
· Governar bem a sua casa (1Tm 3.4,12);
· Trabalhar para prover o sustento familiar (Gn 3.19; 1Ts 4.11,12);
· Ser o sacerdote do lar (Gn 18.19; Jó 1.5; Sl 128.1);
· Conceder a devida benevolência a esposa (1 Co 7.3-b).

3.2 - Os deveres da esposa:
· Edificar o seu lar (Pv 14.1);
· Ser submissa ao marido (Ef 5.22-24; Cl 3.18);
· Atender as necessidades do lar (Pv 31.21-22; Tt 2.5);
· Quando necessário, ajudar nas despesas financeiras (Pv 31.16-18,24);
· Ensinar as mulheres mais novas a desempenharem seu papel de esposa e mãe (Tt 2.3-5);
· Conceder a devida benevolência ao marido (1 Co 7.3-a).

3.3 - Os deveres dos pais:
· Educar os filhos com disciplina (Pv 13.24; 19.18; 22.6,15; 23.13,14; 29.15,17);
· Ensinar, desde cedo aos filhos a temerem e amarem ao Senhor (Dt 6.1-9);
· Conduzir os filhos a Deus (Jó 1.5; Js 24.15; At 16.30-34; Ef 6.4);
· Ser exemplo para os filhos (Pv 22.6).

3.4 - Os deveres dos filhos:
· Ser obediente aos pais no Senhor (Ef 6.1; Cl 3.20);
· Honrar aos pais (Êx 20.12; Dt 5.16; 27.15);
· Ajudar aos pais nos afazeres domésticos (Gn 29.9; Êx 2.16; 1 Sm 17.15);
· Assisti-los em suas necessidades (Mt 15.3-6; 1 Tm 5.4,8).

IV – OS ATAQUES PÓS MODERNOS A FAMÍLIA
A palavra ataque refere-se a todo o investimento de Satanás por meio da educação, do sistema político, da sociedade sem Deus e etc, contra a família. Vejamos alguns:

4.1 - Incentivo ao divórcio. A mídia tem dado grande incentivo a prática do divórcio, consequentemente tornando-o prática comum na sociedade. O princípio da “indissolubilidade do casamento” tem sido quebrado em grande escala a cada ano, evidenciando a falta de temor a Deus e do verdadeiro amor e respeito que deve existir entre os casais. A natureza indissolúvel do casamento vem desde a sua origem (Gn 2.24). Jesus disse que esse registro bíblico fala da indissolubilidade do casamento (Mt 19.5,6). O Mestre disse também que somente a infidelidade pode legitimar um segundo casamento, o contrário configura em adultério (Mt 19.9). É bom destacar que Jesus nunca estimulou ou encorajou o divórcio. Portanto, o divórcio não deve ser a primeira opção no caso de infidelidade conjugal, mas o perdão (Mt 18.21-35; Lc 17.4).

4.2 - A impureza no leito conjugal. Desde a Queda, o sexo e a sexualidade têm sido deturpados. Por meio da mídia escrita, televisiva e até de alguns ensinadores que se levantaram no cenário nacional, têm havido um ensinamento deturpado do ato conjugal com práticas impuras e inconvenientes. A Escritura, porém nos mostra que o sexo foi criado por Deus com propósitos elevados, saudáveis e benéficos para o ser humano, e por isso reprova severamente práticas sexuais corrompidas, tais como o:

(a) adultério (Êx 20.14; Dt 5.18; Mt 5.27; Rm 13.9); e,
(b) outras perversões que são impróprias para o casal (Êx 20.17; 1 Co 6.19,20; 1 Pd 3.7; Hb 13.4).

4.3 - A falta de espiritualidade. Em alguns lares a espiritualidade da família está entrando em crise. A frieza e a mornidão espiritual têm impedido que os membros da família vivam em comunhão com Deus (Ap 3.15,16). Isto se dá pelo fato de alguns lares, darem pouca importância a oração, adoração e a leitura bíblica no seio familiar. Todavia, a Bíblia nos mostra o que devemos priorizar (Mt 6.33; Cl 3.1).

V – PROTEGENDO A FAMÍLIA CONTRA OS ATAQUES DE SATANÁS
Não podemos evitar que nossa família sofra investidas do diabo, mas podemos proteger a nossa família das suas astutas ciladas (Ef 6.10,11). Vejamos como podemos proteger nossa família:
· Santificando o lar (Lv 20.26; 2 Co 7.1; 1Ts 4.7);
· Praticando o culto doméstico regularmente (Dt 6.7-9);
· Mantendo uma vida de oração e jejum (Rm 12.12; Cl 4.2; 1Ts 5.17);
· Ensinando a Palavra de Deus no lar (Pv 22.6; At 5.42);
· Frequentando os cultos no templo assiduamente (2 Cr 7.15,16; Sl 122.1);
· Vigiando em todo tempo (At 20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8).

CONCLUSÃO
A Bíblia não fala somente da instituição da família, como também destaca quais os papéis que cada um dos membros que a compõe deve exercer para que esta permaneça unida e espiritualmente saudável na presença de Deus. Se formos excelentes mordomos da nossa família, jamais sucumbiremos ante os ataques de Satanás.

