quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

LIÇÃO 09 – CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS - (Ef 6.13-20) 1º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 09 – CONHECENDO A ARMADURA DE DEUS - (Ef 6.13-20)
1º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos os três grandes inimigos do homem na batalha espiritual; pontuaremos a realidade desta guerra; e por fim; analisaremos os principais aspectos dos elementos da armadura de Deus em Efésios 6.

I - OS TRÊS INIMIGOS DO HOMEM NA BATALHA ESPIRITUAL
Paulo usou uma linguagem metafórica quando orientou a Igreja na defesa da fé cristã (Ef 6.12-a). O fato do apóstolo usar o verbo “lutar” indica que estamos envolvidos em um confronto direto e que, portanto, não somos apenas expectadores. Nossa batalha não é contra seres humanos, mas sim contra poderes espirituais (Ef 6.12); e como cristãos, enfrentamos três inimigos: a carne; o mundo; e o diabo (Ef 2.1-3). Notemos cada um deles particularmente:

1.1 - A carne. O primeiro inimigo é a “carne” (Rm 6.19-a; 7.18) do grego “sarx”. A natureza carnal, a velha natureza que herdamos de Adão depois da Queda (Gn 6.12), uma natureza que se opõe a Deus e que não é capaz de fazer qualquer coisa espiritual para agradar ao Senhor (Gl 5.19-21). A carne refere-se à nossa natureza caída às vezes chamada de “velho homem” (Rm 6.6, Ef 4.22; Cl 3.9) que surgiu desde a desobediência no Éden (Rm 3.10-12).

1.2 - O mundo. A Bíblia ensina que não devemos amar ao mundo, pois ser amigo do mundo é ser “inimigo de Deus” (Tg 4.4). O mundo aqui do grego “kosmos” não é o planeta Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do mal ao redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30; 2Co 4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.15-17). É sobre este mundo que a Bíblia fala que jaz no maligno (1Jo 5.19). O Senhor Jesus já venceu este adversário: “[…] mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).

1.3 - O diabo. O terceiro grande adversário do homem é o próprio diabo que é o: “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2). Ele rege os negócios deste mundo mau, e seu grande objetivo é contrariar a vontade e o programa divino no mundo, na Igreja, e no crente. Mas, por meio de sua morte e ressurreição, Cristo venceu a carne (Rm 6.1-6; Gl 2.20); o mundo (Jo 16.33; Gl 6.14); e o diabo (Ef 1.19-23) (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 74).

II – ATITUDES QUE DEVEMOS TER EM RELAÇÃO A ARMADURA DE DEUS
Podemos dizer que a “batalha espiritual” diz respeito ao enfrentamento espiritual que se dá entre a Igreja de Cristo e as forças do mal, a saber: Satanás e os demônios que estão sobre o seu comando (Ef 6.12). Paulo indica claramente que este conflito com Satanás e seus demônios é espiritual e, portanto, nenhuma arma física pode ser usada efetivamente contra eles no mundo imaterial. Para vencermos a batalha espiritual precisamos conhecer: revestir e usar da armadura de Deus. Notemos:

2.1 - Conhecer a armadura. Houaiss (2001, p. 802) diz que conhecer é: “perceber e incorporar algo; ficar sabendo; adquirir informações sobre; tomar ou ter consciência de; estar familiarizado com; ter ideia bastante exata sobre; experimentar; dar-se conta de”. Contra os inimigos espirituais não podemos lutar de “qualquer jeito”, nem com “qualquer arma”, nem tampouco usarmos “armadura humana” como foi sugerido a Davi (1Sm 17.38-40). Uma vez que lutamos contra inimigos na esfera espiritual e imaterial, precisamos conhecer nossas armas espirituais (2Co 10.3-5), pois Deus nos supriu com elas, e não devemos deixar parte alguma de fora (Ef 6.10). Alguns estão sendo derrotados porque não tem dado a devida importância a estas armas espirituais, e por isso, estão sendo “[…] vencidos por Satanás” (2Co 2.10-c; ver ainda Ef 4.27; 1Pe 5.8).

2.2 - Revestir-se da armadura. Segundo o dicionário da língua portuguesa, a palavra revestir é: “vestir mais uma vez; vestir de novo; cobrir-se com adornos; recobrir; tornar firme, estável e resistente algo aplicando-lhe um revestimento para enfrentar situação adversa; armar-se” (2001, p. 2453). No grego a palavra “revestir” é “enduo” que quer dizer: “entrar em uma roupa, vestir duas vezes”. A ideia deixada pelo apóstolo Paulo é que este revestimento serve para “estar firmes” (Ef 6.11), de onde vem a palavra “histemi” que significa: “ficar de pé, tornar firme, fixar, manter-se no lugar, permanecer imóvel, continuar seguro, ileso, permanecer preparado, ter uma mente firme, alguém que não hesita, que não desiste”. Só assim podemos vencer “as astutas ciladas do diabo”.

2.3 - Usar a armadura. O dicionarista Antônio Houaiss define o verbo “usar” como: “servir-se de algo; lançar mão de; utilizar algo; pôr algo em uso ou serviço para atingir um fim; exercitar; praticar” (2001, p. 2815). No grego é a expressão “analambano” que significa: “pegar, levantar, erguer algo para usar”. Paulo dá uma ênfase muito grande a ação de “tomar toda armadura” (Ef 6.13;16; 17).

