Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
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das Escolas Bíblicas Dominicais
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LIÇÃO
04 – ÉTICA CRISTÃ E ABORTO - (Sl 139.1-18)
2º
TRIMESTRE DE 2018
INTRODUÇÃO
Nesta
presente lição traremos a definição da palavra “aborto”; veremos que esta
prática já foi proibida em legislações pagãs da antiguidade; destacaremos
também o que a Bíblia diz acerca desta prática; pontuaremos algumas concepções
errôneas que visam justificar o aborto; e, finalizaremos mostrando o que a
Escritura diz sobre a vida humana.
I
– DEFINIÇÃO DA PALAVRA ABORTO
A
palavra “aborto” é formada por dois vocábulos latinos: “ab”, privação, e
“ortus”, nascimento. Etimologicamente, o aborto é a privação do nascimento
(ANDRADE, 2015, p. 52). O verbo “abortar” do ponto de vista médico significa:
“expulsar naturalmente o feto, ou retirá-lo por meio artificiais [...]”
(HOUAISS, 2001, p. 1271). O aborto também é chamado de feticídio que significa:
“crime, no qual através do aborto provocado, ocorre a morte do feto que se
presume com vida” (HOUAISS, 2001, p. 1333).
II
– AS LEGISLAÇÕES PAGÃS E A PRÁTICA DO ABORTO
Ao
contrário do que pensam os pró-abortos que somente os cristãos se opõem a esta
prática pecaminosa, Geisler (2001, p. 456) pontua que o aborto já foi declarado
errado por muitas sociedades, seja cristã seja pagã, desde o raiar da
civilização. Vejamos:
-O
Código de Hammurabi (século XVIII a.C.) chegava a conter um castigo para quem
induzisse um aborto;
-Tiglath-Pileser,
um regente persa (por volta do século XII a.C.) punia as mulheres que induziam
o aborto;
-Hipócrates,
um médico da Grécia (460-377 a.C.) se opunha ao aborto pelo próprio juramento,
declarando solenemente: “Jamais darei uma droga mortal a quem quer que me peça,
nem farei qualquer tipo de sugestão neste sentido. De igual forma, também não
darei remédio abortivo a nenhuma mulher”;
-Sêneca
(cerca do século II d.C.), cujos compatriotas estóicos admitiam o aborto,
elogiou a sua mãe por não ter lhe matado.
III
– O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O ABORTO
A
palavra “aborto” aparece três vezes na Bíblia referindo-se ao feto que sai sem
vida do útero materno, no caso de forma espontânea, ou seja, não provocada (Jó
3.16; Sl 58.8; Ec 6.3). Quanto a reprovação da prática do aborto provocada,
vejamos o que nos diz a Escritura:
3.1
- Antigo Testamento. Mesmo antes de ter dado um código de leis a Israel, Deus
disse a Noé que o homem que derramasse sangue de outro deveria ser punido com a
morte (Gn 9.6). Êxodo registra que Faraó ordenou que as parteiras não deixassem
os filhos das hebreias viverem quando fosse meninos (Êx 1.15,16). Elas no
entanto, temeram a Deus e não praticaram o assassinato (Êx 1.17), e Ele as
abençoou (Êx 1.20-a). O sexto mandamento do Decálogo: “Não matarás” (Êx 20.13),
só ratifica o que Deus já havia dito. O aborto é um assassinato porque ele
termina com uma vida humana, portanto neste mandamento encontramos uma clara
reprovação a este ato (Êx 23.7; Dt 5.17). Na aplicação deste mandamento,
encontramos Deus orientando que, se dois homens estiverem se agredindo, e, por
acaso, atingissem uma mulher grávida que estava no local, ao ponto dela ter o filho
prematuramente, a orientação era pagar apenas uma multa: “certamente será
multado” (Êx 21.22). No entanto, se a lesão na mulher causasse o aborto do
feto, tais homens deveriam morrer: “Mas se houver morte, então darás vida por
vida” (Êx 21.23). Êxodo 21.22-25 dá a mesma pena a alguém que comete um
homicídio e para quem causa a morte de um bebê no útero. Portanto, Deus trata o
feto como um ser humano (Gn 9.6).