REFERÊNCIAS
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
KOSTENBERGER, Andreas J. com JONES, David. Deus Casamento e Família. VIDA
NOVA.
RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os ataques do inimigo. CPAD.
SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

LIÇÃO 03 – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO - (Gl 5.16-22,25) 3º TRIMESTRE DE 2019


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LIÇÃO 03 – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO - (Gl 5.16-22,25)
3º TRIMESTRE DE 2019


INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre o cuidado que se deve ter com a alma e o espírito dentro da mordomia cristã; destacaremos a natureza tricotômica na constituição do ser humano; pontuaremos também a distinção entre a alma e o espírito à luz das Escrituras; e por fim, ressaltaremos o que a Bíblia ensina sobre o destino da alma e do espírito.

I – A NATUREZA TRICOTÔMICA DO SER HUMANO
À luz das Escrituras, entendemos que o ser humano é constituído de três partes, uma material e duas imateriais (1Ts 5.23; Hb 4.12), essa doutrina é chamada de tricotomia ou seja, o homem tem uma constituição tríplice. Vejamos:

1.1 - Corpo. O corpo é o invólucro do espírito e da alma (Gn 35.18; Dn 7.15), a parte física da constituição humana, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal (2Co 4.16; 1Pd 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente mau e insignificante, pois como crentes, ele é templo do Espírito Santo (1Co 3.16,17; 6.19). A importância do corpo também pode ser vista no fato de que Deus o ressuscitará conforme o seu soberano cronograma escatológico (1Co 15.42).

1.2 - Alma. A expressão alma em hebraico é: “néfesh”, ocorre por 754 vezes no AT. Conforme Gn 2.7 deixa claro, seu significado primário é “possuidora da vida”. Biblicamente entende-se que a alma é: a sede do apetite físico (Nm 21.5); das emoções (Sl 86.4); dos desejos tanto bons quanto ruins (Ec 6.2; Pv 21.10); das paixões (Jó 30.25), do intelecto (Sl 139.4), é o centro afetivo (Ct 1.7), volitivo (Jó 7.15) e, moral (Gn 49.6) da vida humana (SILVA (Org), 2017, p. 80 – grifo nosso). A palavra alma é um termo que está no grupo de palavras conhecidas como polissêmicas, ou seja, uma mesma palavra que possui vários significados de acordo com o contexto em que ela aparece. Por esse motivo é aplicada frequentemente a:

(a) animais (Gn 1.20,24,30; 9.12,15,16; Ez 47.9),
(b) o sangue como algo que é essencial à existência física (Gn 9.4; Lv 17.10-14; Dt 12.22-24)
(c) a sede do apetite físico (Nm 21.5; Dt 12.15,20,21; 23.24; Jó 33.20; Sl 78.18; 107.18; Ec 2.24; Mq 7.1);
(d) origem das emoções (Jó 30.25; Sl 86. 4; 107.26; Ct 1.7; Is 1.14);
(e) associada com a vontade e com a ação moral (Gn 49.6; Dt 4.29; Jó 7.15; Sl 24.4; 25.1; 119.129,167),
(f) um indivíduo ou pessoa (Lv 7.21; 17.12; Ez 18.4), ou então é usada com um sufixo pronominal para denotar o próprio “eu” (Jz 16.16; Sl 120.6; Ez 4.14) (DOUGLAS, 2007, p. 39).

No NT o termo equivalente é: “psiché” possuindo o mesmo significado e características (Ef 6.6; Fp 1.27; Cl 3.23; Rm 11.3; 16.4; 1Co 15.45; 2Co 1.23; Fp 2.30; 1Ts 2.8), se referindo a parte imaterial do ser humano, sendo ela tanto cognitiva quanto emotiva, podendo tanto relacionar-se com o sagrado (Rm 7.25), quanto com as impurezas do pecado (Rm 8.7 – ARA) (BRUNELLI, 2016, p. 52 – acréscimo nosso).

1.3 - Espírito. Cerca de 400 vezes o AT usa a palavra: “ruah”, que é derivada de um verbo que significa: “respirar” ou “soprar”. O substantivo pode ser traduzido como: “sopro” (Sl 18.15), “vento" (Gn 8.1) ou “espirito”. No NT a palavra grega “pneuma”, ligada ao verbo que quer dizer: “soprar” ou “respirar”, pode significar: “sopro” (2Ts 2.8), ou “vento” (Jo 3.8), porém mais frequentemente como “espírito”, associado a Deus ou ao homem ou a outros seres espirituais (TENNEY, 2008, p. 534). Sobre o espírito como sendo a parte imaterial do homem a Bíblia no diz que:

(a) o espírito do homem é despertado (Ed 1.1,5) ou perturbado (Gn 41.8);
(b) ele se alegra (Lc 1.47) ou é quebrantado (Êx 6.9);
(c) prontifica-se (Mt 26.41) ou é endurecido (Dt 2.30),
(d) o homem pode ser paciente em espírito (Ec 7.8), soberbo ou humilde de espírito (Mt 5.3),
(e) há necessidade de ter autodomínio (Pv 25.28) e,
(f) é por meio dele que se adora ao Senhor (Jo 4.23,24) é o centro da devoção a Deus (1Co 14.15).