III - OS ELEMENTOS DA ARMADURA DE DEUS
Paulo ordena a seus leitores que vistam:“toda a armadura de Deus” (Ef 6.13). É usando o contexto militar romano que o apóstolo fala sobre o combate espiritual, e por isso está presente a figura da armadura, em uma linguagem metafórica para que os crentes compreendessem com clareza a realidade da peleja […] Quando o apóstolo Paulo fala sobre a armadura de Deus, “panoplían ton theou”, em grego, está se referindo a uma armadura completa: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]” (Ef 6.11) (SOARES; SOARES, 2018, pp. 114, 119). Vejamos aspectos da armadura de Deus:

3.1 - O cinto da verdade. Satanás é um mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44), mas o cristão cuja vida é controlada pela verdade o derrotará: “Estai, pois, f irmes , tendo cingidos os vossos lombos com a verdade […]” (Ef 6.14-a). O termo “cingidos” do grego “perizonnumi” também usado pelo apóstolo traz a ideia de prender as vestes com um cinturão, cobrir-se. Já as palavras “lombos” vem da expressão “osphus” que fala do quadril lugar onde os hebreus achavam que o poder generativo residia por causa do sêmen (partes geradoras de vida), e “verdade” “aletheia” fala algo verdadeiro, sinceridade de mente. A verdade e a mentira são opostas (1Jo 2.21). A verdade, como as outras peças da armadura, é na realidade um aspecto da natureza do próprio Deus. Portanto, cingir-se com o cinturão da verdade é cingir-se de Cristo, pois Cristo é a “verdade” (Jo 14.6) (HANEGRAAFF, 2005, p, 53).

3.2 - A couraça da justiça. Couraça é uma armadura defensiva que cobre o peito e as costas onde ficam os órgãos vitais como o coração e o pulmão. Uma couraça protegia um guerreiro contra um golpe fatal contra estes órgãos importantes:“[…] e vestida a couraça da justiça” (Ef 6.14-b). O peitoral, que consistia de duas partes, chamadas “asas”. A primeira cobria a região inteira do peito, a parte frontal do tórax e a outra cobria a parte das costas. A palavra “couraça” vem do grego “thorax”. Era colocada sobre peito e abdômen para proteger o coração e outros órgãos vitais do soldado. Um dos “órgãos” que o inimigo mais ataca é o nosso coração. Por isso, precisamos guardá-lo, porque dele procedem as fontes da vida (Mt 6.21; Mc 12.30). Não guardar o coração pode gerar marcas e sequelas: “Escondi a tua Palavra no meu coração, para não pecar contra ti” (Sl 119.11).

3.3 - Os calçados do evangelho da paz. As chamadas “grevas”, eram os calçados como botas que protegiam os soldados do joelho para baixo. Os pés são a base do corpo; dão sustento e levam o corpo ao seu destino. Os soldados romanos usavam sandálias com cravos na sola para dar mais apoio aos pés durante a batalha, a fim de “resistir” e de “permanecer inabaláveis”. Calçar os pés com a preparação do evangelho da paz representa dizer que devemos ir preparados e treinados andando em santidade de vida (Mt 28.18-20; Gl 1.6-7,11). Paulo fala da preparação dos pés para o conflito espiritual (Ef 6.15). Às vezes o inimigo na antiguidade colocava obstáculos perigosos no caminho dos soldados que estavam avançando. Por isso, Paulo usa a expressão “hupodeo” que significa: “calçar, amarrar, colocar calçado”. Os nossos pés são muito importantes para Cristo, pois é através deles que vamos pisar no território do inimigo. Se calçarmos as sandálias do evangelho, teremos os “pés formosos” (Is 52.7; Rm 10.15). Somos embaixadores da paz (2Co 5.18-21) e, como tais, levamos o evangelho para ganharmos almas.

3.4 - O escudo da fé. O escudo mencionado nessa passagem é um escudo grande que protegia a maior parte do corpo do soldado e tinha beiradas com um formato que permitia a uma linha inteira de soldados encaixar um escudo no outro e marchar sobre o inimigo como uma parede sólida (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 76). Vale lembrar que, numa batalha em campo aberto, os soldados ficam mais protegidos dos dardos lançados pelo inimigo, quando se juntam fazendo seus vários escudos parecerem um só. O apóstolo nos diz: “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6.16). A expressão “dardo” vem do grego “bélos” e significa: “míssil, flecha, lança”. O dardo era atirado contra o inimigo ainda à distância. Na batalha espiritual, os dardos inflamados podem ser uma cilada, uma armadilha; uma astúcia, esperteza e engano. Já o termo “inflamados” vem do grego “puroo” que é: “repleto de fogo, incendiado, carregados com substâncias inflamáveis”. O escudo cobre todas as brechas que o maligno usa para plantar dúvidas em nós sobre a Palavra de Deus. Mas, pelo escudo da fé, podemos vencê-lo (1Jo 5.4-5).

3.5 - O capacete da salvação. Satanás deseja atacar nossa mente, e foi assim que derrotou Eva (Gn 3; 2 Co 11.1-3). O capacete da salvação refere-se à mente controlada por Deus: “Tomai também o capacete da salvaçã o […]” (Ef 6.17-a). Quando Deus controla a mente, Satanás não consegue fazer o cristão se desviar (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 76). O capacete, que protegia a cabeça, era feito de várias formas e de vários metais. O capacete da salvação protege nossa mente das mentiras do diabo e das influências do mundo (Rm 12.2). A cabeça é o membro que comanda o nosso corpo, e se esta apresentar fraqueza, tudo estará perdido. O capacete guardará nossa mente de ser atingida pelo inimigo (Ef 4.14).