3.2
- Novo Testamento. Jesus ratificou o sexto mandamento “Não matarás” (Mt 5.21;
19.18). Os apóstolos também (Rm 13.9; Tg 2.1). Uma das afeições próprias da
natureza humana, é que a mãe ame o filho, desde o seu ventre (Is 49.15). No
entanto, Paulo diz que umas das características do ser humano entregue ao
pecado, é que ele pode se tornar uma pessoa “sem afeição natural” (Rm 1.31),
uma referência implícita ao desamor que sente, por exemplo, uma mulher que
estando grávida, assassina o próprio filho. O mesmo apóstolo diz que os que
tais coisas cometem e também os que consentes são dignos de morte (Rm 1.32). A
sorte dos homicidas será no lago de fogo e enxofre (Ap 21.8).
IV
– CONCEPÇÕES ERRÔNEAS PARA JUSTIFICAR O ABORTO
Vivemos
dias em que as pessoas querem legalizar a prática do aborto, utilizando
diversos pretextos. Vejamos alguns e as devidas refutações:
4.1
- O feto não é plenamente humano. Alegam os pró-abortistas que o feto não é um
ser humano em potencial, podendo ser facilmente descartado. No entanto, tanto
as descobertas científicas quanto a Bíblia nos mostram que isto é um argumento
falacioso. A palavra “feto” segundo o Houaiss (2001, p. 1333) significa: “ser
em desenvolvimento no útero […]”. As únicas diferenças entre “um feto” e um ser
humano adulto são a idade e a massa corpórea. Portanto, ele é tão pessoa quanto
um ser humano nascido, pois um ser não pode se tornar pessoa, se ele já não for
em essência. Do ponto de vista bíblico, Deus não faz distinção entre vida em
potencial e vida real, ou seja, entre uma criança ainda não nascida no ventre
materno em qualquer que seja o estágio e um recém-nascido ou uma criança. A
expressão “yeled” é usada normalmente para se referir a uma criança. Mas, em
Êxodo 21.22, é utilizada para se referir a um filho no ventre. Em Gênesis 25.22
a palavra “yeladim” (filhos) é usada para se referir aos filhos de Rebeca que
se empurravam enquanto ainda no ventre materno. A palavra grega “brephos” é
empregada com frequência para os recém-nascidos, para os bebês e para as
crianças mais velhas (Lc 2.12,16; 18.15; 1 Pd 2.2). Em Atos 7.19, “brephos”
refere-se às crianças mortas por ordem de Faraó. Mas em Lucas 1.41,44 a mesma
palavra é empregada referindo-se a João Batista, enquanto ainda não havia
nascido, estando no ventre de sua mãe. “De fato, o homem, desde a fecundação,
não é ‘um aglomerado de células’, como dizem os cientistas ateus e
materialistas. É um ser completo, composto de espírito, alma e corpo”
(RENOVATO, 2008, p. 273).
4.2
- O feto não tem alma. Há evidências científicas e bíblicas de que a alma
(vida) humana começa na concepção. Em uma comissão convocada pelo congresso dos
Estados Unidos no dia 23 de abril de 1981, especialistas da área científica
deram o seu parecer acerca da origem da vida humana. Norman Geisler (2001, p.
453) citando a Dra Matthew-Roth da Faculdade de Medicina de Harvard diz que:
“na Biologia e na Medicina, é fato aceito que a vida de qualquer organismo
individual que se reproduza por forma sexuada inicia no momento da concepção,
ou da fertilização”. Do ponto de vista bíblico, a origem da alma pode
explicar-se pela cooperação do Criador com os pais (Sl 139.13-16; Jr 1.5; Zc
12.1-b; Lc 1.41). Renovato (2008, p. 274) diz que: “cada vez que um gameta
masculino funde-se com um feminino, no casamento, ou fora dele, pela lei do
Criador, forma-se um conjunto espírito + alma dentro do homem”.
4.3
- A mulher tem direito sobre seu próprio corpo. Este é o principal argumento do
Movimento Feminista. No entanto, é necessário fazer algumas considerações.
Vejamos:
(a)
do ponto de vista jurídico, o aborto ainda é crime no Brasil. A conduta de
aborto esta tipificada pelo Código Penal brasileiro entre os artigos 124 e 126.