II – A DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO
O significado e características entre a alma e espírito são bem parecidos, devido a essa similaridade alguns são levados a confundir as duas substâncias. Em geral os escritores bíblicos, especialmente os do AT, não se preocuparam em distinguir o espírito da alma; esta distinção hoje conhecida, ocorre pela revelação progressiva de Deus no NT. Sobre a distinção entre alma e espírito assim afirma Andrade (2006, p. 40 – grifo nosso): “O homem é composto por uma parte material e outra imaterial. Quando esta encontra-se em relação com Deus, recebe a designação de espírito; e, quando em relação com o mundo físico, a alma. Quando as palavras são distinguidas em significados, a alma olha para a terra, o espírito, para o céu. A alma é o homem em seus relacionamentos espirituais e imortais. Todavia, os dois não podem ser separados, mas constituem juntos o ser imaterial do homem”. O Pr. Eurico Bergstën (2007, p. 130) lembra que: “A alma é a parte que orienta a vida do corpo e estabelece o contato com o mundo em redor, enquanto o espírito é a parte do homem que lhe oferece a possibilidade de relacionamento com Deus”. Sendo destacando que: “apesar da similaridade entre a alma e o espírito, eles são distintos entre si, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser humano, o homem interior” (Ef 3.16; 2Co 4.16; 1Ts 5.23; Hb 4.12) (SILVA (Org), 2017, p. 79 – grifo nosso).

III – A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO
A respeito da mordomia da alma e do espírito o apóstolo Paulo adverte: “[…] e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). Paulo destaca a responsabilidade que devemos ter, em cuidar também da parte imaterial do nosso ser, ao usar o termo “conservados”, em grego a palavra é: “têreo” que quer dizer: “atender cuidadosamente, tomar conta de, guardar, manter, reservar”, apontando para a atitude pessoal do crente quanto ao cuidado da parte espiritual. Vejamos como:

3.1 - Priorizando as necessidades da alma. Assim como o corpo tem necessidades, a alma também. A alma tem sede de Deus (Sl 42.1; 63.1). Jesus advertiu quanto a preocupação exagerada com as coisas materiais em detrimento da alma, dizendo: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26). Aos que ignoram esta verdade serão surpreendidos como foi o rico insensato: “[…] Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.20). Sendo assim, devemos priorizar as necessidades da alma: “Pois a vida (psiché) é mais do que o alimento [...]” (Lc 12.23).

3.2 - Conservando a alma saudável. Uma vez que na alma está a sede das emoções do ser humano é de suma importância que ela seja mantida com saúde. O cristão cuidadoso, sabendo que partes tão importantes da sua vida estão centradas na alma, aprende a administrar bem seus sentimentos e emoções a fim de não se deixar levar por impulsos descontrolados (Hb 12.15; Gl 5.18-23), crendo e submetendo-se a Palavra de Deus (Hb 10.39; Fp 4.6; Pv 19.16).

3.3 - Purificando-se das impurezas do espírito. A Declaração de Fé das AD (2017, p. 101 – grifo nosso) nos diz: “A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição: corpo (Rm 8.10), alma (Rm 2.9) e espírito (2 Co 7.1). Por essa razão o apóstolo exorta: “[…] purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito [...]” (2Co 7.1). A impureza da carne inclui todas as formas de impurezas físicas, enquanto a impureza do espírito cobre as impurezas interiores da vida, motivações, desejos e pensamentos. As palavras carne e espírito não são usadas aqui no sentido técnico que Paulo faz dos princípios éticos opostos (Rm 8.1-11; Gl 5.16-24), mas na maneira popular da época, para abranger todas as facetas da existência de um homem (2Co 2.13; 7.5; 1Co 7.34; 1Ts 5.23). Todos os atos e atitudes que possam comprometer a singularidade da devoção deles à vontade de Deus devem ser completamente evitados (BEACON, 2006, p.442).

IV – O DESTINO DA ALMA E DO ESPÍRITO
Ao contrário do que muita gente pensa, a vida não termina na sepultura. Pelo contrário, após a morte, todos os seres humanos vão para o estado intermediário aguardar a ressurreição, para serem conduzidos ao seu destino eterno. Vejamos:

4.1 - Lugar de tomento para os ímpios. A respeito dos ímpios após a morte, a Bíblia assevera que irão ao lugar de tormentos onde aguardarão a ressurreição para o julgamento final (Lc 16.22,23; Ap 20.11,12). Apesar de alguns que pregam a aniquilação dos que morreram, a Bíblia afirma porém, que nem a alma nem o espírito são aniquilados (Mt 10.28; 1Pd 3.4). Também não é bíblica a doutrina que ensina que os que morrem tornam-se inconscientes, uma espécie de sono eterno. É fato que a Bíblia denomina de maneira metafórica a morte física como um sono (1Co 15.51; 1Ts 4.13). No entanto, ela também nos ensina que, quem “dorme” é o corpo, e não a alma e o espírito (Lc 16.20-25; Ap 6.9-11) . Logo, embora o corpo entre na sepultura, o espírito e a alma que se separou do corpo entra no Sheol, onde vive em estado completamente consciente (Is 14.9-11; Sl 16.10; Lc 16.23; 23.43; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9) (PEARLMAN, 2006, p. 297 – acréscimo nosso). O destino dos ímpios é estar ternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte (Sl 9.17; Ap 2.11; 20.10; 21.8).