3.6 - A espada do Espírito. Enquanto o resto da armadura é em sua natureza armas de defesa, aqui se encontra a única arma de ataque na armadura de Deus. A espada, que tinha várias formas e dimensões, eram feitas de vários tipos de metais. Esse é o símbolo usado por Paulo para indicar a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada: “[…] e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6.17b). O escritor aos hebreus também afirmou isso (Hb 4.12). Pedro tentou usar a espada para defender Jesus no Getsêmani (Lc 22.47-51), mas, em Pentecostes, aprendeu que a “espada do Espírito” é muito mais poderosa. Quando foi tentando por Satanás no deserto, Cristo usou a espada do Espírito e derrotou o inimigo (Lc 4.1-13). Moisés também tentou conquistar pela espada, mas descobriu que a Palavra de Deus, por si mesma, era suficiente para derrotar o Egito (Êx 2.11-15 (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 77).

CONCLUSÃO
Em certo sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo 1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No entanto, devemos nos apropriar dela cada dia: “[…] vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

REFERÊNCIAS
GILBERTO, Antônio (Org.); et al. Teologia Sistemática Pentecostal. RJ: CPAD, 2008.
SOARES, Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. RJ: CPAD, 2018.
SOARES, Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ: CPAD, 2017.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP: GEOGRÁFICA, 2007.
HANEGRAAFF Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. RJ: CPAD, 2005.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

LIÇÃO 08 – NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E SANGUE – (Ef 6.10-12) 1º TRIMESTRE DE 2019

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 08 – NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E SANGUE – (Ef 6.10-12)
1º TRIMESTRE DE 2019


INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos algumas informações essenciais sobre a epístola de Paulo aos Efésios; pontuaremos também, algumas considerações importantes sobre a batalha espiritual, visto que a nossa luta não é contra carne e sangue; e por fim, veremos quais as recomendações apostólicas para vencermos esta guerra.

I – INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
1.1 - Autoria e destinatários. A autoria é classicamente atribuída ao apóstolo Paulo quando de sua primeira prisão em Roma (Ef 1.1; 3.1; 4.1; 6.20); Paulo implantou a igreja em Éfeso durante a sua segunda viagem missionária. Depois de ter passado 18 meses em Corinto (At 18.11), ele visitou Éfeso com Áquila e Priscila (At 18.18), e voltou a Éfeso durante sua terceira viagem missionária e permaneceu ali por três anos (At 19.8-10; 20.31). Durante o tempo que ali passou, Deus operou poderosamente através do apóstolo (At 19.11), em Éfeso houve várias conversões (At 19.18,19), batismo no Espírito Santo (At 19.6,7), curas divinas e expulsão de demônios (At 19.12), e a propagação do evangelho (At 19.10,20,26), resultando no temor a Deus e a glorificação do nome do Senhor Jesus (At 19.17).

1.2 - Propósito. Essa epístola não foi escrita para combater alguma heresia específica ou mesmo problemas na igreja local, antes foi enviada com a finalidade de fortalecer e encorajar os crentes de um modo geral (Ef 1.15-17). Paulo em oração anseia que seus leitores cresçam na fé e que sejam cheios do poder do alto (Ef 3.14,16), para que assim vivam uma vida digna da vocação com que foram chamados (Ef 4.1-3; 5.1,2).

1.3 - Curiosidades. A carta aos Efésios é considerada a coroa dos escritos de Paulo, a rainha das epístolas paulinas (LOPES, 2009, p. 09), também é considerada uma carta gêmea de Colossenses, visto que são escritas do mesmo local, no mesmo período e levadas às igrejas pelo mesmo portador e ambas tratam basicamente das mesmas coisas (Ef 6.21; Cl 4.7,8). A igreja em Éfeso é a única do Novo Testamento que recebeu cartas de mais de um escritor bíblico, João também tinha uma mensagem para eles (Ap 2.1-7). Essa igreja teve mais pregadores famosos do que qualquer outra, isso incluiu homens como Paulo, Apolo, João e Timóteo.

II – CONSIDERAÇÕES QUANTO A NOSSA LUTA ESPIRITUAL
Além das informações já mencionadas a respeito da epístola aos Efésios, algo que é digno de nota é que o fato de Paulo tratar de forma tão veemente a respeito da batalha espiritual, se dá exatamente pela experiência vivida pelo apóstolo na implantação da igreja naquela cidade. Em Éfeso, além da resistência ao evangelho por parte de alguns judeus (At 19.8,9), a influência demoníaca era visível, pois nela estava o templo da deusa pagã chamada de Diana dos efésios (At 19.24,27,35), boa parte dos cidadãos daquela cidade tinham envolvimento com artes mágicas (At 19.19), muitas pessoas eram oprimidas por espíritos malignos (At 19.12), a tal ponto que existia entre eles um grupo de judeus que tinham como prática o “exorcismo” (At 19.13). Por essa razão Paulo considera necessária a conscientização da luta espiritual. Vejamos algumas considerações:

2.1 - Definição do termo lutar. Paulo ao referir-se ao combate espiritual na sua epístola aos Efésios assim afirma: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue […]” (Ef 6.12), ele usa a palavra “lutar” do grego “pale”, que diz respeito a ação de duas forças que agem em sentido contrário, esse termo em seu sentido original aponta para a luta romana (1Co 9.25), ou seja, uma competição entre duas pessoas na qual cada uma se esforça para derrubar a outra, e que é decidida quando um é capaz de manter seu oponente no chão com seu braço sobre seu pescoço; Paulo usou essa palavra baseado no tipo de luta que havia nos jogos gregos e, posteriormente, nas arenas romanas, onde os lutadores lutavam corpo a corpo até a morte de um deles, desse modo o termo é usado figuradamente acerca do combate cristão contra as forças do mal. Sobre esta luta o apóstolo faz algumas advertências, e para poder vencê-la, devem ser levadas em consideração as orientações expostas nesta carta.

