Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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LIÇÃO 08 – NOSSA LUTA NÃO É CONTRA CARNE E
SANGUE – (Ef 6.10-12)
1º TRIMESTRE DE 2019
INTRODUÇÃO
Nesta
lição destacaremos algumas informações essenciais sobre a epístola de Paulo aos
Efésios; pontuaremos também, algumas considerações importantes sobre a batalha
espiritual, visto que a nossa luta não é contra carne e sangue; e por fim,
veremos quais as recomendações apostólicas para vencermos esta guerra.
I
– INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
1.1
- Autoria e destinatários. A autoria é classicamente atribuída ao apóstolo
Paulo quando de sua primeira prisão em Roma (Ef 1.1; 3.1; 4.1; 6.20); Paulo
implantou a igreja em Éfeso durante a sua segunda viagem missionária. Depois de
ter passado 18 meses em Corinto (At 18.11), ele visitou Éfeso com Áquila e
Priscila (At 18.18), e voltou a Éfeso durante sua terceira viagem missionária e
permaneceu ali por três anos (At 19.8-10; 20.31). Durante o tempo que ali
passou, Deus operou poderosamente através do apóstolo (At 19.11), em Éfeso
houve várias conversões (At 19.18,19), batismo no Espírito Santo (At 19.6,7),
curas divinas e expulsão de demônios (At 19.12), e a propagação do evangelho
(At 19.10,20,26), resultando no temor a Deus e a glorificação do nome do Senhor
Jesus (At 19.17).
1.2
- Propósito. Essa epístola não foi escrita para combater alguma heresia
específica ou mesmo problemas na igreja local, antes foi enviada com a
finalidade de fortalecer e encorajar os crentes de um modo geral (Ef 1.15-17).
Paulo em oração anseia que seus leitores cresçam na fé e que sejam cheios do
poder do alto (Ef 3.14,16), para que assim vivam uma vida digna da vocação com
que foram chamados (Ef 4.1-3; 5.1,2).
1.3
- Curiosidades. A carta aos Efésios é considerada a coroa dos escritos de
Paulo, a rainha das epístolas paulinas (LOPES, 2009, p. 09), também é
considerada uma carta gêmea de Colossenses, visto que são escritas do mesmo
local, no mesmo período e levadas às igrejas pelo mesmo portador e ambas tratam
basicamente das mesmas coisas (Ef 6.21; Cl 4.7,8). A igreja em Éfeso é a única
do Novo Testamento que recebeu cartas de mais de um escritor bíblico, João
também tinha uma mensagem para eles (Ap 2.1-7). Essa igreja teve mais
pregadores famosos do que qualquer outra, isso incluiu homens como Paulo,
Apolo, João e Timóteo.
II
– CONSIDERAÇÕES QUANTO A NOSSA LUTA ESPIRITUAL
Além
das informações já mencionadas a respeito da epístola aos Efésios, algo que é
digno de nota é que o fato de Paulo tratar de forma tão veemente a respeito da
batalha espiritual, se dá exatamente pela experiência vivida pelo apóstolo na
implantação da igreja naquela cidade. Em Éfeso, além da resistência ao
evangelho por parte de alguns judeus (At 19.8,9), a influência demoníaca era
visível, pois nela estava o templo da deusa pagã chamada de Diana dos efésios
(At 19.24,27,35), boa parte dos cidadãos daquela cidade tinham envolvimento com
artes mágicas (At 19.19), muitas pessoas eram oprimidas por espíritos malignos
(At 19.12), a tal ponto que existia entre eles um grupo de judeus que tinham
como prática o “exorcismo” (At 19.13). Por essa razão Paulo considera
necessária a conscientização da luta espiritual. Vejamos algumas considerações:
2.1
- Definição do termo lutar. Paulo ao referir-se ao combate espiritual na sua
epístola aos Efésios assim afirma: “Porque não temos que lutar contra a carne
e o sangue […]” (Ef 6.12), ele usa a palavra “lutar” do grego “pale”,
que diz respeito a ação de duas forças que agem em sentido contrário, esse
termo em seu sentido original aponta para a luta romana (1Co 9.25), ou seja,
uma competição entre duas pessoas na qual cada uma se esforça para derrubar a
outra, e que é decidida quando um é capaz de manter seu oponente no chão com
seu braço sobre seu pescoço; Paulo usou essa palavra baseado no tipo de luta
que havia nos jogos gregos e, posteriormente, nas arenas romanas, onde os
lutadores lutavam corpo a corpo até a morte de um deles, desse modo o termo é
usado figuradamente acerca do combate cristão contra as forças do mal. Sobre esta
luta o apóstolo faz algumas advertências, e para poder vencê-la, devem ser levadas
em consideração as orientações expostas nesta carta.