4.2 - Lugar de descanso para os salvos. A Bíblia afirma que para Deus a morte dos santos é preciosa (Sl 116.15), visto que estes ao morrerem vão para o Paraíso lugar onde gozarão descanso (Lc 23.43; 2Co 5.8; Ap 14.13), consolação e felicidade (Lc 16.23,25). Por ocasião do Arrebatamento da Igreja, os justos que já morreram hão de ressuscitar, e se unirão aos vivos, que serão arrebatados (1Co 15.51-53; 1Ts 4.13-18). Eles serão conduzidos ao céu, onde participarão do Tribunal de Cristo (Rm 10.14; 2Co 5.10; Ap 22.12) e da celebração das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Depois, voltarão com Jesus à Terra, para participarem do Milênio (Ap 19.11-14; 20.1-6). Após o Milênio, habitarão na Nova Jerusalém (Ap 21,22), onde estarão, por toda eternidade, na presença do Deus Trino (Jo 14.1-3; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 21.3); e estarão livres de todo sofrimento, pois, ali não haverá mais morte, nem clamor, nem dor (Ap 21.4); nem coisa alguma que contamine (Ap 21.8,27; 22.15).

CONCLUSÃO
A mordomia da alma e do espírito deve ser observada criteriosamente, uma vez que Deus pedirá contas desta administração e as sua implicações tem consequências eternas.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais. Vol 3. ACADÊMICO.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
SILVA, E. S. da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Vol 2. EDITORA CULTURA CRISTÃ.

LIÇÃO 02 – A MORDOMIA DO CORPO - (1Co 6.13-20) 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 02 – A MORDOMIA DO CORPO - (1Co 6.13-20)

3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição trataremos da natureza material do corpo a luz da Bíblia; veremos esta parte material do homem como uma criação de Deus; pontuaremos os canais que conduzem o pecado contra o corpo; e por fim, veremos as consequências do pecado contra este tabernáculo.

I – A BÍBLIA E A NATUREZA MATERIAL DO CORPO
A definição básica de corpo é: “estrutura física e material que, juntamente com a alma e o espírito, compõe o homem” (ANDRADE, 2006, pp. 116,117). Como servos de Deus, temos a obrigação de cuidar muito bem do nosso corpo, pois ele é o templo do Espírito Santo. E, além disso, é desejo do Pai que desfrutemos de boa saúde física, mental e espiritual. A mordomia do corpo implica reconhecer que o mesmo é de Deus, e deve ser conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1). Vejamos o que a Bíblia nos diz sobre e natureza do corpo:

1.1 - A estrutura do corpo humano. No hebraico, a palavra corpo é “basar” e no grego a palavra é “soma”. O corpo é apenas a parte tangível, visível e temporal do homem (Lv 4.11; 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7). O corpo é a parte que se separa na morte física. A Bíblia relata a criação do corpo do ser humano (Gn 1.26-28; 2.18-25), e a estrutura humana revela uma complexidade que a teoria da evolução jamais explicará. A Bíblia declara que Deus fez o homem do “pó da terra” (Gn 2.7; 1Co 15.47-49). O corpo é importante, pois Deus o ressuscitará (1Co 15.42), ele é o invólucro do espírito e da alma (Gn 35.18; Dn 7.15), é a parte física da constituição humana, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal (2Co 4.16; 1Pd 1.24). O homem é carne como criatura perecível (1Pd 1.24). A ciência afirma que o corpo é constituído de vários elementos químicos terrígenos como: (cálcio, carbono, cloro, flúor, hidrogênio, iodo, ferro, magnésio, manganês, nitrogênio, oxigênio, fósforo, potássio, silicone, sódio e súlfur), juntos eles não ultrapassam 6% de todo o corpo e o restante é composto de água, carbono e gases, concordando assim, com o relato bíblico quanto a constituição do corpo humano (RENOVATO, 2019, p. 22).

1.2 - Ilustrações tipológicas da natureza material do corpo. A dimensão material do corpo revela uma obra maravilhosa; a estrutura do corpo, o arquiteto que o planejou. Podemos de maneira metafórica dizer com o corpo é comparado na Bíblia aos seguintes tipos:

a) Tabernáculo ou tenda (2Co 5.1; 2Pd 1.13). Esses textos referem-se ao corpo como algo provisório, assim como o Tabernáculo o era para Israel, em sua peregrinação pelo deserto;

b) Templo de Deus (1Co 6.19), aqui o termo “templo” faz alusão à adoração e que devemos prestar a Deus por intermédio do nosso corpo uma adoração (Sl 103.1), e,

c) Vaso de Barro (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20,21), essa designação tem o objetivo de mostrar a fragilidade do nosso corpo e, também, destacar a importância e utilidade desses vasos para a obra de Deus (CABRAL, 1987, p. 8).