2.2 - É uma realidade. O apóstolo Paulo deixa claro que o verdadeiro cristão (Ef 1-3), cuja vida é controlada pelo Espírito Santo (Ef 4.1 – 6.9), pode ter certeza de que está numa batalha espiritual (Ef 6.10-18). É apropriado Paulo usar uma imagem militar para ilustrar o conflito do cristão com Satanás e os demônios, pois ele próprio encontrava-se acorrentado a um soldado romano (Ef 6.20), e, por certo, seus leitores estavam acostumados com os soldados e seus equipamentos de guerra. Na verdade, o apóstolo demonstra uma predileção por ilustrações militares para descrever a vida cristã (2Co 10.4; 1Tm 6.12; 2Tm 2.3; 4.7). Diversas vezes nesta carta Paulo mencionou que a trajetória de vida dos cristãos não está ilesa de dificuldades, mas está fundamentalmente marcada pela luta, ainda que Cristo tenha derrotado os poderes, sendo entronizado como Soberano (Ef 1.21; 3.10), as potestades do mal exercem sua ação sombria contra os salvos em Jesus (Ef 6.12).

2.3 - Exige do crente preparação. Toda e qualquer batalha requer preparação e estratégia. Ninguém deve se lançar numa luta despreparado. Essa preparação requer cuidados que se tornam indispensáveis para o sucesso da batalha, Paulo assim recomenda: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). A palavra vem de “endunamousthe” e significa: “tornar-se forte, receber força”, outro termo usado com o mesmo sentido é: “krataioomai”, que quer dizer: “ser fortalecido, ser corroborado”, e o imperativo está na voz passiva:“sede fortalecidos”, “fortalecei-vos”, dessa maneira fica claro que força necessária aqui não pode ser produzida por pessoas (2Co 10.3), pelo contrário ela tem sua fonte e essência no Senhor (CABRAL, 1999, p. 87). Quando se vive em união com Ele, dentro dos limites de Sua vontade e, consequentemente, de Sua graça, não pode haver falha devida à falta de poder (1Jo 2.14). Fora dEle o cristão nada pode fazer (Jo 15.1-5), mas toda a força do Seu poder está à nossa disposição. Pelo fato de forças espirituais más estarem dispostas em ordem de batalha contra o crente, só os recursos divinos e espirituais podem resistir a elas (2Co 10.4). Esse fortalecimento se faz necessário para que o conflito que é violento possa ser suportado (Ef 6.11,13).

2.4 - Deve se identificar a natureza do combate. Paulo deixa claro que a guerra cristã não é empreendida contra forças terrenas, porque ele diz: “não temos que lutar contra carne e sangue […]” (Ef 6.12), caso se tratasse disso a força humana seria suficiente. Antes de falar contra quem devemos lutar, o apóstolo declara contra quem não é a nossa luta. O apóstolo declara enfaticamente que essa batalha não é física nem terrena, mas espiritual. A expressão “carne e o sangue” denota a espécie da batalha, uma expressão usada frequentemente no NT para referir-se a ser humano, ou a natureza do homem (Mt 16.17; 1Co 15.50; Gl 1.16; Hb 2.14), portanto, ao usá-la Paulo quer dar a entender aqui, simplesmente, a natureza humana em contraste com os seres espirituais, que não possuem a matéria e, portanto, não são de carne e sangue.
Sendo assim, não se trata de uma luta humana de homens contra homens, mas contra inimigos espirituais, nossa luta, portanto, não é física, mas espiritual e esta realidade era por certo, algo bem familiar aos cristãos em Éfeso (At 19.13-20). Seria uma tragédia um soldado sair para a guerra sem saber contra quem deve guerrear. Há muitos cristãos que estão entrando na batalha e ferindo aos próprios irmãos, estão atingindo com seus torpedos os próprios aliados, em vez de bombardear o arraial do inimigo (LOPES, 2009, p. 178,179). O inimigo a ser derrotado é o diabo e todo o seu exército (1Pd 5.8; Ef 6.12).

2.5 - O lugar do combate. Mais uma vez fortifica-se o fato de que se trata de uma luta espiritual e não terrena: “[…] nos lugares celestiais” (Ef 6.12) No grego, a frase “nos lugares celestiais” aparece como: “en tois epouraniois”, “que existe no céu, coisas que têm lugar no céu”. Diversas vezes encontramos esta expressão na epístola aos Efésios. Nas passagens de Efésios 1.3 e 2.6, esses lugares celestiais indicam a posição do crente em Cristo, uma posição elevada, isto é, colocada acima da vida do mundo; entretanto, no texto de Efésios 6.12, o significado da expressão lugares celestiais é outro, indica os lugares onde Satanás e suas hostes habitam e comandam toda a sua guerra contra os remidos do Senhor (CABRAL, 1999, p. 89).

III – COMO VENCER A LUTA ESPIRITUAL
3.1 - Revestir-se de toda a armadura de Deus. Reiterando a necessidade do cristão estar preparado para a batalha espiritual e vencê-la, Paulo exorta a que nos revistamos das armas pertencentes a Deus: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus […]” (Ef 6.11), notemos que este ato implica na responsabilidade humana: “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).