2.2
- É uma realidade. O apóstolo Paulo deixa claro que o verdadeiro cristão (Ef
1-3), cuja vida é controlada pelo Espírito Santo (Ef 4.1 – 6.9), pode ter
certeza de que está numa batalha espiritual (Ef 6.10-18). É apropriado Paulo
usar uma imagem militar para ilustrar o conflito do cristão com Satanás e os
demônios, pois ele próprio encontrava-se acorrentado a um soldado romano (Ef
6.20), e, por certo, seus leitores estavam acostumados com os soldados e seus
equipamentos de guerra. Na verdade, o apóstolo demonstra uma predileção por
ilustrações militares para descrever a vida cristã (2Co 10.4; 1Tm 6.12; 2Tm
2.3; 4.7). Diversas vezes nesta carta Paulo mencionou que a trajetória de vida
dos cristãos não está ilesa de dificuldades, mas está fundamentalmente marcada
pela luta, ainda que Cristo tenha derrotado os poderes, sendo entronizado como
Soberano (Ef 1.21; 3.10), as potestades do mal exercem sua ação sombria contra
os salvos em Jesus (Ef 6.12).
2.3
- Exige do crente preparação. Toda e qualquer batalha requer preparação e
estratégia. Ninguém deve se lançar numa luta despreparado. Essa preparação
requer cuidados que se tornam indispensáveis para o sucesso da batalha, Paulo
assim recomenda: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na
força do seu poder” (Ef 6.10). A palavra vem de “endunamousthe” e
significa: “tornar-se forte, receber força”, outro termo usado
com o mesmo sentido é: “krataioomai”, que quer dizer: “ser fortalecido,
ser corroborado”, e o imperativo está na voz passiva:“sede fortalecidos”,
“fortalecei-vos”, dessa maneira fica claro que força necessária aqui não
pode ser produzida por pessoas (2Co 10.3), pelo contrário ela tem sua fonte e
essência no Senhor (CABRAL, 1999, p. 87). Quando se vive em união com Ele,
dentro dos limites de Sua vontade e, consequentemente, de Sua graça, não pode
haver falha devida à falta de poder (1Jo 2.14). Fora dEle o cristão nada pode
fazer (Jo 15.1-5), mas toda a força do Seu poder está à nossa disposição. Pelo
fato de forças espirituais más estarem dispostas em ordem de batalha contra o
crente, só os recursos divinos e espirituais podem resistir a elas (2Co 10.4).
Esse fortalecimento se faz necessário para que o conflito que é violento possa
ser suportado (Ef 6.11,13).
2.4
- Deve se identificar a natureza do combate. Paulo deixa claro que a guerra
cristã não é empreendida contra forças terrenas, porque ele diz: “não temos
que lutar contra carne e sangue […]” (Ef 6.12), caso se tratasse disso a
força humana seria suficiente. Antes de falar contra quem devemos lutar, o
apóstolo declara contra quem não é a nossa luta. O apóstolo declara
enfaticamente que essa batalha não é física nem terrena, mas espiritual. A
expressão “carne e o sangue” denota a espécie da batalha, uma expressão
usada frequentemente no NT para referir-se a ser humano, ou a natureza do homem
(Mt 16.17; 1Co 15.50; Gl 1.16; Hb 2.14), portanto, ao usá-la Paulo quer dar a
entender aqui, simplesmente, a natureza humana em contraste com os seres
espirituais, que não possuem a matéria e, portanto, não são de carne e
sangue.
Sendo
assim, não se trata de uma luta humana de homens contra homens, mas contra
inimigos espirituais, nossa luta, portanto, não é física, mas espiritual e esta
realidade era por certo, algo bem familiar aos cristãos em Éfeso (At 19.13-20).