II – O CORPO HUMANO COMO CRIAÇÃO DE DEUS
2.1 - O nosso corpo foi criado por Deus (Gn 1.26.27; 2.7). A Bíblia relata a criação do corpo do ser humano (Gn 1.26-28; 2.18-25). Deus criou o homem com um cuidado todo especial, e disse que era “muito bom”. Somos a obra-prima de Deus (Ef 2.10), Ele nos criou e nos formou de forma assombrosamente maravilhosa: “Eu te louvarei, porque de modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem” (Sl 139.14).

2.2 - O nosso corpo foi redimido por Deus (1Co 6.20). A redenção não alcançou apenas a nossa alma, mas também nosso corpo (1Co 6.20). Não apenas nossa alma será aperfeiçoada para entrar na glória, mas também nosso corpo será glorificado para desfrutar das bem-aventuranças eternas (Fp 3.21). Nosso corpo foi comprado por um alto preço. Ele não nos pertence; é de Deus. Somos mordomos do nosso próprio corpo. Se o destruirmos, Deus nos destruirá (1Co 3.17). A mordomia do corpo implica reconhecer que o mesmo é de Deus, e deve ser conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1; 1Co 6.20).

2.3 - O nosso corpo deve glorificar a Deus (1Co 6.20). Devemos glorificar a Deus por meio do nosso corpo (1Co 6.20; Fp 1.20; (1Ts 5.23). A salvação que Deus nos deu em Jesus não apenas trouxe bênçãos para a nossa alma e espírito, mas também para o nosso corpo físico. O mundo apresenta o corpo como um objeto de realização visual, satisfação dos desejos carnais, e outras práticas mundanas, malignas e egoístas. A constituição corpo é um ambiente criado por Deus, e com o qual devemos ter cuidado: “Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Fl 1.20).

2.4 - O nosso corpo deve ser consagrado a Deus (Rm 12.1). Fomos remidos e comprados por alto preço, precisamos, agora, glorificar a Deus em nosso corpo. Devemos dedicar inteiramente nosso corpo a Deus (Rm 12.1,2). Não temos mais o direito de apresentar os membros do nosso corpo ao pecado (Rm 6.1-23). Devemos, agora, usar o nosso corpo em santificação e honra (1Ts 4.4). O nosso corpo não é destinado à impureza, mas à santificação. Devemos comer, beber e fazer qualquer outra coisa para a glória de Deus (1Co 10.31). Nossos olhos devem ser puros. Nossos corações devem ser fontes de vida. Nossos pés devem caminhar por veredas de justiça. Nosso pensamentos deve ser puro e louvável (Fp 4.8).

2.5 - O nosso corpo é habitação de Deus (1Co 6.19). As Escrituras chamam no corpo de “templo de Deus” (1Co 6.19). O Deus transcendente que nem os céus dos céus podem contê-lo, deleita-se em habitar plenamente em nosso corpo. Fomos feitos a “morada do Altíssimo” (Ef 1.20-23; 3.19; 5.18). Nosso corpo é o santo dos santos onde a glória de Deus se manifesta. Assim como o tabernáculo era um símbolo da igreja e a arca um símbolo de Cristo, assim, por onde andarmos, levaremos conosco a gloriosa presença de Cristo, pois ele habita em nós (Cl 1.27; 1Co 6.19,20).

2.6 - Devemos cuidar do nosso corpo. A Bíblia chama nosso corpo de “vaso de barro” (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20,21). Essa designação tem o objetivo de mostrar a fragilidade do nosso corpo. Como cristãos, temos uma compreensão diferente da finalidade do corpo “O homem bom cuida bem de si mesmo, mas o cruel prejudica o seu corpo” (Pv 11.17). Devemos manter o corpo em bom funcionamento, mantendo uma alimentação sadia e suprida de proteínas, verduras, frutas, legumes, cereais, etc., além de praticar exercícios físicos, dormir adequadamente; e, devemos consultar o médico em suas diversas especialidades periodicamente. Como mordomos, devemos cuidar bem do corpo tendo cuidado com o que consumimos (Pv 23.20-21; Fp 3.18-19); se exercitando com moderação (1Tm 4.6-8; 1Co 9.24-26), e permitindo que o corpo descanse (Êx 20.8-11; Mc 6.31).

III – CANAIS QUE CONDUZEM O PECADO CONTRA O CORPO
3.1 - O mal uso do próprio corpo. Infelizmente estamos vivendo a época da autolatria e o culto ao corpo. O Aurélio define idolatria como: “culto prestado a ídolos” (FERREIRA, 2004, p. 1067). Teologicamente “a idolatria pode ser considerada também o amor excessivo por alguma pessoa, ou objeto. Amor este que suplanta o amor que se deve devotar, voluntária, incondicional e amorosamente, ao único e verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 220). Porém, em um sentido mais amplo, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos” (CHAMPLIN, 2004, p. 206). A palavra autolatria é formada por dois vocábulos gregos: “autos”, que significa “a si mesmo” e “latria”, que quer dizer “adoração”. Logo, autolatria significa “adoração a si próprio”. Esse tipo de idolatria também é conhecida como egolatria. Portanto, qualquer pessoa que use o seu próprio corpo como alvo de “culto” comete a autoidolatria.