3.2 - Viver em constante vigilância. Uma recomendação não menos importante é que o cristão deve ficar firme: “[…] para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11), do grego “histemi”, que significa: “ficar de pé, manter-se no lugar, continuar seguro, continuar pronto ou preparado”, isso indica estar de olhos abertos, atento, de prontidão para o combate visto o perigo a volta e sagacidade do inimigo (1Pd 5.8,9). Devido à insistência do adversário bem como a intensificação dos seus ataques (Mt 4.1-11; Lc 4.13), é possível ao cristão sentir o desgaste e se tornar propenso a esmorecer e ceder às pressões durante o combate (Mc 6.48), por essa razão o apóstolo alertou sobre a necessidade de em Deus buscarmos a capacidade de resistir: “[…] para que possais resistir no dia mau […]” (Ef 6.13), o termo mau “poneros” traz a ideia de: “um momento cheio de labores, aborrecimentos, fadigas”, são momentos como esses em que o crente deve buscar ainda mais a graça de Deus para vencer (2Co 12.9).

3.3 - Agir com prudência e perseverando em oração. A luta contra o diabo e seus demônios é uma realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar fogo, de modo que a recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6.13 – ARA), depois das vitórias alcançadas não devemos abaixar as armas, visto que não há momento mais vulnerável na vida de um cristão quando depois de uma grande conquista. Uma forma de evitar essa vulnerabilidade é o crente se fortalecer através da oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não podemos vencer essa guerra com nossa própria capacidade (2Co 3.5).

CONCLUSÃO
A batalha espiritual é uma realidade incontestável à luz das Escrituras, no entanto, também fica claro que esta luta não é contra as pessoas e sim contra as forças espirituais do mal, por essa razão fortalecidos em Deus, poderemos com segurança sermos vitoriosos.

REFERÊNCIAS
CABRAL, Elienai. Comentário da Carta aos Efésios. CPAD.
HAHN, Eberhard; BOOR, Werner. Comentário Carta aos Efésios. EDITORA ESPERANÇA. PDF
LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo Efésios. HAGNOS.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

LIÇÃO 07 – TENTAÇÃO – A BATALHA POR NOSSAS ESCOLHAS E ATITUDES - (Mt 4.1-11) 1º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 - Santo Amaro - Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 07 – TENTAÇÃO – A BATALHA POR NOSSAS ESCOLHAS E ATITUDES - (Mt 4.1-11)
1º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Introduziremos esta aula trazendo a definição da palavra “tentação”; destacaremos algumas verdades sobre a tentação a luz da Bíblia; pontuaremos também que Tiago destaca o processo da tentação que culmina na consumação do pecado; por fim, veremos quais as atitudes necessárias devemos tomar para vencer as tentações.

I – DEFINIÇÃO
Segundo o dicionário a palavra “tentação” significa: “impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável” (HOUAISS, 2001, p. 2695). No original grego, a palavra tentação é “peirasmos”, que significa “teste”, “provação”, “tentação para a prática do mal”. Esse vocabulário pode incluir ou não a ideia de alguma questão moral envolvida. Pode simplesmente indicar um teste difícil, uma prova, e não alguma tentação tendente à prática do mal, uma incitação ao pecado. Por outro lado, essa palavra pode envolver também a ideia de incitação ao pecado (CHAMPLIN, 2004, p. 351). Logo, esta palavra pode ter conotação tanto positiva (provação) quanto negativa (tentação), dependendo do contexto (Sl 95.8; Mt 6.13; Lc 8.13; 11.4; Gl 4.14; Ap 3.10).

II – ALGUMAS VERDADES SOBRE A TENTAÇÃO
2.1 - A tentação é algo do ser humano. A tentação é algo próprio do ser humano: “Não veio sobre vós tentação, senão humana [...]” (1 Co 10.13). Jesus foi tentado porque era plenamente humano: “em tudo foi tentado” (Hb 4.15). Como Deus ele não podia ser tentado, mas como homem passou por diversas tentações (Mt 4.3; Lc 22.28; Hb 2.18). Tiago nos diz que “[…] cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14). É bom acrescentar também que ser tentado não é pecado, o pecado está em ceder a tentação (Mt 6.13; 26.41).

2.2 - A tentação tem um agente. O agente da tentação não é Deus. Tiago nos assevera isso: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tg 1.13). A Bíblia diz que Deus prova os Seus filhos (Gn 22.1; Êx 20.20; Dt 8.2; Sl 11.5; Jo 6.6; 1 Pd 4.12-19). O diabo é quem aparece na Bíblia como o tentador, aquele que induz o homem ao pecado (Mt 4.3; Lc 4.13; 1Ts 3.5). Logo nos primeiros capítulos da Bíblia vemos ele tentando os nossos primeiros pais (Gn 3.1-7). Incitando Davi a contar o povo (1 Cr 21.1). Em Mt 4.3 vemo-lo tentando a Cristo. Paulo escrevendo aos Tessalonicenses diz: “temendo que o tentador vos tentasse” (1Ts 3.5). Aos coríntios escreveu dizendo que: “temia que eles fossem enganados pela serpente” (2 Co 11.3); Pedro diz que o tentador “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pd 5.8).

2.3 - A tentação pode ser vencida. Por mais forte que seja a tentação contra um crente, ela pode ser vencida (Tg 4.7). Deus não permite que sejamos tentados além das nossas forças: “[...] fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Co 10.13). “O termo escape ‘ekbasis’ era usado como referência a uma passagem na montanha. A imagem é de um exército ou de um grupo de viajantes preso nas montanhas. Eles descobrem uma passagem e o grupo escapa para algum lugar em que possa estar em segurança” (BEACON, 2006, p. 320). Isso nos remete ao momento escatológico em que o exército de Israel será cercado pelo anticristo para ser desbaratado por este, no período da grande tribulação, no entanto, nesse momento, os judeus clamarão ao Senhor e Ele virá ao Seu encontro para os defender e abrir o escape para o Seu povo quando pisar o monte das Oliveiras, que se fenderá no meio (Zc 12.10; 14.1-5; Ap 19.11-21).

