segunda-feira, 14 de agosto de 2017

LIÇÃO 08 – A IGREJA DE CRISTO (1 Co 12.12-20,25-27) - 3º TRIMESTRE DE 2017

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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LIÇÃO 08 – A IGREJA DE CRISTO - (1 Co 12.12-20,25-27)
3º TRIMESTRE DE 2017
INTRODUÇÃO
Nesta lição traremos a definição da palavra “Igreja”; analisaremos as prerrogativas dadas a ela; pontuaremos a diferença entre a Igreja invisível e a visível; estudaremos sobre suas ordenanças; veremos algumas concepções errôneas a respeito da igreja pontuando seus postulados heréticos refutando-os à luz da Bíblia Sagrada, e por fim, pontuaremos a sua tríplice missão.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA IGREJA
Eclesiologia é a disciplina da Teologia que estuda a igreja, sua fundação, símbolos e missão, conforme as Escrituras. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus (2017, p. 120) define que: “A palavra ‘igreja’ significa, literalmente, ‘chamados para fora’ e era usada para designar ‘assembleia’ ou ‘ajuntamento’ dos cidadãos de uma localidade na antiguidade grega”. O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo prefixo “ek”, “a partir de, dentro de” ou “para fora de”; e, “klesis”, que significa “chamada, convocação, convite”. Literalmente quer dizer “chamados para fora”. O termo ainda é usado para designar um “grupo local de cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); ou a Igreja invisível à qual todos os servos de Cristo em todos os tempos estão ligados (At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22). Podemos dizer que a Igreja do Senhor Jesus foi fundada durante o seu ministério (Mt 16.18), e inaugurada no dia de Pentecostes (At 2) (BERGSTÉN, 2005, p. 214).

II - DIFERENÇAS ENTRE A IGREJA INVISÍVEL E VISÍVEL
A Igreja é um organismo vivo invencível (Mt 16.18), santo, dinâmico e ligado à cabeça que é Cristo (Ef 1.22, 23). A igreja, portanto, vive em duas dimensões: espiritual e social. Vejamos a diferença entre elas:

2.1 - Igreja invisível. A igreja universal ou invisível consiste de todos os discípulos de Cristo quer estejam vivos ou mortos em todo o mundo e em todos os tempos. Algumas vezes a Bíblia usa a palavra “igreja” no sentido universal para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa ser. A Igreja invisível não é um edifício construído com blocos e cimento, mas, um edifício construído com pedras vivas (1Pd 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas os santos e membros da família de Deus (Ef 2.19-22). A Igreja invisível também é chamada de Igreja triunfante e neste aspecto ela é composta pelos salvos que “dormiram no Senhor” (1Ts 4.13,14). Ela já está com o Senhor, onde os brados de guerra se transformaram em cânticos triunfais (2Tm 4.8). Assim sendo, a Igreja triunfante (no céu) designa aqueles membros já falecidos que se encontram salvos, e que têm a alegria indescritível de estar no gozo celeste (Lc 16.22; Hb 1.14; Ap 21.4).

2.2 - Igreja visível. A igreja local ou visível consiste de cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem ser identificados e contados (At 2.41; 4.4; 8.1; 9.31; Rm 16.1,14,15; 1Co 16.19; Cl 4.15). Frequentemente, a palavra igreja é usada para descrever uma congregação local ou assembleia de santos em um determinado lugar geográfico: “[…] à igreja de Deus que está em Corinto […]” (1Co 1.2; Rm 16.5). A Igreja visível também é chamada de Igreja militante. A Igreja militante (na terra) designa os membros que vivem hoje sobre a terra, membros estes que lutam incansavelmente contra os poderes do diabo, do mundo e da própria carne: “Combati o bom combate […]” (2Tm 4.7 ver ainda 2Co 10.2-5; Gl 5.17; 1Ts 2.2; 1Pd 2.11). Ela está militando em uma guerra constante (2Tm 2.3-12; Ef 6.11,12; Fp 1.27, 30; Hb 10.32; 12.4). O apóstolo Paulo nos diz que: “Ninguém que milita (luta) se embaraça com negócios deste vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém milita, não é coroado se não militar legitimamente” (2Tm 2.4,5). Na presente dispensação, a igreja militante é convocada para uma guerra (2Co 10.3), e de fato nela está empenhada (Ap 22.7). Na Igreja militante existe uma luta diária: “[…] Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida […]” (Ap 2.7); “Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt 24.13; Mc 13.13). O apóstolo Paulo disse: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, […]” (1Tm 6.12). Militar a boa milícia significa combater o bom combate. É suportar as aflições e sem ceder as tentações (1Tm 1.18-20, 4.8; Hb 10.32).