3.2 - O mal uso da visão. Jesus falou que os “olhos são a candeia do corpo” (Mt 6.22).
Portanto, devemos cuidar dos olhos para que sejam luz e não trevas (Mt 6.23). As pessoas são induzidas a pecar através da “concupiscência dos olhos” (1Jo 2.16). Concupiscência é a força do desejo impuro e lascivo despertada através do que se vê. É pela visão de algo proibido, que muitas pessoas pecam contra “o seu tabernáculo” desonrando-o com o adultério, a fornicação, a imoralidade sexual e o furto (Êx 20.14: Gl 5.19-21). A Bíblia fala de: olhos altivos (Pv 6.17; Is 2.11); olhos malignos (Pv 23.6); o olho mau (Mt 6.23; Pv 28.22); olhos zombeteiros (Pv 30.17); olhos cheios de adultério (2Pd 2.14) (CABRAL, 1987, p. 8).

3.3 - O mal uso do olfato e paladar. O olfato e o paladar são faculdades físicas ligadas aos instintos naturais da satisfação da fome e sede, os quais também podem se tornar condutores de pecado contra o corpo. Os pecados de glutonaria e embriaguez são estimulados pelo paladar (Lc 21.34). Quando o paladar está sob a força do poder do pecado o homem perde o controle desse instinto natural de sua vida (Gl 5.21) (CABRAL, 1987, p. 8).

3.4 - O mal uso do tato. O mordomo cristão deve administrar, tanto os pés como as mãos para a glória do Senhor. Nenhum órgão do corpo pratica qualquer ato por si mesmo, porque todos são comandados pela mente. A Bíblia fala do valor das mãos: o fruto do trabalho das mãos (Pv 10.4); mãos que engrandecem (Pv 31.31); mãos que sustentam (Mt 14.31); mãos que abençoam (Mt 19.13); mãos que trabalham (1Ts 2.9). Nossos pés devem ser consagrados para andar em retidão na presença de Deus (Gn 5.24; 6.9; 17.1). Andar com sinceridade e segurança (Pv 10.9); andar na luz do Senhor (Is 2.5); não andar em trevas (Is 50.10); andar em Espírito (Gl 5.16). Nossos pés não devem andar segundo o curso do mundo (Ef 2.2); nem andar nos desejos da carne (Ef 2.3); nem andar desordenadamente, em dissolução, concupiscência (2Ts 3.6; 1Pd 4.3) (CABRAL, 1987, p. 9).

IV - CONSEQUÊNCIAS DO PECADO CONTRA O CORPO
Os pecados contra o corpo trazem consequências negativas tanto para a pessoa que o pratica quanto para outras que são levadas a cometer tais pecados. Vejamos algumas:

4.1 - Doenças sexualmente transmissíveis. São resultado de uma vida promíscua e sem respeito às leis divinas. Comprovadamente, essas doenças resultam de relações sexuais ilícitas. Só o pecado pode produzir esses males contra o corpo e contra a alma. O texto de 1 Coríntios 6.12-20 exorta o crente a não expor seu corpo à prostituição por ser ele o templo do Espírito Santo (CABRAL, 1987, p. 10).

4.2 - Toxicomania. É o uso de drogas narcóticas. A dependência da droga está vinculada a impulsos psicológicos e emocionais, e provoca conflitos íntimos, dando origem a neuroses, além de males de toda espécie contra o usuário, sua família, as autoridades e a sociedade em geral (CABRAL, 1987, p. 10). 1987.

4.3 - Alcoolismo e tabagismo. As bebidas alcoólicas e o fumo são dois grandes males da nossa sociedade que, infelizmente, fazem parte do status. A mordomia bíblica do corpo abstém-se e condena formalmente esses dois males que tanto prejudicam a pessoa no seu todo e não apenas o seu organismo e sua saúde. A Bíblia está cheia de conselhos para que o corpo humano seja mantido puro, saudável, pois nele deve habitar o Espírito Santo (1Co 6.19,20; Rm 12.1) (CABRAL, 1987, p. 10).

CONCLUSÃO
O nosso ser humano tem uma dimensão material e outra espiritual. Nesse aspecto, a Palavra de Deus tem orientações diretas sobre o perigo do pecado contra o nosso corpo e a necessidade de vivermos em santidade diante de Deus.

REFERÊNCIAS
CABRAL, E. Mordomia cristã. RJ: CPAD, 2003.
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Maturidade Cristã. RJ: CPAD, 1987.
Lições Bíblicas de Jovens e Adultos: Mordomia Cristã: Servindo a Deus com excelência. RJ: CPAD, 2003.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Tempos, Bens e Talentos. RJ: CPAD, 2019,
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. RJ: CPAD, 2010.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

LIÇÃO 01 – O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ (Lc 12.42-48) - 3º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 01 – O QUE É A MORDOMIA CRISTÃ - (Lc 12.42-48)

3º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Neste terceiro trimestre de 2019, estudaremos o tema: “Tempo, Bens e Talentos – Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus tem nos dado”. Nesta primeira lição, definiremos o termo mordomo e também mordomia cristã; destacaremos que Deus é dono de tudo, mas que confiou ao homens o domínio da terra e de todos os bens que lhe concedeu; pontuaremos que a doutrina da mordomia está presente em toda a Bíblia; e, por fim, concluiremos destacando a importância desta doutrina para a nossa vida.