III – AS FASES DA TENTAÇÃO
Alguns judeus arrazoavam que tendo Deus criado tudo, devia também ter criado o impulso do mal, e considerando que é o impulso do mal que tenta o homem ao pecado. Em última análise é Deus que o criou, e por isso é o autor e responsável pelo mal (BARCLAY, sd. p. 52). Tiago refuta essa ideia afirmando que “Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Em vez de acusar Deus pelo mal, o homem deve assumir a responsabilidade pessoal dos seus pecados (Lm 3.39). “O homem faz de vítima a si mesmo” (CHAMPLIN, 2004, p. 24). É a sua própria cobiça ou concupiscência que o atrai e o seduz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1.14,15). A palavra “concupiscência” no grego “epithumia”, denota “desejo forte, desordenado” de qualquer tipo seja bom ou ruim, sendo frequentemente especificado por algum adjetivo. A palavra é usada em referência a um desejo bom somente em (Lc 22.15; Fp 1.23; 1 Ts 2.17), em todos os outros lugares têm um sentido negativo referindo-se aos maus desejos que estão prontos para se expressar (Rm 13.14; Gl 5.16,24; Ef 2.3; 2 Pe 2.18; 1 Jo 2.16) (VINE, 2002, p. 487 – acréscimo nosso). Tiago vê o pecado não apenas como um ato, mas como um processo em quatro estágios. Notemos:

3.1 - A atração. O primeiro passo da tentação é a atração: “Mas cada um é tentado, quando atraído” (Tg 1.14-a). A palavra “atração” significa: “sedução, sentimento de interesse, curiosidade” (HOUAISS, 2001, p. 338). Isto significa dizer que jamais seremos tentados por aquilo que não nos sentimos atraídos. Esaú não resistiu ao guisado, quando voltou da caça e vendeu seu direito de primogenitura, para saciar o seu desejo (Gn 25.29,30,34); Sansão viu uma mulher filistéia e não resistiu contraindo matrimônio com ela (Jz 14.1,3); a mulher de Potifar se insinuou para José, um jovem de boa aparência, no entanto, ele resistiu recusando a sua proposta indecente (Gn 39.7-9); quando Jesus teve fome, que o diabo apareceu para induzi-lo a transformar as pedras em pão (Mt 4.2,3); no entanto, o Mestre resistiu e não cedeu a oferta de Satanás (Mt 4.4). A natureza carnal que ainda existe em nós, vez por outra, sentirá atração pelo pecado, cabe ao crente, andar no Espírito, para não cumprir este desejo: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). A Bíblia nos exorta a resistir aos desejos carnais, “deixando-os” (Hb 12.1); “negando-os” (Mt 16.24); “mortificando-os” (Cl 3.5); e, se preciso for, “fugindo” deles (2 Tm 2.22).

3.2 - O engodo. A segunda coisa destacada pelo apóstolo Tiago na tentação é o engodo. A expressão “engodo” quer dizer: “isca usada para atrair animais; chamariz” (HOUAISS, 2001, p. 1149). O simbolismo, talvez seja o da pesca. Os homens usam de uma isca para enganar o peixe, o qual, apanhado pelo engodo, paga com sua vida” (CHAMPLIN, 2004, p. 23). Da mesma forma, o homem é atraído por algo que desperta a sua concupiscência. O diabo é especialista em colocar a isca certa para atrair e despertar a concupiscência humana. Vejamos alguns exemplos bíblicos:

(a) para o primeiro casal ele tinha a curiosidade pelo fruto (Gn 3.6);
(b) Para Noé ele tinha uma taça de vinho (Gn 9.20,21);
(c) para Davi uma mulher se banhando (2 Sm 11.2);
(d) para Ananias e Safira o desejo de se tornar notório (At 4.35-37; 5.1-10);
(e) para Judas o dinheiro (Mt 26.15; Jo 12.6); e,
(f) para Demas, o presente século (2 Tm 4.10).

3.3 - A concepção. A terceira fase da tentação é a concepção. Esta fase é bastante perigosa, pois aproxima o homem da queda que é o próximo passo. O verbo “conceber” quer dizer: “ser fecundado por, engravidar, gerar, acalentar” (HOUAISS, 2001, p. 1149). Todos somos tentados diariamente por coisas que se colocam na nossa frente. Diante disto, nós podemos renunciar ou permitir que este desejo seja alimentado em nosso interior, tal como uma semente que quando cai na terra, se encontrar terreno propício e for irrigada, poderá criar raízes e florescer até gerar o fruto maligno que é a consumação (Tg 1.15). Devemos com a ajuda da graça (2 Tm 2.1) e do poder de Deus (Ef 6.10), resistir aos apelos da carne, do mundo e do diabo que dia a dia procuram nos seduzir a prática das obras da carne, que são um obstáculo na nossa caminhada (Hb 12.1).

3.4 - A consumação. Este é o último estágio da tentação. Quando a pessoa não procura resistir as demais fases da tentação, não conseguirá evitar o passo seguinte: a consumação. O verbo “consumar” quer dizer: “levar a termo; concluir, rematar; cometer, praticar” (HOUAISS, 2001, p. 815). O resultado da consumação do pecado é a morte: “[…] o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15-b). Foi o que foi dito ao primeiro casal (Gn 2.17), e o que eles receberam pela desobediência (Rm 5.12; 6.23). Essa morte é essencialmente espiritual, mas pode também ser física (At 5.5,10; 1 Co 11.30) e eterna (1 Co 6.10; Gl 5.19-21; Ap 22.15), senão houver arrependimento sincero e abandono do pecado (Pv 28.13).