III – A IGREJA E AS ORDENANÇAS
Jesus deixou claro que seus discípulos deveriam além de ensinar, deveriam batizar e celebrar a Ceia do Senhor (Mt 28.19; 26.29). Estas duas ordenanças da Igreja: (batismo e ceia) só podem ser exercidas biblicamente em comunidades (congregações) organizadas como ensina a Bíblia Sagrada. Vejamos:

3.1 - O batismo como uma ordenança (Mt 28.19; Mc 16.16). Os discípulos saíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordem recebida (Mc 16.20; At 2.41; 8.12; 10.47). Uma ordem dada pelo Senhor é realmente para ser cumprida (SI 119.4), pois a desobediência significa rejeição do conselho de Deus (Lc 7.29,30; Jo 14.21,23). Batizavam-se pessoas que se haviam arrependido (At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (At 2.41; 8.12), os que criam em Jesus (Mc 16.16; At 8.12,37; 18.8: 16.33,34), pessoas que já eram discípulos (At 19.1-6). Observamos, assim, que não existe na Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas (BERGSTÉN, 2016, p. 242).

3.2 - O batismo nos dias dos apóstolos. Os candidatos eram imersos totalmente nas águas: “Desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou” (At 8.38). Sobre o batismo de Jesus, a Palavra afirma que Ele, depois do seu batismo: “saiu logo da água” (Mt 3.16). Era costume realizarem os batismos em Enom: “porque havia ali muitas águas” (Jo 3.23).

3.3 - O batismo e a forma trinitária. O batismo era sempre ministrado após a experiência da salvação, nunca antes. Ninguém era batizado para ser salvo mas porque já era salvo. Essa ordem de Jesus jamais foi revogada, portanto, ninguém tem o direito de desprezá-la (Mt 5.18,19). O batismo bíblico é: “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Assim, torna-seimpossível afirmar, pelo que se lê em Atos 2.38; 8.16; 10.48 e 19.5, que os apóstolos batizavam apenas em nome de Jesus. Essas passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por Jesus (BERGSTÉN, 2016, p. 243).

3.4 - A santa ceia como uma ordenança (Mt 26.26,28; Mc 14.22; Lc 22.19; 1Co 10.16,17; 11.24-26). Podemos dizer que a ceia é:

a) um memorial: Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico: “fazei isto em memória de mim” (1Co 11.25);
b) um ritual de aliança: Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue (Gn 14.18); por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a “aliança no seu sangue”;
c) um ritual de comunhão: No tempo apostólico, as ceias eram também chamadas de “ágapes” ou “festas de amor” (Jd 12), o que reflete parte de seu propósito, e,
d) um ritual de consequências espirituais: Participar da mesa do Senhor tem conseqüências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é alvo do juízo (1Co 11.27-32; 10.16,17).

IV - CONCEPÇÕES ERRÔNEAS A RESPEITO DA IGREJA
4.1 - A Igreja não é os desigrejados. Na contemporaneidade tem surgido um movimento heterodoxo chamado de “desigrejados” que podemos definir este grupo como os “sem igreja”. Por motivos diversos, eles não são filiados a qualquer instituição convencional de culto religioso cristão e são contrários a qualquer tipo de liderança. Defendem que a fé cristã pode ser exercida fora da comunhão da Igreja com o seguinte lema: “Jesus, sim; Igreja, não” usando os seguintes textos (Mt 18.20; Ap 18.4). Posicionam-se contra as igrejas convencionais e suas lideranças. No entanto, o modelo bíblico mostra que:

a) a Bíblia ensina que a primeira igreja local foi iniciada pelos apóstolos (At 15.22,23);
b) existe a necessidade de uma igreja local organizada (1Co 14.33; Hb 10.25); e,
c) o Senhor colocou homens para administrar a sua Igreja (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15; Hb 13.7; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17; Ef 4.11-13 ver At 20.24,28, Jo 21.17; 1Co 12.27,28).