I – DEFINIÇÕES DE MORDOMO E MORDOMIA
1.1 - Definição secular e exegética de mordomo. O dicionário diz que mordomo “é um indivíduo encarregado de administrar, em residência alheia, as tarefas domésticas cotidianas, distribuindo-as entre os demais empregados” (HOUAISS, 2001, p. 1960). A palavra grega mais comum, frequentemente no NT, é “oikonomos” (TENNEY, 2008, p. 377). O “oikonomos” denotava primariamente “o administrador de uma casa ou propriedade”, formado de oikos, “casa”, e nemo , “arranjar, organizar” (VINE, 2002, p. 800). Essa palavra é mais traduzida como despenseiro. A ideia de despenseiro aparece somente no Novo Testamento, quando o original grego usa a palavra oikonomos, que significa: “gerente da casa” (Lc 12.42; 16.1,3,8; Rm 16.23; 1 Co 4.1,2; Gl 4.2; Tt 1.7; 1 Pd 4.10); ou quando usa a palavra epitropos, que quer dizer: “encarregado”, que aparece por três vezes (Mt 20.8; Lc 8.3; Gl 4.2).

1.2 - Definição teológica de mordomia cristã. É a doutrina bíblica que ensina “a utilização responsável dos recursos que o Senhor colocou-nos à disposição” (ANDRADE, 2006, p. 270). Mordomia quer dizer “todo o serviço que realizamos para Deus e todo comportamento que apresentamos como cristãos diante de Deus e dos homens” (RENOVATO, 2019, p. 11). Esta é uma doutrina presente em toda a Bíblia Sagrada desde o livro de Gênesis (Gn 1.28) até o Apocalipse (Ap 11.18).

II – DEUS É O DONO DE TUDO
Tudo que há veio a existência por meio de Deus (Gn 1.1; Is 42.5; Jr 10.12; At 17.24). Tudo existe para a glória do Seu nome: “Digno és, ó Senhor, nosso Deus de receberes glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Ap 4.11). Deus tem direito como Criador sobre toda a criação: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas” (Rm 11.36). Na tabela abaixo destacaremos que Deus é dono de tudo que Ele criou:

COMO CRIADOR DEUS É DONO
Da terra e dos céus - (Lv 25.23; Sl 24.1; Jr 10.12)
Da vida: humana, animal e vegetal - (Sl 50.10; At 17.28; Cl 1.16; Jo 1.3)
Do ser humano - (Gn 1.27; Ez 18.4)
Do ouro e da prata - (Ag 2.9)
De tudo - (1 Cr 29.13-14; Rm 11.36)

II – O HOMEM COMO MORDOMO DO QUE DEUS LHE CONFIOU
Ao criar o homem, o Senhor lhe deu uma elevada posição diante de toda a criação (Gn 1.28; Sl 8.6). Segundo Berkof (2000, p. 174) “o homem é descrito como alguém que está no ápice de todas as ordens criadas. Foi coroado como rei da criação inferior e recebeu domínio sobre todas as criaturas inferiores. Como tal, foi seu dever e privilégio tornar toda natureza e todos os seres criados, que foram colocados sob seu governo, subservientes à sua vontade ao seu propósito, para que ele e todos os seus gloriosos domínios magnificassem o onipotente Criador e Senhor do universo”. A Adão Deus conferiu o domínio da terra e dos animais “enchei a terra, sujeitai-a; e dominai” (Gn 1.28). O salmista assevera isso também: “Os céus são os céus do SENHOR; mas a terra a deu aos filhos dos homens” (Sl 115.16). Ao primeiro homem também são dadas as seguintes tarefas:

(a) cuidar da terra (Gn 2.5);
(b) nomear os animais (Gn 2.19,20); e,
(c) gerar filhos (Gn 1.22).

O ensino da mordomia de tudo o que Deus concedeu ao homem está presente em toda a Escritura, notemos:

2.1 - No Antigo Testamento. O ato de apresentar o melhor dos animais, por Abel (Gn 4.4), ou as primícias da terra, por Caim (Gn 4.3), são o exercício da mordomia dos bens materiais recebidos da parte de Deus. Ao povo de Israel, Deus ensinou a mordomia de diversas áreas da vida, por meio das leis que Ele criou. Notemos:

a) Mordomia da família (Êx 21.15,17; Nm 27.6-7; 30.3-5; 6-15; Dt 21.18-21);
b) Mordomia da terra (Lv 25.2; 26.34,35);
c) Mordomia dos bens (Êx 22.9; Lv 25.23; 28-30; 23.22);
d) Mordomia em relação ao próximo (Lv 19.9,10; Dt 24.19-22; 23.24,25)
e) Mordomia dos dízimos (Lv 27.30-34; Nm 18.21-32; Dt 12.1-14; 14.22-29; Ml 3.10);
f) Mordomia das finanças (Dt 15.1-11; 23.19,20, 24.6,10-13,17,18);
g) Mordomia nas relações interpessoais (Êx 21.20,26,27; Lv 19.33,34; 25.10,47-54; Dt 15.12-18).