Trata-se de um crime contra a vida;
(b)
do ponto de vista científico, é bom destacar também que o feto não é
prolongamento do corpo da mulher. Dados científicos mostram que “a partir da
concepção eles tem o seu próprio sexo, que pode diferir da mãe; depois de
quarenta dias da concepção tem as próprias ondas cerebrais; após algumas
semanas já possuem seu próprio tipo sanguíneo, que pode ser diferente da mãe, e
suas próprias impressões digitais” (GEISLER, 2017, p. 160). Logo, é um
indivíduo dentro de outro;
(c)
do ponto de vista de saúde pública, se ignora as complicações, danos e
consequências desta prática; e, (d) do ponto de vista bíblico a violência
contra o corpo de outrem é pecado (Gn 9.6; Êx 20.13; Mt 5.21; Rm 13.9; Tg
2.11).
4.4
- O aborto é justificável em algumas situações. O aborto é proibido no Brasil,
apenas com exceções quando há risco à vida da mãe causado pela gravidez, quando
essa é resultante de um estupro e se o feto não tiver cérebro. Nesses três
casos, permite-se à mulher optar por fazer ou não o aborto. No entanto, a
Bíblia se posiciona contrária ao aborto mesmo nestas situações, pois nada
justifica a morte de um inocente (Dt 19.10; Sl 106.38; Jr 2.34). Não temos o
direito de escolher quem deve ou não viver, isto compete exclusivamente a Deus,
que é o autor da vida (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4).
V
- O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A VIDA HUMANA
5.1
- É um dom de Deus. A vida é um dom de Deus e um feto tem vida. Paulo diz que é
Deus “quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas” (At 17.25). É
Ele quem forma o corpo humano no ventre, como descreve Davi: “cobristeme no
ventre de minha mãe” (Sl 139.13). Ana cantou dizendo que: “O SENHOR é o que
tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela” (1 Sm
2.6). Veja ainda: (Jó 1.21; 33.4; Sl 31.15; Jo 1.3).
5.2
- A vida humana é sagrada. A Bíblia deixa claro que a vida quer no estágio
inicial, quer no terminal, é sagrada aos olhos de Deus (Nm 16.22). Quando Deus
fez o ser humano o fez segundo a Sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Até mesmo
depois do pecado esta imagem e semelhança não foi erradicada (Gn 9.6; Tg 3.9).
O corpo do homem foi escolhido para ser templo do Espírito Santo (1 Co 3.16;
6.19; Tg 4.5). O valor da vida não depende dos anos acumulados, nem da
capacidade física ou intelectual da pessoa. Antes, a vida é um bem pessoal
intransferível e incalculável (Mc 8.37).
5.3
- Deve ser respeitada e protegida. Dos Dez Mandamentos, seis dizem respeito ao
nosso compromisso com o próximo (Êx 20.12-17). Portanto, o sexto mandamento
“Não matarás” (Êx 20.13), se constitui numa agressão contra a vida alheia. Não
podemos furtar o direito do outro de viver. E, em se tratando de um “feto” há
ainda muitos agravantes, pois este pequeno ser não pode gritar por socorro, nem
pode se defender, tampouco fugir. Acrescenta-se ainda que ele não pediu para
vir ao mundo. Biblicamente somos exortados a amar o próximo como a nós mesmos,
pois esta é a Lei e os profetas (Lv 19.18; Mc 12.31; Rm 13.9,10; Gl 5.14). Em
caso de estupro “a adoção e não o aborto é a melhor alternativa” (GEISLER,
2017, p. 165).
CONCLUSÃO
Enquanto
as legislações de vários países estão legalizando a prática de aborto, nós cristãos
permanecemos sob a égide da Palavra de Deus, que é nosso código de conduta
imutável e absoluto. Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o
direito de pôr fim à vida humana, seja de um ser humano em gestação ou já
nascido.
REFERÊNCIAS
ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. As novas fronteiras da Ética Cristã. CPAD.
GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
GILBERTO,
Antonio, et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
GEISLER,
Norman. Ética Cristã: opções e questões contemporâneas. VIDA NOVA.
HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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