4.2 - A Igreja não é o Reino de Deus. Segundo Andrade (2006, p. 318), o Reino de Deus é o “cômputo de todas as bênçãos, promessas e alianças que o Todo Poderoso, de conformidade com os seus conselhos, destinou aos que recebem a Cristo Jesus. É o plano de Deus em ação, operando em favor dos que hão de herdar a vida eterna”. Portanto, a igreja, não é o Reino de Deus em sua plenitude, porém a sua expressão entre os homens. Como bem afirmou um respeitado erudito, “a Igreja não é senão o resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo”. Como igreja, ela não proclama a si mesma, e sim o Remo de Deus (At 14.22; 1Ts 2.12; Cl 1.13,14).

4.3 - A Igreja não é Israel. Alguns teóricos advogam à luz de Gálatas 6.16 que a Igreja substituiu Israel no plano de Deus o que chamam de “teologia da substituição”. Segundo eles “Deus transferiu para a Igreja todas as promessas de sua aliança com Israel, de modo que todas as promessas ainda não cumpridas serão concretizadas na Igreja” (LAHAYE, 2010, p. 372). No entanto, é preciso destacar que a Bíblia nunca afirmou tal coisa. Observa-se assim, que existem promessas de Deus exclusivamente para com a nação de Israel. Notemos:

a) aliança abraâmica: Diz respeito da terra e a descendência (Is 10.21,22; Jr 30.22; 32.38; Ez 34.24,30,31; Mq 7.19,20; Zc 13.9; Ml 3.16-18);
b) aliança davídica: Fala a respeito do rei, do trono e da casa real (Is 11.1,2; 55.3,11; Jr 23.5-8; 33.20-26; Ez 34.23-25; 37.23,24; Os 3.5; Mq 4.7,8); e,
c) aliança palestina: Trata-se da ocupação da terra prometida (Is 11.11,12; 65.9; Ez 16.60-63; 36.28,29; 39.28; Os 1.10-2.1; Mq 2.12; Zc 10.6).

V – A IGREJA E A SUA TRÍPLICE MISSÃO
5.1 - Em relação a Deus (Adoração). Aqui está o papel número um do povo de Deus: oferecer-lhe sacrifícios vivos e agradáveis: “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pd 2.5). É no desempenho de seu papel adorador que a Igreja encontra sua missão em nível de maior transcendência. A Igreja executa o seu verdadeiro sacerdócio quando ela entra nos Santo dos Santos a fim de ministrar à santidade e à majestade do Criador (Jo 4.24).

5.2 - Em relação ao mundo (Evangelização). Em se tratando especificamente da evangelização, há cinco textos onde o Senhor Jesus comissiona seus discípulos para esta sublime tarefa, são eles: (Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; Lc 24.46-49; Jo 20.21,22 e At 1.8). Esta missão que tem por objetivo proclamar o evangelho, seguida da mensagem de fé e arrependimento visando o homem em sua plenitude. Ela representa a responsabilidade da Igreja em promover o reino de Deus em meio à sociedade. Acerca dessa tarefa podemos asseverar que a igreja:

(a) existe para evangelizar;
(b) é ordenada a evangelizar (Mt 28.19; Mc 16.15);
(c) se realiza evangelizando (At 4.20; 5.40-42); e,
(d) só pode continuar a existir se evangelizar (At 2.41; 4.4; 5.14,42).

5.3 - Em relação a si mesma (Comunhão). Uma marca de suma importância entre o povo de Deus é a marca relacional (At 2.44- 47). O NT usa a palavra “koinonia” para expressar a maneira como os cristãos se relacionam uns com os outros. Viver esse amor uns para com os outros, nos caracteriza como verdadeiros filhos de Deus e é evidência de que nascemos de novo, uma vez que ser cristão é buscar vivenciar e manifestar o caráter do Salvador enquanto andamos juntos (1Jo 4.7-11).

CONCLUSÃO
Concluímos que a Igreja é o ajuntamento dos santos de todos os tempos e lugares, aqueles que professaram sua fé em Cristo, ela é tanto local (visível) como também universal (invisível). Por fim, vimos que a Igreja como povo de Deus não se encaixa em alguns modelos contemporâneos e heréticos, pois como povo eleito deve viver em comunidade desfrutando da comunhão como os santos como ensina a Bíblia submetendo-se a liderança constituída por Deus.

REFERÊNCIAS
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. CPAD.
SILVA, Esequias Soares da (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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