IV - COMO VENCER AS TENTAÇÕES

MEIOS PARA VENCER AS TENTAÇÕES
- Orando e vigiando (Mt 26.41);
- Renunciando a si mesmo (Gn 39.7-12);
-Tomando toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18);
- Refugiando-se em Jesus (Hb 2.18);
- Evitando a ociosidade (2 Sm 11.1,2; 2 Pe 1.8-10);
- Sujeitando-se a Deus (Tg 4.7-a);
- Evitando tudo que possa levar a tentação (Pv 27.12; 1 Ts 5.22);
- Resistindo ao Diabo (Tg 4.7-b);
- Lendo e meditando na Palavra de Deus (Js 1.7,8);
- Vivendo cheio do Espírito Santo (Ef 5.18);
- Andando em Espírito (Gl 5.16);
- Vivendo em santidade (Ef 4.22-25: 1 Pe 1.16);
- Ocupando a mente com o que é santo (Fp 4.8; Cl 3.2);
- Manifestando o fruto do Espírito (Gl 5.22,23).

CONCLUSÃO
As tentações na vida cristã são diárias. Precisamos da ajuda de Deus para vencer o pecado e conservarmos a nossa vida espiritual saudável até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
BARCLAY, William. Comentário Bíblico de Tiago. PDF.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

LIÇÃO 06 – QUEM DOMINA A SUA MENTE – (Fp 4.4-9) 1º TRIMESTRE DE 2019


Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50.040.000 Fone: 3084.1524 / 3084.1543

LIÇÃO 06 – QUEM DOMINA A SUA MENTE – (Fp 4.4-9)
1º TRIMESTRE DE 2019

INTRODUÇÃO
Na presente lição trataremos da realidade de que o diabo age de forma astuta contra os cristãos a fim de causar-lhes danos a vida espiritual; destacaremos quais as áreas que o nosso inimigo poderá atuar no âmbito material e também o espiritual, tendo como alvo a mente humana; e, por fim, concluiremos pontuando o que é necessário fazer para vencermos os ardis do maligno contra a nossa mente.

I – AS ASTUTAS CILADAS DO DIABO
Engana-se quem pensa que o diabo age de forma desordenada. Ele é um ser calculista, ou seja, que age de forma planejada para alcançar os seus objetivos malignos (2 Co 2.11; 1 Tm 3.7-b). Paulo nos falou sobre “as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). A palavra “cilada” significa: “emboscada, armadilha, arapuca” (HOUAISS, 2001, p. 717). O apóstolo diz que estas ciladas são astutas, palavra que significa: “esperteza, manha, sagacidade, malícia, treta, artimanha” (HOUAISS, 2001, p. 1895). Quando escolheu o animal para por meio dele enganar o primeiro casal, o diabo preferiu a serpente por ser “a mais astuta das alimárias do campo” (Gn 3.1). A serpente sabe esperar o momento certo de dar o bote, ela não se precipita, e com muita cautela espera que a vítima esteja no lugar certo e quando isso não sucede, ficando rodeando a mesma procurando uma posição que facilite a investida. Paulo sabia disto, por isso exortou a igreja de Corinto dizendo: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). Muitas vezes as ciladas perigosas surgem com ares de inocência, mas que são preparadas para pegar de surpresa o crente, tanto na esfera física, como moral, e espiritual.

II – ÁREAS EM QUE O DIABO PROCURA ATUAR
Segundo Paulo, o diabo pode disparar “dardos inflamados” contra os homens (Ef 6.16). Os dardos eram estopas embebidas em alguma substância inflamável, que eram acesas e lançadas em flechas contra o adversário. Havia naquele tempo escudos muito frágeis, feitos de madeira. Os inimigos lançavam esses “dardos inflamados” para queimar o escudo e tornar vulnerável o corpo do soldado para ser atingido (CABRAL, 1999, p. 91). Já vimos em outras lições que o diabo não pode agir de forma autônoma, ele tem permissão condicionada por Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc 22.31). Dentro da soberania divina, ele pode atuar em dois âmbitos da esfera humana. Vejamos:

2.1 - No âmbito material. O maligno também pode lançar seus dardos inflamados contra aquilo que temos a fim de nos prejudicar. Ele tocou no patrimônio financeiro e na família de Jó, a fim de fazê-lo blasfemar contra Deus (Jó 1.11-19). Em certos casos, Deus soberanamente permitiu que ele afligisse alguns dos seus servos com enfermidades, que foi o caso de Jó (Jó 2.1-7) e talvez tenha sido o de Paulo (2 Co 12.7). Aos crentes de Esmirna, por meio do imperador, ele desencadeou uma perseguição feroz, conduzindo-os a prisão a fim de negarem a fé em Jesus (Ap 2.10).