Seria uma tragédia um soldado sair para a guerra sem saber contra quem deve
guerrear. Há muitos cristãos que estão entrando na batalha e ferindo aos
próprios irmãos, estão atingindo com seus torpedos os próprios aliados, em vez
de bombardear o arraial do inimigo (LOPES, 2009, p. 178,179). O inimigo a ser
derrotado é o diabo e todo o seu exército (1Pd 5.8; Ef 6.12).
2.5
- O lugar do combate. Mais uma vez fortifica-se o fato de que se trata de uma
luta espiritual e não terrena: “[…] nos lugares celestiais” (Ef 6.12) No
grego, a frase “nos lugares celestiais” aparece como: “en tois
epouraniois”, “que existe no céu, coisas que têm lugar no céu”.
Diversas vezes encontramos esta expressão na epístola aos Efésios. Nas
passagens de Efésios 1.3 e 2.6, esses lugares celestiais indicam a posição do
crente em Cristo, uma posição elevada, isto é, colocada acima da vida do mundo;
entretanto, no texto de Efésios 6.12, o significado da expressão lugares
celestiais é outro, indica os lugares onde Satanás e suas hostes habitam e
comandam toda a sua guerra contra os remidos do Senhor (CABRAL, 1999, p. 89).
III
– COMO VENCER A LUTA ESPIRITUAL
3.1
- Revestir-se de toda a armadura de Deus. Reiterando a necessidade do cristão
estar preparado para a batalha espiritual e vencê-la, Paulo exorta a que nos
revistamos das armas pertencentes a Deus: “Revesti-vos de toda a armadura de
Deus […]” (Ef 6.11), notemos que este ato implica na responsabilidade
humana: “A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras
das trevas, e vistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12).
3.2
- Viver em constante vigilância. Uma recomendação não menos importante é que o
cristão deve ficar firme: “[…] para que possais estar firmes contra as
astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11), do grego “histemi”, que
significa: “ficar de pé, manter-se no lugar, continuar seguro, continuar
pronto ou preparado”, isso indica estar de olhos abertos, atento, de prontidão
para o combate visto o perigo a volta e sagacidade do inimigo (1Pd 5.8,9).
Devido à insistência do adversário bem como a intensificação dos seus ataques
(Mt 4.1-11; Lc 4.13), é possível ao cristão sentir o desgaste e se tornar propenso
a esmorecer e ceder às pressões durante o combate (Mc 6.48), por essa razão o
apóstolo alertou sobre a necessidade de em Deus buscarmos a capacidade de
resistir: “[…] para que possais resistir no dia mau […]” (Ef 6.13), o termo
mau “poneros” traz a ideia de: “um momento cheio de labores,
aborrecimentos, fadigas”, são momentos como esses em que o crente deve
buscar ainda mais a graça de Deus para vencer (2Co 12.9).
3.3
- Agir com prudência e perseverando em oração. A luta contra o diabo e seus
demônios é uma realidade cotidiana, e nessa batalha não há cessar fogo, de modo
que a recomendação apostólica para nós é que: “[…] depois de terdes vencido tudo,
permanecer inabaláveis” (Ef 6.13 – ARA), depois das vitórias alcançadas não
devemos abaixar as armas, visto que não há momento mais vulnerável na vida de
um cristão quando depois de uma grande conquista. Uma forma de evitar essa vulnerabilidade
é o crente se fortalecer através da oração (Ef 6.18; Rm 12.12), de modo que não
podemos vencer essa guerra com nossa própria capacidade (2Co 3.5).
CONCLUSÃO
A
batalha espiritual é uma realidade incontestável à luz das Escrituras, no
entanto, também fica claro que esta luta não é contra as pessoas e sim contra
as forças espirituais do mal, por essa razão fortalecidos em Deus, poderemos
com segurança sermos vitoriosos.
REFERÊNCIAS
CABRAL, Elienai. Comentário da Carta aos
Efésios. CPAD.
HAHN, Eberhard; BOOR, Werner. Comentário Carta aos Efésios. EDITORA
ESPERANÇA. PDF
LOPES, Hernandes Dias. Comentário Expositivo
Efésios. HAGNOS.
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