2.2 - No Novo Testamento. Os ensinamentos de Cristo são repletos da mordomia e ganham um destaque ainda maior. Jesus ensinou que o homem deverá prestar contas diante de Deus por tudo que fizer por meio do corpo (Mt 5.21; 7.2; 12.36). Quando ensinou sobre o Reino de Deus e a importância da fidelidade, usou a administração dos bens como ilustração na “parábola dos talentos” (Mt 25.14-30); “das minas” (Lc 19.12-27); do “mordomo infiel” (Lc 16.1-13). Paulo falou que os obreiros são despenseiros dos mistérios de Cristo (1 Co 4.1); e como tais deviam ser achados fieis (1 Co 4.2). E, também acrescentou que cada crente é um membro colocado no Corpo de Cristo para exercer uma atividade da qual prestará contas (1 Co 12.11,12; 2 Co 5.10). O apóstolo Pedro orientou aos crentes, quanto aos dons que receberam dizendo: “cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pd 4.10). O NT ensina sobre a:

- Mordomia do corpo, alma e Espírito (1 Co 6.10; 1 Ts 4.3-5; 5.23);
- Mordomia do tempo (Ef 5.16);
- Mordomia da família (Ef 5.22-25; 6.1-4; Tt 2.2-6);
- Mordomia do trabalho (Ef 4.28; 6.5-9; Tt 2.9; 1 Pd 2.18);
- Mordomia dos dons (Rm 12.12; 1 Co 12.4-6; 1 Pd 4.10);
- Mordomia dos dízimos e ofertas (Mt 23.23; 2 Co 9.6-12);
- Mordomia das finanças (Rm 13.8);
- Mordomia das obras de misericórdia (At 20.35; Tg 2.15-17; 1 Jo 3.17,18).
- Mordomia em relação ao próximo (Mc 12.31; Rm 13.9);

III – A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA MORDOMIA CRISTÃ
Esta doutrina nos ensina pelos ao menos três coisas imprescindíveis a vida cristã. Notemos:

3.1 - A consciência de que nada temos. Tudo é de Deus, nada possuímos (1 Cr 29.14; Jo 3.27; Tg 1.17). Jó tinha consciência de que tudo o que tinha foi Deus quem lhe deu: “E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR” (Jó 1.21). Paulo tinha essa consciência também por isso orientou ao jovem obreiro Timóteo que exortasse aos cristãos ricos dizendo: “porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele” (1 Tm 6.7).

3.2 - A consciência de que precisamos ser sábios e fieis na administração do que nos foi confiado. Salomão assumiu o reinado ainda muito jovem. Reconhecendo sua pouca experiência e a tamanha responsabilidade que recebeu de Deus, rogou-lhe sabedoria (1 Rs 3.7-12). Paulo disse que o despenseiro precisa ser achado fiel: “além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1 Co 4.2). A expressão “requer” no grego é “zeteo” que significa: “exigir algo de alguém”, evidenciando o que Deus exige de cada servo seu. Isto foi ensinado por Jesus (Mt 24.45; 25.21; Lc 19.17).

3.3 - A consciência de que seremos julgados quanto a nossa mordomia. O Tribunal de Cristo será o dia da prestação de conta da nossa vida; da nossa mordomia cristã, da nossa diaconia. Cada crente será julgado como servo de Deus, quanto à sua fidelidade no serviço prestado a Deus (1Co 4.2-6; 2Co 5.10). Não será um julgamento de pecados do crente (Rm 8.1; Jo 5.24), mas das obras do crente (Ap 22.12; 14.13). Todos os salvos serão julgados, e não apenas alguns (Rm 14.10; 2Co 5.10). No Arrebatamento, Jesus que conhece as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15), trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho. Existem cinco critérios deste julgamento que envolvem:

(a) a “lei da liberdade cristã” (Tg 2.12);
(b) a qualidade do trabalho que fazemos para Deus (Mt 20.1-16);
(c) o “material” empregado no trabalho feito para Deus (1 Co 3.8,12-15);
(d) a conduta do crente por meio do seu corpo (2 Co 5.10); e,
(e) os motivos secretos do nosso coração (1 Co 4.5; Rm 2.16) (GILBERTO, 2009, p. 376).

CONCLUSÃO
A doutrina da mordomia embora presente em toda a Bíblia será estuda neste trimestre sob a ótica cristã, destacando principalmente os ensinamentos neotestamentários quanto a forma como o servo de Deus deve administrar sua vida, tempo, família, recursos financeiros e demais coisas com humildade, sabedoria, fidelidade, pois um dia prestará contas a Deus, de sua mordomia.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
RENOVATO, Elinaldo. Tempo, Bens e Talentos. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. CULTURA CRISTÃ.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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