2.2 - No âmbito espiritual. Um dos lugares onde se dá o campo de batalha do homem contra Satanás é na mente. A palavra “mente” no grego é “nous” é um substantivo que significa a mente como: sede das emoções e sentimentos, do modo de pensar e sentir, inclinação moral, equivalente ao coração (Rm 12.2; 1 Co 1.10; Ef 4.17,23); entendimento, intelecto (Lc 24.45; 1 Co 14.14,15,19; Fp 4.7; Ap 13.18) (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 3563). Pelo fato de nossa vida depender do tipo de pensamento que produzimos ou desenvolvemos (Pv 23.7-a), Satanás, que é um ser inteligente (Ez 28.3), e conhece o ser humano de maneira profunda (Mt 16.23-a), busca lançar dardos inflamados na mente humana para que o homem pense, aja e reaja de acordo com a sua vontade (Ef 2.2,3). Nesse âmbito, o diabo pode lançar as seguintes investidas ou sugestões:

Dúvidas (Gn 3.4,5);
Rebelião (Ap 20.8);
Medo (Lc 22.57);
Pensamentos negativos (Mt 27.5);
Culpa (Zc 3.1; Ap 12.10);
Orgulho (1 Cr 21.1);
Heresias (1 Tm 4.1; 2 Tm 2.25,26);
Homicídio (Gn 4.8; Jo 8.44);
Falta de misericórdia (2 Co 2.10,11);
Tentação (Gn 3.6; 39.7; Jo 13.2; At 5.3; 1 Co 7.5; 1 Ts 3.5).

III – VENCENDO AOS ATAQUES DO DIABO NA MENTE
Que estamos numa batalha contra as hostes espirituais da maldade, isto é fato (Ef 6.10-12). Ciente disto, devemos nos precaver tomando as atitudes certas a fim de vencermos esta luta. Abaixo destacaremos algumas atitudes necessárias para que tenhamos êxito nesta peleja. Notemos:

3.1 - Renovando a mente. O homem em seu estado natural “não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura” (1 Co 2.14-a), pois ele não foi regenerado, está morto espiritualmente em seus delitos e pecados (Ef
2.1,5); está entenebrecido no entendimento (Ef 4.18); e, sob a cegueira de Satanás (2 Co 4.4). Somente quando nasce de novo é que este homem é transformado pela renovação do seu entendimento (Rm 12.2). Somente por meio dessa operação do Espírito é que o homem tem condições de vencer os ataques de Satanás “[...] o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18).

3.2 - Guardando a mente. Satanás é um inimigo externo. Portanto, seus ataques contra o crente se dão de fora para dentro. Ele procura diariamente introduzir na nossa mente seus dardos inflamados, logo, para vencermos precisamos guardar a mente: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). O verbo “guardar” significa: “vigiar para defender, proteger, preservar” (HOUAISS, 2001, p. 1493). Devemos guardar o nosso coração dos ataques de Satanás, deixando-o ocupado com a oração (Mt 26.41; Ef 6.18; Cl 4.12) e a Palavra de Deus (Sl 119.11; Ef 6.17-b). Foi orando e com a mente impregnada da Palavra que Jesus venceu a mais terrível batalha na mente: a tentação no deserto (Mt 4.1-11).

3.3 - Sujeitando a mente a Cristo. É inevitável que soframos ataques de Satanás, no entanto, devemos para vencê-los, sujeitando a nossa mente a Cristo: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). “Essa palavra é um termo militar que significa fique no seu próprio posto, ponha-se no seu lugar. Quando um soldado quer se colocar no lugar do general ele tem grandes problemas” (LOPES, 2006, p. 89). Somos exortados a amar a Deus com toda a nossa mente (Dt 11.13; Mc 12.30). Se consagrarmos a nossa vida inteiramente a Cristo, não haverá espaço para que o pecado nos domine. Só assim venceremos a Satanás (Rm 6.12,13).

3.4 - Ocupando a mente com coisas boas. A mente vazia ou exposta a coisas ruins é terreno para a atuação do diabo. A mente humana funciona como uma esponja que absorve tudo o que vemos, ouvimos e percebemos. Sendo assim, precisamos selecionar muito bem aquilo a que assistimos, como também o que lemos e ouvimos, estes são os canais que dão acesso à nossa mente (Sl 101.3; Mt 6.22). Logo, precisamos ocupá-la com o que edifica. O apóstolo Paulo deixou bem claro que aquele que serve a Deus deve preencher a mente com o que agrada ao Senhor: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). E, ainda: “pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.2).

3.5 - Usando a fé. O diabo pode enviar suas sugestões na nossa mente, a fim de nos prejudicar, no entanto, devemos rebatê-las por meio da fé: “Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Ef 6.16). Neste versículo Paulo comparou a fé com um escudo. “O escudo é a arma defensiva contra os ataques diretos do inimigo. O soldado prendia o escudo num dos braços. Esse escudo tinha a forma de um prato gigante, que servia para proteger todo o corpo. A fé diz respeito à nossa confiança e crença doutrinária. Um soldado cristão sem escudo é soldado vulnerável aos ataques satânicos. O conhecimento da Palavra de Deus forma o ‘corpo da fé’, ou seja, o escudo da fé que protege o crente contra as heresias e mentiras satânicas” (CABRAL, 1999, pp. 90,91). A fé é de vital importância para que vençamos os ataques de Satanás, pois a fé mostra que somos dependentes de Deus e que não podemos vencer sozinhos. Pedro diz também que podemos resistir ao diabo pela fé: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1 Pd 5.8,9). A fé chama em nosso socorro a ajuda de Deus (1 Co 10.13; 2 Pd 2.9).

CONCLUSÃO
O diabo investe ferrenhamente contra a nossa mente com o intuito de nos atingir e provocar o nosso fracasso espiritual. No entanto, podemos vencer esta árdua batalha tomando as atitudes corretas, guardando a nossa mente, sujeita-a domínio de Cristo, ocupando-a com as coisas boas e utilizando o escudo da fé.

REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRA-CHAVE. CPAD.
CABRAL, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
GILBERTO, Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
LOPES, Hernandes Dias. Comentário Bíblico: Tiago. HAGNOS.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

Traduza Aqui, gostou do Blog divulgue, Leia a Biblia